EUA: Cheia de vigor, mobilização em Wisconsin prossegue até o fim

Diário Liberdade –  [Bruno Baader] A mobilização popular junto ao Capitólio de Madison, estado de Wisconsin, Centro-Leste dos EUA, continua cheia de vigor. Esta luta começou quando o governador de direita, Scott Walker, membro do Tea Party, apresentou o seu “orçamento retificativo”, que não só reduz drasticamente os benefícios, mas também elimina os direitos consagrados contratos coletivos de 175 mil trabalhadores do setor público daquele estado.
;Desde 14 de fevereiro, milhares de trabalhadores ocuparam o Capitólio para impedir a aprovação desta lei que constitui um atentado à organização trabalhista. Falando no sábado (9), perante a maior concentração desta semana, com 100 mil pessoas, Mahlon Mitchell, do Sindicato dos Bombeiros Profissionais de Wisconsin (PFW, a sigla em inglês para Professional Firefighters of Wisconsin), disse: “O momento é agora. Não podemos esmorecer porque estamos na estaca zero, e aquilo que acontecer irá afetar todas as pessoas. Temos de ser fortes. Uma frente unida”.

Mitchell tornou-se, em janeiro, o primeiro presidente negro do PFW. Delegações de bombeiros juntaram-se aos protestos num memorável ato de solidariedade, uma vez que não são afetados pela lei Walker. Foram acolhidos com entusiasmo pela multidão, tal como já o tinham sido os jovens e os estudantes.

Em 19 de fevereiro a maior manifestação, que contou com uma multidão estimada em 100 mil pessoas, preencheu o lado de fora do Capitólio. Um imenso piquete com todos os setores da classe trabalhadora – trabalhadores sindicalizados e não sindicalizados, desempregados, estudantes, negros, imigrantes e a comunidade GLBT – tomou as ruas e foi regado a música, sons de tambores, danças e cantigas.

No início da tarde, o racista e antitrabalhista Tea Party organizou uma contramanifestação na escadaria do Capitólio. Aderiram cerca de duas mil pessoas, protegidas por mais de 500 policiais equipados com armas para controle de motim, mas foram cercados pela multidão que ali estava em apoio aos trabalhadores. Os membros da manifestação foram embora de ônibus imediatamente ao fim da manifestação. Eles foram confrontados por estudantes e trabalhadores de organizações como Studentes for a Democratic Society (Estudantes por uma Sociedade Democrática), Fight Imperialism (Combate ao Imperialismo), Stand Together (Fiquemos Juntos), Bail out People Movement (Movimento de Socorro às Pessoas), Veterans for Peace (Veteranos pela Paz), Freedom Road Socialist Organization (Organização da Estrada da Liberdade Socialista), Workers World Party (Partido Mundial dos Trabalhadores) entre outros que gritavam “Hey, hey, Ho, ho! Tea Party racista, vão embora!”, “Trabalhadores de braços cruzados: os bancos pagam a conta!” e “Abaixo o projeto [de lei]”.

Desde o dia 15 que os sindicatos do setor público de Wisconsin e outros têm vindo a mobilizar milhares de associados das diferentes regiões do estado e até mesmo do Canadá. Manifestações de solidariedade tiveram lugar em várias cidades do país, principalmente em Nova York, no dia 18, junto à bolsa de Wall Street.

Walker e os legisladores de Wisconsin foram inundados com e-mails, telefonemas e foram feitas centenas de visitas aos respectivos gabinetes. Praticamente todos os principais sindicatos utilizaram os seus sites na Internet e as redes sociais para divulgar mensagens. Inscrições como “Egito? Wisconsin?” ou “Marche como um egípcio” traduzem o espírito dos manifestantes inspirados pelo povo egípcio. A luta massiva convenceu 14 senadores do partido democrático a sair do estado, o que inviabilizou a votação final da lei.

Lynne Pfeifer, que trabalhou durante mais de 30 anos num centro de reabilitação, afirmou à nossa reportagem: “Não podemos perder os contratos coletivos. A concentração junto ao Capitólio foi fabulosa. Havia gente de todas as idades por todo o lado, na grama, nas calçadas, à volta do Capitólio”.

No dia 18, o presidente da AFL-CIO, Richard Trumka, interveio ao meio-dia e o reverendo Jesse Jackson Jr. falou durante a tarde da escadaria do Capitólio. Ambos manifestaram solidariedade e prometeram ajudar a enterrar a lei Walker.

Estudantes de todas as nacionalidades também animaram a ocupação do Capitólio. Começaram por realizar uma concentração na universidade de Wisconsin-Madison. Depois vieram em manifestação para participar na ocupação. A sua presença aumentou após os professores de Madison terem apresentado baixa por doença, provocando, desde dia 15, o encerramento de todo o sistema público de ensino na cidade.

No dia 18, também as escolas públicas de Milwaukee fecharam e os estudantes deste distrito juntaram-se aos seus professores em protesto no Capitólio.

No interior do Capitólio, estudantes e trabalhadores mantêm a ocupação durante dia e noite. Recebem comida e bebidas do exterior e são assistidos por uma equipa médica.

 

Com informações de International Act Center

http://www.iacenter.org

Redação

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