Exclusivo: Thompson Flores atuou para Gabriela Hardt permanecer na Lava Jato

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

O presidente do TRF-4, Thompson Flores, criou mudança administrativa no Tribunal para que Gabriela Hardt pudesse atuar em "regime de auxílio"

Jornal GGN – O presidente do TRF-4, Thompson Flores, escreveu uma resolução interna para permitir que a juíza Gabriela Hardt, ligada a Sergio Moro, pudesse continuar atuando no comando da Operação Lava Jato e dos processos da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Nesta sexta-feira (30), reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que uma portaria da Justiça Federal autorizou, em maio deste ano, que Gabriela Hardt pudesse atuar com Bonat, a quatro mãos na Lava Jato. O GGN teve acesso a este documento e também a uma resolução anterior à portaria, que revela que foi o presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores, quem articulou a permanência da magistrada na Lava Jato.

Hardt foi juíza substituta de Sergio Moro, no período em que o hoje ministro era o juiz responsável, e ocupou interinamente a 13ª Vara Federal de Curitiba quando Moro tornou-se ministro do governo Jair Bolsonaro. Tanto nas ausências de Moro por viagens, compromissos e licenças, como posteriormente, Gabriela mostrou ser fiel ao alinhamento do ex-magistrado, tomando medidas similares e congruentes à postura de Moro.

E foi a juíza que, logo após a saída de Sergio Moro da Justiça Federal, condenou o ex-presidente Lula na segunda sentença, relativa ao sitio de Atibaia, usando para isso os argumentos e conclusões de despachos anteriores de Moro. Em outra atuação comparável, durante o depoimento de Lula sobre o sítio, Hardt confrontou o ex-presidente em postura similar à que o ex-juiz costumava adotar: “Se o senhor começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”.

Além do visível alinhamento, Gabriela Hardt já chegou a se encontrar com o ex-juiz e hoje ministro de governo em eventos como o da Associação Paranaense dos Juízes Federais, na semana passada.

No documento obtido pela Folha e também pelo GGN, a corregedora regional Eliana Paggiarin Marinho publica uma portaria, em maio deste ano, designando Gabriela Hardt a “atuar em regime de auxílio, com prejuízo da própria jurisdição, nos processos do Juízo Federal da 13ª Vara Federal de Curitiba”. A medida estabelece que Hardt auxiliaria Bonat desde maio deste ano, quando a portaria foi publicada, até o fim de novembro.

O GGN prepara uma série inédita de vídeos sobre a interferência dos EUA na Lava Jato. Esse tipo de jornalismo só é viável quando a sociedade apoia junto, pelo interesse público. Quer se aliar a nós? Acesse: www.catarse.me/LavaJatoLadoB

A portaria nº 489 descreve, claramente, que a magistrada poderia atuar tanto em processos “não relacionados à Operação Lava Jato, no período de 03/06/2019 a 26/11/2019, bem como nos processos relacionados à citada Operação na fase anterior ao oferecimento de denúncia e posterior à sentença, no período de 27/05/2019 a 26/11/2019”.

Entretanto, afora a medida assinada pela Corregedoria Regional, um outro documento anterior e obtido pelo GGN [disponibilizado abaixo], foi o que possibilitou essa portaria. Trata-se de uma decisão do presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, que por meio de uma resolução, cria este espaço para a mudança administrativa e interna na Justiça Federal.

A modificação nas funções de um juiz, que até então já havia sido afastada e estava na condição de substituta, foi feita com a Resolução Nº 54, no dia 24 de maio de 2019, 10 dias depois de a Corregedoria Regional ter decidido afastar Gabriela Hardt da Vara Federal de Curitiba, por um período de recesso.

Porque no dia 13 de maio, uma portaria da Corregedoria divulgava que Luiz Antonio Bonat, o então juiz escolhido pelo desembargador federal Carlos Thompson Flores, presidente do TRF-4, ocuparia definitivamente o posto que era de Sergio Moro, por motivos de recesso de Gabriela Hardt. Já escolhido como titular da 13ª Vara ainda em fevereiro deste ano, a portaria de maio afastava a juíza:

A decisão de Thompson Flores foi de “Instituir regime de auxílio ao Juízo Substituto da 13ª Vara Federal de Curitiba, o qual será prestado pela 9ª Vara Federal de Curitiba”. Gabriela Hardt é quem atua na 9ª Vara. No documento, o desembargador deixa claro que a juíza terá competência para atuar em “todos os processos em andamento”.

Além disso, o presidente do TRF-4 aponta que o período de 6 meses de auxilio poderá “ser abreviado ou prorrogado, mediante ato da Presidência do Tribunal”. A resolução passou a valer no dia 27 de maio, mesmo dia em que a portaria da Corregedoria determinou o início da atuação de Gabriela Hardt na Lava Jato de Curitiba.

O documento pode ser acessado abaixo [os destaques são da reportagem do GGN]:

ResolucaoTRF4-Pag1-2

 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    1. luizazenha superestrutura que constrói subjetividades junto as massas cada vez mais manipuladas é um rolo compressor formado pelos 4 sistemas : religioso, midiático, educacional e judicial : meu irmão e sua esposa rodavam num Fiat e veio uma Hi Lux com Air bag na contramão e matou os : pedimos a apreensão da Hi Lux para a perícia : a ricaça entrou na justiça alegando que teve prejuízo material : uma juíza de Balsas MA condenou o falecido a pagar 150 mil reais : neste dia 5 um desembargador vai julgar o caso em segunda instância, mas face ao poderio econômico dos assassinos já sabemos do resultado : teremos que pagar, além de termos perdido ele e esposa ….esse país tem jeito ?

  1. O Clube tem que se manter fechado.
    Se entrar algum juiz isento, pode colocar tudo a perder. Todo o esforço de perseguição ao Lula pode ir por água abaixo.
    Assim funciona a horda lavajateira.

    1. Inclusive, digno de uma reportagem no nível em que o Nassif faz, tratando de como esses juízes combinaram a composição do TRF-4, como instância revisora das decisões do S. Moro. Forçaram a barra e atropelaram as regras, o Regimento para fazer uma composição com os parceiros de farsa, tipo Gebran Neto, Leandro Paulsen e Thompson Flores. Exatamente para garantirem os resultados farsescos. (Se não me engano o Nassif tratou disso. Ou foi algum outro jornalista).
      De qualquer modo, é um assunto muito relevante para entender e desvendar a farsa na sua trama e profundidade. Por que é um dos pilares dos criminosos farsantes, o discurso de que as decisões do “juiz” S. Moro foram todas confirmadas na Segunda instância.

  2. O que esperar da coligação golpista e corporativista, que se blinda, se protege, se engana e se torna a maior vergonha e mais desacreditada facção do judiciário brasileiro que se tem notícia?

  3. Isso apenas comprova mais uma vez que o chefe operacional do golpe, dentro do judiciário, é o desembargador carlos thompson flores lenz.
    Sérgio moro cumpriu o papel de sicário e capitão do mato na caçada a Lula. Mas quem sempre comandou os tempos processuais e a montagem da turma homologadora, assim como a distribuição dos processos foi esse descendente do genocida que exterminou Canudos.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador