Federações se defendem e evitam falar da CBF, por Augusto Diniz

A CPI do Futebol do Senado ouviu nesta semana dois presidentes de federações. Por questões óbvias, eles defenderam os campeonatos estaduais que organizam. Embora reconheçam que o futebol brasileiro está em crise, evitaram criticar a CBF.

Como era de se esperar, Rubens Lopes, presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ), e Castellar Modesto Guimarães Neto, presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), convidados a comparecer à comissão, exaltaram o trabalho das entidades. Também disseram não estranhar o fato de dirigentes esportivos permanecerem longos anos no cargo.

Rubens Lopes foi mais ousado, criticou a recém-criada Liga Sul-Minas-Rio (que tem a participação da dupla Fla-Flu, adversária política da FERJ; a Liga pretende organizar um torneio entre seus membros sobreposto ao calendário dos campeonatos estaduais) e citou que o problema do futebol brasileiro está na formação de jogadores (a maioria nas mãos de empresários e não mais dos clubes).

O presidente da FERJ comentou ainda que a concentração no futebol brasileiro, com poucos clubes detendo a maioria dos títulos importantes em disputa, é motivada por questões econômicas, e que seria uma lógica difícil de quebrar por estes mesmos times terem maior capacidade de obter recursos financeiros. “É assim no mundo inteiro”, afirmou.

Sobre direitos de TV, Rubens disse que os clubes negociam diretamente com as emissoras os valores a serem recebidos, mas não mencionou o fato desses acordos serem assinados primeiro com a federação e a CBF (que detém os direitos das competições) – permitindo a detentora dos direitos de TV alterações de horário e dias de jogos, além de escolha das partidas que irá transmitir; no fim, os clubes continuam à mercê desses acordos, fato amplamente criticado pela maioria das equipes.

O presidente da Federação Mineira, tratando sobre as discrepâncias de acordos de TV no Brasil, em que numa mesma competição clubes recebem em direitos até seis vezes mais do que outros, considera o modelo inglês de repartição dos recursos provenientes da televisão mais adequado: uma parte dividida igualitariamente, outra dependendo da classificação na temporada anterior e, uma última relacionada à audiência.

Os presidentes evitaram avaliar a gestão da CBF no futebol brasileiro, objeto de investigação da CPI, e se esquivaram de tratar das relações mantidas entre as federações e a entidade máxima do esporte no País.

O Senador Romário, presidente da CPI, durante a audiência, mais uma vez levantou suspeita com a forma de convocação de jogadores da CBF para a seleção brasileira. O ex-craque não entende tamanha rotatividade de atletas convocados e já acusou Gilmar Rinaldi, que deixou de ser empresário de atletas para se tornar coordenador da seleção brasileira (e braço direito do técnico Dunga), de influir nas decisões por interesses financeiros.

A audiência com os presidentes de federações foi marcada pela presença da bancada da bola e de representantes da CBF, o que levou Romário a comentar existir pressão pelo esvaziamento da CPI.

A próxima audiência do colegiado prevê a presença de dirigentes de clubes da elite.

1 Comentário

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  1. Só volto a assistir futebol

    Só volto a assistir brasileirão depois que for minimamente moralizado. Por mais que seja showbusiness, tem que ter alguma moralidade.

    Acredito que seja maléfico para a saúde mental e emocional dos jovens ver tanta podridão no futebol. Ver o Galo ser descaradamente roubado é triste.

    CBF e TV Globo = tudo a ver.

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