Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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  1. Um texto essencial que não será lido por quem precisa.
      

    Mariana Ribeiro

     12 h ·  

    Eu cresci com Bolsonaro. Não metaforicamente, literalmente. Cresci no mesmo prédio em que ele e a família moravam, na Tijuca, zona Norte do Rio de Janeiro. Eles habitavam o apartamento 503, nós, o 1202. Sete andares de diferença e uma coisa em comum: o Botafogo.

    Tenho poucas lembranças do Bolsonaro pai – em parte, porque ele já morava oficialmente em Brasília e passava pouco tempo no Rio. Mas convivi por muitos anos com seus filhos Flávio, Carlos (Carluxo) e Eduardo (Duda) – que hoje ocupam cargos políticos.

    O Carluxo (filho do meio) eu entrevistei pra um trabalho da escola, em 2001. Ele era o vereador mais jovem do Rio de Janeiro. Se não me falha a memória, foi eleito aos 17 anos – não por mérito da sua campanha, obviamente, mas por carregar o nome do pai. Foi a primeira e a única vez em que eu entrei no 503, com um gravador na mão e uma fita cassete reserva no bolso, pra caso a entrevista se estendesse. Do conteúdo eu lembro pouco, mas guardei o que ele dizia sobre a necessidade de se esterilizar a população mais pobre – “vasectomizar os homens, ligar as trompas das mulheres”. Isso sim, na visão dele à época, resolveria a questão da pobreza. Não sei se pensa o mesmo hoje em dia. Dos filhos políticos de Bolsonaro, o Carlos é o que menos aparece publicamente. Sempre me pergunto o porquê.

    O Duda era da minha idade. Estudava no Palas, onde eu também tinha estudado. Frequentava o Brasas, curso de inglês onde eu também fazia aula. Vez ou outra, íamos juntos para o curso, trocando ideia sobre bandas de rock e nicknames engraçados no ICQ. Antes de ficar careca, ele tinha o cabelo do Nick Carter (loirinho, de tijela), andava de Reef, tinha um estilo skatista/surfista e muitas amigas minhas sonhavam uma chance com ele. Eu não queria mais do que companhia pra ir ao curso de inglês – a Tijuca naquela época não era exatamente o lugar mais seguro do Rio de Janeiro. Hoje, continua não sendo.

    Aquele prédio era o fervo do bairro no início dos anos 2000. Lá, acontecia de tudo. Tão de tudo que passaram a fechar o playground depois das 22h para coibir a venda e o consumo de drogas – colocaram câmeras nas escadas, passaram chave no elevador, criaram um sistema com seguranças que faziam ronda de tempos em tempos.

    Quando a Vice fez recentemente uma matéria com fotos dos Bolsonaros-filhos adolescentes, eu sabia o nome de todas as pessoas de todas as fotos (e seus respectivos apartamentos). A galera deles não era a minha, mas crescemos juntos, fizemos colônia de férias juntos, íamos à mesma piscina, jogávamos na mesma quadra, pegávamos o mesmo elevador, frequentávamos a mesma academia, tínhamos o contato um do outro no ICQ e ocasionalmente nos encontrávamos a caminho do Maracanã pra ver o Botafogo jogar.

    Flávio, Carlos e Eduardo não moram mais lá, mas a mãe deles ainda mora. Eu também não moro mais lá, mas minha mãe sim. Talvez isso seja a única coisa que temos em comum hoje, já que nem botafoguense me considero mais. Mas o que me choca nessa história foi eles terem se tornado as pessoas que se tornaram.

    Na época pré-redes sociais, era mais difícil saber o que as pessoas pensavam. A opinião pessoal não era ofertada abertamente, a não ser que você ligasse pelo interfone e pedisse uma entrevista pra um trabalho da escola. Talvez o Bolsonaro-pai fizesse piadas de mal gosto já naquela época, mas o meu pai, com quem ele trocava ideias sobre o Botafogo, não levasse a sério. Posso ver meu pai dizendo “ah, Jair, só você” pra encurtar a conversa.

    É fácil detestar Jair Bolsonaro com base na figura pública que ele é hoje. O difícil pra mim é saber que eu não o detestei desde sempre. Que, aliás, talvez tenha até gostado dele e dos filhos dele em alguma medida, mesmo que seja na medida mínima de pessoas que moram
    no mesmo prédio que você e você cumprimenta no elevador, ou pra quem você segura cordialmente a porta, se vir chegando na portaria. A pessoa dá aquela corridinha, agradece, e vocês falam sobre o tempo (ou o Botafogo) enquanto não chega o quinto andar.

    Hoje, efetivamente, não sei o que faria se estivesse no mesmo elevador que Jair Bolsonaro. Ou Flávio. Ou Carlos. Ou Eduardo. Talvez surgisse uma vontade imensa de perguntar: “O que aconteceu? Vocês sempre foram assim? Quando foi que se tornaram fascistas?”

    Na verdade, essas são perguntas que eu gostaria de fazer a um sem-número de pessoas que eu conheço e que declaram apoio às ideias de Bolsonaro. Pessoas com quem convivo, pessoas com quem já almocei no domingo, pessoas com que já participei de amigo-oculto no Natal. Sempre foram intolerantes? Quando passaram a aceitar a misoginia, a homofobia, o racismo? Quando foi que passaram a apoiar a barbárie?

    Quem cogita votar em Bolsonaro “apesar do que ele diz” ignora que os fundamentos básicos do jogo político são discursivos. O que ele diz não está apartado da forma como ele faz política, ao contrário, é a essência daquilo que ele quer construir. Hitler não só dizia que os judeus eram inferiores, ele criou todo um sistema para exterminá-los.

    Há quem acredite que existe um tanto de exagero nesta comparação: “nunca chegaríamos a esse ponto no Brasil”. Mas se você aprofundar a discussão mais um pouquinho, vai ver que não estamos tão longe. Somos um dos países que mais matam mulheres, LGBTs e negros no mundo. Curiosamente os “cidadãos de bem” não morrem na mesma proporção – mas estão convencidos de que o fascismo e a barbárie podem ser um preço justo para que eles possam se proteger (da crise financeira, da violência, da corrupção). Não, não são.

    Quem apoia Bolsonaro não o faz porque o considera tecnicamente a melhor opção – ele dá amplas demonstrações do seu despreparo para lidar com todas as agendas estratégicas do país. Todas. Também não dá pra acreditar que seja porque “ele não é corrupto”, “ele não é o sistema”, “ele é o novo” – sabemos da sua ficha corrida e não é exatamente limpa.

    Acredito francamente que os apoiadores de Bolsonaro julguem que o Brasil precisa de uma mudança radical – e que a mudança radical vai se alcançar por meios radicais. Essa talvez seja uma impressão justa, ao mesmo tempo que é erro de cálculo brutal.

    Bolsonaro não tem capacidade de nos salvar. Ao contrário, seu radicalismo pode nos jogar na maior crise que já vivemos: a crise de humanidade. Esse não é um custo viável. Se perdermos a nossa humanidade, não nos restará absolutamente mais nada a perder. Vale dizer que a economia da Alemanha prosperou durante os anos de Holocausto. Mas ao fim da era Hitler, não restava mais nada aos alemães além de um grande senso de profunda vergonha nacional.

    Ainda não sei em que momento os fascistas se tornam fascistas. Mas eu sei o momento em que isso se traduz em barbárie: quando chegam ao poder.

    Fica, então, o recado. Se você não tiver um pingo de humanidade correndo pelas veias, se não puder aprender em nada com a História, não adianta nem correr: você não vai entrar nesse elevador.

     

      1. Bruno,

        Esse post da Mariana Ribeiro está até agora com 37 mil curtidas, 6 mil comentários (mais da metade de ataque dos seguidores do inominável), e 12 mil compartilhamentos. 

  2. Haddad/Lula

    A ascensão vertiginosa de Haddad justifica o medo a Lula!

    Veja o vídeo desta matéria em: https://www.youtube.com/watch?v=4-6ordTbkko

                                                       

    Os golpistas são corruptos e lesas-pátrias, mas não são burros. Eles servem a algum projeto entreguista e mercenário que vem de fora, visando à estagnação do Brasil para mantê-lo como quintal dos EUA, uma republiqueta de bananas.

    Lula, por dois mandatos, governou o país para o Brasil e os brasileiros. Lula, além de ter saído do segundo mandato com 87% de aprovação popular, levou o Brasil a ser a 6ª economia do mundo, passando a Inglaterra. E já colava na França, a ultrapassagem seria inevitável (1).

    O Brasil, em 2006, foi um dos fundadores do BRICS,  que reúne (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) (2).  Os Brics foram mais longe e criaram um banco para se fazer frente ao FMI.

    O FMI presta ajuda a países em dificuldade, mas impõe um receituário amargo como agora na Argentina.

    O Brasil se libertou do FMI, além de pagar sua dívida e ainda virou seu credor. O Brasil caminhava assim para sua soberania e independência de fato.

    Como dizem que Deus é brasileiro, em 2006 o Brasil descobre o pré-sal (12), assim, foi no governo de Lula que o Brasil desenvolve tecnologia inédita no mundo que permitiu a descoberta do pré-sal.

    Ninguém segurava o Brasil.

    Os filhos dos pobres passaram a entrar na faculdade, pois os governos do PT criaram 18 universidades e triplicaram o número de escolas técnicas (8,9).

    Milhões de estudantes pobres entraram nas universidades através do Fiés e Prouni. Muitos foram estudar no exterior através do programa Ciência Sem Fronteiras. Em três anos, o sistema de cotas colocou 150 mil brasileiros negros na universidade (10).

    Foram 2.4 milhões de brasileiros tendo acesso à casa própria através do programa Minha Casa Minha Vida (7).

    Cerca de 36 milhões de brasileiros saindo da linha da pobreza (4) e o Brasil saindo do mapa da fome da ONU (5). 

    Lula levou o Brasil ao pleno emprego (6).

    Os pobres abandonaram a rodoviária e foram para os aeroportos, nos governos do PT, as viagens aéreas cresceram mais de 200% (3). 

    Com a transposição do Rio São Francisco, os governos do PT atenderam 12 milhões de nordestinos (11). Também no Nordeste, os governos do PT entregaram hum milhão e cem mil cisternas de captação de água da chuva, atendendo a outros milhões de brasileiros pobres (12).  

    Em 2015, o Brasil tinha US$ 370 bilhões de fundo de reserva internacional, no governo anterior de Lula as reservas eram de US$ 37,7 bilhões (13). 

    Os golpistas que prendem e impedem a candidatura de Lula sabem de tudo que Lula fez, mas estão a serviço da chamada “banca internacional” que não quer o Brasil de novo no topo das nações.

    O almirante Othon Pinheiro, um dos ícones da nossa ascensão e pai da energia nuclear no Brasil, responsável pela construção dos submarinos atômicos cuja função principal é de proteger o pré sal  disse: “Minha condenação interessa ao sistema internacional” . Tanto o Almirante como Lula foram presos pela Lava Jato por delação premiada e sem nenhuma prova(14). O Almirante está solto, mas está fora dos projetos nucleares. Disse o almirante Othon, sobre aqueles que o prenderam:

    “Considero como brasileiros transnacionais aquele que embora tenham nascido nesse belo país, gostariam de ser cidadãos de outros países, em particular dos EUA” (14).

    Os responsáveis pela prisão do Almirante Othon foram o PGR, Rodrigo Janot, e o juiz Sérgio Moro, chefe da Lava Jato (15).   

    Veja o que dizia o saudoso Moniz Bandeira, que foi cientista político e conhecido por dissecar o poderio norte-americano na desestabilização de países: “Moro e Janot atuam com os Estados Unidos contra o Brasil”

    Lula que saiu seu segundo mandato com 87% de aprovação, indicou e elegeu Dilma que depois se reelegeu, mostrando que tinha força.

    Lula elegeu Fernando Haddad, como prefeito de São Paulo, e Haddad foi, segundo Lula, seu melhor ministro, já que alavancou a educação no Brasil.

    Os brasileiros repudiam essa perseguição odiosa a Lula e vão mostram isso elegendo Fernando Haddad como presidente do Brasil.   

     

     Fonte: 1 – https://istoe.com.br/184334_BRASIL+ULTRAPASSA+REINO+UNIDO+E+SE+TORNA+6+ECONOMIA+DO+MUNDO/ 

    2 – https://brasilescola.uol.com.br/geografia/bric.htm

    3 – http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2012/11/preco-das-passagens-aereas-cairam-43-entre-2002-e-2011

    4 – http://www.brasil.gov.br/centro-aberto-de-midia/noticias/brasil-retira-36-milhoes-da-miseria-extrema-e-bate-meta-da-onu-para-mortalidade-infantil-1

    5 – https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/07/23/Como-o-Brasil-saiu-do-Mapa-da-Fome.-E-por-que-ele-pode-voltar

    6 – https://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20110105/pais-pleno-emprego/3872

    7 – http://www.brasil.gov.br/noticias/infraestrutura/2015/09/minha-casa-minha-vida-entregou-2-4-milhoes-de-moradias

    8 – http://www.pt.org.br/governos-do-pt-criaram-18-universidades-publicas-tucanos-nenhuma/

    9 – http://www.vermelho.org.br/noticia/246625-1

    10 – http://www.brasil.gov.br/noticias/educacao-e-ciencia/2015/11/cotas-elevam-presenca-de-negros-nas-universidades-federais

    11 – http://www.pt.org.br/com-transposicao-lula-e-dilma-ajudaram-a-combater-a-seca-no-ne/

    12 – http://www.pt.org.br/lula-e-dilma-entregaram-11-milhao-de-cisternas-no-nordeste/

    12 – http://www.brasildamudanca.com.br/macroeconomia/reviravolta-lula-paga-divida-com-o-fmi-e-brasil-entra-no-seleto-grupo-de-credores-do

    13 – http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2015/12/reserva-internacional-de-us-370-bilhoes-e-poupanca-que-fortalece-o-brasil

    14 – http://www.defesaaereanaval.com.br/almirante-othon-minha-condenacao-interessa-ao-sistema-internacional/

    15 – https://horia.com.br/noticia/historia-do-golpe-pgr-encontrou-se-nos-eua-com-ex-socia-de-concorrentes-da-eletronuclear

     

    Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2018.

     

     Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, ex-presidente do Sindipetro-RJ, fundador e ex- diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da FUP e fundador e coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido em: http://emanuelcancella.blogspot.com.br/2017/07/a-outra-face-de-sergio-moro-pontos-de.html.

    OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

    (Esse relato pode ser reproduzido livremente)

    Meus endereços eletrônicos:

    http://emanuelcancella.blogspot.com.

    Me siga no twitter.com/Ecancella

     

     

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