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Redação

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  1. Quanto mais o tempo passa, mais a teoria marxista explica a realidade.

    De acordo com o Karl Marx, “quanto mais a produção capitalista se desenvolve, mais ela tem que produzir numa escala que não tem nada ver com a demanda imediata mas que depende duma expansão constante do mercado mundial. Ricardo utiliza a afirmação de Say segundo a qual as capitalistas não produzem para o lucro, a mais-valia, mas que produzem valores de uso diretamente para o consumo – para seu próprio consumo. Ele não toma em conta o fato que as mercadorias devem ser convertidas em dinheiro. O consumo dos operários não basta, porque o lucro provem precisamente do fato que o consumo dos operários é inferior ao valor do seu produto e que ele, (o lucro), é tão grande quanto o consumo é relativamente pequeno. O consumo dos próprios capitalistas também é insuficiente.” – (Teorias sobre a Mais-valia; a teoria de Ricardo sobre o lucro).

    Em razão do Brasil ter começado exportar carne para a China, os Brasileiros bateram recorde histórico no consumo de ovos. (Quando 2019 terminar, cada brasileiro vai ter comido em média 230 ovos. É quase o dobro do que era consumido há dez anos). https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2019/11/25/brasil-bate-recorde-historico-no-consumo-de-ovos.ghtml. Nada obstante essa redução do padrão de vida do brasileiro, o Bolsonaro vibrou com o crescimento do Pibinho acima do esperado no terceiro trimestre. “Sabíamos que viria uma boa notícia”, disse ele, referindo-se a esse crescimento acima da previsão no terceiro trimestre.

    Ora, qual a utilidade do crescimento da economia se os trabalhadores que produzem a riqueza baixam seu padrão de vida em vez de elevá-lo ao tempo em que a economia cresce? O crescimento da economia de um país deveria ser motivo de comemoração apenas se ele contribuísse para melhoria qualidade de vida de sua população. Mas o Bolsonaro fica eufórico com o crescimento da economia enquanto o padrão de vida do brasileiro se reduz, com a redução do consumo de carne e a elevação do consumo de ovos. Essa comemoração do crescimento do Pibinho pelo governo apenas confirma a teoria marxista segundo a qual quanto mais a produção capitalista se desenvolve, mais ela tem que produzir numa escala que não tem nada ver com a demanda imediata mas que depende duma expansão constante do mercado mundial e que o consumo dos operários não basta, porque o lucro provem precisamente do fato que o consumo dos operários é inferior ao valor do seu produto e que ele, (o lucro), é tão grande como o consumo é relativamente pequeno.

    Na verdade, o que o Bolsonaro acaba comemorando não é a elevação da qualidade de vida do brasileiro, muito pelo contrário, o que ele comemora é a redução do padrão de vida do brasileiro e o consequente aumento dos lucros dos capitalistas e latifundiários.

    Isso demonstra que o objetivo da produção capitalista não é a satisfação das necessidades dos trabalhadores mas a acumulação em si mesma, conforme constatado por Marx:

    “Accumulate, accumulate! That is Moses and the prophets!…Therefore save, save, i.e. reconvert the greatest possible portion of surplus-value or surplus product into capital! Accumulation for the sake of accumulation, production for the sake of production: this was the historical mission of the bourgeoisie in the period of its domination… If, in the eyes of classical economics, the proletarian is merely a machine for the production of surplus-value, the capitalist too is merely a machine for the transformation of this surplus-value into surplus capital.”

    Dessa forma, a fim de desempenhar um papel progressista, the capitalist must “promulgate the doctrine that the accumulation of capital is the first duty of every citizen…to preach unceasingly that accumulation is impossible if a man eats up all his revenue, instead of spending a good part of it on the acquisition of additional productive workers, who bring in more than they cost.”

    Não é à toa que o Paulo Guedes afirma que ‘um menino, desde cedo, sabe que ele é um ser de responsabilidade quando tem de poupar. Os ricos capitalizam seus recursos. Os pobres consomem tudo’. O Ministro se esqueceu ou nunca aprendeu que, consoante o Paradoxo da Parcimônia (ou Paradoxo da Poupança), um aumento na poupança autônoma leva a uma diminuição na demanda agregada e, portanto, a uma redução na produção bruta que, por sua vez, reduzirá a poupança total.

    Segundo Karl Marx, “alguns economistas (Lauderdale, Malthus, etc) advogam o luxo e condenam a poupança, enquanto outros (Ricardo, Say, etc.), advogam a poupança e condenam o luxo. Mas, os primeiros admitem que desejam luxo a fim de criar trabalho, i. é, poupança absoluta, ao passo que os últimos admitem que advogam a poupança a fim de criar a riqueza, i. é, luxo. Os primeiros têm a idéia romântica de que a avareza não deve determinar por si só o consumo dos ricos, e contradizem suas próprias leis ao representar a prodigalidade como sendo um meio direto de enriquecer; seus opositores, então, demonstram com grande minúcia e convicção, que a prodigalidade diminui ao invés de aumentar minhas posses. O segundo grupo é hipócrita, ao não admitir que são o capricho e a fantasia que determinam a produção. Esquecem-se das “necessidades requintadas”, e que sem consumo não haveria produção. Esquecem-se de que, através da competição, a produção tem de tornar-se sempre mais universal e luxuosa, que é o uso que determina o valor das coisas e que o uso é função da moda. Eles querem que a produção seja limitada a “coisas úteis”, mas esquecem que a produção de um número excessivo de coisas úteis resulta em muitas pessoas inúteis. Ambos os lados esquecem que prodigalidade e parcimônia, luxo e abstinência, riqueza e pobreza, são equivalentes”.

    Segundo o Guedes, os ricos são ricos não porque trabalham, mas porque poupam, enquanto os pobres são pobres não porque não trabalham, mas porque consomem tudo. O Doutor Guedes não aprendeu s simples lição segundo a qual:

    “Quem é rico mora na praia
    mas quem trabalha nem tem onde morar
    Quem não chora dorme com fome
    mas quem tem nome joga prata no ar”.

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