Fernando Haddad vê deslocamento do eleitor para a direita

Em entrevista, ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo diz que Bolsonaro administra mal o cacife político obtido, e defende Lula para 2022

Fernando Haddad (PT), ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo. Foto: Reprodução/Wikipedia

Jornal GGN – O centro não foi o grande vitorioso das eleições de 2020, uma vez que houve deslocamento do eleitorado do eleitorado para a direita e a extrema direita, na visão do ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT).

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Haddad diz que o presidente Jair Bolsonaro “administrou mal seu próprio cacife político” e que, “se considerarmos que o bolsonarismo é uma recidiva do período autoritário com requintes de obscurantismo, vamos verificar que os partidos que, de alguma forma, descendem da matriz autoritária foram os que mais cresceram”.  Dentre os partidos citados, estão o PP, PSL, DEM e Republicanos.

Com relação ao desempenho do PT, o ex-ministro diz que houve alguma frustração com o desempenho, embora avalie que a sigla manteve seu tamanho, embora tenha perdido prefeituras – o partido venceu em 183 cidades, contra 256 em 2016.

Sobre as eleições de 2022, Haddad afirma que sua posição “está muito ligada ao fato de eu estar lutando muito para que Lula recupere seus direitos políticos, sobretudo depois da desmoralização de Sergio Moro. Espero que o Judiciário faça justiça e nós possamos seguir com Lula candidato”.

Ao ressaltar que a união mais importante em 2022 será em torno do segundo turno, para garantir que quem quer que vá derrote Bolsonaro, Haddad diz que é preciso perguntar para os cotados da centro-direita – como Luciano Huck, Ciro Gomes e João Doria – se votariam no Bolsonaro.

“Acho engraçado que o jornalismo não pergunte isso para aqueles que votaram no Bolsonaro em 2018. Se eles nos acusariam de extremista para justificar o voto no verdadeiro extremista ou não. Conheço tucanos que não repetiriam o voto no Bolsonaro e tucanos que repetiriam. Isso é relevante para mostrar quem é de fato extremista”.

Caso o PT precise dar seu apoio a algum desses nomes em um eventual segundo turno, Haddad foi direto: “Para não fazer exercício de futurologia, o PT declarou voto no Eduardo Paes [no Rio], que é do DEM. Em tese, a gente sabe distinguir um fascista de um não fascista. Aparentemente, quem não sabe é a direita”.

 

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Redação

2 Comentários

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  1. “está muito ligada ao fato de eu estar lutando muito para que Lula recupere seus direitos políticos, sobretudo depois da desmoralização de Sergio Moro. Espero que o Judiciário faça justiça e nós possamos seguir com Lula candidato”.

    Então, o máximo de mobilização é aquele acampamento Lula livre, é isso? Separar uma fração módica do fundo partidário para montar uma estrutura minimamente adulta de comunicação política, com produção de conteúdo defendendo o que fez e o que pretende fazer é inimaginável, é isso?

    1. Se com toda a estrutura do governo federal, com todos os indicadores favoraveis, com as verbas de publicidades podendo ser usadas da melhor forma que quisesem, não fizeram em 2014 e 2015 você acha que vão fazer agora?

      A reviravolta tem que partir de baixo para cima, temos que começar a frequentar os locais onde estão aqueles que não votam na esquerda e tentar convence-los, ou pelo menos lembra-los como foram os anos de 2008 a 2013 e que podemos voltar a sermos o que eramos.

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