Exército cadastra moradores de três comunidades no Rio

Jornalistas que flagraram ação foram afastados sob o argumento de ‘intimidar’ trabalhos do Exército 
 
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(Foto ABr)
 
Jornal GGN – Moradores de três comunidades da zona norte do Rio de Janeiro (Vila Kennedy, Coreia e Vila Aliança) estão sendo impedidos do direito de ir e vir, sem antes passar por uma espécie de ‘fichamento’ em pontos de identificação montados nas saídas das favelas. As informações são da Folha de S. Paulo que teve reportagem barrada por oficiais do exército enquanto fazia a cobertura da ação em que os moradores são fotografados junto com o RG. 
 
Segundo a Folha, após presenciar e fotografar o fichamento, um militar encaminhou a equipe a uma distância de 300 metros do local sob a justificativa de que o trabalho do Exército estava sendo “intimidado” pela imprensa.
 
O jornal ainda conseguiu falar com o comandante da operação, identificado como Roberto, que explicou que os dados recolhidos dos moradores está sendo encaminhado para um banco de dados de segurança. 
 
Desde o início da operação nas três comunidades, na madrugada desta sexta-feira (23), duas pessoas foram detidas. O objetivo da ação é prender suspeitos da morte do subcomandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Vila Keneddy e sargento do Exército, Bruno Albuquerque Cazuca, que aconteceu na quarta-feira (21), em Jacarepaguá.
 
Ontem, quinta-feira, o presidente da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, anunciou integrantes de uma comissão que irá acompanhar o trabalho dos militares no Rio. 
 
“Vamos lutar dia a dia para que a intervenção se mantenha nos marcos legais. Nós não aceitamos a ideia de guerra a qualquer preço, de criminalizar a pobreza dessa cidade. Vamos defender em especial o direito dessas pessoas”, disse pontuando a preocupação de “que a intervenção ganhe forma dentro da lei e da Constituição”. 
 
A ação do Exército nas comunidades faz parte do plano de intervenção federal na segurança pública do Rio, decretada no dia 16 de fevereiro pelo presidente Michel Temer nomeando o general Walter Souza Braga Netto que irá chefiar as polícias civil, militar, bombeiros e o sistema penitenciário do Estado nos próximos dez meses. 
 
O general do Comando Militar do Leste deve anunciar as novas lideranças das polícias do Rio na próxima semana. 
 
Redação

11 Comentários

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  1. Quer dizer, pelo simples fato

    Quer dizer, pelo simples fato de morar numa comunidade carente vc já é taxado de suspeito?

     

    Isso não é o novo gueto de varsóvia? Ou um novo apartheid? Os larápios, ladravrazes, corruptos, as ratazanas do asfalsto estão livres e soltas para ir e vir sem serem incomodadas? E ainda querem tirar proveito eleitoral dessa excrecência? Desse pandêmonio??

  2. De repente os morros irão se

    De repente os morros irão se tornar uma Sierra Maestra, só que sem ideais revolucionários. Será apenas para mostrar quem manda no pedaço.

  3. Agora, falta só tatuar

    os pulsos. Tá bem perto. E muitos pobres burros de direita aplaudem. Lamento pelos inocentes e conscientes que pagam, mas para os pobres de direita, quero mais que se lasquem!

  4. Ninguém estuda história? Ninguém lê? Ninguém tem memória?

    No livro Abusado, o Caco Barcellos conta o episódio da gravação do clipe de Michael Jackson no morro Dona Marta, na época comandado pelo traficante Marcinho VP.

    A segurança do astro no morro foi feita por 50 homens selecionados pela associação dos moradores. Era uma forma de ajudar os moradores da favela com alguma renda. A PM exigiu da associação dos moradores a lista com os nomes dos 50 e exigiu que eles comparecessem no batalhão de Botafogo, para serem cadastrados e fotografados. O traficante refez a lista, juntamente com a associação de moradores, excluindo os que tinham passagem pela polícia. Mesmo assim 3 homens do círculo mais próximo a Marcinho VP estavam entre os contratados.

    Quando a gravação do clipe começou, o próprio Marcinho VP estava usando o colete verde dos seguranças. Armado com uma pistola (que o colete ajudava a esconder…), ele recebeu o colete de um dos 50 homens escalados para a segurança de Michael Jackson: o responsável pelos “bondes” da quadrilha, seu amigo Careca.

    Se o Exército acha que “cadastrar” (na verdade fichar) morador vai render alguma coisa, estão sonhando com couve na Lua e procurando em Marte…

  5. Está definitivamente marcado

    Está definitivamente marcada a fronteira entre os dois países em que se divide o Brasil. Israel trata os palestinos sitiados dessa forma. Falta o muro, golpistas.

     

    1. bem lembrado…

      por lá também mascaram os mais vulneráveis como sendo de altíssima periculosidade com seus foguetinhos de fabricação caseira…………………………………………………………………….

      pqp, espantoso como o Brasil está repetindo aquilo tudo, construindo inferiores só com as chamadas à reflexão da Globo

      pqp, espantoso como a Globo está repetindo por aqui o que ela cansou de fazer com os palestinos

  6. fichar é criar o cidadão ou sujeito inferior, mais do já é…

    é fazer questão de mostrar, atendendo a pedidos de Temer, que encontram-se vulneráveis devido a ousadia carnavalesca,

    e como sempre estiveram, diga-se de passagem, mas pela violação dos seus direitos praticada por membros do próprio PMDB

    tudo isso é uma puta enganação, destinação incorreta de verbas escassas, porque praticamente 80% do que for gasto nesta operação ficará nas mãos do Exército, em armas e equipamentos, apenas para esconder os verdadeiros culpados pelo caos que se instalou no estado

    além do mais, criar este tipo de inimigo no Brasil sempre rendeu muita grana para particulares, principalmente para  os que não precisam prestar contas a ninguém quando se trata da ordem e da segurança pública

  7. Quando a “justiça” lava as mãos

    Brasil se especializou em criar dificuldades para todos e vender facilidades para o andar de cima, gerando reserva de mercado para advogados.  Uma greve do judiciário poderá mostra o quão inútil esta instituição é para 99% da população. O “sistema” envia militares apenas para combater e reprimir pobres, pois o povo não tem dinheiro para lubrificar a “justiça”. No Brasil falta justiça social, mas sobra justiça de “mercado”, do andar de cima, para enriquecer uma casta que tem feito o Brasil o paraíso de advogados, promotores, juízes, policias e concurseiros que operam a “justiça” no seu favor, ganhando milhões, por dentro ou “por fora” (normalmente dinheiro do povo) cada vez que um advogado togado bate o martelo. 

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