Fora de Pauta

O espaço para os temas livres e variados e as matérias para serem lidas e comentadas. Concentraremos aqui o antigo Clipping.

Redação

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  1. O Face da Dilma Bolada, é criação do jovem estudante Jeferson.

    Dilma Bolada fala a Brasileiros

    Conversamos com o estudante Jeferson Monteiro, que gosta (muito) de panetone, de Ivete Sangalo e ganhou o mundo ao dar vida ao fake da presidenta nas redes sociais. Ele acredita no Brasil, nas transformações sociais dos últimos 10 anos e inova na criação de novas linguagens para internetJeferson Monteiro_Dilma Bolada_RB-007Se a presidenta Dilma Rousseff começou a militar aos 16 anos e fez história ao lado de um barbudo pernambucano. Jeferson Monteiro, um garoto de 23 anos, está ganhando o mundo por ter criado um personagem fictício para a presidenta, há três anos.http://www.revistabrasileiros.com.br/2013/11/01/dilma-bolada-fala-a-brasileiros/ 

  2. Não toque na minha puta

    “Não toque na minha puta”. Esse é o mote do “Manifesto dos 343 bastardos” (em uma tradução livre), lançado aqui na França essa semana e que tem causado uma polêmica e tanto no país. A ideia dos signatários é protestar contra um projeto de lei que penaliza, com multa de 1.500 euros, os clientes de prostitutas. Caso sejam reincidentes, o valor subiria para 3 mil euros.

    O PL, proposto por deputadas socialistas, deve ser discutido na Assembleia Nacional francesa em 27 de novembro. Ao justificar a importância de sua aprovação, as deputadas afirmaram que “a interdição da compra de um ato sexual é hoje a medida mais eficaz para reduzir a prostituição e dissuadir as redes de tráfico“.

    Para os homens, “cada um tem o direito de vender livremente seus encantos – e mesmo de amar fazer isso. Nós nos recusamos que os deputados estabeleçam as normas de nossos desejos e de nossos prazeres”. Segundo o texto divulgado por eles, “não amamos nem a violência, nem a exploração, nem o tráfico de seres humanos. E nós esperamos que o poder público faça todos os esforços para lutar contra as redes e punir os cafetões. Nós amamos a liberdade, a literatura e a intimidade. E quando o Estado toca em nossas bundas, as três estão em perigo. Hoje é a prostituição, amanhã a pornografia: o que vão proibir depois de amanhã?”

    O manifesto ainda traz uma provocação óbvia e direta às feministas: a escolha de 343 pessoas não é aleatória. Ela remete ao “Manifesto das 343 putas” (ou vadias, cadelas, a depender da tradução), publicado em abril de 1971 pela descriminalização do aborto e assinado por Simone de Beauvoir, Christine Delphy, Agnès Varda e Marguerite Duras, entre outras.

    “Qual filiação podem ter conosco, as ‘putas’ que reclamaram a liberdade proibida de dispor sobre nossos corpos, esses ‘bastardos’ que reclamam hoje a liberdade de dispor, mediante remuneração e sem penalidade, do corpo de certas mulheres? No primeiro caso, trata-se de acabar com uma opressão, no segundo, de reconduzi-la. E tudo em nome do mesmo conceito: a liberdade. Onde está a falha?”, questiona Anne Zelensky, presidenta da Liga pelos Direitos das Mulheres.

    Existem aí duas questões em discussão: a primeira, óbvia, é criminalizar ou não a prostituição; a segunda é quem são os atores políticos envolvidos nesse manifesto. E uma está diretamente imbricada na outra.

    Quando os homens dizem “não toque em MINHA puta”, que tipo de relação de poder está estabelecida? Da forma como eles colocam, a impressão que fica não é de defesa da liberdade, mas sim de um discurso de quem “possui” a outra pessoa e que se acha apto a decidir sobre seu futuro. Ou seja, de quem quer manter seu poder sobre essas mulheres, independentemente de como elas estão sobrevivendo nas ruas, quem são seus cafetões, se elas são estupradas com frequência, a quem recorrem quando sofrem alguma situação de violência etc.

    Assim, ao falarem sobre a “sua” puta, eles não estão estabelecendo com elas uma relação mercantil. Não estamos discutindo as condições de um “cliente” adquirir um “serviço” de seu “fornecedor”. O sub-texto aí é não é de compra e venda de mercadoria. É de propriedade. Muitas teóricas feministas já demarcaram essa relação, com destaque especial para Colette Guillaumin: estamos diante de um sistema hierárquico de relação de poder, que prevê a apreensão da mulher como um todo, sejam prostitutas, sejam donas de casa.

    Ademais, eles reclamam que as pessoas devem poder “vender seus encantos”, o que soa como uma visão romântica exacerbada do que seria a profissão de prostituta. Algo que beira o “mas elas gostam”, que sai da boca de tanta gente que discute o assunto de uma maneira assustadoramente simplificada.

    As prostitutas, as mais interessadas no tema, também criticaram o manifesto, declarando-o machista. Elas são contra a lei, claro, porque isso prejudicará os negócios, mas não admitem serem tratadas como propriedade de ninguém: “nós não somos putas de ninguém, muito menos de vocês”, afirmou Morgane Merteuil, do Sindicato dos Trabalhadores do Sexo.

    Para Merteuil, o manifesto das 343 mulheres a favor do aborto desafiava as leis e a ordem moral, com grandes riscos não só de serem estigmatizadas como também de sofrerem repressão penal, além, claro, de arriscarem suas vidas ao interromper gestações indesejadas de forma clandestina. “O que arriscam esses 343 clientes hoje? Nada”, diz.

    Merteuil continua, com uma lucidez ímpar: “Desprezível sua recusa em reconhecer seus privilégios e seu discurso anti-feminista, que gostaria de nos fazer crer que vocês são as pobres vítimas do progresso feminista: vocês defendem a sua liberdade de nos foder, nós defendemos nosso direito de não morrer. A penalização dos clientes condena inúmeras mulheres ainda mais à clandestinidade e certamente não é um progresso feminista, e é por isso que nós, putas, nos opusemos à ela. Porque somos nós, putas, que somos estigmatizadas e insultadas no cotidiano porque vender os serviços sexuais não é considerada uma maneira ‘digna’ de sobreviver. Nós, putas, que sofremos cada dia os efeitos da repressão. Nós, putas, que arriscamos nossa vida como clandestinas nessa sociedade que só pensa em nos abolir. Então não invertam os papéis, e parem de posar de vítima quando sua possibilidade de ser cliente não é mais do que uma prova do poder econômico e simbólico que vocês dispõem nessa sociedade patriarcal e capitalista”.

    http://mairakubik.cartacapital.com.br/2013/11/01/nao-toque-na-minha-puta/

  3. Amor Bandido (Mud), de Jeff Nichols, 2013, EUA, 131 min

    Belo filme sobre o despertar do sexo e, ao mesmo tempo, sobre o fim das ilusões do amor. Amor Bandido é a aventura de dois garotos, Ellis e seu amigo Neckbone, que encontram um homem chamado Mud escondido numa ilha no Mississippi. Mud conta histórias fantásticas — ele matou um homem e caçadores de recompensa estão atrás dele. Entre seus planos está o de encontrar o amor de sua vida e fugir com ela, Juniper, que o aguarda na cidade. Céticos, porém intrigados, Ellis e Neckbone concordam em ajudá-lo. Não demora muito para as previsões de Mud… Sua bela garota e os caçadores de recompensa… Bem, paremos por aqui.

    http://www.sul21.com.br/jornal/todas-as-noticias/cultura/sul21-recomenda-emdyonelioem-empedalando-com-moliereem-e-emamor-bandidoem/

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=aBBuMfBtI5Q%5D

  4. Por que ler?

    Por que ler?

    Fiz esta crônica para ler na abertura da Feira do livro de Camaquã, no Rio Grande do Sul, onde fui, cheio de honra e de alegria, patrono.
    *
    Resolvo pagar mico. Pode ser estimulante sair da zona de conforto sem sair do bairro. Dou um passeio. Interpelo pessoas e faço uma pergunta simples: por que ler? Tem sol. Faz mais de 20 graus. É primavera. Uma leve brisa empurra as folhas de árvores frondosas. Porto Alegre está linda. Alguns me reconhecem. Outros me olham desconfiados. Uma senhora claudicante puxa a filha, uma moça loura sorridente, pelo braço e “sussurra” alto:

    – Só pode ser golpe.

    Afastam-se apressadas torcendo o pescoço para ver se não as estou seguindo ou se tem alguém caindo no meu conto. Sim, é um conto. O que estou contando? Uma pequena história da leitura. Quem conta um conto aumenta um ponto. Posso perder alguns. Mas eu estou contando a verdade. O que é a verdade? O que as pessoas contam.

    – Por que ler?

    – Para se instruir – responde um homem de gravata.

    Será culpa da gravata? Temo os homens que nunca se separam das suas gravatas. São seres estrangulados. Podem, um dia, cortarem o nó. Será a gravata que faz o homem de quem estou falando, por volta dos 40 anos, tão sisudo, tão utilitarista, tão preocupado com o resultado? Ele não está errado nem conta mentira. Ler instrui.

    – Para me instruir eu estudo – diz uma guria.

    – Estudar é ler – persevera o homem.

    – É e não é – insiste a guria.

    – É ou não é? – empertiga-se o homem da gravata vermelha.

    – Ler quer dizer mais do que estudar. A gente lê para sonhar, viajar, fantasiar, ter prazer – explica a moça.

    Está de saia vermelha. Comparo a saia dela com a gravata do homem. A blusa dela é branca e com um generoso decote. Valeria escrever uma crônica sobre o abismo que se insinua em direção a territórios encobertos do seu corpo esguio. Não sou um escritor erótico. A minha preocupação é a leitura. Conto só o que se deve contar.

    – Leio para viver – é o que me diz uma dama toda de branco cuja idade não pode ser inferior aos 90 anos.

    Examino sua figura frágil e vergada. Ele me sorri um sorriso cheio de leituras dos tempos da Editora Globo. Pelos seus olhos passa a mulher de 30 anos de Balzac, passa também uma Odete de Marcel Proust e, se não me engano, se não forço o conto, passa Madame Bovary. Ela vê o que eu vejo nos seus olhos e me olha com “olhos de ressaca”, não a ressaca da Capitu, mas a doce ressaca dos belos anos, que desconheço, mas imagino e já admiro.

    – Leio para reviver – ela se corrige.

    E se vai. Ainda me olha antes de dobrar a esquina. Penso que viveu, no que poderíamos ter vivido, no que leu. Passa uma gata. Anda na cadência da serpente que dança de Baudelaire, “belle d’abandon”.
    Penso em abordá-la. Hesito. Ela vai achar que sou um chato, um tarado, um golpista ou um cantador barato. Eu sou apenas um contador vira-lata latino-americano que lê por paixão. Arrisco:

    – Por que ler?

    – Para iluminar o mundo – ela me responde.

    Paro de escrever. Tudo isso eu inventei para ler. Quem conta um conto cai no seu canto. Ler é encantar-se.

    http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=5209

  5. Vídeo mostra a internet que as teles querem para você; e para el

    Empresas atacam o princípio da neutralidade para poder cobrar por recursos hoje disponíveis livremente. Esse embate está em jogo na discussão do Marco Civil que está perto de ser votado. #prestenção!

    Está em discussão avançada no Congresso Nacional o projeto de Marco Civil da internet, que vai instituir um conjunto de regras válidas em território nacional. Essas regras definirão direitos dos usuários, como a privacidade, a liberdade de uso, a criação de conteúdos e de meios de difundi-los. Definirão ainda limites a empresas, autoridades, e também a usuários – especialmente no que diz respeito a privacidade e proteção de dados. Enfim, o Marco Civil pode consolidar a liberdade já alcançada, como pode tornar crime práticas que atentarem contra os direitos individuais, direitos civis e direitos humanos, que hoje não contam com regras claras para inibi-las.

    O projeto em tramitação foi elaborado após longo processo de discussão, com participação de empresas, parlamentares, integrantes do Executivo e do Judiciário e representantes da sociedade civil. Depois de muitos debates, o texto elaborado pelo deputado Alexandre Molon (PT-RJ) concluiu que o Marco Civil deve assegurar o princípio da neutralidade na rede.

    Isso significa, entre outros pontos, que as empresas operadoras de telefonia não podem cobrar por pacotes de conteúdos, como se fosse um rede de TV a cabo. Podem, vá lá, cobrar valores diferentes pela velocidade de dados oferecida, por exemplo, um preço para que seus vídeos ou áudios ou fotos subam ou sejam baixados a 5 megabits por segundo; e outro preço se a velocidade oferecida for de 20 megabits por segundo.

    As teles, porém, querem passar por cima do debate democrático e mudar isso. Querem cobrar por conteúdo. Quer só serviço de e-mail e sites de leitura? Pague x. Quer acesso a áudios também? Pague y. Quer acesso a textos, áudios, vídeos, redes sociais? Pague x+y. Além de acessar e baixar conteúdos, você quer poder subir vídeos, ou áudios, ou textos, ou fotos que você produz e/ou quer compartilhar? Pague x ao quadrado + y ao cubo.

    O assunto exige atenção redobrada sobre como se comportarão os congressistas na discussão do Marco Civil. É bom saber quais deputados estarão de acordo com os interesses dos usuários, e quais se deixarão seduzir pelo lobby das teles. O vídeo abaixo está bem explicadinho. É uma produção da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas-(FGV-RJ), Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Coletivo Intervozes e Instituto Nuper. Assista e divulgue.

    http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2013/10/video-mostra-a-internet-que-as-teles-querem-para-voce-e-para-elas-9721.html

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=8DdaC93O9Yw#t=130%5D

  6. Um alerta sobre os salvadores da Pátria

    Mas, o que há por trás das grandes obras?

    O modo socialista de governar: caso de Pernambuco (III)

    por Heitor Scalambrini Costa* (terceiro e último texto da análise que nos foi enviada pelo professor ANTES de Eduardo Campos se lançar candidato ao Planalto)

    O Brasil é um país fantástico. Governantes são transformados em excelentes gestores, gênios e salvadores da pátria, da noite para o dia. Uma eficaz máquina de propaganda faz milagres.

    Temos ao longo da nossa história diversos exemplos. O mais recente é o governador de Pernambuco, um quase futuro presidenciável em 2014. Caso jamais venha a ser presidente da República, ele terá como ganhar a vida como empresário de mídia & marketing, tal sua capacidade de criar notícias positivas que enchem os noticiários.

    O uso da máquina de propaganda é tão desproporcional, que cedo ou tarde vai chamuscar sua credibilidade. Por exemplo, até em velórios e enterros a produtora de vídeo acompanha o governador, e produz as peças de divulgação do “socialista”.

    Foi o caso de sua presença (da produtora) no velório e no enterro do ex-ministro da Justiça Fernando Lyra. Para destacar o “chefe”, não se mede esforços, nem se tem limites.

    Para divulgar o modo socialista de governar, a propaganda é a alma do negócio, e é usada intensamente. No próprio Diário Oficial do Estado, que deveria ser um instrumento de difusão de atos oficiais, a pessoa do governador é focada, com textos de promoção pessoal, sem caráter informativo, não se acatando assim a impessoalidade na publicidade institucional. Leis? São para os outros.

    A propaganda personalista dos feitos da gestão Campos é tamanha, que chega a ser surrealista, visto a realidade que se encontra o Estado. Para muitos ainda as referências de desenvolvimento apontam para o Sul, Sudeste.

    Somos induzidos a pensar que o desenvolvimento está ligado a eventos como a chegada de novas empresas que vêm aqui se instalar, a vinda de capitais de fora que para cá se dirigem atraídos por diversos fatores (recursos naturais, posição geográfica, oferta de mão de obra barata, incentivos fiscais, frouxidão na aplicação da legislação ambiental) ou ainda pela realização de grandes investimentos públicos em obras ou instalações. Mas o progresso almejado vai muito além das obras.

    Com uma educação que nada se distingue de estados vizinhos, a propaganda apresenta ações pirotécnicas, que nada mudaram a estrutura falida que compromete as gerações futuras. Vergonhosamente, Pernambuco ocupa a 16ª posição nacional no ranking dos estados no que se refere às notas dos alunos das escolas públicas avaliados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino.

    Na saúde, o modelo gerencial é incompetente. Verdadeiro “caso de policia”, deixa a população como vítima da terceirização, sofrendo nas extensas filas, sem remédios para quem precisa e com falta de médicos.

    Todavia, há ampla divulgação de novas construções de unidades hospitalares, mas que efetivamente, após a “inauguração”, se mostram inoperantes, não atendendo às necessidades da população, nem garantindo o acesso à saúde pública de qualidade. A construção de edificações está muito longe de traduzir excelência nos serviços.

    Por sua vez, os serviços de água e luz no Estado são verdadeiros descalabro. A crise no abastecimento de água mostra a incompetência das autoridades do setor, em particular da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), sociedade anônima de economia mista, com fins de utilidade pública, vinculada ao Governo do Estado de Pernambuco por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos.

    A imagem desta empresa junto à população é a pior possível. Nesta época de escassez de chuvas, fica claro quanto sua gestão é incapaz, pois nada planejou para enfrentar problemas recorrentes e previsíveis na região, que só tendem a se agravar com as mudanças climáticas em curso.

    Estudos têm apontando a vulnerabilidade da região, frente a este que é o maior flagelo já defrontado pela humanidade, o aquecimento global.

    Ao invés do planejamento estratégico para se preparar para o pior, a empresa, como é de práxis no governo socialista, apela para a propaganda, admitindo a incapacidade de atender sua missão. Repassou para a iniciativa privada o controle do saneamento, através de parceria público e privada pouco transparente e sem a necessária discussão com os interessados.

    Além disso, mente descaradamente, com um racionamento draconiano na região metropolitana, resultando num rodizio anunciado de 20 horas (com água) x 28 horas (sem água), mas que chega a 72 e até 120 horas sem uma gota sequer nas torneiras. Isto é gestão eficiente?

    Sem contar com a tragédia que assola as regiões do semi-árido, agreste e zona da mata, sem obras estruturadoras que garantam a convivência com a seca na região.

    Já com relação à distribuição de energia elétrica, a privatização deste serviço em 2000 só trouxe mazelas à população, enganada pelo discurso oficial que falava na melhoria dos serviços e na diminuição da tarifa para justificar a venda da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe).

    Hoje a realidade é bem diferente. Paga-se uma tarifa altíssima, que tem proporcionado à empresa lucros estratosféricos (basta ver os balancetes contábeis) apesar de um serviço conhecido como de “vagalume”.

    As interrupções no fornecimento elétrico viraram rotina, não somente na capital, mas em todo o interior. Enquanto isso, os indicadores de qualidade da empresa, comparada a outras 31 classificadas no ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mergulharam do 4º lugar em 2011 para 16º lugar em 2012. Qualidade dos serviços cai, lucros sobem. Receita ingrata para os consumidores pernambucanos.

    Contudo, foi uma instituição oficial que revelou recentemente as razões para tamanho descaso com o fornecimento de energia. O relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), analisando as contas da gestão do governador, relativas ao ano base de 2011, detectou a ineficiência e o sucateamento da Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe), autarquia especial vinculada ao Gabinete do Governador, órgão com atribuição estratégica.

    Principal constatação: a falta de pessoal para monitorar e fiscalizar os serviços prestados pela Celpe. Desde 2001, o TCE recomenda ao executivo estadual a contratação de servidores por meio de concursos públicos, já que a grande maioria do quadro funcional da Arpe é de comissionados. Sem estrutura e suporte de pessoal para realizar as fiscalizações permanentes, a população fica à mercê dos serviços precários que são oferecidos.

    Os problemas encontrados no Estado não se resumem às áreas de educação, saúde, abastecimento de água e energia. Todavia, os marqueteiros, pagos a peso de ouro, mostram o irreal.

    Um Pernambuco que não existe, um verdadeiro “oásis” no território nacional. Uma “ilha da fantasia”, cercada por feitos de um governo aplaudido pela população. A intenção é colar na figura do governador o gestor moderno, o “novo”, a “renovação” na política brasileira, e assim atender à sua ambição e obstinação pelo poder.

    Um dos focos propagandeados é a implantação do Complexo Industrial Portuário de Suape. Claramente se percebem ali politicas públicas dirigidas para um crescimento econômico a qualquer custo. Isso é facilmente constatado nas constantes violações de direitos sociais e ambientais praticadas nesta obra faraônica, de grande concentração de investimentos e de renúncia fiscal.

    As denúncias dos moradores nativos do entorno de Suape (agricultores, pescadores, outros), que envolvem 15 mil famílias, mostram a situação de barbárie em que se encontra a região, onde o poder público não somente se exime de suas responsabilidades mas é quem pratica o desrespeito às leis.

    O próprio artigo 225 da Constituição de 1988 tem sido desprezado. Segundo ele, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida, cabendo a todos e ao poder publico o dever de preservá-lo e defendê-lo para as presentes e futuras gerações.

    “Como não há uma só obra da qual o governador não tenha controle no seu computador”, conforme difundido pelos seus auxiliares diretos, a ele deve ser imputada toda a responsabilidade, não somente dos crimes ambientais cometidos na região, mas também do não cumprimento da lei com relação aos processos de “desapropriação”.

    Não se respeita nem a Constituição Estadual e nem o Marco de Reassentamento Involuntário-MRI do Projeto Pernambuco Rural Sustentável-PRS, cujo objetivo é o tratamento das questões que envolvem a mudança ou perda involuntária do local de moradia, a perda de renda ou meios de subsistência em decorrência da implementação de projetos.

    Do ponto de vista do ideário deste jovem moço, mas velho e carcomido pela prática da velha politica expressa no neocoronelismo e no nepotismo, valores como os da ecologia e sustentabilidade, democracia e transparência, direitos humanos e justiça, não são praticados; são desrespeitados e ignorados na implantação do modelo predador e excludente, chamado e propagandeado como de “desenvolvimento sustentável”.

    Mesmo com uma alta popularidade medida pelos institutos de pesquisa de opinião, pode-se afirmar que a imagem do governador foi construída pela propaganda exacerbada, na tentativa de criar uma unanimidade em torno do seu governo.

    A cooptação dos poderes constituídos, aliado à vocação adesista da grande mídia, que tece loas diárias ao governo, se tornando na prática uma extensão do diário oficial, são outros elementos da estratégia montada — e até então bem sucedida — pelos marqueteiros do governador. Também não esqueçamos daqueles que aderem por medo. Todavia, não se pode esperar que um governo mantenha sua popularidade em alta somente às custas de notícias produzidas e pela propaganda.

    A expectativa da população para a agenda política e administrativa de um bom governo é que a administração combine eficiência dos serviços públicos, planejamento estratégico e equilíbrio nas relações políticas que envolvem os interesses do Estado. E que tenha sensibilidade social para diminuir o tremendo fosso da desigualdade social reinante  em Pernambuco. Verifica-se que estes ingredientes não fazem parte do exercício do governo estadual, pelos inúmeros problemas apontados e por estar mais afinado com o empresariado do que com os trabalhador@s, com aqueles mais carentes.

    No campo do equilíbrio político, seria fundamental que o relacionamento do Executivo com o Legislativo tivesse contornos precisos.

    A articulação política deveria ter como norte o respeito à autonomia da Assembleia Legislativa (Alepe), e o estabelecimento de uma pauta focada nas prioridades da população.

    A propósito, esse deveria ser o melhor remédio para combater o pragmatismo político e os interesses patrimonialistas tão evidentes na Casa de Joaquim Nabuco. Infelizmente isto não acontece na relação Executivo-Legislativo.

    A subserviência da casa de leis é tamanha que o Executivo patrocinou a mudança na Constituição do Estado para que deputados, apaniguados do governador, pudessem por três vezes seguidas ficar à frente da mesa diretora da Alepe.

    Caberia ao Executivo a implementação de um programa de governo e ao Legislativo o debate plural, visto que este é composto de representações partidárias que expressam variados programas e ideologias.

    Esperar-se-ia que um bom chefe do Executivo demonstrasse sua capacidade de atender aos anseios da coletividade. Já um bom Parlamento seria aquele capaz de elaborar boas leis, propor projetos, aperfeiçoar aqueles originários do Executivo e fazer um eficiente controle externo, a fiscalização.

    Todo mundo concorda que não faz bem à democracia e à saúde política do Estado a existência de relações promíscuas entre o Executivo e Assembleia Legislativa. A sociedade cobra dos seus representantes posturas éticas e altivas.

    As críticas do Parlamento em sintonia com o interesse público merecem respeito. O que não cabe numa relação republicana é a transformação da crítica em instrumento de defesa de interesses particulares ou de grupos. Lamentavelmente, é o que ocorre em Pernambuco.

    A construção de uma base de sustentação política do governo no Legislativo não poderia estar dissociada do interesse público. O Estado só tem a ganhar quando Executivo e Legislativo se respeitam, e ambos respeitam a população. Mas, infelizmente a base politica de sustentação do atual governador foi conseguida através da “velha” e odiosa prática do dando que se recebe, com o oferecimento de cargos pagos com recursos públicos, da troca de favores nem sempre republicanos.

    Nunca se viu na história de Pernambuco um parlamento tão subserviente e inoperante, que se restringe a renovar “ad infinitum” o mandato dos seus dirigentes, apoiar tudo que vem do Executivo (não legisla) e conceder cidadania pernambucana a tod@s. Não que muit@s não mereçam, mas este “trabalho” é insuficiente para justificar o salário dos nobres deputad@s.

    O fato é que hoje Pernambuco se ressente da presença de uma oposição com credibilidade (com raras exceções), atenta, sistemática e incisiva, para acusar erros, criticar e apontar desvios. Vive-se no dilema bairrista. E se o governador for candidato? Serei contra alguém da minha terra?

    Faça-se justiça aos movimentos sociais. Questionadores, críticos, propositivos, tem sua participação democrática nos destino do Estado dificultada pelo nível de “captura” dos poderes constituídos. Oposição é um ingrediente crucial para o pleno exercício da democracia, e sem algum tipo de contraditório a própria razão fica ameaçada. Discordar e apontar erros não é torcer contra. Somente governos autoritários fazem este tipo de interpretação.

    Estabelecido o estrito controle da política estadual — incluindo a prefeitura recifense — o resto do mandato do governador será dedicado a promessas, ações de marketing e sua constante ausência do Estado para a campanha eleitoral.

    Pouco importa o que ficará de herança econômica, administrativa, política e social para os pernambucanos.

    O que conta é o uso de toda a administração pública em favor de um projeto político dúbio, ambíguo, flexível, que ora se diz aliado da Presidente da República, ora procura alianças em todo espectro ideológico para construção de um palanque próprio.

    O que se configura é que até 2014 vamos assistir a essa ”dança de rato”, à custa da angústia, do sofrimento, das aflições e das imensas carências do povo pernambucano.

    O que impressiona é a ganância do governador Campos em ser presidente, sem ao menos fazer a tarefa de casa que seria cuidar bem do seu Estado.

    Problemas de toda natureza estão presentes: um transporte público de péssima qualidade, reprovação na educação, falta de condições aos professores, hospitais públicos na UTI, saneamento básico precário, problemas de abastecimento de água e energia, carência de habitação popular, violência — principalmente com a falta de cuidados com os jovens e adolescentes — mobilidade urbana chegando a nível caótico, estradas mal cuidadas, etc, etc.

    Ao escrever, e refletir sobre o ”modo socialista de governar: o caso de Pernambuco”, analisamos a situação presente de Pernambuco com relação às diversas politicas públicas. Nestes três artigos procurei apontar as mazelas, pois as poucas ações pontuais exitosas o governo trombeteia aos quatro cantos. Também tive a intenção de denunciar o que está sendo orquestrado nos “laboratórios dos marqueteiros”.

    Minha convicção é de que a “criatura criada” não é boa, nem para Pernambuco e muito menos para o Brasil. E aqui fica um alerta para não nos iludirmos com os salvadores da pátria.

    *Professor da Universidade Federal de Pernambuco

    http://www.viomundo.com.br/denuncias/pe-3.html

    1. “Por exemplo, até em velórios

      “Por exemplo, até em velórios e enterros a produtora de vídeo acompanha o governador, e produz as peças de divulgação do “socialista””:

      Nao tenho objecao, muito pelo contrario, acho que eh marketing “honesto” por mais agressivo que seja.

      Sabe porque nao acontece com Aecio?  Porque ele nao bota os pes em Minas e nao poderia se expor tao claramente assim.

  7. Dicas para o blog

    Começo sugerindo que se abra um novo link para que os comentaristas opinem sobre o formato do site, deem novas sugestões, e tirem suas dúvidas.

    As sugestões que já foram dadas e muitas delas incorporadas pelo site/blog justificam este novo link.

    De logo, digo que o formato do luis nassif online, até então mantido, foi o motivo do grande sucesso do blog (anterior).

    Do corretor ortográfico.

    Manter o corretor ortográfico durante a digitação, ativado, e em português, como no “word” (ou quando se digita e-mails)

    Janela de expansão

    Se no site GGN e na página principal do luis nassif on line é interessante este recurso, o mesmo não ocorre nos comentários que obrigam os leitores a expandirem (…ver mais) inúmeras vezes.

    A opção colar

    Quando se necessita colar alguma coisa se abre uma nova janela. Qual a necessidade disso?

    Inserir tabelas

    É possivel se inserir tabelas? Como?

     “clipping do dia”

    Retornar o “clipping do dia” e manter o “fora de pauta”

    No site GGN

    Se inserir a data das matérias em todas as janelas.

  8. Ensino de português explode entre chineses. É por Lisboa?
    portugchin

    Ensino de português explode entre chineses. É por Lisboa?

    Hoje, mais cedo, escrevi aqui sobre a matéria da BBC dizendo que a China quase “desistira” do Brasil como destino de seus investimentos, dizendo que era apenas mais uma da linha “o Brasil acabou” que a mídia gosta de publicar.

    A informação é, simplesmente, “uma furada”.

    Em poucas horas, via blog Contexto Livre, chega-me a matéria reproduzida na ilustração do post. É do jornal português Expresso , edição de anteontem, e dá conta que o aprendizado de português se tornou uma das coqueluches entre os jovens chineses, que entendem que o domínio de nossa língua é uma grande oportunidade profissional, pela crescente importância do Brasil para a China.

    A menos, claro, que essa demanda esteja sendo provocada apenas pelo interesse em Portugal, cujo PIB é menos de 10% do brasileiro.

    O tamanho disso? Na matéria, estima-se que 28 instituições de ensino estejam formando 1350 estudantes chineses para, essencialmente, lecionar  português e que, até 2018, haja 5 mil estudantes de português  no país.

    Já o ensino de mandarim no Brasil é pífio e quase que restrito a cursos particulares.

    É assim que desistiram do Brasil?

    http://tijolaco.com.br/index.php/ensino-de-portugues-explode-entre-chineses-e-por-lisboa/

  9. O CUSTO DO NEODESENVOLVIMENTO
    Odebrecht, uma transnacional alimentada pelo Estado

    Em junho de 2013, o descontentamento social levou os brasileiros a se manifestar em massa nas ruas do país. No alvo, as desigualdades, as condições indignas de transporte, a corrupção e… a transnacional Odebrecht: aos olhos de muitos, a empresa encarna os excessos de um capitalismo de compadrio

      

    Você conhece alguma transnacional brasileira?”, perguntava em 2000 a The Economist. “Difícil, não? Mais do que lembrar o nome de um belga famoso.”1 Estaria a revista britânica querendo fazer graça ou não suspeitava de que os grandes grupos brasileiros entrariam de maneira rápida e espetacular na dança do grande capital? Como a Odebrecht, que é hoje no Brasil o que a Tata é na Índia e a Samsung é na Coreia do Sul.2 Em São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires ou Assunção, é difícil passar um dia sem usar a eletricidade que a empresa produz, as estradas que ela constrói ou o plástico que fabrica.

    Geralmente descrita como uma empresa de engenharia de construção, na verdade a Odebrecht foi se diversificando ao longo do tempo até se tornar o maior grupo industrial do Brasil. Energia (gás, petróleo, nuclear), água, agronegócio, setor imobiliário, defesa, transportes, finanças, seguros, serviços ambientais e setor petroquímico: sua lista de atividades constitui um inventário interminável. Mas, embora a brasileira seja a maior construtora de barragens do mundo, com onze projetos tocados simultaneamente em 2012, é o setor petroquímico que gera mais de 60% de suas receitas. A Braskem, “joia” compartilhada com a Petrobras, produz e exporta resinas plásticas para sessenta países.

    O grupo – desculpe!, “a organização”, como pede para ser chamada – tem escritórios em 27 países e emprega mais de 250 mil pessoas, sendo 80 mil indiretamente. Em dez anos, seu volume de negócios aumentou seis vezes, passando do equivalente a R$ 15 bilhões em 2002 para R$ 96 bilhões em 2012. “A Odebrecht é um dos grupos brasileiros que mais espetacularmente cresceram nos últimos dez anos, tornando-se de certa forma a espinha dorsal da economia brasileira”, diz João Augusto de Castro Neves, encarregado da América Latina no centro de análise econômica Eurasia Group.

    De origem alemã, a família Odebrecht emigrou em 1856, chegando ao estado brasileiro de Santa Catarina para em seguida se estabelecer em Salvador, na Bahia, onde sua empresa familiar foi fundada em 1944. Aos 93 anos, Norberto, fundador, teórico e encarnação da empresa que carrega seu sobrenome, continua sendo o homem por trás do grupo, hoje dirigido pela terceira geração, o neto Marcelo. Aqui, nada muda: a filosofia do chamado “doutor Norberto” seria a chave para o sucesso.

    Empresários abalados pelo livre-comércio

    “O risco”, diz Marcio Polidoro, porta-voz do grupo, “é crescer rápido demais, e nossos novos integrantes [aqui não se fala em ‘funcionários’] não terem tempo para aprender o que faz a nossa força: a TEO”. TEO? A “tecnologia empresarial Odebrecht”, que “comunidades de conhecimento” são encarregadas de disseminar entre os trabalhadores. A ideia principal desse mecanismo de “transmissão de experiência”: alcançar uma “educação constante por meio do trabalho” entre os “líderes educadores” e os “jovens talentos”. Um modelo de empresa-escola no qual o conhecimento visa menos emancipar do que aumentar a produtividade.

    “A organização deve ter uma estrutura horizontal, na qual as decisões e os resultados, em vez de subirem e descerem, fluem e refluem”, escreve Norberto Odebrecht em suas obras completas, publicadas sob o título de Educação pelo trabalho, que cada novo membro contratado é obrigado a ler. Educado por um pastor luterano, primeiro em alemão depois em português, Odebrecht é apaixonado pelos valores morais de sua educação: “O primeiro dever do empresário é cuidar de sua saúde, levando uma vida simples, longe dos prazeres mundanos e dos vícios”, escreve o patriarca. Mas sua máxima favorita continua sendo: “A riqueza moral é a base da riqueza material”.

    Sem a intenção de ofender Norberto, o fato é que, tanto no caso da Odebrecht como no da maioria das transnacionais brasileiras, outros fatores pesaram pelo menos tanto quanto a exemplaridade espiritual. A começar pelo Estado.

    A partir da década de 1930, sob a liderança de Getúlio Vargas, e durante a ditadura militar (1964-1985), a estratégia de desenvolvimento econômico autônomo e substituição das importações levou o poder a assumir aquilo que o economista Peter Evans chamou de papel de “parteira” na “emergência de novos grupos industriais ou expansão daqueles já existentes rumo a novos tipos de produção, mais arriscados”.3 Construção de barragens, estradas, ferrovias, instalações petrolíferas, usinas nucleares: o “milagre econômico” gerado pelas políticas voluntaristas (e antissociais) da ditadura foi um maná para a Odebrecht.

    À sombra do Estado, a empresa conseguiu socializar o custo de seu desenvolvimento tecnológico: os contribuintes pagam mais caro pelos produtos e serviços que o país se recusa a importar. O resultado desafia os pressupostos ideológicos do Brookings Institution, um think tankliberal norte-americano: “paradoxalmente,” o protecionismo brasileiro teria “oferecido uma base sólida para a próxima geração de empresas privadas, voltadas para o exterior e envolvidas na competição globalizada”.4

    Quando o “milagre” brasileiro terminou, na virada da década de 1980, os grandes grupos verde-amarelos tinham tecnologia e recursos suficientes para conquistar o mercado internacional. Para a Odebrecht, foram o Peru e o Chile em 1979, Angola em 1980, Portugal em 1988, Estados Unidos em 1991 e, finalmente, o Oriente Médio na década de 2000.

    A empresa reencontrou sua relação privilegiada com o Estado quando o ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Presidência, em 2003. Para a surpresa de muitos, Lula buscou contatos e apoio dentro de um patronato que, em parte, se sentia meio abalado pelas políticas de livre-comércio de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). E conseguiu.

    “Com Lula”, explica Pedro Henrique Pedreira Campos, pesquisador em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, “o capital privatizado ao longo da década de 1990 volta para mãos públicas”. Mas sem ser nacionalizado. Como? “Por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES], da Petrobras e dos grandes fundos de pensão,5 o Estado brasileiro está hoje presente em 119 grupos, contra 30 em 1996.” Assim, o grupo Odebrecht pode contar com o dinheiro do fundo de garantia FI-FGTS – que indeniza os desempregados brasileiros e possui 27% da Odebrecht Ambiental e 30% da Odebrecht Transport – ou do BNDES, que desde 2009 controla 30% da Odebrecht Agroindustrial. Por fim, a Petrobras é acionista da Braskem, com 38% de participação. A estratégia do governo brasileiro? Promover “campeões” que possam revelar-se competitivos no cenário internacional.

    O “carisma” do presidente Lula e uma nova política externa – menos voltada para os Estados Unidos e a Europa, e mais para a América Latina e a África – também contribuíram para o sucesso internacional dos grupos brasileiros. Ao longo de seus dois mandatos (2003-2010), o presidente Lula viajou, por exemplo, para vinte países da África e abriu o continente a 37 embaixadas e consulados. A cada vez, o BNDES ofereceu empréstimos para as empresas brasileiras ganharem mercados, especialmente contra a concorrência chinesa: “É preciso saber que o BNDES tem um orçamento superior ao do Banco Mundial. E os empréstimos ao estrangeiro são reservados para as exportações de bens e serviços brasileiros. Isso quer dizer que apenas uma empresa brasileira pode conseguir um mercado, mesmo que um Estado estrangeiro vá pagar a conta”, explica Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. Em dois anos, o banco financiou cerca de R$ 5,4 bilhões em projetos realizados pela Odebrecht na África e na América Latina. Qual é a surpresa? A Odebrecht foi encarregada da construção dos principais estádios que vão sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014 (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Salvador) e recebeu os maiores projetos dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro: o complexo olímpico, a nova linha de metrô, a urbanização do porto.

    Daí a falar em favoritismo é um passo que muitos analistas não hesitam em dar. A imprensa insiste nas relações privilegiadas entre a família Odebrecht e Lula, na medida em que isso lhe permite alimentar a retórica da corrupção do Partido dos Trabalhadores (PT), único ângulo de ataque do qual dispõe a oposição.

    Primeira empresa a apoiar o PT

    Autorizada pela lei eleitoral brasileira, a contribuição da Odebrecht ao partido fundado por Lula aumentou entre as duas últimas eleições presidenciais – mas, prudente, a empresa toma o cuidado de financiar todos os grandes partidos políticos, sobretudo nas eleições locais. Em 2006, o grupo desembolsou R$ 7,8 milhões; em 2010, quando Dilma Rousseff foi eleita, a contribuição chegou a R$ 10,8 milhões. Embora o PT não queira nem saber de responder às nossas perguntas sobre esse tema, o atual presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, explicou recentemente à revista Época Negócios: “Somos, sim, alinhados com o governo e não vemos nenhum conflito nisso, afinal, o governo foi eleito e representa o interesse da população”.6

    O intelectual uruguaio Raúl Zibechi, que por quatro anos investigou a ascensão do Brasil e seus principais grupos, acredita que há uma “relação muito estreita entre Lula e Emilio Odebrecht, presidente do grupo entre 1991 e 2004. Essa amizade começou na primeira candidatura de Lula, durante a eleição presidencial em 1989, e ao longo dos anos ganhou um caráter estratégico. A Odebrecht foi uma das primeiras empresas a apoiar o PT, numa época em que havia muito poucas ligações entre esse partido e o patronato”.

    Para o grupo, essa proximidade não é desinteressada. Em 2006, o presidente do Equador, Rafael Correa, aliado político de Lula, inaugurou com grande pompa a barragem de San Francisco, construída pela Odebrecht com um empréstimo de US$ 241 milhões concedido pelo BNDES. Um ano depois, a central foi fechada por causa de deficiências técnicas graves. Diante da recusa da empresa em reconhecer seus erros, o presidente Correa a expulsou do país, recusando-se a pagar o BNDES enquanto a central não estivesse em estado de funcionamento. Em um gesto qualificado na época de excepcional, o Brasil chamou seu embaixador e rompeu as relações diplomáticas com Quito: “Para nós, foi um desastre, porque nossa relação com o Brasil é vital”, confessa Horacio Sevilla, embaixador equatoriano em Brasília.

    O conflito agravou-se durante a cúpula  que reuniu os chefes de Estado da América Latina na Bahia, em dezembro de 2008. A Odebrecht, cuja sede fica exatamente nessa cidade, apresentava-se, em grandes anúncios publicitários oportunamente espalhados ao longo da rota tomada pelos chefes de Estado, como “a empresa da integração regional”. Em uma coletiva de imprensa paralela à cúpula, o presidente venezuelano Hugo Chávez, apesar de aliado de Correa, cutucou a ferida, chamando a Odebrecht de “empresa amiga da Venezuela”…

    Mas uma comissão independente no Equador revelou erros técnicos e irregularidades na obtenção do contrato e do empréstimo. A comissão, que investiga vários projetos do poderoso grupo brasileiro, revela um conjunto de “problemas” que custarão caro para o Estado equatoriano: no caso de San Francisco, o orçamento inicial foi ultrapassado em “apenas” 25%; mas, em um projeto de irrigação de 100 mil hectares na província equatoriana de Santa Elena, chegou a ficar 180% maior.7

    Pouco importa: foi o Equador que teve de dar o primeiro passo. Quito enviou Sevilla a Brasília para reatar as relações com o Palácio do Planalto. E o pequeno país andino conseguiu um acordo com a empresa: “Todo mundo fez concessões… mas especialmente o Equador”, resume o embaixador. Mais uma vez, no Brasil, nem o Ministério das Relações Exteriores, nem os conselheiros internacionais de Lula na época, nem seu instituto, ninguém quis comentar o episódio.

    Lula, um embaixador de alto nível

    Encontram-se ambiguidades semelhantes na concessão de um contrato de equipamentos do Comando da Marinha para a construção de cinco submarinos, quatro convencionais e um nuclear. Em 2008, esse contrato de US$ 10 bilhões foi concedido sem licitação pública para a Odebrecht (49%) e a empresa francesa DCNS (50%), ficando o restante para a Marinha. Até 2047, devem ser construídos mais vinte submarinos. Mas esse contrato – que envolve a transferência de tecnologia nuclear francesa – foi apenas o primeiro da Odebrecht no setor armamentício. Em 2010 o grupo aliou-se à European Aeronautic Defence and Space (Eads) para a construção de aeronaves, mísseis e sistemas de vigilância, e em 2011 assumiu o controle da Mectron, maior fabricante brasileira de mísseis.

    Simples estratégia de diversificação das atividades? Não é bem assim. Essa incursão no setor de defesa acompanha a política de modernização das Forças Armadas de Lula. Durante o segundo mandato do presidente (2007-2010), o orçamento da defesa aumentou 45%, e foi adotada a Estratégia Nacional de Defesa. Principais beneficiários: a Embraer, na aviação, e a empresa do doutor Norberto, na Marinha.

    O terreno tinha sido preparado muito antes da chegada de Lula ao poder: “A Odebrecht forjou valiosos laços com os militares em 1950, através da Escola Superior de Guerra [ESG] do Ministério da Defesa, principal think tankbrasileiro, onde militares e industriais estão lado a lado. A família Odebrecht e vários executivos do grupo passaram por cursos de formação ali, o que facilitou a assinatura de contratos, tanto durante a ditadura como hoje”, conta Zibechi.8 Aliás, o próprio Marcelo Odebrecht destaca que a empresa dissemina, em suas “comunidades de conhecimento”, a mesma doutrina ensinada na ESG:9 uma visão nacionalista do desenvolvimento como vetor de soberania e independência.

    “Dadas as dimensões das grandes empresas, cujo volume de negócios muitas vezes ultrapassa o PIB de algumas nações, já não são os países que dispõem de empresas, mas as empresas que dispõem de países”, explicava em 2010 Marcio Pochmann, quando dirigia o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Nessas condições, não há nenhuma outra solução, a meu ver, que não a construção de grandes grupos.”10 Erigida em estratégia econômica, a promoção de mastodontes verde-amarelos tornou-se uma prioridade para o ex-sindicalista.

    Essa prioridade parece continuar a mobilizá-lo em sua aposentadoria. Em 22 de março de 2013, a Folha de S.Paulorevelou que metade das viagens de Lula desde sua saída da Presidência foi financiada pelas três grandes construtoras brasileiras: Odebrecht, OAS e Camargo Corrêa. Telegramas diplomáticos publicados pelo jornal sugerem que essas viagens ajudaram a “vencer resistências” encontradas pelas empresas brasileiras, principalmente em Moçambique, onde parte da população se revoltou contra o deslocamento forçado imposto por uma mina de carvão.11

    Para o futuro, os setores identificados pelo grupo como estratégicos estão todos no nicho ligado à expressão “desenvolvimento sustentável”. E o que significa isso, nos quartéis-generais da Odebrecht? Uma mistura lucrativa que envolve energia, água e alimentos.

    No Peru, a Odebrecht, pela primeira vez, cavou um túnel através dos Andes, desviou um rio e construiu barragens e lagos artificiais para irrigar uma zona árida. Depois de concluído, o projeto, chamado Olmos, continuou sendo administrado pela Odebrecht, que revende os “serviços” de água, eletricidade e terra para pagar seu investimento inicial (que, como de costume, aumentou com o passar dos meses). As concessões dos primeiros 110 mil hectares foram todas para grandes empresas agroalimentares, cada lote estendendo-se por pelo menos mil hectares − o que torna impossível que os agricultores locais tirem proveito das terras irrigadas, embora o projeto inicial tenha sido concebido em torno de suas necessidades específicas. O grupo não pode ser considerado responsável nem pela concessão de terras nem pelo reassentamento, em um desfiladeiro perigoso, da população deslocada, já que tudo foi feito pelas autoridades peruanas. Também não está provado que sua “relação privilegiada” com o presidente Alan García (1985-1990 e 2006-2011) tenha influenciado a obtenção do contrato. A Odebrecht avalia simplesmente que “respondeu a uma concessão pública, uma necessidade do país, em conformidade com o que considera ser seu papel: estar a serviço da humanidade”, como nos explicou seu porta-voz.

    Em uma troca de gentilezas, a Odebrecht ofereceu ao Peru o “Cristo do Pacífico”: uma escultura de 36 metros de altura, réplica do Cristo Redentor do Rio de Janeiro: “A viagem de barco do Cristo durou 33 dias, para celebrar nossos 33 anos de atuação no Peru”.

    http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1501

     

  10. Chile debate temas que também preocupam Brasil

    O último debate presidencial do Chile, realizado na noite de quarta-feira entre os nove candidatos que disputarão o primeiro turno em 17 de novembro, foi pautado por discussões semelhantes às em voga do Brasil. 

    Segurança pública, presença de mascarados em protestos, a chegada de médicos estrangeiros convocados por um programa do governo, transporte público e desigualdade social foram os temas sobre os quais os candidatos foram questionados – além do destino dos recursos da principal riqueza natural chilena, o cobre. Nesse caso, a discussão remete à recente polêmica sobre a participação de empresas estrangeiras na exploração do petróleo na camada do pré-sal no Brasil.
     

    A ex-presidente Michelle Bachelet lidera as pesquisas de opinião, que indicam que a candidata de centro-esquerda venceria em primeiro turno com margem cômoda de votos.

    “Qual é o seu plano de segurança pública para os jovens encapuzados nos protestos?”, perguntou um jornalista à candidata Roxana Miranda, do Partido Igualdade, que é líder de movimentos sociais.

    “Participo dos protestos mostrando meu rosto. Mas o problema não são os encapuzados nas manifestações. Porque os encapuzados são os bancos e os poderes com grande concentração de renda, que não mostram a cara”, respondeu a candidata.

    Médicos estrangeiros

    Em outro momento do debate, o candidato Marco Enríquez-Ominami (ex-socialista, atualmente no Partido Progressista) defendeu que o país receba mais imigrantes, sobretudo qualificados.

    “Temos que ter as portas abertas para vários profissionais. O Chile precisa de especialistas. Temos mais de 1 milhão de chilenos em outros países; por que não receber os estrangeiros para que trabalhem aqui?”, disse.

    A polêmica é gerada principalmente por uma proposta do ministro da Saúde, Jaime Mañalich, que defendeu a contratação de médicos estrangeiros para a rede pública do país, sob o argumento de que os especialistas chilenos não estariam interessados nesse trabalho.

    A discussão no Chile começou antes que o governo brasileiro lançasse o programa Mais Médicos, em julho. Em outubro, o Colégio Médico local criticou o ministro por sugerir que os médicos estrangeiros poderiam não ser obrigados a realizas provas de equivalência.

    No Chile, a polêmica levou o Ministério da Saúde a divulgar comunicados justificando a medida para cobrir a falta de “cerca de 1,7 mil profissionais”.

    Ominami defendeu também mudanças nas regras atuais para a exploração do cobre pelo setor privado no país. “Que os recursos do cobre financiem a educação pública e que os estrangeiros tenham prazos mais definidos para explorar essa riqueza”, disse.

    Transporte público

    Mas as atenções estavam voltadas principalmente para as opiniões das candidatas à frente nas pesquisas de opinião: Bachelet, da coalizão Nova Maioria, e a candidata do presidente Sebastián Piñera, Evelyn Matthei (direita), da coalizão Aliança.

    “O que quero é um país rico, porém mais justo, com menos desigualdades e educação gratuita”, disse Bachelet.

    Uma jornalista perguntou por que ela não tinha adotado, então, esse programa de governo, que apresenta agora na campanha, durante seu mandato (2006-2010).

    “Realizamos vários programas na área social e é justamente porque tenho a experiência de governo que sei onde devemos avançar, o que temos que fazer”, respondeu.

    Na gestão de Bachelet e de seu antecessor, Ricardo Lagos, foi implementado no Chile um novo sistema de transporte público, chamado Transantiago, que gerou mais protestos do que o anterior.

    “O Transantiago já existe e não tem jeito. Mas temos que pensar como melhorar o transporte público para as pessoas”, retrucou Roxana Miranda.

    Nos últimos anos, o Chile tem sido marcado pelas fortes manifestações a favor da educação gratuita e contra a desigualdade social. País com cerca de 17 milhões de habitantes, o Chile é o único da América do Sul a integrar a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), está entre os que mais avançaram no combate à pobreza, mas continua registrando forte desigualdade social, em níveis semelhantes aos do Brasil, segundo a Cepal.

    Porsche e direitos humanos

    “Temos que ter as portas abertas para vários profissionais. O Chile precisa de especialistas. Temos mais de 1 milhão de chilenos em outros países; por que não receber os estrangeiros para que trabalhem aqui?”

    Marco Enríquez-Ominami, candidato à Presidência pelo PRO

    No debate na televisão chilena, o candidato Franco Parisi, que se apresenta como político independente e foi a novidade nas pesquisas de opinião nesta campanha, gerou críticas ao dizer que quer governar um país em que os professores possam comprar um Porsche.

    “Não queremos Porsche, queremos salários dignos. Queremos saúde pública e transporte público decente. Isso sim é realidade”, respondeu Miranda.

    O debate abordou também questões ligadas aos direitos humanos, quando o Chile completa quarenta anos do golpe militar liderado por Augusto Pinochet em 1973.

    “Sou a favor dos direitos humanos. Mas se você votar por Bachelet ou Matthei, saiba que elas vão realizar um segundo turno debatendo questões do retrovisor, olhando para trás e não para o futuro do Chile”, disse Ominami.

    As duas candidatas têm posições diferentes sobre o papel de Pinochet.

    Matthei disse ver “coisas boas e ruins” no governo Pinochet; já Bachelet, filha de um general do governo Salvador Allende, derrocado pelo golpe, não respondeu aos comentários dos opositores.

    Segundo especialistas chilenos, ela tenta se distanciar de polêmicas, já que pode vencer ainda no primeiro turno.

    http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/10/131031_chile_debates_pai_mc.shtml

  11. Rottweiler da Folha ataca o próprio dono

    Demétrio Magnoli, novo colunista da Folha, junto com Reinaldo Azevedo, fez jus ao epíteto de rottweiler que muita gente lhe dá. Seu artigo de hoje começa com uma xaropada entediante sobre o PT, na qual qualifica um setor de militância virtual do PT, que existe em todos os partidos do mundo contemporâneo, como algo monstruoso, orwelliano, assustador. Como se o PSDB não tivesse também sua “militância virtual”. Depois fala em “Pensador Coletivo”, conceito fulero para designar o que também existe em todo partido, que é o esforço para definir agendas centralizadas – o que no caso do PT, aliás, é uma ficção, em virtude da característica do partido, de se dividir em correntes. O conceito de Pensador Coletivo vale para a grande mídia, isso sim, que age sempre em bando, tem os mesmos colunistas, e fala as mesmas coisas.

    Entretanto, o mais engraçado é que Magnoli não se contém e pratica exatamente aquilo que critica, que seria a suposta falta de disposição dos “petistas” de ouvir críticas. Ele, Magnoli, também não gosta de ouvir críticas, nem a ele nem a seu novo coleguinha de coluna, Reinaldo Azevedo, e tal qual um rottweiler raivoso, ataca o próprio dono. O texto de Magnoli vem num crescendo e deságua todo seu ressentimento sobre a figura mais serena e mais doce da Folha, a ombudswoman Suzana Singer.

    Mas Singer cometeu um erro crasso. Não se encara cão feroz. Diante de um rottweiler raivoso, a melhor postura é fingir que nem o viu. Ao dirigir sua atenção aos novos rottweilers da Folha, Singer se expôs aos ataques dos mesmos, que é o que vem acontecendo. Demétrio já tinha atacado Singer na seção de Cartas, e agora volta a mordê-la em sua coluna. Virou obsessão.

    Segue o trecho em que o rottweiler Magnoli tenta morder Singer:

    Suzana Singer seguiu a cartilha do Pensador Coletivo ao rotular o colunista Reinaldo Azevedo como um “rottweiler feroz” para, na sequência, solicitar candidamente um “bom nível de conversa”. Nesse passo, trocou a função de ombudsman da Folha pela de Censora de Opinião. Contudo, ela não pertence ao MAV. Os procedimentos do Pensador Coletivo estão disponíveis nas latas de lixo de nossa vida pública: mimetizá-los é, apenas, uma questão de gosto.

    http://tijolaco.com.br/index.php/rottweiler-da-folha-ataca-o-proprio-dono/

    1. Para ler os dois nomes

      Para ler os dois nomes mencionados, somente aqui no “Fora de Pauta”. De fato ambos merecem é o total desconhecimento e esquecimento que existem. Somente assim daremos “credito”  ao que esses dois mencionados escrevem. São completos idiotas sem rumo em suas opiniões. A raça canina ROTTWEILWES não merece o comparativo. 

  12. Para que serviam os conselheiros de Eike Batista?

    Ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, o ex-ministro de Minas e Energia Rodolpho Tourinho Neto e a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie Northfleet.

  13. Diretor do Albert Einstein defende Mais Médicos

    O presidente de um dos mais conceituados hospitais do país, o Hospital Israelita Albert Einstein, Claudio Lottenberg, elogia o Programa Mais Médicos, embora reconheça que a iniciativa não é a solução definitiva para os problemas do sistema de saúde; em entrevista a IstoÉ, ele afirma que a presença destes profissionais nos rincões do país é de extrema importância para a população que vive distante dos grandes centros; sobre a reação negativa contra a iniciativa, Lottenberg é claro: “Não se pode lidar com um problema dessa magnitude na base do contra ou do a favor. É uma questão de saúde pública”

    Indo na direção contrária da maioria da classe médica, o presidente de um dos mais conceituados hospitais do país, o Hospital Israelita Albert Einstein, Claudio Lottenberg, elogia o Programa Mais Médicos, do Governo Federal, embora reconheça que a iniciativa não é a solução para os graves problemas do sistema de saúde. Em entrevista a revista IstoÉ, Lottenberg afirma que o programa supre uma série de carências hoje existentes e que a presença destes profissionais será de extrema importância para a saúde da população que vive distante dos grandes centros.

    Para Lottenberg, a presença de médicos nos rincões mais distantes servirá para dar assistência a pessoas que nem sequer sabem que possuem doenças como pressão alta e diabetes. Sobre a reação negativa contra a iniciativa do Governo Federal, Lottenberg questiona a própria classe médica: “Não se pode lidar com um problema dessa magnitude na base do contra ou do a favor. É uma questão de saúde pública que tem inúmeros desdobramentos sociais”. 

    Veja abaixo os principais trechos da entrevista em que Claudio Lottenberg fala sobre o Programa Mais Médicos e confira aqui a entrevista na íntegra.

    O que acha do programa Mais Médicos?

    É um programa que nasce como uma iniciativa de curto prazo, voltado para suprir carências. A presença dos médicos em localidades onde não havia ninguém para atender a população trará bons resultados. Eles irão dar assistência a pessoas que sofrem, sem saber, de males como pressão alta e diabetes. Isso não demanda alta tecnologia, mas um médico bem preparado. Outro acerto é o fato de a sociedade se mobilizar em torno do reconhecimento de que a falta de médicos e sua má distribuição são um problema. 

    Como considera a reação negativa de boa parte dos médicos brasileiros? 

    Questiono-me se nós médicos não temos sido excessivamente reativos ao programa. Os profissionais do Exterior não vão competir em São Paulo. Eles estarão no interior do País, como no Acre, Estado onde o governador Tião Viana disse não conseguir médicos intensivistas nem por R$ 25 mil. Não se pode lidar com um problema dessa magnitude na base do contra ou do a favor. É uma questão de saúde pública que tem inúmeros desdobramentos sociais.

    http://www.brasil247.com/pt/247/saudeebemestar/119648/Diretor-do-Albert-Einstein-defende-Mais-M%C3%A9dicos.htm

  14. O Jornal “Última Hora” em 1974

    Na polêmica sobre as biografias, José Miguel Wisnik relembra um pouco da história do Jornal “Última Hora”:

    ” Wainer foi a figura histórica da imprensa pró-Getúlio nos anos de 1950, quando dirigia a “Última Hora” carioca. Exilado depois do golpe de 1964, voltou ao Brasil dez anos depois. A “Última Hora” tinha sido incorporada ao Grupo Folha, e Wainer foi convidado para dirigir o jornal, “num gesto de civilidade” de Octavio Frias de Oliveira.”

     

    A derradeira última hora

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    A história não é da autoria de ninguém, embora da responsabilidade de cada um que escreve

    José Miguel Wisnik – “O Globo” – 02/11/2013 

     

    O jornalista Oswaldo Mendes, também biógrafo de Plínio Marcos, contestou na “Folha de S.Paulo”, no artigo “Falhas de memória”, o endosso que eu dei aqui à afirmação de Chico Buarque de que a entrevista que ele concedeu ao jornal “Última Hora”, dirigido por Samuel Wainer, em 1974, não autorizava inferir que ele tivesse boas relações com o mesmo jornal em 1970. Nesse ano, uma seção do jornal noticiara que Chico fazia críticas ao papel desempenhado por Caetano e Gil, então exilados na Inglaterra. Paulo Cesar de Araújo, em “Eu não sou cachorro, não”, cita as afirmações como verdadeiras, e Chico, desmentido quanto à entrevista sobre Roberto Carlos, sustenta que o jornal não era uma fonte confiável, na altura de 1970, e que estava ligado aos vieses mais obscuros da ditadura. A discussão é um meandro da volumosa polêmica das biografias. Sem pretender alongá-la, quero esclarecer a parte que me toca, e fazer justiça aos reparos de Oswaldo Mendes.

     

    A afirmação de Chico Buarque de que, em 1974, dera sim uma entrevista, com gosto, a Mario Prata, me soou familiar, e me remeteu à redação fervilhante do jornal reassumido nesse ano por Samuel Wainer, onde eu, por coincidência, fui colunista. Wainer foi a figura histórica da imprensa pró-Getúlio nos anos de 1950, quando dirigia a “Última Hora” carioca. Exilado depois do golpe de 1964, voltou ao Brasil dez anos depois. A “Última Hora” tinha sido incorporada ao Grupo Folha, e Wainer foi convidado para dirigir o jornal, “num gesto de civilidade” de Octavio Frias de Oliveira, segundo relata Oswaldo Mendes, que devolveu simbolicamente ao jornalista a “Última Hora” à qual ele estava historicamente associado.

     

    Eu fui convidado para escrever uma coluna semanal sobre música, junto com outros estudantes de pós-graduação que se iniciavam na crítica de ficção e de ensaio, indicados, a pedido de Wainer, por Antonio Candido. O escritor Mario Prata era, para mim, uma figura marcante na redação, muito aberta aos temas culturais e aos artistas. Oswaldo Mendes era também editor, creio que de um outro caderno. No primeiro encontro, Samuel Wainer me disse que eu teria toda a liberdade crítica no campo estético, ressalvando com humor, num exemplo extremado, mas em nome do bom senso, que improváveis ataques diretos às propriedades do Grupo Folha, como a Estação Rodoviária de São Paulo, certamente não seriam bem-vindos. Quando Tom e Elis estrearam seu show, ele me pediu um ensaio especial sobre Jobim, independente da pauta do momento, frisando elegantemente a independência do meu juízo sobre o compositor. Carismático, sedutor, transitando entre a política, a cultura e a boêmia, ao modo de certos personagens quase glauberianos do transe dos anos de 1950 e 60, e apostando na qualidade da crítica cultural, conferiu ao jornal a confiança empática a que Chico Buarque se refere, e o certo interesse que despertou no período, mesmo sendo um jornal secundário na ordem das coisas.

     

    É esse clima que eu reconheci na afirmação de Chico Buarque, quando disse que confiava na sua entrevista a Mario Prata em 1974, mas não no jornal de 1970. Contribui para a minha impressão retroativa de que esse foi um período excepcional o fato de que a aventura durou pouco: escrevi meu primeiro artigo em junho de 1974, e o último em janeiro de 1975, quando Samuel Wainer já não era mais o editor da “Última Hora”, substituído pelo colunista social do jornal (se eu estiver errado, Oswaldo Mendes me corrija). O período em questão durou poucos meses.

     

    Oswaldo Mendes conta que trabalhou na “Última Hora” desde 1969, e rejeita enfaticamente a afirmação de que o jornal estava ligado aos porões da ditadura, que considera infamante para aqueles que trabalharam nele. Cita Plínio Marcos como um colaborador, já no período anterior à gestão editorial de Samuel Wainer, assim como o poeta português, exilado no Brasil, João Apolinário. Diz que a redação da “Última Hora” abrigou em 1971 a formação da Associação Paulista de Críticos de Arte. E ironiza a minha precipitação sapiente ao corroborar a ideia da “diferença radical” entre o jornal de 1970 e o de 1974.

     

    De fato, eu não conhecia os antecedentes a que Oswaldo Mendes se refere, nem sabia que ele, a quem respeito, trabalhava no jornal desde antes do período em pauta. Que qualquer alusão pessoal a relações com a ditadura fique totalmente dissipada. E se a cultura é uma guerra civilizada de versões, como é o caso, a história, por isso mesmo, não é da autoria de ninguém, embora da responsabilidade de cada um que escreve. Eu continuo respondendo por essa parte: a derradeira “Última Hora” de Samuel Wainer foi um período especial do jornal, e terminou bruscamente. Por motivos que Oswaldo Mendes, digo-o sinceramente e sem malícia, deve saber melhor do que eu.

     

     

  15. Hemingway e o FBI

    A obsessão e a morte trágica de Hemingway

    Cinco décadas depois de seu suicídio, o que tinha sido assumido como paranoia – por parte do gigante literário Ernest Hemingway -, revelou-se, de fato, fundamentada na realidade, a sua crença na perseguição sistemática realizada pelo governo dos EUA. 

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    Hemingway em um safári na África, no verão de 1933.

    O veterano escritor AE Hotchner, um grande amigo e autor da biografia clássica ‘Papa Hemingway’, de 1966, contou os seus dias passados ​​com um indivíduo desmoralizado, confuso e frustrado que estava lutando para completar tarefas criativas básicas centrais para o seu trabalho. 

    Hotchner, após caçar um pato, com Hemingway, em Ketchum, Idaho, em 1958.

    Em um artigo publicado 01 de julho de 2011 (New York Times), Hotchner, agora, percebe que o assédio do governo e a vigilância por escutas telefônicas, auditoria fiscal e controle da mente, farmacologicamente, induzida; que eram as preocupações do seu amigo cada vez mais atormentado e deprimido eram reais.

    A revelação de que Hemingway tinha sido alvo de vigilância, por parte da unidade de inteligência do governo liderado por J. Edgar Hoover, é consistente com uma história bem documentada de cidadãos norte-americanos detidos, sob suspeita, pelo FBI ou as dezenas de outras agências de espionagem menos conhecidas do governo, do aparato militar e dos setores civis.

    Hemingway conversa com Fidel em 1959.

    A espionagem é abordada na literatura sobre o assunto e levanta questões perturbadoras sobre o assassinato de indivíduos que vão desde líderes comunitários, tais como Fred Hampton a artistas de destaque, como John Lennon.

    Os exemplos de assassinato cometidos por ordenamento político não faltam: JFK, Malcolm X, Martin Luther King e Robert F. Kennedy. 

    De acordo com pesquisas de opinião, a esmagadora maioria dos norte-americanos não acredita nos resultados oficiais da Comissão Warren, formada para investigar o assassinato público do presidente John F. Kennedy, em novembro de 1963.

    Hemingway e Castro em 1959.

    Hemingway tinha contatado Hotchner, em maio de 1960, para ajudá-lo a editar um artigo excessivamente longo, que tinha sido encomendado pela revista Life. 

    Seus amigos haviam detectado o que percebiam ser uma paranoia: Hemingway estava convencido que o FBI estava monitorando ativamente os seus movimentos.

    No New York Time, no dia 01 de julho de 2011, AE Hotchner, amigo de Hemingway durante anos, explicou que o escritor “tinha medo que o FBI estivesse atrás dele, que o seu corpo estava se desintegrando, que os seus amigos se voltaram contra ele e que a vida era não é uma opção.”

    Hemingway pesca armado em Bimini Island, em abril de 1935.

    Escreve Hotchner: “Décadas mais tarde, em resposta a uma petição de informações, o FBI liberou o arquivo de Hemingway, revelando que, a partir de 1940, J. Edgar Hoover tinha colocado o escritor sob vigilância porque suspeitava das suas atividades em Cuba. Nos anos seguintes, os agentes reuniram relatórios sobre ele e ouviram os seus telefones. A vigilância continuou durante a sua permanência no Hospital de Santa Maria. É provável que o seu telefone, após a saída do hospital, continuou monitorado depois de tudo.”

    Hotchner acrescenta: “Nos anos seguintes, tentei conciliar o medo de Ernest do FBI, que eu infelizmente julguei mal, com a realidade do arquivo do FBI. Agora acredito que ele realmente sentiu a vigilância, que contribuiu substancialmente para a sua angústia e o seu suicídio.”

    Hemingway, deprimido, começava a dar sinais fortes do, provável, Mal de Alzheimer,  até que no dia 2 de julho de 1961, cometeu o suicídio.

    Texto de Hotchner, publicado no dia 1 de julho de 2011:

    http://www.nytimes.com/2011/07/02/opinion/02hotchner.html?pagewanted=all&_r=0

    Imagens e artigos em torno do depoimento de Hotchner:

    http://www.wsws.org/en/articles/2011/07/hemi-j06.html

    http://www.globalresearch.ca/suicide-or-political-persecution-the-mysterious-deaths-of-ernest-hemingway-and-iris-chang

    http://listas.20minutos.es/lista/el-viejo-y-la-pluma-ernest-miller-hemingway-50-anos-de-su-muerte-296310/

  16. GRANDE POETA

    Vida do Poeta Gonçalves Dias Daria um Filme

     

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    Gonçalves dias Vida do Poeta Gonçalves Dias Daria um Filme

    O poeta do exílio.

     

     

    Minha terra tem palmeiras,

    Onde canta o Sabiá;

    As aves, que aqui gorjeiam,

    Não gorjeiam como lá…

    Não permita Deus que eu morra

    Sem que e  volte para lá.

    Versos de Gonçalves Dias, poeta maranhense que completa hoje 149 anos de falecido. 1864.

    Sua vida, se fosse estadunidense já teria virado filme, desses de ganhar Oscar.

    Nascido em 1823 faleceu num naufrágio nas costas do Maranhão. Voltava da Europa onde havia ido para tratar-se (provavelmente de tuberculose) e   estava muito doente recolhido ao camarote do navio quando este naufragou

    Todos se salvaram, menos ele , que esqueceram agonizante no seu leito.

    Sua grande paixão na vida , Ana Amélia, foi-lhe negada . A família da moça opôs-se ao casamento por ser ele filho de um português com uma mestiça.

    Não decidiu ele fugir com a amada. Partiu só para Portugal. A moça que estava resolvida a abandonar a casa paterna para fugir com ele, o repreendeu em carta, dura e amargamente, por não ter tido a coragem de passar por cima de tudo e de romper com todos para desposá-la!

    E foi em Portugal, tempos depois, que recebeu outro rude golpe: Don’Ana, por capricho e acinte à família, casara-se com um comerciante, homem também de cor como o poeta e nas mesmas condições inferiores de nascimento. A família se opusera tenazmente ao casamento, mas desta vez o pretendente, sem medir considerações para com os parentes da noiva, recorreu à justiça, que lhe deu ganho de causa, por ser maior a moça. Um mês depois falia, partindo com a esposa para Lisboa, onde o casal chegou a passar até privações.

    Em Lisboa, num jardim público, se defrontaram o poeta e a sua amada. Desvairado pelo encontro, que lhe reabrira as feridas e agora de modo irreparável, compôs de um jato as estrofes de ‘Ainda uma vez — adeus!’, as quais, uma vez conhecidas da sua inspiradora, foram por esta copiadas com o seu próprio sangue.

    Esta passagem romântica da vida de Gonçalves Dias e sua morte nas condições em que se deu permitiriam um grande  filme  histórico, ainda mais  por ser contemporâneo de José de Alencar e ter participado do movimento literário conhecido como Indianista.mas …o Brasil não Conhece o Brasil.

      

  17. MULHERES NO PODER

    Adversários mudam estratégia para evitar vitória de Bachelet no primeiro turno

    A 14 dias das eleições, rivais da ex-presidente trocam comando de campanha e aumentam críticas à esquerdista    

     

    A duas semanas da eleição presidencial no Chile, os três principais adversários de Michelle Bachelet fizeram modificações em suas estratégias de campanha para tentar impedir a vitória da esquerdista já no dia 17 de novembro. Evelyn Matthei, Marco Enríquez-Ominami e Franco Parisi diminuíram a troca de críticas entre si e passaram a concentrar esforços com a ex-presidente, que governou o país entre 2006 e 2010.

    Isso porque a maioria dos institutos de pesquisa mostram que é grande a possibilidade de a candidata socialista vencer já no primeiro turno, em 17 de novembro. Os números divulgados na última terça-feira (29/10) pelo instituto CEP, o mais prestigiado do Chile, colocam Bachelet com cerca de 47% das preferências, enquanto todos os seus concorrentes juntos obtêm 36%. A vantagem da primeira mulher que governou o país sobre a soma dos demais, que lhe garantiria uma vitória no primeiro turno, é superior aos 3% de margem de erro.

    Leia série especial de Opera Mundi sobre os 40 anos do golpe no Chile

    Considerando somente os votos válidos, ou seja, descontando brancos e nulos, Bachelet poderia ter 61%, segundo a pesquisa CEP. Diante desse cenário, os competidores pelo segundo lugar mudaram suas estratégias, priorizando os ataques tanto ao programa da ex-presidente, quanto à sua imagem pessoal.

    A principal mudança ocorreu na campanha da ex-ministra do Trabalho Evelyn Matthei, candidata que representa o governo do presidente Sebastián Piñera. Segunda colocada na pesquisa CEP, com 14% das preferências, a candidata da direita passou as últimas semanas fazendo duras críticas ao independente Franco Parisi, que cresceu nas intenções de voto e embolou a briga pelo segundo lugar, com ela e Enríquez-Ominami. Em meados de outubro, Matthei levou à imprensa uma série de denúncias que apontavam problemas nas assessorias feitas por Parisi como economista, e uma ação na Justiça contra seu irmão, por não ter pagado as cotas previdenciárias a professores e funcionários de um colégio particular do qual é dono.

    Porém, o resultado da última pesquisa acendeu o alarme no comando de campanha da candidata governista. Matthei passou a confrontar Bachelet em quase todas as suas intervenções: em debates, na propaganda eleitoral televisiva e nos eventos onde participa. Durante um jantar com empresários na quarta-feira (30/10), o discurso da ex-ministra se baseou na desconstrução do programa de governo da adversária socialista, e terminou definindo que, “nesta eleição, vamos escolher se preferimos as políticas econômicas deste governo (de Sebastián Piñera), para seguir no caminho de ser como a Alemanha de Angela Merkel, ou se queremos regredir ao modelo da Alemanha Oriental (em referência ao programa de Bachelet)”.

    Agência Efe

    Adversários concentram críticas em Bachelet, mas esquerdista segue favorita para vencer no primeiro turno

    Mas a ofensiva não será só programática. Em entrevista à rádio Bío-Bío, o chefe de campanha de Matthei insinuou que, em breve, deverão surgir revelações contra a ex-presidente. Felipe Morandé, que foi ministro dos Transportes do atual governo, disse que “já gastamos nosso tempo com Parisi, agora é hora de cuidar de Bachelet” e que “a cidadania precisa saber todos os aspectos que envolvem a sua figura, antes de decidir se quer mesmo dar a ela essa segunda chance de governar o país”.

     

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    Quem também passou a priorizar a ofensiva contra Bachelet, e não contra os rivais na luta pelo segundo lugar, foi o candidato progressista Marco Enríquez-Ominami, que aparece na pesquisa CEP com 9%. Dissidente do Partido Socialista, o mesmo de Bachelet, Enríquez-Ominami aproveitou as jornadas de debate em rede nacional, que se realizaram neste meio de semana, para criticar a aliança da ex-colega de partido, que, segundo ele, colocam em cheque suas promessas de campanha.

    Agência Efe

    Os candidatos que participaram do debate (esq. para dir.): Claude, Bachelet, Matthei, Ominami, Holtz, Israel, Sfeir, Parisi e Miranda

    Ao finalizar sua participação, Enríquez-Ominami disse que “o projeto de Bachelet fala em educação gratuita e uma nova constituição para o Chile, mas ela está numa aliança com o Partido Democrata Cristão e outros grupos independentes que sabemos que não querem isso, que já se manifestaram contra. Por isso, o meu compromisso com essas bandeiras é mais realista”.

    Já liberal independente Franco Parisi (11% na pesquisa CEP) trocou alguns nomes da sua equipe de campanha, visando definir uma nova estratégia. Parisi, que nas últimas semanas esteve enfocado nos ataques contra Evelyn Matthei, onde buscava se aproximar do segundo lugar, quer agora reforçar suas diferenças com a ex-presidente.

    Na coletiva após o primeiro debate da semana, na terça-feira (29/10), o economista disse que “Bachelet voltou ao Chile falando em renovação na política, mas ela e seus aliados de campanha representam essa velha política que quer manter as velhas práticas que a cidadania já não quer ver. Já a nossa candidatura representa a chegada ao poder dessa nova geração, sem os vícios ideológicos do passado”.

     

     

     

  18. Mais rápido, mais rápido, mais rápido

    Mais rápido, mais rápido, mais rápido

    VALOR ECONÔMICO – 23/08/2013 O alucinado ritmo da vida conteporânea pode anular os ganhos que a tecnologia traz e causa uma epidemia mundial de estresse. Alexandre Rodrigues

    Mais rápido, mais rápido, mais rápido

     

    Primeiro quase não havia o tempo. Ainda que o avanço do dia pudesse ser medido pelos relógios de sol e da noite pelos de água (parecidos com esses que ainda enfeitam shopping centers), os horários mais confiáveis ainda eram a alvorada, o sol a pino e o anoitecer. Por milênios, para as civilizações, medir o tempo – exceto os responsáveis pelos sinos das igrejas que anunciavam as missas – nunca foi propriamente uma obsessão. Então, em algum ponto entre os séculos XVIII e XIX, a história mudou. Máquinas e fábricas e, mais tarde, trens e cabos telegráficos lançaram o mundo em um ritmo de vida com relógios, horários e pressa, muita pressa – a revolução industrial.

    Dois séculos depois, a humanidade vive uma doença do tempo, afirma o sociólogo alemão Hartmut Rosa, em “Beschleunigung und Entfremdung” (aceleração e alienação), ensaio ainda não publicado no Brasil. Fazendo eco a uma reclamação generalizada, ele aponta que o excesso de atividades anulou os ganhos que a tecnologia trouxe ao tempo das pessoas. O resultado é uma epidemia mundial de estresse, ansiedade e insônia.

    “Vivemos para realizar tantas opções quanto possível da paleta infinita de possibilidades que a vida nos apresenta”, diz. Viver intensamente a vida se tornou o principal objetivo do nosso tempo. “No fim do dia, nunca fizemos todas as coisas que deveríamos ter feito. Não trabalhamos o suficiente, não nos importamos o suficiente com as nossas crianças e pais, não estamos em dia com as notícias. O número de dimensões em que é suposto ‘otimizar’ a nossa vida, literalmente, explodiu nos últimos anos e não importa o quão rápidos e eficientes somos, nunca é o suficiente.”

    Rosa, autor de outros trabalhos sobre a velocidade na vida moderna e professor da Universidade de Jena, na Alemanha, aponta que nosso atual ritmo de vida é fruto de três tipos de aceleração: mecânica, da mudança social e do passo da vida. Iniciada com a revolução industrial, a aceleração mecânica modificou as comunicações, a produção e os transportes. Como consequência, provocou mudanças nas sociedades que alteraram o ritmo da vida. Resultado: mais aceleração.

    Se de Júlio César a Napoleão a velocidade máxima para alguém ir de um ponto ao outro continuou a mesma – a de um cavalo -, os motores, primeiro nos trens e navios no século XIX, depois nos aviões e automóveis cem anos depois, encurtaram distâncias e aproximaram o mundo. O mesmo ocorreu nas comunicações a partir da invenção do telégrafo. As fábricas adotaram os horários para organizar a produção e a humanidade ganhou uma companhia: os relógios. Os operários agora precisavam morar perto do trabalho e isso os agrupou nas cidades, criando as metrópoles modernas.

    Vistas na época, essas mudanças traziam a promessa de que seres humanos finalmente seriam capazes de moldar sua vida em comum e criar sociedades que os pensadores clássicos e da Renascença tinham imaginado. O resultado deveria ser uma era de razão em que a felicidade, a prosperidade e a liberdade deveriam ser para todos. No entanto, desde o início, quanto mais a tecnologia economizava tempo, mais ocupados todos se tornaram.

    “A lógica da competição militar e dos Estados teve um papel nisso, e a ideia de que podemos ter algo parecido com uma ‘vida eterna antes da morte’ se a gente for rápido o bastante para fazer um número indefinido de coisas antes de morrer, também”, explica Rosa. Mas o papel mais importante é do capitalismo. “Para crescer, economias capitalistas precisam acelerar e inovar incessantemente. Se param de crescer e acelerar, perdem empregos, empresas fecham as portas, as receitas do Estado entram em declínio e, como consequência, o sistema político perde legitimidade.”

    Esse processo, que já seguia em ritmo forte desde a revolução industrial, adquiriu uma velocidade alucinante a partir dos anos 1970, com a revolução dos computadores. Cada nova tecnologia passou a ser anulada pela produtividade. E com a globalização não só trabalhadores, mas também países, entraram em competição. “Como o trabalho cada vez mais especializado aumenta a produção, aumenta a quantidade de produtos e serviços que precisam ser consumidos”, diz a dupla de sociólogos americanos John P. Robinson e Geoffrey Godbey. O resultado é um impulso para o consumo constante, seja de produtos, serviços ou viagens.

    Em resposta, a própria percepção do tempo começou a mudar. James Tien e James Burnes, professores de matemática aplicada do Instituto Politécnico Rensselaer, nos Estados Unidos, analisaram o crescimento das estatísticas de produtividade e emissão de patentes em 1897 e 1997 para concluir que a percepção da passagem do tempo para um jovem de 22 anos é 8% mais rápida do que para alguém da mesma idade um século atrás. Para alguém com 62 anos, a vida hoje se passa 7,69 vezes mais rápida. A aceleração, dizem outros estudos, continua aumentando essa sensação.

    As consequências são conhecidas de médicos desde quase o surgimento das máquinas. No fim do século XIX, denunciava-se uma epidemia de neurastenia, causada pelo ritmo de vida nas cidades. Com o avanço dos estudos, Larry Dossey, médico americano, criou, nos anos 80, a expressão “doença do tempo” para descrever a crença obsessiva de que o tempo está passando e a única solução é acelerar o ritmo de vida. Dois psicólogos cardíacos americanos, Diane Ulmer e Leonhard Schwartzburd, da Universidade de Berkeley, concluíram em um estudo, “Coração e Mente”, que a pressa extrema e constante pode afetar a personalidade e as relações sociais, levando também a estresse, insônia, problemas cardíacos e de concentração.

    A sensação de pressa também cria um estado de busca de ganhos imediatos, mesmo se há chance de uma recompensa maior no futuro, e reduz a propensão para fazer economia. “Descobrimos que até mesmo a exposição a símbolos de fast-food pode aumentar automaticamente a pressa, mesmo sem a pressão do tempo”, diz Chen-Bo Zhong, psicólogo canadense da Universidade de Toronto que conduziu, com Sanford E. DeVoe, o estudo “Fast-Food e Impaciência”. No Japão, onde a pressa se junta à pressão social, colapsos são tão comuns que há no vocabulário uma palavra, “karoshi”, para os casos de trabalhadores que morrem com sobrecarga de trabalho.

    Economistas se deram conta do fenômeno depois que o sueco Staffan Linder (1931-2000), publicou, nos anos 70, “A Classe Ociosa Atormentada”, prevendo que os trabalhadores se tornariam atarefados demais para o lazer. Décadas depois, não só as previsões se confirmaram – segundo a socióloga americana Juliet Schor, 37% do tempo de lazer foi perdido nas nações industrializadas desde meados dos anos 70 – como a aceleração tecnológica mudou drasticamente a economia.

    “Tem sempre um mercado aberto. Tem que estar sempre ligado no celular ou Skype”, comenta Gabriel Franke, operador de mesa da corretora XP Investimentos. Com o “home broker” e as bolsas eletrônicas, cotações mudam segundo após segundo, afetando todos, e as negociações nos mercados podem seguir em qualquer hora ou lugar. “Às vezes tem cliente que está posicionado numa operação que tem influência de mercado lá fora e aí fico de olho mesmo. E alguns mercados, como o de moedas, nunca fecham.” Tempo para o lazer? “Acabo tendo algum no domingo.”

    Os efeitos são ainda mais sentidos no mundo digital. Segundo Eric Schmidt, CEO do Google, o volume de informação produzida entre o início das civilizações e 2003 hoje é criado a cada dois dias. A capacidade de processamento dos computadores, seguindo a chamada Lei de (ex-presidente da Intel Gordon) Moore, continua a dobrar a cada 18 meses. Mas também há aceleração drástica no crescimento da população (o número de pessoas nascidas desde 1950 é o mesmo dos primeiros quatro milhões de anos da humanidade) e até no número de doenças descobertas (28 novas infecciosas desde os anos 70, de acordo com a Organização Mundial de Saúde).

    A aceleração, porém, não é a mesma para todos. Em um estudo chamado “A Geografia do Tempo”, o psicólogo social americano Robert Levine, da Universidade da Califórnia, pesquisou a maneira como os habitantes de 31 cidades pelo mundo vivenciam o tempo. Em um exercício curioso, os pesquisadores mediram a velocidade das pessoas para percorrer um trecho de 18 metros. Os japoneses caminham mais apressados. Os brasileiros – ele viveu por um ano no país e se sentiu torturado pela falta de pontualidade local – ficaram com o 28º lugar. Em um trabalho parecido, pesquisadores da Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, concluíram que a cada dez anos as pessoas faziam o mesmo trecho um segundo mais rápido.

    “Embora eu não tenha dados empíricos, acredito que o ritmo acelerou no país, mas seletivamente”, observa Levine. “À medida que a agitação atual demonstra, o crescimento econômico permanece limitado a certas pessoas e lugares e, na maioria das vezes, o mesmo pode ser dito sobre o ritmo resultante da vida.”

    Empregos, relacionamentos, amizades, até laços familiares, nada mais é para sempre. Um aspecto positivo é que as sociedades se tornaram mais heterogêneas, com o reconhecimento das minorias, direitos das mulheres, estilos de vida alternativos e novas formas de relacionamento. Quanto mais a tecnologia se acelera, mais rapidamente os países, os ocidentais, por enquanto, se tornam mais plurais. Hoje, 585 milhões de pessoas vivem em países onde o casamento gay é legalizado. Doze anos atrás, esse número era zero. Em junho, a Suprema Corte dos Estados Unidos retirou algumas proteções aos negros americanos, considerando que não são mais necessárias.

    O lado negativo é o que levou Rosa a escrever o ensaio, um processo que ele chama de “alienação”. O termo, tomado emprestado de Karl Marx, é o resultado final das mudanças sociais, quando o próprio ritmo da vida é alterado, exigindo novas tecnologias, que vão criar mais mudanças sociais e mais alterações do ritmo da vida, como em um círculo que se retroalimenta. “Alienação envolve um estado em que as pessoas já não se sentem em casa no seu mundo porque têm que mudar de lugar, trabalhos, ferramentas, rotinas, amigos e, talvez, até mesmo famílias o tempo todo”, aponta Rosa.

    Esse fenômeno estaria por trás de alguns conflitos sociais da atualidade. Parte das pessoas, segundo ele, não consegue dar conta das complexidades do mundo atual e busca refúgio no conservadorismo. Se não se tornam dogmáticas, radicalizando posições como no conflito permanente entre democratas e republicanos nos Estados Unidos, propõem, como ocorre atualmente na Alemanha, o abandono das discussões em nome da rápida adaptação às mudanças.

    Má notícia para os políticos. Como a sociedade se move a um ritmo cada vez mais alucinante, há um abismo entre a política e as pessoas. “Essa fenda é a consequência de uma falta de sincronia entre o ritmo da política, de um lado, e a velocidade da mudança social no outro. A política tornou-se lenta demais”, reflete o sociólogo alemão. “Em muitos casos, a política não é mais o marca-passo das tendências de mudança social, só está preocupada em apagar incêndios.”

    Trata-se de uma ameaça às democracias. Os políticos, afirma, estão deixando de ser relevantes, abrindo espaço ao surgimento de líderes populistas. Os argumentos saem de cena em troca de ressentimentos e instintos irracionais. Seria uma das razões que atualmente levam multidões às ruas em todo o mundo. “O nosso sistema é muito burocratizado e com várias normas que no fim das contas afastam as pessoas”, faz coro o professor Rafael Alcadipani, coordenador de pesquisas organizacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), que tem estudado os protestos recentes no país. “A política precisa dar respostas e isso não tem acontecido.”

    Seja com os artistas e escritores do romantismo, transcendentalistas ou os do Arts & Crafts, movimentos pela desaceleração acompanham a própria história da aceleração. Sua versão moderna desde os anos 90 prega a opção pela lentidão. O pioneiro, o movimento “slow-food” (comida lenta), foi fundado pelo italiano Carlo Petrini em 1986 em reação à presença de uma filial do McDonald’s no centro histórico de Roma e reage ao fast-food. Inspirados nos viajantes-escritores do século XIX, os praticantes do “slow-travel” (viagem lenta) advogam o envolvimento dos turistas com os locais visitados. Artistas do “slow-art” (arte lenta) produzem – e também defendem que seja assim a apreciação das obras – com todo o tempo do mundo.

    Há ainda a “slow-fashion” (rejeita as roupas produzidas em massa, preferindo as costuradas à mão), o “slow-data” (chega de produzir tanta informação) e o “slow-stocks” (prega recompensas do mercado aos acionistas que mantiverem suas ações por mais tempo). Cada um leva a seu campo a luta contra o relógio. E, como tudo começou com a tecnologia, por que não reduzir o ritmo da ciência?

    “Precisamos ter tempo para pensar muito cuidadosamente sobre cada avanço científico – a fim de descobrir a melhor maneira de usá-lo no mundo real”, afirma Carl Honoré, escocês radicado no Canadá, autor do best-seller “Devagar”. Em 1990, ele esperava um voo no aeroporto de Roma, quando leu um texto chamado “A História de Dormir de um Minuto”, em que autores condensavam clássicos das histórias infantis para pais sem tempo. Foi o ponto de partida para se tornar um militante da desaceleração. “Eu não acho que devemos reduzir a ciência. Pelo contrário. Eu acho que precisamos usar a ciência de forma mais sensata. E a sabedoria e a lentidão andam de mãos dadas.”

    Outra iniciativa: na Inglaterra e nos Estados Unidos, foi criado o “Banco do Tempo”, onde pessoas trocam serviços, como pequenos consertos e cuidar de crianças e idosos, por um certo número de horas que dá direito a contratar outras pessoas para as próprias necessidades. A solução lembra a premissa do filme “O Preço do Amanhã”, do diretor neozelandês Andrew Niccol, no qual cada humano precisa comprar mais tempo para seguir vivendo.

    “Eu sou muito cético quanto a esses movimentos”, rebate Hartmut Rosa. “Na verdade, sempre houve movimentos sociais e culturais contra a alta velocidade da modernidade. Por exemplo, em Paris, por volta de 1900, houve uma moda de andar com tartarugas em uma coleira, como forma de protesto. Mas, no fim, a velocidade sempre vence.”

    Resta ainda a pergunta: aonde a aceleração nos levará? Alguns estudiosos como Raymond Kurzweil, otimistas, apontam para a singularidade tecnológica, um grande salto científico, previsto para o século XXI, capaz de resolver quase todos os problemas – econômicos, ambientais, sociais. Para o sociólogo alemão, contudo, o pior perigo é a aceleração se tornar uma forma de totalitarismo. E ele não tem nenhuma sugestão para controlar o monstro. “No momento eu não tenho sequer um esboço de como isso poderia ser feito.”

     

    http://www.anj.org.br/informativo/23082013/mais-rapido-mais-rapido-mais-rapido/

     

     

  19. ‘Justus é o sujeito mais cruel que conheci na vida’,

    ‘Justus é o sujeito mais cruel que conheci na vida’, diz Milton Neves

    http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/justus-e-o-sujeito-mais-cruel-que-conheci-na-vida-diz-milton-neves-966Um dos jornalistas mais polêmicos do país, Milton Neves não esconde a mágoa que sente de Roberto Justus. O publicitário e apresentador do reality show O Aprendiz (Record) foi a pessoa “mais cruel” que atravessou a carreira de Neves, afirma o âncora do Terceiro Tempo (Band) em sua biografia.Em 2007, Justus tirou Neves da Record com a promessa de transformá-lo, na Band, no Silvio Santos do futebol. Neves abriu mão do contrato estável e do alto salário que tinha na Record. O projeto na Band foi cancelado um mês depois. E Neves se viu desempregado. Foi parar no hospital.

  20. Localizada acervo de arte confiscado por nazistas

    Alemanha encontra acervo bilionário de arte furtada por nazistas

    Atualizado em  3 de novembro, 2013 Desfile nazista

    Os nazistas consideravam a arte moderna antialemã e a classificavam como degenerada

    Cerca de 1.500 obras de arte confiscadas pelos nazistas nos anos 1930 e 1940 foram encontradas na cidade de Munique, na Alemanha.

    A coleção inclui obras de artistas como Matisse, Picasso e Chagall, segundo reportagem da revista Focus

    Se confirmada, pode se tratar de uma das maiores recuperações de arte confiscada. Os investigadores já trabalham com a possibilidade de o lote recuperado valer cerca de um bilhão de euros (equivalente a R$ 3 bilhões).De acordo com a revista, algumas peças são parte do grupo de obras consideradas “arte degenerada” pelos nazistas. Outros trabalhos foram roubados de judeus ou então foram vendidos à força pelos proprietários, por um preço menor, a colecionadores ligados ao nazismo.

    Segundo a revista, as obras foram encontradas por acaso em 2011, quando auditores fiscais investigavam o alemão Cornelius Gurlitt, filho de um importante marchand de Munique.

    Foi então encontrado o lote com 1.500 peças que não haviam sido mais vistas desde a Segunda Guerra.

    Gurlitt manteve a coleção em um depósito. Ele chegou a vender algumas peças à medida que precisou de dinheiro, segundo aFocus.

    ‘Arte degenerada’

    Boa parte do acervo encontrado é composto pela chamada “arte degenerada”. Tratavam-se de obras de estética moderna, produzidas em boa parte por artistas judeus. Durante o nazismo, a estética era considerada antialemã.

    Muitos trabalhos foram confiscados e destruídos. Outros foram vendidos a colecionadores por um baixo preço.

    Uma das peças encontradas em Munique seria o retrato de uma mulher, pintada por Henri Matisse.

    A obra pertenceu a Paul Rosenberg, o marchard que representou Picasso e Matisse. Judeu, ele saiu da Alemanha nos anos 1930, deixando para trás uma grande coleção de arte.

    O Holocaust Memorial Museum dos Estados Unidos estima que os nazistas tenham se apropriado de cerca de 16 mil obras de arte.

     

     

  21. Miriam Leitão também não aguenta o Reinaldo Azevedo

    http://www.brasil247.com/pt/247/economia/119666/Miriam-Constantino-e-Reinaldo-emburrecem-o-Pa%C3%ADs.htm

    MIRIAM: CONSTANTINO E REINALDO EMBURRECEM O PAÍS

    :  Colunista do Globo, Miriam Leitão publica importante artigo sobre a “direita hidrófoba”;  segundo ela, Reinaldo Azevedo é, sim, um rottweiler, que já rosnou para ela várias vezes e pediu até que se desculpasse diante do ex-senador Demóstenes Torres; outro representante da tchurma, o economista Rodrigo Constantino, que também é colunista do Globo, produz “indigências mentais”; numa delas, ao falar sobre a nova presidente do banco central americano, perguntou: “O que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?” 

  22. Chagas do nazismo

    Historiadora ajuda órfãos do nazismo a encontrar identidade

    Guila Flint

    De Tel Aviv para a BBC Brasil

     

     Encontro de sobreviventes do Holocausto com freiras que os protegeram

    Israel celebra nesta segunda o Dia do Holocausto; acima, sobreviventes do extermínio com freiras que os protegeram

    Milhares de sobreviventes do Holocausto que, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), eram crianças judias que sobreviveram escondidas em casas polonesas ou em conventos tornaram-se adultos que até hoje não conhecem sua verdadeira identidade.

    De acordo com a historiadora israelense Lea Balint, uma das consequências dolorosas do extermínio em massa dos judeus pelo regime nazista é o problema das “crianças sem identidade”.

    Ela dedicou os últimos 22 anos a ajudar essas crianças – hoje já pessoas idosas – a encontrar suas raízes.Balint é sobrevivente do genocídio, marcado nesta segunda-feira, o Dia do Holocausto, em Israel, a 68 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

    “Tudo começou em 1991, quando um homem, sobrevivente do Holocausto, me disse não saber quem era, nem quem eram seus pais”, disse a historiadora polonesa à BBC Brasil.

    “Ele tinha cerca de 50 anos e viveu a vida inteira sofrendo por não conhecer sua própria história. Naquele momento, decidi começar a pesquisar essa questão.”

    Balint criou o Arquivo das Crianças Sem Identidade, que recebeu o apoio do Museu dos Combatentes dos Guetos, e começou a colher informações sobre crianças judias nascidas na Polônia e que ficaram órfãs na Segunda Guerra.

    “Naquele período sombrio, houve muitas tragédias. Entre os 6 milhões de judeus exterminados pelos nazistas, houve 1,5 milhão de crianças, e muitas mães fizeram tudo para salvar seus filhos”, disse.

    Bebê dentro da mala

    Visitante no Museu do Holocausto, em Jerusalém (Reuters)

    Museu do Holocausto, em Jerusalém; extermínio deixou muitas crianças órfãs

    Milhares de crianças judias foram entregues a conventos ou a famílias polonesas quando seus pais foram presos e levados aos campos de concentração.

    Houve casos em que mães simplesmente deixaram bebês junto às portas de vizinhas polonesas, com um bilhete pedindo que cuidassem de seus filhos.

    “Um dos casos mais dramáticos que acompanhei foi o de Richard Berkovitz, um bebê que foi jogado dentro de uma mala, pela janela do trem que transportava seus pais para um campo de concentração”, contou Balint.

    “Foi um gesto de desespero extremo por parte dos pais, que sabiam que iam morrer e tentaram dar uma chance de vida à criança. Felizmente, o bebê foi encontrado por poloneses que cuidaram dele até o fim da guerra e depois o entregaram a um orfanato judaico.”

    Richard Berkovitz é uma das 180 pessoas que recuperaram sua identidade graças ao trabalho de Lea Balint.

    Durante mais de 20 anos, Balint fez inúmeras viagens à Polônia, para consultar arquivos e entrevistar pessoas que após a guerra trabalharam em orfanatos e organizações humanitárias e acolheram as crianças órfãs.

    A historiadora também visitou conventos que esconderam crianças judias e fez entrevistas longas com os sobreviventes, em busca de pistas para encontrar a identidade daqueles que não tinham ideia sobre seu passado.

    “Durante as conversas, muitas vezes, surgiram lembranças que nem os próprios sobreviventes sabiam que tinham, pois durante a vida inteira recalcaram as memórias dolorosas da guerra”, disse.

    Identificação

    Lea Balint

    Lea Balint criou arquivo para identificar crianças que perderam sua identidade na guerra

    Cruzando informações de documentos que encontrou e de testemunhos que ouviu, ela conseguiu levantar dados que possibilitaram a identificação de parte das crianças sem identidade.

    Em vários casos, depois de saberem seu nome e data de nascimento, os sobreviventes conseguiram encontrar parentes que não sabiam que estavam vivos.

    “Quando comecei a divulgar a existência do nosso arquivo recebi milhares de telefonemas, tanto de pessoas em Israel como no exterior, procurando saber quem eram seus pais, onde e quando tinham nascido e o que aconteceu com sua família”, disse.

    No entanto, segundo ela, à medida que o tempo passa, o número de pessoas que a procuram diminui.

    “Muitos sobreviventes do Holocausto já morreram e outros estão muito idosos e não têm forças para abrir as feridas do passado”, afirmou.

    Calcula-se que haja 200 mil sobreviventes judeus do genocídio em Israel e um número semelhante ao redor do mundo.

     

  23. Homofobia, até quando?

     

    À época, os jovens que os atacaram justificaram sua ação dizendo tê-los confundido com um casal gay. A barbárie está para toda a gente 

    MOISÉS GUIMARÃES, na Epoca

    Recentemente aconteceu uma morte que chocou a cidade de Palmas, Tocantins. Um professor de português de 56 anos foi morto a pedradas na saída da escola onde trabalhava. A barbárie de sua morte teve motivação: o professor assumiu ser gay. Infelizmente, o crime ainda não foi esclarecido. Neste contexto, a demora na apresentação dos culpados acena para um problema ainda maior: o fracasso do poder público em garantir o pleno exercício dos direitos humanos no Brasil. A história da morte desse professor que era pai de três filhas nos faz pensar se o brasileiro está sabendo lidar com as questões ligadas à livre manifestação de afetos, também estas, um direito humano. Não é de hoje que o MEC vem tentando apresentar material didático que possa contemplar as carências de abordagem sobre o tema. Os parâmetros curriculares mencionam a necessidade de trabalhar a diversidade sexual nas unidades escolares como tema transversal, mas falta ainda capacitação adequada ao corpo docente.

    Alguém ainda se lembra do pai que teve a orelha decepada num rodeio em São Paulo só porque estava abraçado ao seu filho? À época, os jovens que os atacaram justificaram sua ação dizendo tê-los confundido com um casal gay. A barbárie está para toda a gente e por todos os lados! Quem será a próxima vítima?

    Vivemos em tempos nos quais a capacidade humana de racionalizar e reagir se mostra condicionada a uma matriz que nos estagna e corrompe. Num contexto onde a revolução digital proporciona ao homem avanços significativos, assistirmos ainda e de forma recorrente casos de homofobia e, muitos deles, sem que a vítima possa se defender; é um retrocesso.

    O que falta para que o poder legislativo compreenda a emergência de atuar no combate às mortes por crime de ódio? Os jovens ou adultos que cometeram esse ato de crueldade com o professor tocantinense continuarão no anonimato e serão incentivados por nossa indiferença. Já é hora de o Brasil acordar!

    Vergonhoso para um país como o nosso ter em sua gente alguém que julga ser legítimo decidir e executar a morte daqueles que se declaram gays. Já não basta a chacota diária que sofrem todos os efeminados? Faz décadas que Chico Buarque compôs “Geni e o Zepelim” e a pedra lançada contra Geni, destituída de sua força poética, ainda sustenta os que valem pela homofobia e por tantas outras ações preconceituosas. Enquanto negarmos direitos às mulheres, aos negros, aos portadores de necessidades especiais, reconhecer a diversidade sexual como uma questão legítima e humana será uma premissa sempre relegada a segundo plano. Enrijecemos muito nosso olhar e nossa sensibilidade com essa pseudotolerância. O comandante do Zepelim que o diga!

    Espero ainda viver num país em que nossas escolas possam ter professores capazes de se assumirem sexualmente sem correrem o risco de serem apedrejados. Que nossas autoridades possam assegurar os direitos de todos, garantindo sua cidadania e dignidade.

    http://oglobo.globo.com/opiniao/homofobia-ate-quando-10666674#ixzz2jgb1ktpN 

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