Fora de Pauta

Lourdes Nassif
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  1. https://outraspalavras.net/br

    https://outraspalavras.net/brasil/eles-nao-deram-o-golpe-para-devolver-o-poder-a-lula/

    “Não deram o golpe para devolver o poder a Lula”

    POR ANTONIO MARTINS– ON 28/01/2018CATEGORIAS: BRASILCAPAPOLÍTICAS

    Lula, , em 25/1: sinais de que manterá a candidatura mesmo se encarcerado

    Derrotista e acima de tudo precária, a frase acima percorre as bolhas da esquerda, depois que o TRF-4 manteve a condenação do ex-presidente. O que há de (muito) errado nela?

    Por Antonio Martins

    Um frisson de euforia tomou conta dos “mercados” e da mídia desde a última quarta-feira (24/1), quando três desembargadores do 4º Tribunal Regional Federal ampliaram a condenação de Lula e dificultaram, por combinação prévia de sentença, sua defesa. A Bolsa de São Paulo subiu 5,31%. Os jornais decretam, pela enésima vez, a morte política e a prisão próxima do ex-presidente – em especial depois que um juiz substituto de Brasília, denunciado várias vezes por favorecer as fraudes fiscais de grandes grupos econômicos, proibiu-o de viajar à Etiópia. Quem sabe agora, aposta-se, a população aceite eleger um candidato afinado com as contrarreformas.

    A mesma onda parece engolfar alguns sites alternativos. “A prisão de Lula é a porta para o endurecimento”; além dele, “muitas lideranças poderão ser presas”, previu o bravo Renato Rovai na revista Fórum. Nas redes sociais, as bolhas de opinião à esquerda – até há bem pouco exageradamente otimistas – agora martelam o mesmo ponto de vista. Uma frase marca o tom melancólico do debate: “Eles não deram o golpe para devolver o poder em eleições democráticas”.

    Os que a repetem cometem um erro banal: confundir o desejo do adversário com o exame concreto da correlação de forças existente. Os Estados Unidos não gastaram trilhões de dólares na invasão do Iraque para entregar o poder e o petróleo a um governo ligado ao Irã. Os militares pós-1964 não transformaram o Brasil na oitava potência industrial do planeta para passar o bastão a Tancredo Neves, o homem que os chamou de “canalhas” no primeiro dia do golpe. E no entanto… O cenário pós-TRF4 é complexo e contraditório. O derrotismo é sempre uma saída fácil, porque dispensa o trabalhoso exame da conjuntura e a busca de saídas táticas. É e esse esforço que se dedica este texto, a partir de três hipóteses essenciais:

    1. O bloco conservador obteve uma vitória importante, mas não rompeu o equilibrio de forças estabelecido em 2017

    Foi uma vitória patife, que demonstrou a brutalidade e arrogância da Casa Grande. Ao combinarem sentenças idênticas, de doze anos e um mês, para Lula, os desembargadores do TRF assumiram que fazem um julgamento político – não o exame de um suposto crime de corrupção. A coincidência tríplice, impossível por acaso, foi tramada previamente. A intenção, alcançada, era reduzir ao máximo as chances de recurso do réu, para impedir que os eleitores possam escolhê-lo em outubro. Se possível, para encarcerar sua mensagem, a partir de abril.

    O êxtase dos mercados atesta o caráter de classe da decisão. Mas não significa que a fatura tenha sido liquidada – nem, portando, que esteja aberto caminho para uma onda de prisões de líderes populares. Desde meados de 2017, o cenário político brasileiro tem como característica central um impasse – e ele se mantém. Um bloco conservador heterogêneo, formado pelo grande poder econômico, a casta política e a mídia, reuniu força suficiente para impor uma Destituinte. Implica liquidar, a toque de caixa e sem debate, tanto as conquistas sociais consagradas na Constituição de 1988 quanto as que remontam ao período do getulismo.

    TEXTO-MEIO

     

     

    Porém, este processo foi freado, há cerca de nove meses. A oposição popular interrompeu parcialmente os retrocessos. Por enquanto, ela não se traduz em grandes protestos. Protagonizou alguns, como as greves “gerais” de abril e maio – que não tiveram sequência. Manifesta-se, principalmente, numa espreita eleitoral muito temida por todos os que se envolveram no golpe. Há uma grande contradição latente aqui: a casta política, que sequestra a democracia, precisa do voto popular. Por isso, os deputados temem concluir o desmonte (“reforma”) da Previdência.

    Aos poucos – muito menos rápido do que gostaríamos – vai se formando uma oposição consciente às contrarreformas. Maiorias substanciais já se opõem ao desmonte da Previdência, da legislação trabalhista e à privatização das estatais. O arco de alianças que promoveu o golpe tem, na maior parte das situações, força para ignorar estas maiorias. Conseguiu fazê-lo em (mês), quando impôs a contrarreforma trabalhista. Não repetiu a façanha em (mês), quando fracassou na contrarreforma política, ao se dividir (uma ala, capitaneada pela Rede Globo, opôs-se ao novo Fundo Eleitoral).

    O arco pró-Golpe é incapaz, de provocar uma ruptura institucional que leve ao cancelamento das eleições ou a uma escalada repressiva ilimitada, que signifique prender em massa as lideranças sociais. Aqui, as comparações com 1964 são descabidas, por dois motivos cruciais. Não há uma força coesionadora que exerça um papel nem de longe similar aos dos militares. E, ainda mais importante: não há um projeto conservador defensável a oferecer à sociedade. O regime militar sufocou a democracia e violou em massa os direitos humanos – mas promoveu um processo notável de modernização capitalista, que urbanizou e industrializou o país. Os golpistas de hoje defendem o trabalho rural não remunerado, permitiram a disparada do preço do gás de cozinha (a ponto de provocar a volta da lenha) e reintroduziram o trabalho de gestantes e lactantes em locais insalubres… Há duzentos anos, Napoleão Bonaparte já ensinava: nem que tivessem a força das baionetas, poderiam sentar-se sobre elas.

    A vitória da coalizão conservadora em 24/1 colocou-a na ofensiva, mas não resolve o impasse tático desenhado desde o ano passado. Uma nova batalha se aproxima. Após reduzir novamente suas próprias ambições, os golpistas tentarão impor, em fevereiro, a contrarreforma da Previdência. Será, acima de tudo, uma disputa simbólica. As medidas foram tão desidratadas que não provocarão efeito sensível algum sobre o Orçamento, por décadas. Busca-se acima de tudo produzir um sinal de força. O pior a fazer, às vésperas do combate, é dar por perdida a guerra contra o golpe.

    2. A disputa sobre o futuro do país, após o colapso da Nova República, não está definida. Nela, Lula tem papel decisivo

    Por que Lula, normalmente tão moderado e conciliador, tornou-se o grande alvo dos conservadores? Por que os jornais da velha mídia destacam, em clara atitude de torcida (1 2 3), a possibilidade de pulverização das candidaturas de esquerda? Para encontrar a resposta, é preciso examinar o papel crucial que as eleições de 2018 assumiram.

    Em maio de 2016, a Nova República desabou, depois de trinta anos. O pacto de governabilidade com presidentes moderados e oposição civilizada se desfez. Mas o que virá em seu lugar? No momento, há duas alternativas possíveis. A primeira implica reverter o golpe, restabelecer a democracia e abrir caminho para o choque democrático de projetos – agora, enfim, mais explícito, menos amortecido. Interessa a todas as formações políticas à esquerda (do PT ao Ocupa Política, formado em dezembro, numa reunião em Belo Horizonte). Serve, mais que isso, a um vasto leque de movimentos sociais que não desconsideram a política institucional – embora queiram ir muito além dela.

    A opção é um cenário de normalização do golpe, de vitória do Estado ultraliberal, de anulação da política enquanto possibilidade real de transformar a sociedade. Neste horizonte, os retrocessos pós-2016 consolidam-se. A Emenda Constitucional 95 mantém bloqueada a chance de políticas públicas criativas e robustas; degrada o SUS e os tímidos avanços na Educação pública – como as novas Universidades e escolas técnicas. A renda trilionária do petróleo é entregue às transnacionais. As contrarreformas Trabalhista e da Previdência rebaixam de forma duradoura as condições de vida (e de luta, principalmente) dos assalariados. Uma contrarreforma Tributária, já em tramitação, retira recursos essenciais da Seguridade. Firma-se a ideia de que não há nem direitos sociais, nem comum – apenas um mercado em que sobrevivem os “mais aptos”. O Estado brasileiro regride à condição pré-1930: a de mero garantidor da lei, da ordem, da segurança pública e da “Justiça”.

    O que menos interessa ao bloco conservador é deixar explícito o choque entre os dois cenários. O ultraliberalismo não resiste à democracia. Se puder enxergar o que está em jogo, a vasta maioria da população fará sua escolha. É esta a razão da impressionante dianteira de Lula em todas as pesquisas de opinião, após quatro anos sob bombardeio diário da mídia, do Judiciário, dos políticos tradicionais. Retirá-lo do jogo, a esta altura, borraria os contornos da batalha. Guilherme Boulos, por exemplo – um possível candidato do PSOL – está muito à esquerda de Lula, mas não expressa, para a grande maioria do eleitorado, a possibilidade de um outro país.

    Mais: perseguido, Lula compreendeu que sua única saída é desafiar os que o agridem. Ao fazê-lo, mantém a disputa viva, ganha tempo, impede que a superioridade atual de forças do arco conservador encerre o jogo. A intenção dos que deram o golpe é consolidar, por décadas, seu projeto de retrocessos. Mas os dados ainda estão rolando.

    3. A fragmentação da esquerda não se consumou

    A estratégia peculiar de Lula diante da decisão do TRF-4 está delineada, por ele mesmo, em dois discrusos memoráveis: o que fez na Praça da República, em São Paulo, horas depois de recondenado; e o que proferiu cerca de doze horas depois, ao aceitar a indicação de sua pré-candidatura à Presidência. Três decisões destacam-se em suas falas – todas coerentes com o propósito de não jogar a toalha.

    Primeira: a candidatura será mantida até o fim, em desafio à tentiva de tolhê-la por expediente judicial. Esta atitude tira proveito de uma brecha, na ambígua Lei da Ficha Limpa. Não há cassação automática de candidatos. Registrada uma postulação à Presidência, até 20 de agosto, é preciso que alguém requeira sua nulidade ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Cabem recursos, a esta própria corte e ao STF. Como o primeiro turno das eleições ocorrerá em 6 de outubro, será quase impossível evitar que a imagem de Lula, a temida jararaca,apareça para os eleitores nas urnas eletrônicas.

    Segunda: Lula retomará as caravanas, já em fevereiro – e concorrerá mesmo em caso de vir a ser preso, como deixou implícito na fala de 25/1. E para deixar claro o caráter opositor de sua candidatura, lançará, em fevereiro, uma nova Carta aos Brasileiros – desta vez “dirigida à sociedade, não aos mercados financeiros”. É possível, especula-se que o documento inclua propostas de simbiolismo rebelede – entre elas, a tributação das grandes fortunas e dos dividentos auferidos pelos capitalistas, acompanhada pela insenção de Imposto de Renda para os que ganham até R$ 5 mil. A prisão, se houver, ocorrerá a partir de abril. Ou seja: resta tempo para criar uma situação em que o encarceramento será visto como uma represália das elites a quem desafia a ordem pós-golpe e a agenda de retrocessos.

    Terceira: Não se busca uma unidade forçada da esquerda. Desse modo, evitam-se polêmicas que seriam desgastantes e constroi-se uma cena curiosa. Livre ou encarcerado – mas, em qualquer caso, sob o tacão do Judiciário – Lula permanecerá, durante toda a campanha como um símbolo; como uma possibilidade, talvez hipotética, de outro futuro. Quanto mais reais forem os riscos de ser cassado, menos seus adversários poderão atacá-lo impunemente. À sua sombra, outras candidaturas terão espaço para crescer – Ciro, Manuela, Boulos, Ouriques? O espaço estará aberto, a sorte lançada.

    Precisamente neste espaço, poderão crescer, também, ideias e projetos que transcendem a mera disputa eleitoral. Destaca-se a de submeter os principais atos do golpe a Referendos Revogatórios. Se conduzida a partir dos movimentos sociais e da sociedade civil, ela permitirá ir além da resistência simbólica ao projeto de país regredido; estimular a população a examinar concretamente os sentidos da agenda de retrocessos em curso; em especial, a pensar alternativas.

    Em sua intuição política formidável, Lula parece ter identificado um caminho. Uma esquerda triste reluta em enxergá-lo.

     

    1. Excelente! Ainda que otimista
      Excelente! Ainda que otimista demais para meus “achismos”, um texto sóbrio, bem acabado e consistente.

      PS.: me parece que há datas e alguns outros dados a incluir.

    1. Note se que o que eles estao

      Note se que o que eles estao pedantemente chamando de “achar os estados excitados” eh o que do chamei de “prever os harmonicos” poucos dias atraz

       E so existe uminha maneira de fazer isso:  A MINHA.

      1. Vai ver o governo tambem

        Vai ver o governo tambem prohibiu ciencia com nome de “Lunatica” -Hei, com esse complexo todo demonstrado, nao estamos longe disso nao.

        Vamos ver se a MINHA ciencia vai ou nao vai ter esse nome?

        1. Lembram se que eu falei que a

          Lembram se que eu falei que a todo o estado de ionizacao ha um quark correspondente e que eles tem uma infinidade de estados?

          Pois eh…

          Lembram se que eu tambem falei que o proton eh identico ao neutron?

          Pols eh…

           Todo e qualquer neutron “defeituoso” tem um identico irmao gemeo em um estado de ionizacao atomico e em um quark “raro”.  Ponto por ponto.  Sao TODOS homeomorfos.

          A todo neutron “raro” corresponde um, e um somente,  quark e um, e um somente, estado de ionizacao.  Sao somente partes fractais, equivalente e homeomorfas, ponto por ponto.  So a “oitava” troca de lugar.

           Eu sou foda ou nao sou?  Sou um mindfuck ou nao sou um mindfuck?

           

          Heranca de Tia Neiva para a humanidade, viu?

          E jamais se esquecam disso.

          Heranca de Tia Neiva .

  2. Utopia interrompida: o ataque da Turquia à cidade curda de Afrin

    Utopia interrompida: o ataque da Turquia à cidade curda de Afrin

    https://rojavaresiste.wordpress.com/2018/01/29/utopia-interrompida-o-ataque-da-turquia-a-cidade-curda-de-afrin/

    29 de janeiro de 2018

    O que está em jogo em Afrin hoje é o futuro de uma coexistência alternativa democrática e multi-cultural para a sociedade e a política do Oriente Médio, por Dilar Dirik.

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    Em Afrin, no norte da Síria, os curdos protestam contra a invasão da Turquia com membros da YPG (Unidade de Proteção do Povo), 24 de janeiro de 2018. Fonte: Kurdish Struggle, CC

    O estado turco e as tropas do Exército Livre Sírio (FSA) lançaram uma operação militar transfronteiriça na região de maioria curda, Afrin, localizada no noroeste da Síria. Essa invasão em outro país é uma violação contundente do direito internacional e acontece com pouco escrutínio, mesmo quando a comunidade internacional observa. Além disso, esta declaração de guerra constitui uma atrocidade contra as mesmas pessoas que formaram a primeira linha na luta contra o fascismo do ISIS, ao mesmo tempo em que construíram um abrigo democrático, secular, de igualdade de gênero para todas as comunidades em meio à guerra.

    Os EUA e seus aliados tácitamente aprovaram a operação afirmando que é um direito da Turquia defender suas fronteiras e a soberania nacional. A Rússia, entretanto, consentiu deliberadamente ao ataque ao permitir que a Turquia usasse o espaço aéreo sob controle russo , depois que a oferta para entregar a administração de Afrin ao regime de Assad foi recusada.

    Os mesmos poderes, que não conseguiram organizar conversas para a paz na Síria nos últimos sete anos, são aparentemente capazes de agir de acordo com seus interesses quando se trata da supressão de políticas democráticas alternativas e da satisfação do interesse do segundo maior exército da OTAN, a Turquia , independentemente do completo desrespeito por parte das próprias preocupações geopolíticas de seus próprios parceiros. Não só os mesmos estados em uma coalizão conjunta anti-ISIS usam os curdos como ” botas confiáveis ​​no chão “, eles também escolheram deliberadamente permanecer inativos sobre as evidências incriminatórias do apoio turco às forças reacionáriascomo o ISIS. Essas abordagens expõem a hipocrisia dos atores internacionais cujas políticas contribuíram ativamente para a escalada das guerras no Oriente Médio em nome de seus próprios interesses.

    Como combatentes pró-Erdogan, a FSA e os soldados turcos tentam estabelecer uma “zona segura” para defender o “terrorismo” do país, o aparelho de propaganda do estado mata as forças curdas nativas e acoberta os assassinatos de estupros cometidos pelo ISIS na mesma categoria em que reivindicam lutar contra ambos , embora o ISIS nem tenha presença em Afrin . No entanto, mesmo que isso fosse verdade, a Turquia não se incomodou há anos, quando as crucificações controladas pelo ISIS e os mercados de escravos sexuais existiam ao longo de sua fronteira com a Síria.

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    Lutadora curda do YPG. Fonte: Kurdish Struggle, CC

    Embora vários governos ocidentais, incluindo o ex-vice-presidente dos EUA, Joe Biden, do governo Obama, criticaram o papel da Turquia em contribuir para o surgimento da violência jihadista na Síria através de meios políticos, financeiros e logísticos, incluindo o chamado Estado islâmico, a importância estratégica do membro da OTAN, a Turquia, para as empresas regionais era muito alta para que se arriscassem. Como agora é conhecido, a Turquia tem sido a principal base de abastecimento e viagem para assassinos jihadistas de todo o mundo. Dezenas de membros do Estado islâmico foram liberados de acusações na Turquia, militantes anti-guerra pacíficos e dissidentes receberam sentenças longas depois de terem sido acusados ​​de delitos criminais incríveis, alguns até mesmo para postagens de mídia social .

    Milhares de pessoas em Afrin e outras partes do norte da Síria e do Curdistão mais amplo chegaram às ruas para protestar contra a invasão turca, que eles vêem como uma traição histórica de todos os estados que os apoiaram em sua luta histórica contra o ISIS. Pessoas comuns em Rojava tomaram as armas e prometem defender os ataques turcos, assim como eles se mobilizaram contra o ISIS e outros ataques contra civis.

    Um ataque ao projeto liberacionista e democrático

    Desde que a guerra na Síria começou em 2011, Afrin foi uma das áreas mais seguras desse país devastado. Recusando-se a jogar de acordo com as regras do regime de Assad, nem do exército sírio livre e dos grupos de oposição sírios controlados por forças regionais, a maioria da área curda no noroeste do país vem estabelecendo estruturas de autogoverno democráticas de base auto-suficientes desde 2012 e atualmente está hospedando centenas de milhares de pessoas internamente deslocadas da Síria. Enquanto sua luta militar contra o ISIS recebeu apoio tático de forças externas, especialmente os EUA, nenhuma garantia política acompanhou essas colaborações temporárias. Assim, a traição histórica de hoje aos curdos após a derrota do ISIS foi antecipada há muito tempo.

    Quando os conselhos e comunas autônomas de Afrin decidiram se organizar sob a forma de um cantão como parte de um sistema de autonomia democrática em 2014, eles, juntamente com os cantões de Kobane e Jazeera (Cizire), declararam “um sistema político e uma administração civil fundada em um contrato social que reconcilia o rico mosaico da Síria através de uma fase de transição da ditadura, guerra civil e destruição, para uma nova sociedade democrática onde a vida cívica e a justiça social são preservadas “. Hoje, Afrin faz parte da Federação Democrática do Norte da Síria, que estabelece um sistema de governo autônomo federal secular com compromisso de democracia radical, ecologia e libertação das mulheres para curdos, árabes, turcomanos, siríacos-caldeus, asirios, chechenos e Armênios na região.

    Nos últimos anos, especialmente desde a batalha histórica pela cidade de Kobane em 2014, a política emancipatória do norte da Síria, que os curdos chamam de Rojava, tem sido um farol para uma região destruída pela guerra, pelo caos e pelo derramamento de sangue. As mulheres assumiram a liderança em todas as esferas da sociedade e estabelecem uma representação igual nas estruturas de governança através de 50 por cento de cotas e princípios de co-presidência, ao lado de um movimento de libertação de mulheres popular e radical com unidades de autodefesas de mulheres autônomas, comunas, assembléias , academias e cooperativas econômicas.

    Essa consciência política emancipatória foi a força motriz por trás da resistência curda em Kobane, que motivou o governo Obama a cooperar com as forças YPG e YPJ e as Forças Democráticas da Síria multi-étnicas formadas posteriormente como seus parceiros no terreno na luta contra o ISIS. As posições ideológicas opostas deixaram claro que nenhum dos lados poderia trabalhar com o outro além da cooperação militar contra esse inimigo comum. O que está em jogo no Afrin hoje é também o futuro de uma proposta democrática e multicultural alternativa de convivência para a sociedade e a política do Oriente Médio.

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    Lutadora curda do YPG, 19 de janeiro de 2018. Fonte: Kurdish Struggle, CC

    O ataque à Afrin só aumentará o autoritarismo de Erdogan

    Como levantam os observadores da guerra de Erdogan sobre os curdos, o atual ataque contra Afrin deve ser colocado no contexto da hostilidade racista de longa data da Turquia em relação a qualquer perspectiva de autodeterminação curda, incluindo direitos democráticos dentro dos estados existentes. Ao rotular qualquer tentativa de autodeterminação como “separatismo” e “terrorismo”, a Turquia tenta legitimar seus crimes de guerra aos olhos da comunidade internacional.

    Desde que o processo de paz entre o Estado turco e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) cessou no verão de 2015 e especialmente após uma tentativa de golpe de estado em julho de 2016, vários massacres a civis curdos foram cometidos pelo estado, enquanto dezenas de milhares de pessoas foram presas e ainda mais assaltadas, demitidas, feridas ou deslocadas.

    Os co-presidentes do Partido Democrático dos Povos (HDP), deputados, membros do partido e prefeitos legalmente eleitos estão atualmente presos desde 2016, alguns ainda sem acusação. Centenas de jornalistas estão em prisões turcas, que, segundo os Repórteres Sem Fronteiras, faz do país a maior prisão do mundo para o pessoal de mídia’. Cerca de 150 mil funcionários públicos foram demitidos, mais de 100 mil civis foram detidos, 50 mil presos desde a tentativa de golpe de Estado de julho de 2016. Mais de 8 mil acadêmicos perderam seus empregos. Enquanto alguns foram acusados ​​de atividade golpista, a repressão aos acadêmicos se desenvolveu especialmente depois que 1.000 acadêmicos iniciaram uma petição pedindo ao Estado que parasse a guerra contra os curdos e retornasse ao processo de paz. Advogados, defensores dos direitos das mulheres, ativistas da comunidade e outros dissidentes estão entre os milhares de pessoas encarceradas sob acusações de terrorismo.

    Enquanto todo o país foi submetido a um “estado de emergência” desde a tentativa de golpe em 2016, as regiões curdas foram cada vez mais militarizadas e receberam tratamentos extrajudiciais sob a lei marcial, legitimando a limpeza étnica, matança indiscriminada e destruição sistemática de assentamentos inteiros. De acordo com um relatório da ACNUDH, de 355 mil a meio milhão de civis curdos foram deslocados a força, enquanto centenas de civis haviam sido assassinados pelo exército turco. Estes números continuam a serem conservados, uma vez que a delegação não recebeu acesso adequado às regiões afetadas pelas autoridades. O relatório descreve a cidade colocada sob o toque de recolher com termos como ‘apocalíptico’.

    A caça às bruxas de hoje sobre aqueles que se opõem à guerra ecoa nas políticas dos últimos anos. O governo anunciou uma ” Operação de mídia social ” para encontrar e cobrar usuários dessas mídias que expressam sua dissidência sobre a guerra. Os programas de televisão discutem e visam celebridades que não aprovaram a guerra ilegal. Já, centenas de pessoas foram presas por falarem pela paz.

    Onde está o movimento anti-guerra?

    Assim como durante o cerco de Kobane em 2014, centenas de milhares de pessoas chegaram às ruas em todo o mundo desde o início do ataque a Afrin. Entre as pessoas que ocuparam ruas, estações de trem, aeroportos, praças públicas e estradas em toda a Europa para protestar contra os ataques turcos contra Afrin hoje são milhares de refugiados que fugiram da guerra e da destruição na Síria e no Iraque. Hoje, eles demonstram como o fato de que, os mesmos governos que se retratam como defensores dos direitos humanos, são os mesmos que fornecem estados antidemocráticos, abertos e fascistas no Oriente Médio com apoio político ou militar, um ato que apenas fortalece ainda mais a mão de poderes como o ISIS que eram o motivo para as pessoas fugirem de suas casas. Mas entre as centenas de milhares de manifestantes também estão ex-refugiados curdos, que fugiram das guerras patrocinadas pelo comércio de armas no oeste nas últimas décadas. Assim como a Turquia usou tanques alemães para destruir 5.000 aldeias curdas na década de 1990, para cometer massacres civis e deslocar populações inteiras e, assim como o Iraque de Saddam Hussein, utilizou produtos químicos fornecidos pelos estados europeus para cometer genocídio nos curdos , hoje são tanques de leopardos alemães que estão sendo usados ​​em uma invasão transfronteiriça em violação do direito internacional. A comunidade curda vê a história se repetir na cumplicidade dos governos ocidentais com a morte de milhões de civis.

    O ataque à Afrin é um dos casos em que os poderes mais influentes do mundo se unem em uma frente comum de uma só vez, atacando os nativos de uma região e sua tentativa de organizar suas próprias vidas com dignidade, justiça e liberdade. Deve ser uma preocupação ética fundamental para todos aqueles que se opõem à guerra e ao militarismo, o enfrentamento aos crimes da Turquia.

    Dilar Dirik é uma ativista do movimento das mulheres curdas. Ela escreve para a audiência internacional sobre as lutas da liberdade no Curdistão e atualmente está terminando seu doutorado no Departamento de Sociologia da Universidade de Cambridge.

    Tradução local (SP-Brasil) do link: https://newint.org/features/web-exclusive/2018/01/29/turkey-assault-afrin

  3. Golpe

    Se você é bandido, corrupto, traficante ou matador, filie-se ao PSDB e tenha assim a certeza da impunidade!

    Picaretas de todo o Brasil, uni-vos, filiando-se ao PSDB. Contarão assim com o aval da Lava Jato e, nesse partido, nem o Aécio vai preso!

    Veja o vídeo desta matéria em: https://www.youtube.com/watch?v=9v0-h0-neA4

                                             Resultado de imagem para FHC e Aécio

    Vêm aí as eleições de 2018, e os números comprovam a blindagem aos tucanos: nenhum deles foi preso no chamado combate à corrupção.

    No escândalo conhecido como o Banestado, de 1966 a 2002, cuja investigação foi chefiada pelo juiz Sergio Moro, o senador Roberto Requião fez um resumo no plenário do Senado:

    O maior escândalo do país não é o mensalão, o Petrolão é o Banestado que surrupiou cerca de meio trilhão de reais dos cofres público. Um escândalo tucano e nenhum tucano foi preso (1).

    Já escândalo conhecido como Mensalão foi chefiado pelo ministro do STF, Joaquim Barbosa. O juiz Sergio Moro participou, como assistente da ministra Rosa Weber. No mensalão, vários parlamentares foram presos, inclusive do PT. Porém, o mensalão tucano, que foi anterior ao do PT, está prescrevendo sem julgamento (2).   

    Na Petrobrás, a Lava Jato prendeu diretores e gerentes. A sociedade acompanhou a operação através dos vazamentos seletivos diários para a Globo, no Jornal Nacional. Tudo isso aconteceu só na gestão do PT na Petrobrás.

    É importante informar à sociedade que os principais ladrões da Petrobrás estão estranhamente pagando suas penas em casa, verdadeiros clubes de lazer, construídos com dinheiro da roubalheira, dentre eles Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Fernando Baiano e Sergio Machado (3,4).

    Já na gestão tucana na Petrobrás, a Lava Jato se juntou à picaretagem: o tucano FHC, várias vezes citado em corrupção na empresa e em muitas junto com o filho  (5,6), nem sequer é investigado.

    O mesmo acontece com o indicado pelo golpista MiShel Temer para presidir a Petrobrás, o tucano Pedro lalau Parente. Lalau, na certeza da impunidade,  vende o Campo de Carcará do pré-sal ao preço de um refrigerante o barril de petróleo (7) e a petroquímica de Suape ao valor de pouco mais de 5 dias de faturamento (8).

    A justiça se acumpliciou aos tucanos mesmo com os petroleiros botando a boca no trombone e denunciando:

    –  Pedro Lalau é réu desde 2001 em ação movida por petroleiros quando Lalau deu um rombo de R$ 5 BI a Petrobrás (9).

    – Em 24 de novembro de 2016, outro petroleiro formalizou denúncia ao MPF, pedindo providências quanto à omissão da Lava Jato em relação à gestão criminosa dos tucanos, FHC e Pedro Lalau, na Petrobrás. Até hoje nenhuma resposta e a liquidação da empresa continua. Veja denúncia na integra (10).     

    Os tucanos além da Lava Jato, conta com a vigilância permanente da PGR, Raquel Dodge, que mandou o STF arquivar o processo contra o tucano José Serra (11). A alegação é que ele tem mais de 70 anos. Dirceu e o almirante Othon também tinham mais de 70 anos quando foram presos.

    José Serra também foi denunciado, quando candidato derrotado em 2009, pelo Wikeleaks, oferecendo favores à petroleira estadunidense, Chevron, em prejuízo da Petrobrás (12). E depois volta com os golpistas e consegue transformar  a promessa dada a  Chevron na lei 4567/16. O tucano José Serra continua ileso, além de inúmeras denúncias de corrupção e entreguista porque conta com a Justiça e a  PGR para protegê-lo!

    Para não deixar dúvidas sobre a blindagem a tucanos, o senador Aécio Neves é o recordista em denúncias na Lava Jato e está livre e com mandato de senador!

    Aliás, em uma das denúncias, na gravação da JBS , Aécio não só pediu 2 milhões em propina como falou em matar quem o denunciasse (14).  

    Contra Aécio tem também a acusação de conexão do Helicoca, o helicóptero com 450 quilos de cocaína (15). E na fazenda do ministro tucano de Temer, Aloysio Nunes foram encontrados um tambor de leite com 19 quilos de pasta base de cocaína, 515 gramas de crack e 13 cartuchos para pistola. Palavras do delegado “Mestrinho” da Policia civil:  “Doutor” Aloysio está acima de qualquer suspeita há muito tempo (16).

    Não perca tempo: se você é bandido, corrupto, traficante ou matador, filie-se ao PSDB e tenha assim  a certeza da impunidade!

      

    Fonte:

    1 – https://www.ocafezinho.com/2015/10/03/requiao-relembra-banestado-roubalheira-tucana-desviou-meio-trilhao/

    2 – http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/06/1893632-citados-no-mensalao-tucano-se-beneficiam-de-prescricoes.shtml

    3 – http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2016/07/10/interna_politica,654284/delatores-cumprem-prisao-domiciliar-em-mansoes-e-coberturas.shtml

    4 – http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/11/beneficiado-com-de-delacao-baiano-deixa-carceragem-nesta-quarta-feira.html

    5 – https://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/09/delator-cita-filho-fhc-esquema-corrupcao-petrobras.html

    6 – https://www.youtube.com/watch?v=AnKK51ITUQI

    7 – https://www.brasildefato.com.br/2016/08/25/promocao-do-pre-sal-barril-a-preco-de-refrigerante/

    8 – http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/127/escandalo-da-petroquimica-de-suape-a-pasadena-de-temer

    9 – http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2016/06/presidentes-da-petrobras-e-do-bndes-sao-reus-em-acao-por-rombo-bilionario-9872.html

    10 – http://www.apn.org.br/w3/index.php/nacional/8685-petroleiro-protocola-denuncia-contra-operacao-lava-jato

    11 – https://www.conjur.com.br/2018-jan-24/pgr-arquivamento-inquerito-serra-prescricao?utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook

    12 – https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/wikileaks-as-conversas-de-serra-com-a-chevron-sobre-o-pre-sal

    13 – https://www.brasil247.com/pt/247/minas247/255474/Recordista-em-dela%C3%A7%C3%B5es-A%C3%A9cio-Neves-cobra-arrependimento-de-Lula.htm

    14 – https://www.ocafezinho.com/2017/05/17/gravacao-capta-aecio-fazendo-ameaca-de-homicidio-gente-mata-antes-dele-fazer-delacao/

     

    15 – https://www.brasil247.com/pt/247/minas247/296213/Implos%C3%A3o-de-A%C3%A9cio-pode-explicar-caso-Helicoca.htm

    16 – http://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-o-caso-de-apreensao-de-drogas-na-fazenda-de-aloysio-morreu-em-tempo-recorde-por-kiko-nogueira/

     

    Rio de Janeiro, 29 de Janeiro de 2018.

     

     Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, ex-presidente do Sindipetro-RJ, fundador e ex- diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da FUP e fundador e coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido em: http://emanuelcancella.blogspot.com.br/2017/07/a-outra-face-de-sergio-moro-pontos-de.html.

    OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

    (Esse relato pode ser reproduzido livremente)

    Meus endereços eletrônicos:

    http://emanuelcancella.blogspot.com.

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