Fora de Pauta

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Redação

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  1. http://imguol.com/c/entreteni

    http://imguol.com/c/entretenimento/2013/09/18/2-bienal-em-1953-governador-lucas-nogueira-garcez-visita-sala-maria-martins-1379537891072_956x500.jpg

    O ANTI-ADHEMAR : PROF.LUCAS NOGUEIRA GARCEZ – O Governador de São Paulo, Adhemar de Barros, eleito em 1947 chega ao fim de seu mandato em 1950 com o Estado destroçado financeiramente e com pesadas denuncias de corrupção.

    Adhemar tem ambições presidenciais e para sua sucessão precisa de um candidato de reputação ilibada e manejavel para suportar sua enorme maquina politica que lhe garantiria ou a volta ao Governo do Estado em 1954 ou a candidatura presidencial em 1955. Olhando em volta estava à mão o Secretario de Viação e Obras Publicas, o professor da Escola Politécnica Lucas Nogueira Garcez. De tradicional familia paulista, catolico de comunhão e missa, com irmãs freiras e

    irmão juiz, o Professor Garcez era a antitese de Adhemar em tudo. Com apoio da maquina adhemarista do Partido Social Progressista-PSP ganhou a eleição, tendo como Vice Governador Erlindo Salzano, tambem indicado por Adhemar.

    No decorrer do Governo deu-se o mantra da politica brasileira, a criatura volta-se contra o criador, de uma maneira violenta.

    Adhemar tenta mandar em Garcez mas esse logo de inicio não aceita e acabam rompendo com estrondo, Adhemar ameaçado de prisão pelo sucessor cai no ostracismo e perde a eleição de 1954 para Janio Quadros, por falta de apoio de Garcez.

    O Vice Governador Salzano escreve um nutrido livro de mais de 500 paginas fustigando o Governador com o titulo ” O Crime Perfeito do Prof.Lucas Nogueira Garcez” onde narra com riqueza de detalhes todos os passos do rompimento do Governador com seu padrinho politico, um enredo de Maquiavel, porque na superficie Garcez era gentilissimo com Adhemar e no subterraneo o minava desde o primeiro dia de Governo, enfraquecendo a maquina politica do adhemarismo. Conta inclusive uma reunião secreta de Garcez com Janio, então Prefeito de São Paulo numa garagem da Rua da Gloria.

    Garcez foi um bom governador de São Paulo, austero e operante. Catedratico de engenharia hidraulica foi o grande impulsionador do sistema hidroeletrico paulista, um dos maiores do mundo, com 22 usinas, a maioria de grande porte.

    Criou o DAEE – Departamento de Aguas e Energia Eletrica e a CESP-Centrais Eletricas de São Paulo. da qual cuidou

    como um pai até morrer em 1982, tendo sido por decadas presidente e diretor da CESP e suas subsidiarias.

    Criou o Parque do Ibirapuera para as fabulosas comemorações do 4º Centenario de São Paulo em 1954, um dos grandes eventos comemorativos mundiais daquele ano,  que saiu na capa da revista TIME e e teve a presença de Reis e Rainhas, Chefes de Estado e delegações de todo o mundo, tambem criou a Orquestra Sinfonica do Estado de São Paulo, a OSESP.

    Garcez era um homem modesto de postura e comportamento, abominava mordomias, toda 5ª feira jantava com a esposa dona Carmelita  em um pequeno restaurante atrás do Hotel Hilton, passava pontualmente as 19 horas no restaurante Marcel, escolhia os pratos, depois ia ao cinema em frente, no Hilton e acabado o filme voltava para o restaurante para

    jantar, apenas com o motorista guiando, porque Garcez não dirgia automovel. Morava na rua Diamante na Aclimação, bairro

    de classe media tradicional . Conheci bem a familia através de uma cunhada dele nossa amiga de casa alem do que morava

    na Av.Turmalina, a poucos metros da casa do governador. Garcez nunca mais voltou à politica como candidato mas era como se fosse o “dono” do sistema CESP estatal, atravessando varios governos,  lembrando Enrico Mattei, criador da ENI, a grande petroleira estatal italiana da qual foi presidente  dedes sua fundação até morrer.

    Garcez foi o grande erro de calculo de Adhemar mas este teve folego para ser novamente Governador de São Paulo e ser um dos tres lideres civis do movimento de 1964, que depois o cassou.

     

  2. Novembro Azul da Próstata.
    É sobre exame da próstata
    Que quero aqui versejar
    Essa coisa que machista
    Não gosta nem de falar
    Talvez por ignorância
    Não sabe da importância
    De um dedo mexendo lá.

    Tem gente que acredita
    Que basta o PSA
    Pra saber se sua próstata
    Tem tendência a aumentar
    Mas só o toque retal
    Quer para o bem ou o mal
    É quem vai sinalizar.

    Se você for negligente
    A próstata pode aumentar
    E se fechar a uretra
    A bexiga vai inchar
    E se isso acontecer
    Você pode até morrer
    Por não poder urinar.

    Geralmente quando chega
    A essa situação
    É porque você não fez
    O mínimo de prevenção
    Portanto quebre o tabu
    E nesse novembro azul
    Tome toda precaução.

    O homem cuida do carro
    Calibra até os pneus
    Mas acha constrangedor
    Um dedo dentro do seu
    Eu já tive esse problema
    Todo ano era um dilema
    Pro doutor mexer no meu.

    É claro que a gente tem
    Que tomar certo cuidado
    Para o doutor não pensar
    Que você tá viciado
    Pois eu conheço um senhor
    Que pediu beijo ao doutor
    Porque ficou empolgado.

    Eu conheço um cearense
    Machista mas previdente
    Que fez o toque retal
    Todo metido a valente
    Depois disse ao doutor
    Juro que não senti dor
    Mas isso fica entre a gente.

    Jamais se ligue em tamanho
    Ou no diâmetro do dedo
    Pense só na sua saúde
    Relaxe e não tenha medo
    Não procure médico amigo
    Pra não correr o perigo
    Dele não guardar segredo.

    Edmar Melo.

  3. Cunha, em vídeo de O Globo: Oscar da cara de pau

     

    cunhavideo

    Eduardo Cunha deu uma entrevista a uma equipe de repórteres de O Globo – aos repórteres Francisco Leali, Isabel Braga, Júnia Gama e Paulo Celso Pereira, com imagens de André Coelho e edição de Eduardo Negri – que tem de chegar ao conhecimento de todos os brasileiros.

    Porque é o presidente da Câmara dos Deputados, em tese a representação de nosso povo, protagonizando um espetáculo de desfaçatez para “explicar” o dinheiro encontrado em contas bancárias na Suíça em seu nome, de sua mulher e de sua filha.

    Cunha diz que o dinheiro tinha décadas, foi obtido com operações de compra e venda no exterior e foi colocado, também desde priscas eras, em nome de terceiros, apenas com um contrato particular – que não mostra ou identifica – e que portanto, na sua tese, não era mais seu.

    Claro que não explica como, se não era seu, servia para pagar despesas milionárias em cartão de crédito, mas isso não vem ao caso.

    Diz, também, que não mentiu ao dizer que não mantinha contas no exterior, embora seu passaporte, endereço e assinatura tenham ido parar na Suíça, bem como admite que recebia extratos.

    Tudo, claro, nas contas que não eram dele.

    Aliás, nestes extratos não apareciam com o nome do depositante os valores vultosos depositados pelo empresário João Augusto Henriques quando este depôs na Operação Lava Jato.  Até então, coitado, sabia apena que eram uns milhõezinhos que apareceram na conta que não era dele…

    Cunha é, disparado, o favorito ao Oscar 2015 de maior cara de pau do Brasil, quiçá do mundo.

    Não há tucano ou magano que o sustente no cargo. Assista.

    http://tijolaco.com.br/blog/cunha-em-video-de-o-globo-oscar-da-cara-de-pau/

     

    1. Tem sempre um “morto” como bode “respiratório”

      O Cunha coloca a responsabilidade de um depósito suspeito por conta de uma dívida que tinha com ele um sujeito já morto, como tem sido clássico dessa turma de cínicos.

       

  4. Como o poder judiciário sacia sua fome e garante a sua casa

    IHU- Unisinos

    Como o Poder Judiciário sacia sua fome e garante sua casa

     

    “Os auxílios, seja o de moradia, seja o de alimentação, de auxílio só tem o nome, como o próprio desembargador reconhece, nisso se comprovando, pois, a existência de um vício legal, de forma e conteúdo, diuturnamente enfrentado pelo Poder Judiciário e por ele, paradoxalmente, punido, civil e penalmente”, escreve Jacques Távora Alfonsin, procurador aposentado do estado do Rio Grande do Sul e membro da ONG Acesso, Cidadania e Direitos Humanos.

    Eis o artigo.

    O site da Radio Guaíba deste 6 de novembro publica: “Os juízes e desembargadores gaúchos vão receber, individualmente, R$ 38,3 mil de auxílio alimentação retroativos a 2011. Cumprindo a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul publicou em sua última edição do Diário Oficial o ato administrativo que garante o repasse. O valor é proporcional aos R$ 799 reais por mês de subsidio alimentação para os meses desde 2011 e valerá para os salários futuros. Os juízes tem salários a partir de R$ 22,2 mil reais.”

    A Zero Hora destaca que esse auxílio vai se estender ao Ministério Público e à Defensoria. Nesse jornal, o escândalo da notícia se comprova ao lado da nota. Apesar de o déficit orçamentário do Estado, previsto para 2016, subir a R$4,6 bilhões, o presidente da Famurs, Luiz Carlos Folador, “está pedindo ao relator do Orçamento na Comissão de Finanças, Marlon Santos, quatro emendas, sendo R$80 milhões para financiamento do transporte escolar, R$120 milhões para custeio dos hospitais de pequeno porte, R$100 milhões para acessos asfálticos e R$4 milhões a mais para o Fundo de Assistência social.”

    Resposta do relator: “Estamos repartindo miséria. É muito difícil contemplar todos os pedidos.” Miséria seletiva, então, como a história tem repetido. Como sempre, os tais auxílios ao Poder Judiciário passam longe dela.

    Se necessidades públicas como aquelas cuja satisfação é inadiável, reivindicadas pelo presidente da Famurs – transporte escolar, hospitais de pequeno porte, acessos asfálticos, fundos de assistência social – forem comparadas com benesses salariais estendidas a essas carreiras jurídicas, podemos retirar algumas conclusões dessadesigualdade imoral:

    A primeira, mais do que óbvia, explica e justifica a inconformidade e até a indignação do povo com vantagens salariais levadas a um tal patamar, acrescentadas a quem já é tão bem remunerado. Como explicar isso a pessoas que recebem o bolsa família para mal poder se alimentar, outras que se socorrem do programa Minha Casa Minha Vidapara poder adquirir casa própria, um sem número de desempregadas, de sem-teto e de sem-terra, lutam diariamente para simplesmente sobreviver, não faltando, para tanto, o preconceito generalizado de que se encontram nessa situação por sua única e exclusiva responsabilidade?

    Seria justo medir-se quanto dinheiro as políticas sociais responsáveis por manter toda essa multidão viva, nem que seja num padrão básico de dignidade, estão perdendo com o auxílio moradia e o auxílio alimentação pagos a quem agora está “legalmente” (!?) habilitado a recebê-los.

    A segunda pode ser vista nas razões de serem utilizados subterfúgios para aumentar o valor dos salários de carreiras jurídicas, sonegando indiretamente o imposto de renda e dessa forma lesando toda a população carente de serviços públicos. Isso envergonha, e muito, as/os integrantes honestas/es e probas/os dessas carreiras, ao ponto de se obrigarem a renunciar aos tais penduricalhos.

    Conforme reconheceu o próprio desembargador Túlio Martins, presidente do Conselho de Comunicação Social do Tribunal de Justiça do Estado, de acordo com o site da Guaíba “admite que a medida causa antipatia da sociedade. A reserva de simpatia da população com o Poder Judiciário se desgasta. Eu não acho que nós percamos credibilidade, porque isso vem do trabalho e das decisões. Mas não é nem um pouco simpático, aumento de salário de quem ganha mais é sempre difícil, e aumento de salário indireto, com nome de auxílio, é menos simpático ainda. A perda do ponto de vista da imagem do Poder Judiciário é evidente”.

    Perde credibilidade sim, pois é exatamente no trabalho e nas decisões da magistratura que o povo avalia a conduta pessoal de quem representa o esse Poder. O Judiciário é um servidor do povo, trabalha por ele, para ele e com ele. De qual autoridade vai se valer quando está subtraindo de quem serve parte substancial dos recursos necessários para garantir o gozo e o exercício de direitos humanos fundamentais sociais devidos como prioritários, pelo Poder Público, como condição de vida e liberdade?

    É preciso sublinhar-se a gravidade dessa falta. Trata-se do reconhecimento de uma pura e simples simulação. Osauxílios, seja o de moradia, seja o de alimentação, de auxílio só tem o nome, como o próprio desembargador reconhece, nisso se comprovando, pois, a existência de um vício legal, de forma e conteúdo, diuturnamente enfrentado pelo Poder Judiciário e por ele, paradoxalmente, punido, civil e penalmente.

    Pode e deve punir o que ele mesmo faz? O art. 167, parágrafo primeiro, inciso II do Código Civil, por exemplo, retira todo ou parte de qualquer efeito de negócios jurídicos nos quais se verifique simulação. Ela é suficiente para serem declarados nulos, quando “contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira”.

    Bem, vão afirmar as/os as/defensoras/es desses auxílios: isso só vale para negócios jurídicos e lá no Direito Privado. Para contrariar-se essa desculpa nem há necessidade de se lembrar que o Direito Privado tem de ser interpretado em harmonia com a Constituição Federal. “Clausula não verdadeira”, igualmente, constitui ilícito passível de rejeição em qualquer contexto, não exclusivamente jurídico. Assim, a simulação é imoral também e, justamente por enganar e mentir, ela obriga o Poder Judiciário a não se socorrer dela, pelo artigo 37 da mesma Constituição, seja a pretexto do que for, independentemente de outra qualquer consideração.

    Esse Poder está sujeito ao princípio constitucional da moralidade, não simulando, não enganando e não mentindo. Nos artigos 171 a 179 do Código Penal, aliás, quando esse trata dos crimes de estelionato e outras fraudes, não faltam disposições semelhantes para demonstrar que a simulação não é somente um ilícito jurídico civil e privado. Se assim fosse, toda essa crise política vivida atualmente no país, já teria sido vencida sem qualquer cogitação dos ilícitos morais responsáveis pela sua eclosão.

    Numa das famosas bem aventuranças louvadas por Jesus Cristo, disse ele: “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Evangelho de São Lucas, capítulo 5, versículo 6). É uma lástima, mas o Poder Judiciário brasileiro, com as exceções de sempre – ainda bem – à vista dos privilégios outorgados a si mesmo, não está muito interessado em se saciar desse pão, beber dessa água, nem reparti-lo/a nas casas onde mora, muito menos nos tribunais onde trabalha.

    http://www.ihu.unisinos.br/noticias/548757-como-o-poder-judiciario-sacia-sua-fome-e-garante-sua-casa

  5. A Metamorfose, de Kafka, em filme

    “Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso.“  E assim começa um dos mais memoráveis livros da literatura mundial: ” A metamorfose” ( Die Verwandlung em alemão) de Franz Kafka, publicado pela primeira vez em 1915.

    O filme pode ser visto em

    http://filosofiaemvideo.com.br/filme-a-metamorfose/

    E em outras versões, no youtube.

  6. Desrazão jornalística, por Charles Péguy

    A razão não procede mais das autoridades do que das autoridades oficiosas. Nem o publicista, nem o jornalista, nem o tribunal, nem o orador, nem o conferencista são hoje simples cidadãos. O jornalista que tem trinta, cinqüenta ou oitenta mil leitores, o conferencista que tem regularmente doze ou quinze centenas de espectadores exercem de facto, como o ministro, como o deputado, uma autoridade governamental. Conduzem-se hoje os leitores domo nunca se deixou de conduzir os eleitores.  A imprensa constitui o quarto poder. Muitos jornalistas que reprovam com razão a fraqueza dos costumes parlamentares, fariam bem em voltar-se sobre si mesmos e considerar que as salas de redacção se comportam como Parlamentos.  Há, pelo menos, tanta demagogia parlamentar nos jornais como nas assembléias. Despenden-se tanta autoridade numa comissão de redacção como num conselho de ministros; e outra tanta fraqueza demagógica. Os jornalistas escrevem como falam os deputados. Um chefe de redação é um presidente de conselho, igualmente autoritário, igualmente fraco. Há menos liberais entre os jornalistas do que entre os senadores.

    O jogo ordinário dos jornalistas é amotinar todas as liberdades, todas as licenças, todas as revoltas e, de facto, todas as autoridades, quase sempre contraditórias, contras as autoridades governamentais oficiais. “Nós, simples cidadãos”, vão eles repetindo. Querem assim acumular todos os privilégios da autoridade com todos os direitos da liberdade.  Mas o verdadeiro libertário sabe entrever a autoridade em toda a parte onde ela exerce sevícias; e em nenhum lado é ela tão perigosa como onde reveste as aparências da liberdade. O verdadeiro libertário sabe que existe verdadeiramente um governo dos jornais e dos meetings, uma autoridade dos jornalistas e dos oradores populares como existe um governo dos gabinetes e das assembléias, uma autoridade dos ministros e dos oradores parlamentares. O verdadeiro libertário resguarda-se tanto dos governos oficiosos como dos governos oficiais. Porque a popularidade é também uma forma de governo, e não das menos perigosas. A razão não busca clientela. Um jornalista que joga com os ministérios e que argumenta a partir de simples cidadão não é admissível. Também isso é dúplice, e isso é demasiado cômodo.

    Quando um jornalista exerce no seu domínio um governo de facto, quando tem um exército de leitores fiéis, quando arrasta os leitores pela veemência, pela audácia, pelo ascendente, meios militares, pelo talento, meio vulgar, pela mentira, meio político, e quando o jornalista tem leitores tal como um deputado tem eleitores, quando um jornalista tem uma vasta circunscrição leitoral, freqüentemente muito mais vasta e muito mais sólida, não pode, depois, vir jogar-nos o jogo dúplice; não pode vir choramingar.  Na grande batalha dos poderes desse mundo, não pode aplicar golpes temíveis em nome do seu poder e quando os poderes contrários lhe retorquem os seus golpes, não pode ao mesmo tempo reclamar-se do simples cidadão. Quem renuncia à razão para a ofensiva não pode reclamar-se da razão para a defensiva. Seria uma deslealdade insuportável,  e ainda duplicidade.

    A razão não procede do terror, que é a forma aguda da força. A razão não procede da suspeita, que é a forma sorrateira do terror. O regime do terror, quer do terror governamental, quer do terror popular não menos governamental, mesmo que esse regime erigisse altares à razão, não é um regime de razão.  O regime dos suspeitos, em que o exercício da força exercida é misteriosamente intensificado pelo medo da força possível de ser exercida, mesmo que os suspeitos fossem inimigos da razão, e sobretudo se os suspeitos fossem inimigos da razão, o regime dos suspeitos é o mais contrário à razão. Mas não há apenas que recear para a razão um regime oficial de suspeitos, intensificando algum terror oficial. Mais temível ainda, mais odioso, mais inimigo da razão, mais detestável é um regime oficioso dos suspeitos, como aquele a que nos submete o governo da imprensa.  Nem as denúncias caluniosas, nem as alegações sem prova são razão. A razão não é policial. Não é mais policial da imprensa do que policial do Estado.

    Trecho de ‘Da Razão’, de  Charles Péguy, publicado em Cahiers de la Quinzaine em 05/12/1901.

    Texto integral em http://www.lusosofia.net/textos/peguy_charles_da_razao.pdf

    Tradução e apresentação de Artur Mourão

  7. Ontem escutei na rádio que os

    Ontem escutei na rádio que os caminhoneiros paralizarão, colapsando o trânsito nas estradas, atrasando as entregas, com o fito de exigirem da Presidente a sua renúncia. Mais adiante, pedem que as pessoas abasteçam suas casas visto que poderão sentir a falta de alimento nas prateleiras dos mercados locais. 

     

  8. Haja dó do pobre Pessoa

    “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo.” Pelo estado actual das coisas, arrisco dizer que, de cada vez que esta frase é dita, morre um panda bebé à paulada

    Crónica

    Texto de Nelson Nunes

    do Público

    Desgraçado do Fernando Pessoa. Para além de não ter tido em vida o reconhecimento (nem o dinheiro) merecido, agora deve andar a dar voltas à tumba por causa daquilo que lhe andam a fazer com o nome e — pior ainda! — com os poemas. Nada contra a glorificação do poeta — ele merece-a; mas levar uma reputação até ao limiar da estupidez com recurso a citações que já se tornaram lugares-comuns é idiossincrático da preguicite aguda, da necessidade corrente de parecer que se é culto e, afinal de contas, da falta de cultura que por aí grassa.

     “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo.” Pelo estado actual das coisas, arrisco dizer que, de cada vez que esta frase é dita, morre um panda bebé à paulada. Há dias, tropecei por aí num provérbio burundi que assenta sobre este assunto como uma luva: uma palavra que está sempre na boca transforma-se em baba.

    Democratizar Pessoa não devia ser sinónimo de banalizar Pessoa. Se queremos citar Pessoa, o Facebook não é o melhor sítio para buscar frases inspiradoras. Basta agarrar numa tecnologia perdida e desconhecida por muitos: um livro. E, pasmem-se, Pessoa é um escritor tão rico que até nos serve a preguiça — basta abrir-lhe uma página ao acaso e esbarramos imediatamente com uma verdade inequívoca e da qual mal tínhamos dado conta até então.

    A mercantilização do rosto de Fernando Pessoa talvez seja a grande culpada desta febre, que acabará por fazer com que muitos se afastem do poeta porque já não o podem ver à frente. Em Lisboa, dá-se um pontapé numa pedra e saem de baixo dela três artigos promocionais com a cara do triste sujeito. Dentro de cinco ou dez anos já não será “cool” falar de Pessoa, muito menos pôr-lhe a assinatura numa qualquer sacola ou num desenhito de promoção a uma hamburgueria “pseudo-gourmet-low-cost-coiso”.

    Desta forma, esgotar-se-á um génio, depois de lhe causarmos um assassinato lento e tortuoso. A nossa maior condenação será a de nem sequer lhe querermos ler os poemas, de tão enjoados que estamos de nos cruzarmos com ele, solitário e macambúzio, deambulando numa rua lisboeta, ou de lhe lermos sempre a mesma frase. Uma ubiquidade homicida. Anos mais tarde, esquecê-lo-emos, como fizemos com outros — ainda alguém cita Camões? O próximo na lista da banalização é o genial e indescritível Herberto Helder. Primeiro, vamos apaixonar-nos à medida que nos afogamos nas suas imagens poéticas e brilhantes. Vamos trabalhar para o democratizar e, logo de seguida, vem a inevitável queda para o que é banal.

    E depois, que será de nós sem poetas marcantes?, perguntarão alguns, em pânico. Nada temam. Os que conhecem poesia sabem que não nos faltam bons poetas; o problema é que ninguém se dá ao trabalho de os procurar, preferindo apenas cingir-se às bagatelas de top de vendas. Diz Murakami, e bem, que “pessoas que lêem as mesmas coisas pensam as mesmas coisas”. Faz-nos falta quem pense diferente.

     

    Nelson Nunes é escritor disfarçado de jornalista armado em investigador

  9. corrupção

    A corrupção dos outros é que importa

    …O juiz Sérgio Moro exclui, na investigação da Petrobrás, os parlamentares do PSDB e todo o governo de FHC, mesmo depois de Fernando Henrique, em seu livro Diários da Presidência, ter confessado que, em 16/10/96,  um “escândalo” acontecia na Petrobrás…

    http://www.ocafezinho.com/wp-content/uploads/2015/05/psdb-fernandinho-beira-mar.jpg

    Quando o PSDB de Fernando Henrique Cardoso governou, e por oito anos, a máxima era o engavetamento de denúncias de corrupção aliado ao desmonte da máquina investigativa. Na Polícia Federal, Ministério Público, e Justiça o quadro de pessoal não se renovava pela inexistência do concurso público e os equipamentos totalmente sucateados. A imprensa registrava que os carros da PF estavam parados por falta de gasolina, e que os telefones estavam mudos por falta de pagamento.

    Depois vêm os 4 governos do PT, de Lula e Dilma. Além de incentivarem todo tipo de investigação, os petistas reciclaram, através de concurso público, a PF, o MP e a justiça. Melhorou tanto que a justiça pede até ajuda no exterior para investigação de corrupção como na Suíça, EUA, Holanda etc. Tudo é feito para barrar a corrupção! No Brasil, pela primeira vez, corruptos e corruptores estão indo para a cadeia e seus bens sendo confiscados.

    Entretanto, falta ainda fazer valer a máxima de que a lei vale para todos, pois  nesse novo cenário algumas coisas saltam aos olhos da sociedade! O PSDB, mesmo partido que engavetava as investigações de corrupção e que, de forma criminosa, sucateou a PF, MP e Justiça, hoje é blindado mesmo sendo citado várias vezes por delação premiada nenhum tucano foi parar na cadeia. Nada aconteceu com eles tanto no mensalão como agora no Lava Jato, e o pior, no mensalão tucano, que nem sequer foi julgado, os crimes já estão prescrevendo.  

    E a mídia não fala nada, faz de conta que nada vê! E não é por acaso, pois  não é só o PSDB que está acima da lei. A grande mídia brasileira é corrupta, a começar pela Globo, pois só  pelo que chegou ao nosso conhecimento, é sonegadora do Imposto de Renda da Copa do Mundo de 2002; tem  conta na Suíça para lavagem de dinheiro, nesta está junto a Band, Estadão, Folha, Editora Abril, responsável pela Veja, RBS etc; E a Globo é a principal suspeita no Brasil da corrupção na FIFA, inclusive seu sócio, a TV TEM de São Paulo, é réu confesso no caso, mas a Globo nem sequer é chamada pela CPI que apura o escândalo da FIFA.  

    E o cinismo da mídia em relação à corrupção no Brasil é um espanto: Willian Bonner, Boris Casoy,  Arnaldo Jabor, Ricardo Boechat, Carlos Alberto Sardenberg, os principais âncoras da mídia, falam todo dia sobre o tema corrupção, e não aparentam nenhum constrangimento , como se suas empresas nada tivessem a ver com o caso.   

    E temos juízes como Gilmar Mendes, que o escritor Luís Fernando Veríssimo chamou de Gilmar “Mentes”, aquele que deu dois habeas corpus, em 24 horas, ao banqueiro Daniel Dantas, o que o delegado Protógenes Queiroz, chefe da operação Satiagraha,  chamou de “Banqueiro Ladrão”. Pasmem! Daniel Dantas foi solto, mas Protógenes foi condenado e perdeu o cargo de delegado da Policia Federal.  Gilmar Mendes também concedeu habeas corpus para médico estuprador, Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos.

    E temos outros dois juízes que, não por coincidência, ganharam o prêmio de personalidade do ano da Globo: o Ministro Joaquim Barbosa, que chefiou o mensalão mas “esqueceu-se” de julgar o mensalão tucano; e o juiz Sergio Moro que chefia a Lava Jato (vale lembrar que também participou do mensalão como juiz assistente da ministra Rosa Weber). Moro parece sofrer da mesma doença de Joaquim Barbosa, ambos só enxergam atos criminosos nos petistas , para eles os tucanos estão acima da lei! Tucano pode roubar dinheiro público?

    Verdade seja dita, o juiz Sérgio Moro é a maior ameaça a Petrobrás, muito maior que as multinacionais do petróleo. Juntos, Moro, PSDB e Globo, ameaçam destruir a Petrobrás com o falso discurso de combate à corrupção. A Globo, que junto com FHC, tentou privatizar a Petrobrás. Moro pratica uma investigação seletiva, pois apesar das sucessivas delações premiadas excluiu, na investigação na Petrobrás, o governo tucano de FHC e os parlamentares do partido, mesmo agora quando FHC chega a confessar em seu livro Diários da Presidência que em 16/10/96  um “escândalo” acontecia na Petrobrás. Moro já paralisou a empresa. Será que consegue destruí-la?   

    A certeza da impunidade é tanta que esses, que se julgam acima da lei, apresentam-se como paladinos da moral e dos bons costumes! A Mídia, políticos como Eduardo Cunha, FHC, Aécio Neves, Agripino Maia, Paulinho “sem força”e juiz como Gilmar Mendes, entre outros. Enganam a sociedade, na tentativa de convencê-la de que corrupção deles, que é escancarada, não vale! Já a dos outros é que importa, nem que seja através do domínio dos fatos (sem prova material), delação premiada, ou através da nora, filho ou amigo.

    Depois de, pela primeira vez, levarmos corruptos e corruptores para a cadeia e confiscar seu bens, falta valer a máxima de que a justiça tem que valer para todos!

    Rio de Janeiro, 08 de novembro de 2015 

    OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

      

    Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

    http://emanuelcancella.blogspot.com.

     

     

     

     

     

     

       

  10. Patrus Ananias:”Ninguém vai nos tirar das ruas de Belo Horizonte
     

    Patrus Ananias

    2 h · Editado · 

    Este não vai ser o país do ódio. Ninguém vai nos tirar das ruas de Belo Horizonte.

    Estive há pouco na Cervejaria Bar Brasil, um bar tradicional de BH, com minha esposa Vera, Carlão Pereira e sua esposa Jussara. Estávamos ali conversando entre amigos, sendo tratados com toda a gentileza pelos garçons. Pagamos a conta e levantamos para sair quando um homem em uma mesa próxima à porta começou a gritar, fazendo acusações de corrupção e levantando um daqueles cartazes – “Fora PT, Fora Dilma”…

    Me aproximei e pedi 30 segundos para conversarmos. Ele retrucou que iria me “conceder 10 segundos”. Respondi que colocasse num papel e assinasse todas as acusações sem provas em relação a mim, que amanhã mesmo eu entraria com uma ação contra ele. Então a conversa mudou, com ele dizendo que “eram acusações em relação ao PT”. Uma câmera já estava posicionada desde o início, esperando para flagrar o momento “espontâneo”.

    Algumas mesas ao redor, articuladas a essa primeira, começaram a ampliar o barulho, tentando nos intimidar. Não arredamos pé. Respondemos às acusações sem fundamento, exigimos respeito, mantivemos a firmeza. O acusador da primeira mesa rapidamente foi embora em silêncio, enquanto nós permanecemos ali.

    Tivemos uma conversa altiva e buscamos negociação e diálogo, com convém a uma sociedade democrática. Fizemos isso porque ninguém vai nos tirar das ruas e dos bares de BH. Nenhuma reação de uma manifestação organizada, travestida de espontânea, vai nos intimidar e limitar nosso direito de sentar com os amigos e a família em um bar numa tarde de domingo em qualquer cidade.

    Porque este não vai ser o país do ódio generalizado, mesmo que esse seja o sonho de tantos que não conseguiram vencer democraticamente.
    Este não vai ser o país onde se toma o poder pela força, usando mentiras e calúnias sem fundamento.
    Este não vai ser o país onde quem grita mais alto tem razão. Este vai continuar sendo o país da democracia, de quem sabe ouvir, compreender e debater.

     

  11. Alguma coisa acontece…nos movimentos sociais

    Carlos Eduardo Alves. do Facebook

    Alguma coisa acontece…. nos movimentos sociais. Na manifestação de hoje contra Eduardo Cunha e o ajuste, muita mulher pobre, jovem de periferia e negro. Da Paulista ao Ibira, presença residualíssima de classe média. Nenhuma bandeira do PT. Existe um movimento quase clandestino que se formou e pouca gente está entendendo (me incluo para ajoelhar no milho). É um pensamento claramente de esquerda, mas não submetido a partidos. E não adianta o mimimi de madames de direita. O corte feminino é de esquerda mesmo. De prático: para Dilma, o recado óbvio de que um governo eleito pela esquerda não cai por panelaços de classe média e nem por manifestações da direita na Paulista. Cai pelo desemprego em Parelheiros e pela inflação. Para quem se encanta com o golpe paraguaio, outra letra: não será um passeio. Mais ainda, só quem não conhece poeira de rua acredita que será possível impor um programa de ajuste cruel como o proposto pelo PMDB sem muito enfrentamento violento. PS: tinha muita gente, principalmente se pesar que o ato não teve nenhuma mídia de convocação.

    https://www.facebook.com/carloseduardo.alves.779

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