Estudo indica interiorização da violência no país

Na última década, a proporção de homicídios nas Regiões Metropolitanas (RM) do país apresentou taxa negativa de crescimento, enquanto as taxas observadas no interior seguiram em ritmo positivo. O fenômeno foi constatado no livro Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil – do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, que estuda a criminalidade brasileira há mais de doze anos.

Segundo o autor, os homicídios se espalham simplesmente onde a presença do Estado, na área de segurança pública, é menor. Nas regiões metropolitanas houve, ao longo desses anos, um maior esforço por parte do poder público em combater a violência, por isso o decréscimo das taxas de mortes por assassinato. 

A taxa global desse tipo de violência nas RM, de 1998 a 2008, foi de -10,9%, enquanto o crescimento no país foi de 19,5%. A curva declinante surge a partir de 2003, provocada pelas políticas de repressão ao crime e ações preventivas, como campanha pelo desarmamento. Ainda assim, em números gerais, as mortes por assassinato no país impressionam. 

Em 1998, o total de homicídios registrados pelo SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) foi de 41.950. Em 2008, o mesmo apontador registrou 50.113, um incremento igual a 17,8% em dez anos, próximo da taxa de crescimento populacional, no mesmo período, de 17,2%.

O número de mortes notificadas em 2008 representa 137 vítimas diárias país afora. Para se ter ideia, no massacre do Carandiru morreram 111 pessoas. Os jovens estão entre as maiores vítimas da violência, em 1979 a participação de homicídios juvenis no total de homicídios era de 29,2%, em 2008, passou para 39,7%.

Estados

O estado de São Paulo foi o que mais contribuiu para a queda de homicídios no país. Em 1998, o total de mortes por assassinato registrado foi de 6.065. Já em 2008 foi de 1.622, uma queda de 73,3%. No Rio de Janeiro, a queda global de homicídios foi de 45,4%, no mesmo período.

Os estados do Norte e Nordeste foram os que mais contribuíram para o aumento do índice de assassinato: Pará, Alagoas, Maranhão, Bahia, Rio Grande Norte e Sergipe, quadriplicaram seus números em uma década. A região Sul apresentou aumento de 86,4%, e o Centro-Oeste de 48,3%.

O pesquisador atenta que apesar das quedas registradas a partir de 2003, as taxas das capitais ainda são as mais elevadas em relação à taxa nacional de homicídios. No ano de 2008 a União, como um todo, registrou 26,4 homicídios em 100 mil habitantes, enquanto as capitais registravam 37,3 para cada 100 mil habitantes.

Ainda assim, a participação das capitais vem caindo expressivamente, em 1998 elas foram responsáveis por 41,3% do total de homicídios, já em 2008, representavam 33,5%.

Violência contra os jovens 

O autor constata que duas de cada três vitimas são da faixa etária 15-24 anos. O Mapa da Violência utiliza como indicador geral as mortes que englobam as modalidades assassinato, suicídio e acidente de transporte.

A taxa global de mortalidade da população brasileira caiu de 633 em 100 mil habitantes, em 1980, para 568, em 2004, “fato bem evidente no aumento da expectativa de vida da população e avanços no Índice de Desenvolvimento Humano”, aponta o autor. Em contrapartida, a taxa de mortalidade juvenil apresentou leve aumento, passando de 128, em 1980, para 133 a cada 100 mil jovens, em 2008. 

“Estudos históricos realizados em São Paulo e no Rio de Janeiro (…) mostram que as epidemias e doenças infecciosas – as principais causas de morte entre os jovens há cinco ou seis décadas –, foram progressivamente substituídas pelas denominadas ‘causas externas’ de mortalidade, principalmente, acidentes de trânsito e homicídios”, completa Waiselfisz.

Na década de 1980 as chamadas ‘causas externas’ responderam por 52,9% das mortes de jovens de 15 a 24 anos. Em 2008, elas totalizaram 62,9% dos óbitos dessa faixa etária – os homicídios participaram de 39,7% dessa parcela, os acidentes de transporte, 19,3% e os suicídios, 3,9%.

Para acessar o livro na íntegra, clique aqui.

 

Redação

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