Entrevista com um ex-coxinha

ENTREVISTA COM UM EX-COXINHA

 

– Quando foi a primeira vez que experimentou a Globo, por exemplo?

– A primeira vez que estive em contacto com a Globo foi quando tinha por ai uns 6 anos de idade quando estava na companhia de uns amiguinhos, cê sabe, Xuxa, transmissão com Galvão…

 

– Qual foi a primeira TV que você assistiu e em que circunstâncias?

– A primeira TV que assisti foi a Band; Manda Chuva, Zé Colmeia etc, depois veio a Globo, como já mencionei foi durante um programa da Xuxa com uns amigos, em que havia bastante coca-cola. Quando vieram me oferecer a Globo, de princípio recusei mas eles foram tão insistentes que acabei cedendo a pressão e assisti. Depois desse primeiro canal, veio outro e mais outro que acabei ficando completamente embriagado pela primeira vez na minha vida.

 

– E depois como é que você acabou envolvido com Globo, Veja, Band, Folha e Estadão?

– No começo eu até me limitava com a Globo, foi assim até quando completei os meus 15 ano de idade, e como eu era pequeno e tímido, depois de alguns canais e revistas eu já me transformava em outra pessoa completamente diferente, um rapaz cheio de atitude e que não tinha medo de nada, era capaz de fazer qualquer coisa, desde que me pedissem, gostava de ser o centro das atenções, gostava do fato de toda gente olhar para mim e dizer “ eu não aguento contigo”.

 

– Foi só por essa fama que você se envolveu com a Globo e os referidos jornais e revistas ou tinha algum outro motivo?

– Pode-se dizer que este foi uns dos principais motivos, para perder a minha timidez, mas também porque tinha alguns problemas em casa e então como forma de esquecer estes problemas acabava vendo e lendo para como se diz por ai “afogar as mágoas”. Mas com o andar dos tempos senti que a Globo já não era suficientemente forte para mim, que já não me fazia efeito algum e passei a ler a Veja para ver se teria o efeito desejado.

 

– Você conseguiu atingir o efeito desejado com a Globo?

– Sim consegui, mas apenas quando comecei a ler os jornais considerados de calibre mais pesado, como Folha, e aqueles colunistas em que tínhamos de ler quase vomitando.

 

– E os seus pais sabiam que você consumia estas mídias?

– Minha mãe sabia que eu lia e pensava que eu apenas lia esses gibis da praça, não fazia nem ideia que eu já tinha entrado nos jornais mais pesados, mas meus irmãos sabiam perfeitamente que eu já estava envolvido com os jornais e revistas mais pesados.

 

– E quando começou a consumir essas drogas?

– Estas drogas comecei no dia em que fiz 15 anos, meus amigos coxinhas me deram e disseram que seria como um rito de iniciação para confirmar que realmente já sou um homem, e eu aceitei convicto que seria apenas uma vez e que não entraria no vício, mas foi em vão, porque depois de ter consumido a sensação foi tão boa que acabei gostando e quis consumir sempre mais e a toda hora, quando dei por mim já estava completamente viciado e já não havia como voltar atrás. Já gritava “vai tomar no c…Dilma e Lula”!

 

– E como você fazia para alimentar esse vício?

– No começo era com a minha mesada porque eu consumia quantidades pequenas, mas depois comecei a consumir cada vez mais e pedia dinheiro a toda hora a minha mãe. Ela começou a desconfiar o fato de eu querer sempre dinheiro ate que acabou descobrindo que eu consumia essa mídia de direita e cortou a minha mesada na esperança de me travar.  

 

– E essa atitude da sua mãe surtiu algum efeito?

– Infelizmente para ela não, porque no desespero acabava roubando a minha própria casa para ir vender esses jornais e revistas usados e ter dinheiro para matar o vício. Até já fui preso por que desmontei uma mota para poder vender as peças para ter dinheiro para comprar mais Folha, Estadão e Veja. E depois deste incidente minha mãe resolveu mandar-me para África do Sul para uma clinica para poder me curar, mas em vão porque mesmo lá eu tinha acesso e ate mais do que quando estava em casa. 

 

– Já alguma vez tivesse uma overdose?

– Sim, já tive. Numa noite em que consumi Veja, Isto É, li Valor e também Folha, Estadão, assistindo a Globo, Roda Vida e a Band, além do SBT, mas a junção não correu muito bem e passei muito mal, nesse dia jurei nunca mais consumir essas mídias na minha vida, tanto que deitei fora todas essas drogas que tinha em minha posse, senti que aqueles eram os últimos momentos da minha vida, foi uma sensação muito horrível.

 

– E foi depois deste incidente que abandonasse estas mídias?

– Infelizmente não, porque no dia seguinte quando me senti melhor voltei a carga e continuei consumindo ainda mais todos os colunistas da direita raivosa.

 

– E você costumava a aliciar outras pessoas para se envolverem com eles também?

– Por incrível que pareça, nunca aliciei outras pessoas a os consumirem por menos reacionários que fossem sempre disse, “façam o que eu digo e nunca o que faço”, porque eu já sabia como esses odientos jornalistas arruinavam a vida das pessoas e o que eram capazes de fazer para poderem ter nem que fosse um bocado apenas, então nunca deixei ninguém consumir, pelo menos não em frente de mim.

 

– Com que idade você abandonou o vício?

Foi quando eu comecei a ler outras mídias,os chamados blogs sujos, quando eu tinha 21 anos de idade.

 

– E como você se livrou do vício e quais foram as maiores dificuldades durante esse processo de largar essas leituras do PIG?

– Não foi nada fácil, mas resolvi que aquela não era a vida que eu queria para mim, e tinha que fazer de tudo para mudar a situação que eu estava vivendo, e que se eu continuasse podia acabar por me matar. A maior dificuldade que tive foi quando saia e ia para lugares onde só se consumia estas coisas como nos Jardins em São Paulo e tinha que ser forte o suficiente pra não pôr tudo a perder a cair no vício de novo.

 

– Qual é o conselho que você deixa para as pessoas que ainda estão nesse mundo das mídias de direita ou que pensam em experimentá-las?

– Apenas digo para tentar ser forte o suficiente e lutar muito para sair dessa vida, e para aqueles que pensam em experimentar apenas por diversão, eu digo por experiência própria que isso é um mito, pois uma vez que experimentes já é muito difícil voltar atrás e vais acabar por querer sempre mais, assim como os coxinhas que estão aí a desrespeitar a presidenta da república, como aconteceu na abertura da copa, no Itaquerão.

 

Redação

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