Fora de Pauta

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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  • As novas diligências do inquérito das “fake news” determinadas pelo Min. Alexandre de Moraes deram um novo fôlego à tese da cassação da chapa Bolsonaro-Mourão.
    Há pelo menos três ações em andamento no TSE que se comunicam com o inquérito comandado por Moraes no STF, de modo que as provas recolhidas neste podem bem servir àquelas.
    A vantagem desse arranjo é que não se dependeria da boa vontade do Procurador-Geral da República, no caso de processo criminal, ou da Câmara, leia-se do centrão, no caso de impeachment ou mesmo para autorizar o juízo penal. Invalidada a chapa Bolsonaro-Mourão pela justiça eleitoral ainda este ano, haveria nova eleição pela via direta.
    É um dado da realidade que atualmente os dois políticos mais populares do país são, pela ordem, Moro e Bolsonaro. De se concluir que esses seriam os principais atores em uma hipotética eleição presidencial fora do calendário.
    Por maior que seja o desgaste, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, o presidente conta com 33% de ótimo e bom e 22% de regular. Ou seja, está longe de ser considerado carta fora do baralho. É mais do que provável que Bolsonaro, uma vez afastado da presidência, viabilize uma candidatura do seu campo político encabeçada por um filho, por um empresário aliado (Luciano Hang, p.ex), por algum nome da base ideológica (Weintraub) ou mesmo da base evangélica (Damares), tendo como vice um militar, possivelmente o gen. Heleno ou mesmo o gen. Braga Netto. Essa candidatura seria apoiada por uma extração importante do meio empresarial, especialmente do comércio, do agronegócio, polícias, forças armadas e setores médios conservadores, com forte apelo popular nas periferias em função da militância evangélica e potencial para atingir algo como 30% dos votos, garantindo vaga no segundo turno.
    Na outra ponta, Moro contaria com o apoio da Globo e do restante da mídia familiar, do capitalismo tradicional (Bancos, em parte do agronegócio, industriais etc), do deep state norte-americano, da elite política, especialmente do PSDB paulista liderado por FHC e das classes médias urbanas ditas “esclarecidas” e conservadoras. Provavelmente, o ex-juiz teria como companheiro de chapa alguém de fora dos círculos mais batidos da política. Luciano Huck seria o nome ideal com penetração junto às franjas mais pobres da sociedade. O forte apelo do discurso anticorrupção, somado aos apoios empresariais lhe dariam um potencial de votos entre 25% e 30% dos votos. Uma campanha curta fundada no marketing seria propícia para esconder as fragilidades intrínsecas à fórmula eleitoral.
    No campo da esquerda, Lula, condenado em segunda instância e ficha suja, não poderia ser candidato e apoiaria novamente o anódino Fernando Haddad, que disputaria com Ciro Gomes, sobretudo no nordeste e nas grandes cidades, os votos dos progressistas. Ambos morreriam abraçados na praia dividindo o terço restante do eleitorado.
    O espírito do tempo, o tsunami conservador que se ergueu em 2013, atingiria o seu auge em um segundo turno presidencial entre duas candidaturas do campo da extrema-direita, cada uma a seu modo obscurantista. Pela primeira vez desde a redemocratização, a esquerda deixaria de ser a primeira ou a segunda força política do país.
    O movimento escapista de Moro, como quem se reserva a algo maior, o discurso de posse de Barroso contra as “fakes news”, o juiz mais próximo da Lava-Jato e da Globo no STF, a investida de Alexandre de Moraes contra o clã Bolsonaro e seus apoiadores e as manifestações recentes de parte do PIB (veja-se esse manifesto “somos muitos”) mostram que há algo em movimento nos subterrâneos e não são apenas as placas tectônicas.

  • Os Bostonaros são burros. No desespero para se reeleger, o Gojoba pai não vê que não é o fracasso da economia, mas o fracasso no combate à epidemia, que será o fator decisivo nas eleições. Ele está tão fracassado no combate à pandemia quanto no combate à recessão.

    Um burro na prizidença

    Depois de muita água ter rolado debaixo da ponte, o $érgio Moro insinua que o Bolsonaro não vetou artigos da lei anticrime a fim de não prejudicar o Flávio Bolsonaro.

    Porque só agora o Moro botou a boca de arapapá no trombone? Será que só agora ele descobriu isso?

    Moro, foca no vírus, seu ANTAvírus. Deixa os Bostonaros de mão

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