Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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  1. Dória, Cosac e os milionários que estão transformando São Paulo
     Charles Cosac, o intelectual que não gosta de chorinho e samba.

    Dória, Cosac e os milionários que estão transformando São Paulo em uma empresa privada.

    Acho que existem diferenças na boa gestão pública e na boa gestão privada. Diferenças que passam pela simples conceituação do que é público (pertencente ou relativo ao povo, que é de todos) e privado (que não é público; particular, o que não pertence ao Estado). Algumas coisas que podem fazer sentido na gestão privada, não fazem na pública. Por exemplo: uma empresa privada como a editora Cosac Naify fazia livros lindos, caros, elitizados e voltados para um público pequeno. Tanto que não vendiam muito, mas ela tinha um dono, que bancava o investimento. A coisa era dele, ele podia fazer o que quisesse, não se importando com o “gosto do povo”. Se a mão invisível do mercado levasse seus livros a serem sucessos comerciais, maravilha. Se os livros encalhassem, tudo bem, ele salvava a seara com um pouco do dinheiro privado da sua família. Eu, como leitor, adorava e comprava os livros da editora sempre que podia (ou sempre que eles entravam em promoção). A maior parte dos meus conhecidos nem fazia ideia do que era a Cosac.

    Aí você pega o João “Trabalhador” Dória, ˜gestor que virou prefeito˜ e está sempre agindo nos limites entre público e privado. Ele colocou o milionário Charles Cosac, ex-dono da Cosac Naify, que fechou sua empresa privada que não dava lucro, pra dirigir a Biblioteca Mário de Andrade, que é pública. Charles, numa entrevista pra Folha, diz que está adorando ter um primeiro emprego aos 52 anos. Deixou a vida de herdeiro para ser gestor público. Para começar seu trabalho, ordenou que a Biblioteca deixasse de ser 24 horas e mudou a programação cultural do local. Acabou com as rodas de samba na biblioteca

     João Dória, o gestor que não gosta de grafite.

    “Já basta o samba do boteco ao lado.”, diz ele, “Não aguento duas rodas de samba. Esse samba virou flamenco e chorinho. Achei mais adequado.” 
    “Mas isso não é uma medida elitista”, pergunta o repórter?
    “É claro que tenho minhas preferências musicais”, responde Charles, “mas elas não estão sendo impostas. Senão eu não botava chorinho, eu odeio chorinho.”

    (Reparem na concessão que Charles faz a esse gênero popularesco ouvido em todos lares brasileiros o… CHORINHO.)

    Vamos ao ponto: a biblioteca é pública, pertence ao povo paulistano-paulista-brasileiro, que ao contrário de Charles gosta de samba. (Aliás, leva o nome do antropofágico Mário de Andrade que, ao contrário de Charles, gostava de cultura e música popular). Mas Charles gerencia a biblioteca pública como o “dono da bola” que sempre foi. Pensa o público como privado, usa dinheiro pessoal pra fazer o que acha importante na gestão pública e segue sua missão civilizatória de educar o brasileiro ignorante que não gosta de flamenco e livros bonitos com fontes difíceis de ler. Em resumo, encarna a versão cult do higienismo de Dória, e em vez de apagar grafites e ciclofaixas; Cosac apaga o samba da Biblioteca Mário de Andrade.

    Mais uma vez São Paulo, na desculpa de ter uma “gestão profissional”, volta a ser privatizada por uma minoria milionária e branca; liderada por homens que não gostam de “coisa de negro”, de “pobre”, de “favelado”, mas gostam de quadros da Bia Dória e dos livros dos amigos de Charles — ao contrário do escritor Mário de Andrade que era erudito, conhecia os clássicos, mas também frequentava os sambas da negra Tia Ciata e estudava o samba rural paulista.

      

     

  2. Jerry Adriani partiu ontem,

    Jerry Adriani partiu ontem, de uma forma inesperada para os seus fãs, seus amigos íntimos, e talvez até para os familiares. digo isso porque sempre acompanhando o programa bacana, limpinho, da TV Vida, ds noites de sábado, o vi como convidado de Sílvio Brito,  nesse março passado, cantando com o mesmo vigor, enquanto tocava seu violão. Foram 70 anos de muita beleza física, simpatia, e de uma produção de músicas bem elaboradas, alegres. Ele, inclusive, foi dos poucos da Jovem Guarda que se reinventava, e mantinha uma plateia considerável por onde passava. 

    Nunca fui de fanatismo por artistas, mas há pessoas que não saem da vida sem dixar rastros maravilhosos, como os bons perfumes. 

    Ontem a Record mostrou uma fala de Jerry, já meio abatido pela doença, porém sem dizer ao certo que tipo de doença foi essa, agradecendo a todos que se manifestavam em seu favor, etc. 

    Não fiquei muito tiste com a morte de Jerry, talvez porque acho que se era pra ficar na Terra sofrendo muito, sua vida foi abreviada para salvá-lo das mazelas e infelicidades dessa trágica doença. 

    Jerry me deu a impressão de ser um homem tão bom que só tem um lugar resrvado pra ele agora: o Paraíso Glória a Deus. Amém.

  3. Música de parque de diversão

    Sempre tive gostos e predileções musicais que NÃO incluem a tal de jovem guarda. Chamávamos de música de parque de diversões ou mesmo escrachando de música de zona e entendam essa referência como a pior possível naquele final dos anos sessenta e inicio dos setenta.

    Além da minha atividade profissional pela qual vim a aposentar, fazia “um bico” em Rádios. Naqueles anos finais dos 70 o saudoso Cônego Walter Maria Pulcinelli me chama no escritório da Rádio Difusora de Machado MG, e, gentilmente, me concede com os demais “radialistas” o serviço icônico de alto falantes da Festa de São Benedito. Ali se apresentavam todos os cantores e conjuntos musicais sertanejos e populares que o Airton e Lolita Rodrigues conseguiam (e conseguiam muitos) levar para os shows noturnos, na praça, após a missa. Eu de apresentador “constrangido” anunciava os participantes naquelas noites carinhosas que ia de Jane & Erondi a Milionário e José Rico. Em uma noite fria estava eu encarregado de apresentar a atração do dia, umas duas mil pessoas na Praça de São Benedito, e ele chegou e ao que tudo indica tinha tomado uma dose para equilibrar o frio. Disse que naquela noite não cantaria “suas musicas e seus sucessos”, mas tinha uma saudade de tempos de crooner e “pegando” uma guitarra do conjunto que lhe acompanharia cantou durante duas horas todos os sucessos de um tal de Elvis Presley. Do estúdio ví, na praça,  mais de duas mil pessoas dançando e acompanhando a sensacional apresentação o que me fez, a partir daquela data, mudar os meus pré-conceitos do que era cantor “brega” ou aqueles que se faziam de bregas…

    Meu respeito grande interprete e cantor Jerry Adriani.

  4. O que está em jogo na França 2, ou o 2º turno….

    Não foi premonição.

     

    Mas o que escrevemos sobre a França (no texto do Wilson Ferreira) não tem nada de excepcional, e o resultado do primeiro turno das eleições francesas só revela o que toda gente de bom senso já descobriu: o capitalismo nunca rimou bem com Democracia, mas agora, em sua versão ultra-acumulativa e rentista, passou a golpeá-la até a morte…

     

    Politicamente não há dúvida: a centro-esquerda deve apoiar o candidato de centro, um tipo híbrido de trump, berlusconi bush jr, e outros bufões que povoam nossos pesadelos humanitários…

     

    O presidente François Holland anunciou oficialmente o apoio, como você pode ler no Libération…

     

    Tudo indica que o candidato Emmanuel Macron chamado de centro-direita (arg, centro é o caralho, o cara é de direita mesmo!), que pilota algo como o PRN (de collor) misturado com o movimento 5 estrelas (italiano) vá governar a França…

     

    A despeito das emoções envolvidas é preciso diagnosticar precisamente o que está em jogo na França…na Europa, e claro, no resto do planeta…

     

    Qual governo emergirá dessa coalizão eleitoral?

     

    Bem, tudo indica que o que se tenta na França (e esse modelo já vem sendo tentado há muito tempo) é a criação de um novo e grande centro político, mas que de centro só tem o nome…

     

    O (fingido?) alívio do presidente da Comissão Europeia, que quebrou o protocolo nas felicitações entusiasmadas pró-Macron deixa claro o projeto em curso…Você pode assistir o vídeo e ler a matéria no The Guardian…

     

    Os tolos poderiam enxergar aí uma felicidade baseada em sentimentos unionistas europeus…Sim, mas que Europa? 

    A Europa dos ajustes e cortes de direitos que fazem mais riqueza para os mais ricos, enquanto se alimentam de tragédias humanitária que vomitam imigrantes ilegais que tanto servem como bodes expiatórios como mão-de-obra escrava…

     

    Por aí, tem muita gente ingênua (incluindo o Nassif) tentando algo como uma grande “consertação nacional”…

     

    Balela…canibais podem até fazer uma dieta vegana por um tempo, mas não deixam de amar carne (a nossa)…

     

    O que está em curso, seja na França, seja o que se tenta aqui, tem viés claramente conservador, e embora reivindique a exclusão dos extremos, tanto à direita como à esquerda, não hesitará em incorporar a agenda mais extremista da direita, no que tange os direitos e garantias civis para implementar o fundamentalismo financista…

     

    Cada evento dramático, seja produzido dolosamente ou “acontecido por omissão”, que são chamados por Wilson Ferreira de não-acontecimentos, conferirá a esse novo arranjo o mandato para aproximar-se da extremidade direita, que ficará em stand by para qualquer eventualidade (como na Alemanha em 30), ou como aconteceu agora nos EUA, com a assunção do mais cretino extremista de mercado que se tem notícia…

     

    Esse modelo está sendo preparado por aqui também…a inclusão de nomes como dória e bolsonaro (e outros cretinos como apresentadores de TV ou jogadores de futebol) tem esse viés de tentar espremer a centro-esquerda em um canto do eleitorado, forçando-a a escolher entre o menos pior, chamando-a a legitimar um governo que se dirá “acima das divisões da sociedade”, e em “favor do país”…

     

    Só que aqui há uma pedra no caminho, e se chama Lula…

     

    Olhando a eleição nos EUA e na França e resto da Europa, dá para ter a dimensão de Lula, o maior capital vivo da esquerda no planeta, e entendemos assim o tamanho do ódio de classe a ele dirigido, principalmente pelo seu simbolismo geopolítico nesse momento que o mundo fita o abismo…

     

     

    Não que a mera eleição de Lula em 2018 tenha o condão de eximirmos todas as nossas culpa e erros, nada disso…

     

    No entanto, esse episódio poderia recolocar as forças de esquerda dentro de um cenário de reação a onda conservadora mundial que ameaça inclusive nossa existência…

     

    Chegou a hora de ter lado (esquerda), e cobrar isso a Lula…ou deixemos ele fazer seu politicídio à la Vargas…

     

     

  5. Lava Jato

    República de Curitiba amarelou!

     

     

      

    Resultado de imagem para Lula e Moro?

    O juiz Sérgio Moro adiou a audiência de Lula, que seria em Curitiba, no dia 3/05/17, sob a alegação de que acata pedido da Polícia Federal, a qual teria pedido mais tempo para organizar a segurança. Isso é desculpa esfarrapada, já que a audiência estava marcada há muitos dias e tempo não faltou para ser organizada essa segurança.

    O problema é que, além dos ônibus alugados, que seriam de vários estados, muita gente comprou passagem aérea para o ato. Quem paga a conta?

    Os coxinhas, ligados a Moro, chegaram a soltar nota ameaçando os manifestante pró Lula que iriam para o ato, quando se sabe que todos os atos que envolvem o ex-presidente Lula são pacíficos.

    Somos de paz, apesar de a sociedade já enxergar os absurdos do juiz chefe da lava Jato, Moro, e do chefe de sua Força Tarefa, Deltan Dallagnol.

    Para enganar a sociedade sob o mote do combate à corrupção, Moro na verdade deixou o caminho livre para os golpistas destruírem a Petrobrás.  

    FHC também faz parte desse conluio para entregar a Petrobrás aos gringos. Quando presidente, FHC fez de tudo para privatizar a Petrobrás e por isso hoje é protegido pela Lava Jato, apesar de inúmeras denúncias contra o governo de FHC na empresa, algumas até envolvendo seu filho(1).  

    Da mesma forma que protege o entreguista FHC,  agora a Lava Jato finge que não vê a gestão lesa-pátria de Pedro Parente, que está promovendo uma verdadeira liquidação de bens públicos, conquistados por décadas com suor e sangue do povo brasileiro. E entrega tudo sem licitação, para quem quer e por preço irrisório.

    Exemplo desse bota-fora é o petróleo do pré-sal, do campo de Carcará, vendido a preço de um refrigerante o barril. E Parente já fez isso antes, é reincidente nessa prática perniciosa, o que já lhe rendeu uma ação da qual é réu quando ministro de FHC (3). E cadê a Lava Jato que dizia defender a Petrobrás?

    Nem mesmo uma denúncia formalizada ao MPF, em novembro de 2016, levou a Lava Jato a investigar Pedro Parente (2). Conseguiu-se, na Justiça, uma liminar sustando a venda do campo de Carcará, mas a Petrobrás se esvai. São inúmeras irregularidades na gestão de Parente e mais de dois milhões de postos de trabalhos perdidos, por conta da Lava Jato, entretanto Moro só pensa em tentar fabricar uma prova contra Lula (4), na tentativa de retirá-lo do pleito de 2018.

    Moro volta com a denúncia requentada contra Lula, de ser proprietário de um sítio e um triplex. Como os imóveis não são de Lula, e há escrituras provando isso, agora a novidade são dois tickets de pedágio que “provariam” que Lula é o  proprietário do imóvel. O episódio já virou piada do tipo: “Compre dos tickets de pedágio e ganhe a propriedade de um triplex”.

    Do jeito que vão as coisas, creio que Moro e Dallagnoll, cujos seguidores mandavam os petistas irem para Cuba, no andar da carruagem, vão ter que ir para Miami.

    Em resumo, a República de Curitiba amarelou!        

     

    Fonte: 1 – https://www.youtube.com/watch?v=AnKK51ITUQI

    2 – http://fnpetroleiros.org.br/?p=12171

    3 – http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2016/06/presidentes-da-petrobras-e-do-bndes-sao-reus-em-acao-por-rombo-bilionario-9872.html

    4 – http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,justica-suspende-venda-de-66-do-campo-de-carcara-pela-petrobras,70001742023

     

    Rio de Janeiro, 24 de abril de 2017.

     Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, integra a coordenação do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), sendo autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro”

     OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

       (Esse relato  pode ser reproduzido livremente)

      Fonte:  https://www.facebook.com/emanuelcancella.cancella

      http://emanuelcancella.blogspot.com

     

     

     

     

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