Fora de Pauta

O espaço para os temas livres e variados.

Redação

61 Comentários

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  1. Trump furioso? Parece um certo presidente do Brasil, oras!

    https://www.youtube.com/watch?v=ogQ_xZyZD2M

    U.K. Prime Minister Boris Johnson cancelled his trip in March to the U.S. According to Business Insider, the cancellation came after a furious phone call from President Donald Trump. Officials said the president slammed down the phone on the prime minister.

    https://twitter.com/peterboghossian/status/1228479948391796736/photo/1

  2. “Os abecedarianos foram uma seita cristã alemã do século XVI que defendia o analfabetismo. O ponto principal de sua doutrina era o fato de que todo o conhecimento humano, inclusive o alfabeto é desnecessário e supérfluo. Wikipédia”

    Esse regime miliciano fundamentalista e abecedariano, que fez e faz uso de fake news como meio de se conquistar e de se manter no poder, odeia o conhecimento, dai essa guerra inssna contra os livros, a educação, o saber, a verdade e a democracia: pelo menos os nazistas de antigamente disfarçavam menos a opção pela ignorância : queimavam livros nas praças : os de hoje deixam-nos às traças….

    Boa leitura

    ?

    https://www.diariodocentrodomundo.com.br/video-livros-raros-da-biblioteca-da-presidencia-sao-empilhados-para-dar-espaco-a-gabinete-de-michelle-bolsonaro/

  3. Por Victor Hugo Romão

    As ambições políticas paroquiais de Rodrigo Maia estão jogando o Congresso Nacional no abismo. Para um projeto de candidatura ao Senado, a vice-governador ou vice-presidente a imagem de docilidade aos interesses da banca pode ser suficiente, mas requer uma postura de suicídio político a quase todos os membros do Poder Legislativo e também para a própria existência institucional do parlamento.
    A despeito da verborragia de independência, a verdade é que Rodrigo Maia é o principal aliado de Jair Bolsonaro, ao garantir o apoio dos mercados financeiros e moderar a crítica dos grandes grupos de mídia, sempre a espera de radicais reformas antipopulares que apenas um governo sem projeto algum poderia patrocinar. Assim, Rodrigo Maia é o principal aliado estratégico do bolsonarismo, mesmo que seja tratado a pontapés pelas matilhas virtuais.
    O cientista político João Feres Júnior, em artigo no GGN, aponta o tamanho do cabresto parlamentar que Bolsonaro impõe ao Legislativo via Rodrigo Maia. “Os únicos partidos na Câmara consistentemente oposicionistas são o PT e o nanico PSOL. O centro é habitado por Rede, PDT e PSB. Todo o resto da Câmara vota com o governo, quase sempre. Em uma escala de governismo de 1 a 10, 73,4% dos deputados tiveram nota maior que 7 e 50% alcançaram 9 ou 10”. Desta forma, os rompantes de independência legislativa não passam de bravatas juvenis, garantindo o apoio a Bolsonaro na agenda principal, bem como postergando sua rejeição pelo establishment, que planeja seu descarte definitivo apenas após a votação de todas as reformas.
    Rodrigo Maia tem suas razões pessoais em manter esse jogo, mas para o restante do Congresso tal cenário é de claro suicídio político. Caso tais reformas produzam resultados no crescimento da economia (o que é improvável após 5 anos de fracassos desde Joaquim Levy), os frutos ficariam majoritariamente com o Executivo. Mas o ônus aos parlamentares é certo. Basta lembrarmos que dos 23 parlamentares que votaram a favor da reforma da previdência de Temer, somente 5 foram reeleitos e tal reforma jamais chegou a ampliar os descontos nos contracheques e nem os eleitores tiveram que postergar seus projetos de vida por anos como a atual reforma aprovada pelo Congresso.
    Não satisfeito, Rodrigo Maia agora joga o parlamento contra 12 milhões de servidores públicos ou 30 milhões de brasileiros que compõe sua renda familiar com ao mesmo um funcionário do Estado. Propostas radicais como o corte de 25% no salário dos servidores recebem promessas de votação a toque de caixa por Maia, ao mesmo tempo que coloca a mercê do arbítrio político toda a burocracia com o fim da estabilidade, apesar de nenhum sistema objetivo de aferição de desempenho.
    Apesar de grave, o aniquilamento eleitoral dos membros do parlamento está longe de ser o maior dos danos. Nos próximos dois anos, Bolsonaro substituirá no STF 2 ministros considerados como garantistas (Celso de Mello e Marco Aurélio) alterando definitivamente a correlação de forças na corte em prol da criminalização ampla e irrestrita da atividade política. A Suprema Corte presidida por Luís Fucs não atuará mais ao lado do Legislativo para limitar os traços mais escandalosos do autoritarismo.
    Em suma, os interesses paroquiais de Rodrigo Maia têm lavado o Congresso a uma oposição de fachada, enquanto os fundamentos da democracia são erodidos e os demais parlamentares cometem um enorme suicídio político coletivo.

  4. Caro Nassif : gostaria do seu comentario a respeito de uma informação economica que circula, em que o Governo, atravez do INSS, deu uma “tungada” nos beneficios dos aposentados que ganham acima de 1 salario minimo. Em janeiro foi feita uma atualização de todos os beneficios com o valor 4,41% sendo que a inflação oficial havia sido de 4,48%, muito bem veio a grita de todos pelo valor inferior a inflação do salario minimo e este foi corrigido em fevereiro, mas os demais beneficios com valores acima, foram mantidos com a correção de 4,41%.

  5. Enquanto a bandidagem de alto calibre atua nas altas esferas do tráfico internacional de armas, de drogas – às vezes usando até mesmo mulas das nossas forças armadas e – pasmemos todos! – o avião presidencial, como se viu no caso do sargento brasileiro flagrado com 40 kgs de cocaína na Espanha; enquanto os grandes bandidos tramam nas altas esferas, moram em casas suntuosas, palacetes, etc., mandam matar, montam redes mafiosas de comércio e serviços e coisas típicas, enquanto isso aí acontece, as forças policiais estão todas mobilizadas – cerca de 500 mil policiais em todo o país – para prioritariamente combater o pequeno traficante das periferias urbanas, o zé ninguém que vive nos becos e quebradas das populosas cidades. O país dominado por criminosos que traem à pátria, pois tripudiam a Constituição, vendem as riquezas da nação na bacia das almas, enganam o povo com projetos tirânicos e demagogos, compram a imprensa e a consciência nacional; enquanto isso mandam a polícia bater em servidores públicos, passam pano para segurança privada de fazendeiros – como se fazia na colônia e no império –, de comerciantes e banqueiros.
    O Brasil continua com níveis de desigualdade e injustiça social equivalentes ao da colônia e do império. As elites dominantes tem a mesma mentalidade escravista, egoísta, estúpida, que despreza o país e seu povo. Povo pobre, mal informado, analfabeto político, bombardeado por uma mídia defensora dos interesses dos ricos. Estas elites terão que ser derrotadas um dia, quando o povo acordar e quando o morro descer e não for carnaval. O Brasil terá que colocar em xeque o papel das policiais militares, do poder civil, do poder militar, do poder dos banqueiros e de outros magnatas e o poder do povo. Essa de mobilizar 500 mil policiais para atuar diariamente prendendo e matando pobre enquanto os bandidos de alto calibre dominam a todos é inaceitável.
    A política do extermínio, da matança de bandidos e polícias, esta política é inaceitável. Segurança pública significa: educação, saúde, moradia, renda, trabalho, lazer, significa qualidade de vida. Reduzir segurança pública ao trabalho da polícia armada é coisa de gente estúpida. Vamos acabar com isso!

    https://www.bnews.com.br/noticias/policia/salvador/260913,onibus-e-incendiado-por-traficantes-na-entrada-do-calabar-transformadores-sao-explodidos.html

  6. Prezado Nassif,
    creio ser relevante denunciar mecanismo sórdido que pode estar sendo utilizado por diversos bancos nas operações de créditos consignados transferidos por portabilidade, para indevidamente elevarem seus ganhos sobre os clientes que vierem a transferir suas dívidas a esses bancos, na expectativa dessas pessoas de, assim como eu, aliviar o peso representado pelos juros pagos.
    Ao generalizar acima, referindo-me a diversos bancos, digo com representatividade pois dois casos ocorreram comigo sequencialmente, e de forma idêntica, em operações de transferência de dívidas por portabilidade, com dois grandes bancos nacionais ao assumirem minhas dívidas de outro banco.
    Sobre um dos bancos não acho razoável, numa primeira avaliação, que deva ser divulgado seu nome, pois o mesmo, reconhecendo o “erro” cometido, me devolveu a quantia reclamada. Registro, no entanto, tratar-se de um dos cinco maiores bancos do país. O outro banco é o Banco de Brasília – BRB, o qual relutou em reconhecer as evidências e obrigou-me a entrar com processo judicial distribuído sob nº 0704050-41.2019.8.07.0018, que tramita na 1ª Vara da Fazenda Pública do DF e pode ser acompanhado pelo link: .
    A manobra é sutil e difícil de ser identificada pelo cliente que não esteja familiarizado com a relação dos juros cobrados e a respectiva taxa pactuada. A situação resume-se a seguir: o cliente endividado do banco A, atraído por uma taxa de juros menor do banco B que, consequentemente, irá levar a uma menor prestação mensal (mantendo-se o mesmo número de mensalidades e, portanto, o mesmo prazo da operação original) decide levar sua dívida para o banco B pela opção da portabilidade. Os contratos de portabilidade são baseados a partir das informações que o cliente obtém do banco A quanto ao saldo devedor em uma determinada data, o número de mensalidades restantes e as já quitadas e a taxa de juros original. Essas informações são entregues ao banco B. A partir dessas informações o banco B elabora um pré-contrato onde constam informações preliminares que devem fazer parte do novo contrato: saldo devedor, taxa de juros pactuada, número de mensalidades a vencer e a data considerada do pagamento. Os valores definitivos dessas variáveis somente serão fixadas a partir do dia no qual a transferência da dívida for efetuada do banco A para o banco B, podendo neste momento, o banco B, calcular o valor exato das mensalidades que doravante o cliente irá pagar. No final da operação, o cliente dá-se por satisfeito pois atingiu seu objetivo de reduzir o valor da prestação que estava pagando ao banco A.
    O cliente mais atento, mesmo tendo um valor da mensalidade menor que àquela paga ao banco A, ao checar se esse valor corresponde à taxa de juros combinada com o banco B, e que consta como a taxa efetiva no contrato assinado, irá verificar que a taxa está acima do combinado.
    Atente (aqui está o pulo do gato) que essa transferência entre os bancos não transita pela conta corrente do cliente pois, se assim fosse, deveria entrar o crédito do recurso originado do banco B na conta do cliente no banco A, e um débito no mesmo valor quitando a sua dívida junto a esse banco e, somente neste momento o cliente passaria a estar devedor do banco B.
    O que na realidade ocorreu: o banco B recebeu a transferência do recurso do banco A, por exemplo, no dia 25/mês e, o banco B, arbitrariamente registrou em seu sistema como se essa transferência estivesse ocorrido 12 dias antes e, então, essa passa ser a data de início do contrato assumido pelo cliente. Ou seja, por 12 dias o cliente teve de assumir juros acumulados pela mesma dívida no banco A e, indevidamente, também no banco B. A manobra é realizada à margem do conhecimento do cliente pois o mesmo não sabe em qual data a transferência entre bancos efetivamente ocorreu. E calculada para, ainda assim, resultar no valor de uma mensalidade menor que àquela que o cliente estava pagando. Evidentemente que essa antecipação não pode ser muito elevada pois quanto maior for esse prazo, menor será o estímulo para o cliente efetuar a operação pois menor será a diferença entre a velha e a nova mensalidade.
    O nome do segundo banco, o qual omiti no início desse relato, consta na petição inicial do processo contra o BRB, pois esse banco ao reconhecer a irregularidade da operação, e devolver o valor dos juros acumulados no período no qual retroagiu o registro da dívida, serviu de prova que fosse adicionada na argumentação contra o BRB.
    Ao denunciar esse fato ao Banco Central, simplesmente o Bacen reencaminhou ao BRB para resolver a minha reclamação. Acho que a exposição nesse canal, além de ser uma atitude de defesa do interesse público, poderá servir para que o mecanismo de portabilidade seja revisto, tornando a operação mais transparente e menos sujeita a engodos de toda a ordem.

    1. Acho que matei a charada da razão de Ronaldinho ter requerido a cidadania paraguaia: estando o seu passaporte brasileiro retido por decisão judicial, a outra cidadania permitiria a obtenção de um novo passaporte, para viajar para fora do Mercosul (imagino quantas oportunidades de negócios devem estar sendo perdidas desde a proibição de ir para a Europa…). A falsificação certamente se deveu a um açodamento, talvez por uma excessiva demora burocrática do processo de naturalização; os negócios não puderam esperar. Poderia ter conseguido driblar o judiciário brasileiro, mas o atrevimento saiu caro. Foi apanhado pelo judiciário paraguaio.

  7. Acho que matei a charada da razão de Ronaldinho ter requerido a cidadania paraguaia: estando o seu passaporte brasileiro retido por decisão judicial, a outra cidadania permitiria a obtenção de um novo passaporte, para viajar para fora do Mercosul (imagino quantas oportunidades de negócios devem estar sendo perdidas desde a proibição de ir para a Europa…). A falsificação certamente se deveu a um açodamento, talvez por uma excessiva demora burocrática do processo de naturalização; os negócios não puderam esperar. Poderia ter conseguido driblar o judiciário brasileiro, mas o atrevimento saiu caro. Foi apanhado pelo judiciário paraguaio.

  8. A assessoria política do governador esqueceeu (ou desconhece do assunto) da importância da data histórica de 14 de Março para o Tocantins. Anos atrás a data era feriado estadual como o Dia da Autonommia.
    Em 14 de março de 1899 o Príncipe Regente Dom João (depois aclamado Rei) dividiu a Capitania de Goyaz em Comarca do Norte e Comarca do Sul. Estava criado de fato o Tocantins, que se consolidou com criação do Estado do Tocantins nas Disposições Transitórias da Constituição Brasileira de 1988.
    O Dia da Autonomia foi instituído pela Lei nº 960, de 17 de março de 1998, considerando-o feriado estadual. “A data é uma forma que temos de homenagear os desbravadores e os incansáveis lutadores que, com seus conhecimentos, compromisso e dedicação, conseguiram fazer a Corte voltar os olhos para as famílias que aqui viviam e sofriam com o isolamento”, esclareceu o ex-governador Siqueira Campos.
    A data para comemoração da autonomia foi escolhida porque, no dia 18 de março de 1809, o Príncipe Regente Dom João editou alvará, que determinou a criação da comarca de São João das Duas Barras, na confluência dos rios Araguaia e Tocantins. A criação da comarca dividiu a capitania de Goyaz em duas e tinha por objetivo promover o desenvolvimento da região.
    “É imprescindível que nós guardemos na memória a história do nosso povo. A luta pela autonomia começou há quase dois séculos no antigo norte de Goiás, que era totalmente isolado e esquecido.
    O feriado do Dia da Autonomia deixou de existir em 2009, quando foi sancionada a Lei nº 2.013, de 18 de fevereiro, que invalidou a Lei º 960, de 17 de março de 1998. No entanto, a Lei nº 2013/2009 estabelece em seu Parágrafo único: “São os órgãos dos diversos poderes responsáveis por promover ações a fim de comemorar esse dia, organizando festividades nas diversas comunidades do Estado, com maior participação”.

  9. A assessoria política do governador esqueceeu (ou desconhece do assunto) da importância da data histórica de 14 de Março para o Tocantins. Anos atrás a data era feriado estadual como o Dia da Autonommia.
    Em 14 de março de 1899 o Príncipe Regente Dom João (depois aclamado Rei) dividiu a Capitania de Goyaz em Comarca do Norte e Comarca do Sul. Estava criado de fato o Tocantins, que se consolidou com criação do Estado do Tocantins nas Disposições Transitórias da Constituição Brasileira de 1988.
    O Dia da Autonomia foi instituído pela Lei nº 960, de 17 de março de 1998, considerando-o feriado estadual. “A data é uma forma que temos de homenagear os desbravadores e os incansáveis lutadores que, com seus conhecimentos, compromisso e dedicação, conseguiram fazer a Corte voltar os olhos para as famílias que aqui viviam e sofriam com o isolamento”, esclareceu o ex-governador Siqueira Campos.
    A data para comemoração da autonomia foi escolhida porque, no dia 18 de março de 1809, o Príncipe Regente Dom João editou alvará, que determinou a criação da comarca de São João das Duas Barras, na confluência dos rios Araguaia e Tocantins. A criação da comarca dividiu a capitania de Goyaz em duas e tinha por objetivo promover o desenvolvimento da região.
    “É imprescindível que nós guardemos na memória a história do nosso povo. A luta pela autonomia começou há quase dois séculos no antigo norte de Goiás, que era totalmente isolado e esquecido.
    O feriado do Dia da Autonomia deixou de existir em 2009, quando foi sancionada a Lei nº 2.013, de 18 de fevereiro, que invalidou a Lei º 960, de 17 de março de 1998. No entanto, a Lei nº 2013/2009 estabelece em seu Parágrafo único: “São os órgãos dos diversos poderes responsáveis por promover ações a fim de comemorar esse dia, organizando festividades nas diversas comunidades do Estado, com maior participação”.

  10. Nos dias 14 e 15 de março de 2020, a Federação Espírita do Paraná (FEP) realizou a 22ª Conferência Estadual Espírita e contou com vários palestrantes de renome dentro do movimento espírita brasileiro. No encerramento do primeiro dia, o conferencista Divaldo Pereira Franco falou por um pouco mais de uma hora e tratou, entre outros assuntos, da pandemia de coronavírus e a guerra nuclear que não aconteceu no curso da crise que opôs os EUA ao Irã. Instado por amigos, analisei o discurso do líder espírita. O resultado está nas linhas abaixo.

    1. Apelo ao pensamento mitológico – “Um anjo do Senhor”.

    Comentário: No imaginário cristão-espírita, apelar para uma intervenção extra-humana nos rumos da humanidade soa muito bem, à medida que existe a crença de que os mortos interagem com os vivos. No caso da fala do líder espírita, os mortos são retratados conforme a mitologia da Corte Celestial com seus anjos a cumprir as ordens superiores.

    2. Apelo ao Medo e ao pensamento mitológico: “trouxe um pequeno monstro, invisível a olho nu”.

    Comentário: Vírus nos acompanham desde que o mundo é mundo. Retratando o coronavírus como um “monstro”, o líder espírita opera no campo do medo e afasta qualquer possibilidade de analisar racionalmente o atual surto. E analisar racionalmente deveria ser uma prerrogativa na fala de um líder espírita.

    3. Apelo ao Medo e apelo ao Moralismo: “que foi soprado sobre a Terra, a fim de que as nossas paixões pudessem teme-lo porque nenhuma arma seria capaz de o vencer”

    Comentário: Outras epidemias já ocorreram e os cientistas conseguiram criar “armas” que debelaram a crise. Ao insinuar que esse “monstro”, trazido por “um anjo do Senhor”, não tem uma “arma” para derrotá-lo, o líder espírita instala um clima de pânico em seus ouvintes. Ademais, o discurso de que uma pandemia tem uma função, ou seja, produzir temor em nossas paixões, é uma forma explícita de controlar os adeptos do espiritismo cristão e fabricar corpos úteis, obedientes e produtivos.

    4. Apelo ao Moralismo e ao Biopoder: “Esse vírus, vitalizado pelos pensamentos desarvorados das criaturas humanas, pelas ideias de ódio e presunção”.

    Comentário: O líder espírita estabelece um nexo entre a pandemia de um vírus e comportamentos humanos tidos como negativos. A se fiar em sua fala, uma sociedade humana moralizada e, portanto, virtuosa, não ofereceria condições de um vírus se espalhar. Implica dizer, enquanto não forem totalmente convertidos em corpos úteis, obedientes e produtivos, as criaturas humanas serão responsabilizadas pelas calamidades. Por meio desse discurso moralista, o líder espírita exerce o biopoder sobre seus ouvintes.

    5. Apelo ao pensamento mitológico e apelo ao Medo: “Eu tenho a impressão que o coronavírus foi o segundo elemento que Deus mandou recentemente, apiedados de uma guerra calamitosa e total e que o planeta terrestre atrasaria infinitamente o seu processo evolutivo. A guerra nuclear foi substituída por esse vírus invisível que nos ataca a todos. Em particular, àqueles que por uma afinidade psíquica para nos chamar a atenção e respeitar as soberanas leis porque nenhum de nós é capaz de imaginar a gravidade dos dias em que nós estamos vivendo”

    Comentário: Na Antiguidade e no Medievo, não era descabido atribuir a Deus, a Satanás, aos Deuses e aos Espíritos Malignos, as causas dos males que acometiam as criaturas humanas. Essas entidades eram punitivas. Afinal, viviam os homens na fase do Poder Soberano. A fala do líder espírita, nesse ponto, regride de um discurso que estava alinhado ao Poder Disciplinar e ao Biopoder para o discurso do Poder Soberano. Com efeito, o crente deve temer o Supremo Soberano que, do alto de seu trono, escolhe substituir uma guerra por um vírus.

    6. Apelo ao Sentimento de Culpa e apelo ao Senso de Povo Escolhido: “Que fizemos do evangelho de Jesus? Ele prometeu que mandaria um advogado para interceder por nós (…) e veio a Doutrina Espírita que nos convida à tolerância”.

    Comentário: O líder espírita toca em um ponto nevrálgico da cultura cristã, a saber, a Culpa. Sem a Culpa e o Medo, as religiões cristãs não exerceriam seu Poder Disciplinar. Assim, a pergunta dispara um gatilho nas consciências, moldadas pelo medo e pela culpa, e os ouvintes, “refletindo” sobre as calamidades naturais e humanas, concordam plenamente que a causa disso tudo poderia ser evitado se o Evangelho de Jesus não tivesse sido maculado. No entanto, o líder espírita arremata o discurso e apela para o Senso de Povo Escolhido. Isto é, a Doutrina Espírita, segundo a crença de que é o Consolador Prometido (somente pelo Jesus do evangelho de João), é a garantia de que o “Evangelho de Jesus” está sendo revivido em sua pureza primitiva e, por conseguinte, aqueles que a seguem estão no caminho certo.

    Conclusão: Conforme a Teoria dos Papeis, o líder espírita cumpriu o papel que dele se espera no bojo da religião espírita. Seu discurso, moralista e moralizante, esteve o tempo todo a serviço do Poder Disciplinar e do Biopoder. Poderes esses que estão no cerne da Modernidade e que, empregados pela religião, atuam no sentido de fabricar corpos úteis, produtivos e obedientes.

    https://www.youtube.com/watch?v=C8htaPzAbGU

  11. Nassif, aqui em cuiabá e no mt não há kits para fazer os testes de coronavirus. ESTAMOS a Deus dará. Quando dizem que não há casos, é porque não sabem, só vão fazer quando a pessoa já estiver com pneumonia. Deus nos acuda.

  12. Rolando Astarita – Marxismo & Economía

    ¿Hacia una depresión global?

    https://rolandoastarita.blog/2020/03/10/hacia-una-depresion-global/

    En el día de ayer, lunes 9 de marzo, los mercados accionarios experimentaron la peor caída desde 2008. Ocurrió después de una fuerte caída del precio del petróleo, y nuevas noticias sobre la expansión del coronavirus, que aumentaron significativamente la preocupación por la posibilidad de una recesión mundial. El Dow Jones bajó casi un 8%. Las pérdidas en Francia, Alemania y España también rondaron el 8%; la bolsa de Milán se derrumbó 11%. La de México cayó 6,4%. La de San Pablo, Brasil,12,7% (en el año la pérdida es del 35%). El Merval, de Buenos Aires perdió 13,7%. En las últimas semanas, y hasta el cierre de ayer, Wall Street perdió 19%. Las bolsas europeas cayeron, en promedio, 23% desde su máximo de febrero. El precio del petróleo cayó, en EEUU y Europa, 25%; en Asia el 30%. Las cotizaciones de las empresas petroleras tuvieron pérdidas de dos dígitos: BP cayó 20%, Shell 18%, Total 17%, Chevron 14%, Petrobrás 29% (perdió 55% de su valor en el año); el ADR de YPF cayó 28% (en lo que va del año, y hasta ayer, bajó 59%). Los países latinoamericanos vieron devaluadas sus monedas.

    Pero más grave, cuarentenas masivas, como en Italia (60 millones de personas) o China (100 millones), constituyen escenarios nuevos y de curso impredecible. A lo que agregó ahora la guerra de precios entre Rusia y Arabia Saudita. Como reconoció un ejecutivo del fondo BlackRock, entrevistado por The New York Times, hoy la incertidumbre es mayor que en el pico de la crisis financiera de 2008. Naturalmente, los inversores buscan refugio en títulos gubernamentales. Ayer llevaron el rendimiento de los bonos del Tesoro de 10 años a un record mínimo, 0,4949% (cuando suben los precios de los títulos, por aumento de la demanda, baja su rendimiento). El oro, otro refugio, subió 1,6%.

    Subrayamos, domina la incertidumbre en el sentido en que Keynes hablaba de incertidumbre: no hay elementos para poder siquiera calcular probabilidades de cursos futuros. Nadie sabe, por ejemplo, cuánto se podrá extender el virus -¿se debilita con la llegada del calor?- o cómo se afectará la producción global en la medida en que se siga extendiendo. Sin embargo, todo indicaría que sí se puede afirmar que se dan condiciones para una depresión global. Esencialmente porque la actual crisis se desarrolla sobre economías que nadan en un mar de deudas, debilidad de la inversión y crecientes desequilibrios. Pero antes de entrar en esta cuestión, permítaseme una reflexión más general, referida a la vigencia del enfoque materialista.

    Virus y concepción materialista

    Una primera cuestión que quisiera subrayar es que la aparición del coronavirus nos ha recordado, dramáticamente, que somos seres constituidos sobre una base biológica. He planteado esta cuestión cuando traté las nociones de trabajo abstracto y concreto. Decía en esa nota:

    “… el punto de partida del análisis marxista no son individuos optimizando el consumo de bienes dados, como acostumbra decir el relato neoclásico, sino individuos que trabajan asociados, gastando su fuerza humana de trabajo para generar los bienes que les permitan reproducir la fuerza de trabajo. Y este es el contenido último del trabajo abstracto; es el gasto humano de energía, de nervios y músculos. Es un condicionamiento físico y fisiológico, ya que una sociedad de productores no puede consumir más energía para trabajar que la reposición energética de su fuerza de trabajo total que le permite el consumo de los bienes que produce. Naturalmente, las formas bajo las cuales los seres humanos igualan sus gastos de energía, y comparan los tiempos de producción, cambian históricamente, según se modifican las relaciones sociales de producción. Sin embargo, esas formas no hacen desaparecer el hecho de que el gasto humano de energía constituye la sustancia de todo trabajo”. Y un poco más adelante, agregaba:

    “La afirmación de que el contenido del trabajo abstracto es gasto humano de energía, entendido en el sentido fisiológico, va en contra del enfoque dominante en la teoría social crítica, que ha hecho todo un punto de la separación tajante de las sociedades humanas con respecto al resto de los seres vivientes; y de la separación del ser humano de su base biológica”. Y citaba a autores de Critical Human Ecology, quienes afirman que “en la teoría social crítica existe una tendencia a negar el rol del entorno biofísico sobre las sociedades humanas. Los teóricos sociales críticos se focalizan principalmente en factores culturales cuando estudian sociedades, pasando por alto que existen constricciones materiales que atraviesan la historia, y que la producción material y la reproducción –los intercambios materiales entre las sociedades y sus entornos- constituyen el fundamento de toda sociedad” También: “Los límites naturales no pueden ser superados por la mera acumulación de conocimiento cultural. En última instancia, dado que los seres humanos son entidades biológicas, las sociedades humanas están constreñidas por muchos de los mismos principios ecológicos y termodinámicos que moderan el crecimiento y reproducción de otras especies” (aquí). Este enfoque materialista parece ineludible en el análisis de la crisis en desarrollo.

    Afectada la fuerza de trabajo, se desata una espiral descendente

    Lo planteado en el apartado anterior se concreta en que la expansión del virus está afectando, de forma directa, a la fuerza de trabajo, la fuerza productiva imprescindible –al menos, dado el grado actual de desarrollo tecnológico- para poner en movimiento a las fuerzas productivas de conjunto. Esto es, no hay posibilidad alguna, por ahora, de que se pueda prescindir del trabajo humano. La observación es pertinente dado que muchos científicos sociales descalifican la teoría del valor trabajo con el argumento de “ya no es actual, porque el trabajo humano ha sido reemplazado por la robótica y la automación”. Sin embargo, si la fuerza laboral está obligada a quedarse en casa por cuarentena, o enfermedad, no hay posibilidad de poner en movimiento a las fuerzas productivas de conjunto. Ni de hacer circular el producto social. Pero esta situación lleva a la caída del producto.

    Por otra parte, la necesidad de frenar los contagios empuja a la caída del consumo (turismo, servicios recreativos, restaurantes), lo que a su vez contrae más la producción. Esto es, la demanda cae porque caen los ingresos (salarios, rentas, ganancias del capital, etcétera) y porque varían, por razones “fisiológicas”, los hábitos de consumo. En consecuencia caen al mismo tiempo producción, circulación y demanda, en un movimiento en espiral descendente. Por todos lados aumenta la capacidad ociosa –por ejemplo, aviones en tierra o semivacíos, ídem restaurantes, shoppings, etcétera-, llevando a crecientes pérdidas y, en un plazo más largo, a suspensiones o despidos de trabajadores.

    Paralelamente, va a empeorar la situación fiscal: hay caída de ingresos tributarios, y aumento de los gastos en salud pública. Lo cual pondrá más presión sobre los mercados financieros y potenciará la crisis. Precisemos también que en la medida en que se extienda el virus a países subdesarrollados, sus servicios sanitarios y sociales pueden verse sobrepasados, agravando las penurias de los trabajadores y la población en general.

    A su vez, la caída de la producción y la demanda en países centrales –China en primer lugar- afecta de lleno a países exportadores de petróleo, alimentos y otros commodities. Lo cual agravará las dificultades en las cuentas externas, deprimirá más la demanda mundial y dará lugar a mayores desvalorizaciones de capitales. En este respecto, la situación es distinta a la de 2008. Es que en 2008 se venía de un período de fuerte ascenso de los precios de las materias primas; por consiguiente muchos países exportadores de commodities tenían reservas que ayudaron a sostener la demanda mundial; además, habían reducido sus niveles de endeudamiento. Pero más importante aún, entre 2009 y 2012 China impulsó la demanda con ingentes inyecciones de gasto estatal. Nada de esto ocurre ahora: los precios de los commodities –y el petróleo en primer lugar- están en descenso; los niveles de endeudamiento de los países atrasados aumentaron; y China frenó la producción.

    Pero además, en la medida en que la producción se ha globalizado, la espiral descendente se hace global. Ningún país capitalista puede escapar de esta dinámica. Las cadenas internacionales de valor, en particular, hacen sentir los efectos negativos de la caída en cualquiera de sus eslabones, afectando al resto de la cadena. Con el agravante de que esas repercusiones bajistas se intensificarán si recrudecen medidas proteccionistas. Lo hemos visto en el Brexit, o en las disputas entre EEUU y China, entre otras. Ahora pueden intensificarse, por ejemplo, mediante las devaluaciones competitivas o; o, peor aún, por políticas xenófobas y reaccionarias (cierre de fronteras, ataque a inmigrantes).

    Una economía débil y en un mar de deudas

    En septiembre del año pasado, en una nota “Economía global 2019; actualización” (aquí) decíamos que desde el final de la crisis de 2008-9 la situación de la economía mundial no era de depresión, o recesión, pero tampoco de fuerte crecimiento. Las economías de la zona del euro y Japón continuaban estancadas; el crecimiento era débil en Estados Unidos y Canadá; y relativamente importante en los países atrasados. Desde 2009 hubo un prolongado período de crecimiento global débil, o semi-estancamiento, y baja inversión.

    De esta forma, se había configurado un crecimiento anémico, “sostenido en el aumento del crédito y un mar de deudas”. Entre otros datos, citábamos un informe de la UNCTAD, que decía: “A principios de 2018, el volumen de la deuda mundial había aumentado a cerca de 250 billones de dólares —el triple de los ingresos mundiales— en comparación con los 142 billones de dólares registrados hace un decenio. La estimación más reciente de la UNCTAD indica que la relación entre deuda mundial y PBI es en la actualidad casi un tercio mayor que en 2008”. A su vez el Banco Mundial señalaba que: “en las economías emergentes y en desarrollo [la deuda] aumentó de un 15% del PBI, promedio, al 51% en 2018”. La OCDE alertaba que la deuda privada crecía rápidamente en las economías más grandes: entre 2008 y 2018 el stock global de bonos corporativos no financieros se había duplicado, en términos reales, llegando a casi 13 billones de dólares. En el mismo sentido, el FMI anotaba que en EEUU la deuda corporativa había pasado de 4,9 billones de dólares en 2007 a 9,1 billones a fines de 2018; un aumento del 86%. Y mucha de esa deuda se había destinado a la recompra de acciones y pagos de dividendos.

    Pero no solo había aumentado la deuda corporativa, sino también se había modificado, para peor: aumento de la emisión de bonos con calificación BBB, tanto en Europa como en EEUU. Decíamos en la nota que estos bonos son aptos para inversores institucionales, pero que una caída de su calificación –por ejemplo, a causa del debilitamiento de la economía- “desataría ventas forzadas de los fondos que tienen obligación de mantener sus colocaciones en grado de inversión”. Por otra parte, si bien había bajado la emisión de bonos basura, se habían incrementado los créditos apalancados. Se trata de préstamos riesgosos para empresas (una descripción en la nota citada, aquí). Decíamos: “En EEUU su volumen más que se ha duplicado desde 2010. Y cada vez más se usan para fondear la toma de riesgos financieros a través de fusiones y adquisiciones, compras apalancadas, pagar dividendos y recompra de acciones”. Préstamos que fueron potenciados por instrumentos financieros opacos, aptos para toda clase de maniobras especulativas.

    Consecuencia: la crisis se inserta en un escenario de debilidad

    La crisis desatada con la irrupción del coronavirus, se inserta en esta situación financiera, y de debilidad de la acumulación. Y es esta combinación –interacción potenciada entre la esfera de la producción y la circulación, y la esfera de las finanzas y el crédito- la que puede arrastrar a la economía global a la depresión. Es que así como la suba de los precios de los activos potencia el apalancamiento, y este lleva a mayores subas, cuando viene la caída de los valores el movimiento se da en reversa, hacia abajo y en espiral (sobre el apalancamiento, aquí).

    Esa posibilidad se deja ver en las cifras de las deudas. Según Bloomberg, hoy la deuda de las empresas estadounidenses supera a la de los hogares por primera vez desde 1991. Empresas de energía, en especial las que invirtieron en shale, están muy endeudadas; también empresas de viajes, como American Airlines y Hertz. Siempre según Bloomberg, la deuda corporativa pasó de 10,7 billones de dólares en diciembre de 2008, a 16 billones en septiembre de 2019. El valor de los bonos de alto rendimiento (o sea, inversiones peligrosas) alcanza 1,3 billones, contra 786.000 millones de dólares hace una década. Casi la mitad del mercado de bonos en grado de inversión está calificado BBB; a ellos se aplica la posibilidad de una caída de calificación, que obligaría a ventas masivas. A su vez, el mercado de préstamos apalancados alcanza 1,15 billones de dólares.

    Tengamos en cuenta que los mecanismos recesivos se entrelazan y potencian, con el potencial de arrastrar uno tras otro a todos los sectores. En particular, estas dinámicas son inherentes al crédito, el cual actúa como elemento unificador. En palabras de Marx: “En un sistema en el cual toda la conexión del sistema de reproducción se basa en el crédito, si el crédito cesa súbitamente y solo vale ya el pago en efectivo, debe producirse evidentemente una crisis, una violenta corrida en procura de medios de pago. Por ello, a primera vista toda la crisis sólo se presenta como una crisis de crédito y de dinero. Y de hecho, sólo se trata de la conversión de las letras en dinero. Pero estas letras representan, en su mayor parte, compras y ventas reales, cuya amplitud, que supera en mucho las necesidades sociales, concluye por constituir el fundamento de toda la crisis” (El Capital, p. 630, t. 3). Por eso, cuando se desatan estas dinámicas, todos los activos están en un nivel de correlación cercano a uno; o sea, no hay manera de atenuar las desvalorizaciones masivas recurriendo a la diversificación de las inversiones.

    En conclusión se dan los elementos para que asistamos a una espiral fuertemente descendente de la economía de EEUU, y posiblemente europeas, que arrastraría a la economía global. La Reserva Federal ha inyectado dinero en el mercado, y lo mismo harían otros bancos centrales, pero esto difícilmente revierta la caída de la producción y la demanda. Lo importante es tener presente la interacción entre caídas de la producción y la demanda, agudización de las dificultades financieras, y repercusión de estas de nuevo sobre la producción y la demanda, agudizando la crisis. Subrayo, es un escenario, por lo menos, posible; y la caída, o desaceleración de la economía mundial es ya un hecho. Para los trabajadores se avecinan tiempos de aumento del desempleo, caída de los ingresos y empeoramiento de las condiciones de vida.

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  13. Duas sugestões:

    https://medium.com/@fabiofonsecadecastro/diários-confinados-1-simétricas-aparências-2d145a6c7608

    Diários confinados 1: Simétricas aparências
    A imagem da organizada fila de supermercado (imagem 1), na cidade italiana de Prato, faz pensar no Golconda, o quadro de Magritte, pintado em 1953 (imagem 2). O respeito às regras de distanciamento pessoal, que passaram a ser necessárias em todo o mundo em função da epidemia, parecem encontrar uma representação profética no quadro de Magritte.
    A chuva de homens retratada no quadro pode ser lida como uma alegoria da representação. Os homenzinhos pintados podem parecer iguais — afinal se vestem da mesma maneira e têm semelhanças físicas, mas eles não são iguais. Olhem para os rostos e perceberão. Representações enganam, mentem.

    Tal como, aliás, a riqueza dos diamantes produzidos durante séculos na cidade de Golkonda, na Índia, que dá nome ao quadro.
    Essa pintura parece ser uma alegoria crítica do individualismo, do isolamento, mas Magritte não deixou explicações — afinal, era um surrealista…
    Livre de imposições interpretativas e confinado em casa nestes tempos de coronavirus, fico pensando nas aparências de nosso mundo, que esta epidemia desvela: as aparências de simetria entre as pessoas e de que todos terão as mesmas condições de sobreviver ao vírus; as aparências de riqueza produzidas pelo modelo ambiental do capitalismo, produtivista, que estabeleceu as condições, insuficientes, que temos hoje de combater o vírus; as aparências do consumismo, que apenas falsamente distingue as pessoas; a aparência de que somos seres autosuficientes, individuais, simetricamente demarcados por uma certa ideia de “sujeito”; as aparências de governabilidade que o presidente Bolsonaro e sua gangue ainda transmitem para alguns.
    Notas:
    1. Golconde é um óleo sobre tela com 81cm/100cm e hoje está na The Menil Collection, em Houston, no Texas.
    2. A cidade italiana de Prato, na Toscana, não distante de Florença, tem duas curiosidades a observar no contexto: primeiro, tem uma das maiores populações chinesas da Itália, notadamente imigra te da província de Wu-Han; e, segundo, é o município italiano que registra, proporcionalmento, dentre as cidades que o registram, o menor número de mortes pela Covid 19 em todo o país: 5 mortes.
    3. Golkonda é uma cidade fantasma situada no atual estado de Andhra Pradesh, na Índia. Suas ruínas, suntuosas e refinadas, construídas sobre uma colina de granito com 120 metros de altura, atestam um passado de riqueza, associada à produção de diamantes. Durante séculos foi uma das cidades mais ricas do mundo e capital de um reino independente, em guerra constante contra os mongóis e outros reinos indianos.
    Fábio Fonseca de Castro — Professor da UFPA

    e

    https://medium.com/@fabiofonsecadecastro/diários-confinados-2-o-que-o-governo-bolsonaro-devia-fazer-e-não-faz-911e0c8a7c15

    Diários Confinados 2 — O que o governo Bolsonaro devia fazer e não faz?
    Fabio Fonseca de Castro
    Fabio Fonseca de Castro
    Mar 23 · 4 min read

    A taxa de mortalidade por Covid 19, na Alemanha, apresenta dados interessantes: 0,3%, contra 3,6% na França e 8,5% na Itália. Por que essa diferença? São três países europeus e vizinhos, economias desenvolvidas e estados com condições técnicas bem mais elevadas eu a grande maioria dos países do mundo. O que explica, então a diferença? O que explica a “exceção” alemã?
    Venho lendo os jornais e os documentos públicos sobre o coronavirus desses países — quer dizer, não da Alemanha, porque não tenho alemão para isso — tentando entender a diferença. Atenção: não sou profissional da área da saúde, então o que anoto aqui são apenas dados de leitura e observações, e não considerações científicas.
    E o que percebo são algumas variáveis interessantes: 1°) a média de idade das pessoas contagiadas é mais jovem na Alemanha de que em outros países: 47 anos na Alemanha; 2°) a decisão política imediata do estado alemão de testar, massivamente, a população — hoje num ritmo de 160 mil testes por semana; 3°) a superioridade do sistema hospitalar alemão em relação a seus dois vizinhos: 28 mil leitos de terapia intensiva, o que significa uma proporção de 6 leitos de UTI para cada 1.000 pessoas, contra médias de 3,1 da França e 2,6 da Itália; 4°) outra política imediata do governo alemão: encomendar a fabricação urgente de 10 mil novos aparelhos de respiração artificial, para somar aos 25 mil existentes no país — número, por sinal, bem superior aos dos outros países. Apenas a primeira dessas variáveis não resulta de uma política pública decisiva e eficiente.
    Os resultados apresentados pela Alemanha são impressionantes, e deixam a impressão de que se devem à conjuntura de políticas públicas bem estruturadas com um nível de decisão política centralizado e operante, capaz de dar respostas ágeis numa situação de crise.

    O que nos faz pensar no Brasil…
    O que temos aqui? Um governo perdido, sem nenhuma centralidade, sem nenhuma condição técnica de governabilidade, não apenas incapaz de dar respostas mais simples para a situação como também dominado por uma tendência a produzir crises. Um governo inoperante.
    O vídeo irresponsável de Bolsonaro tratando a cloroquina como uma droga salvadora para a pandemia e a sua recente decisão de ordenar ao exército que a produza massivamente é de uma imbecilidade sem igual na história. O mesmo personagem irresponsável não para de atacar governadores, defende a realização de jogos de futebol e de cultos evangélicos durante a pandemia e dá sinais públicos de ciúme da visibilidade de seu ministro da saúde. O mesmo personagem, inconsequente, ordena o corte de 158 mil famílias do programa Bolsa Família justamente no momento de mais necessidade dessas famílias, o elo mais frágil na defesa nacional contra a propagação do vírus.
    Como disse Flávio Dino, governador do Maranhão, o presidente da república deveria parar de lutar contra os governadores e deveria lutar contra o coronavirus.
    Como disse o jornalista Luís Nassif, o país está sem Estado Maior para gerenciar a situação e a tendência é que, por causa de Bolsonaro, perca a guerra contra o vírus.
    Como disse Helder Barbalho, governador do Pará, traduzindo com precisão o estado de espírito dos governadores diante da inoperância de Bolsonaro: “Não vou ficar esperando que eles decidam o que vão fazer enquanto as coisas estão acontecendo. Preciso proteger o povo do Pará. A sociedade não pode ficar à mercê da falta de informação e de procedimento dos seus líderes.”
    Como disse o educador Joan Edesson de Oliveira, “a pandemia, no Brasil, é agravada por outro vírus, o vírus do bolsonarismo”.
    Como disse Fernando Haddad, “se a ciência não nos trouxer uma solução imediata, a política terá que nos entregar mais do que temos tido”.
    Bolsonaro não é apenas irresponsável. Também é um criminoso. A hecatombe italiana decorre, em grande parte, ao que vi acontecer — e eu estive na Itália no começo da onde de disseminação do vírus nesse país, em fevereiro — da falta de centralidade, da falta de informação e da falta de tomada de decisão.
    Lá, como aqui, o governo federal entrou em luta com os governos regionais e municipais. Lá, como aqui — e ao contrário da Alemanha — não houve tomada de decisões estratégicas em relação às condições de saúde.
    No Brasil de Bolsonaro, as decisões técnicas são tardias, insuficientes ou equivocadas. E é por isso que; na ausência do Estado nacional, estados federais e municípios vão tomando decisões, adotando medidas descoordenadas. Tal como ocorreu na Itália.
    O que o governo Bolsonaro deveria fazer e não faz? 5 providências que deveriam ter sido tomadas e não foram:
    1 — testes em massa.
    2 — estabelecimento de critérios mais rigorosos de distanciamento social.
    3 — ampliação de leitos de UTI e fabricação ou aquisição urgente de respiradores artificiais.
    4 — recomposição do Mais Médicos.
    5 — retomada do programa Revalida, de validação de diploma de médicos formados no exterior.
    6 — regulação dos insumos necessários ao enfrentamento da pandemia — inclusive quanto ao comércio exterior.
    7 — estabelecimento de políticas urgentes de apoio aos pessoal da área da saúde, facilitando suas condições de trabalho e isolamento social, inclusive com vistas a proteger suas famílias.
    8 — estabelecimento de políticas de transferência de renda para as pessoas mais suscetíveis de contaminação (algo muito, muito além dos 200 reais cogitados pelo governo) — o projeto de Renda Mínima nacional do senador Eduardo Suplicy seria um modelo para isso.
    9 — revogação imediata da Emenda Constitucional 95/2016, feita por Michel Temer, que congelou os investimentos no SUS, retirando dele, até o presente, cerca de 22 bilhões de reais.
    A décima medida seria afastar Bolsonaro do poder. Sua presença irresponsável como presidente, neste momento de crise gravíssima, produz morte, dor, desespero e conflito. Não precisamos disso no Brasil. Aliás, nunca precisamos, mas isso se torna evidente na conjuntura.
    Demitir Bolsonaro é uma urgência de saúde pública e de Estado.
    Fábio Fonseca de Castro — Professor da UFPA

    Tb no blog hupomnemata.blogspot.com e o facebook do autor

  14. Duas sugestões:

    https://medium.com/@fabiofonsecadecastro/diários-confinados-1-simétricas-aparências-2d145a6c7608
    Diários confinados 1: Simétricas aparências

    e

    https://medium.com/@fabiofonsecadecastro/diários-confinados-2-o-que-o-governo-bolsonaro-devia-fazer-e-não-faz-911e0c8a7c15
    Diários Confinados 2 — O que o governo Bolsonaro devia fazer e não faz?

    também em hupomnemata.blogspost.com e no facebook do autor, Fabio Fonseca de Castro

  15. Sugestão

    Duas sugestões:

    https://medium.com/@fabiofonsecadecastro/diários-confinados-1-simétricas-aparências-2d145a6c7608
    Diários confinados 1: Simétricas aparências

    e

    https://medium.com/@fabiofonsecadecastro/diários-confinados-2-o-que-o-governo-bolsonaro-devia-fazer-e-não-faz-911e0c8a7c15
    Diários Confinados 2 — O que o governo Bolsonaro devia fazer e não faz?

    também em hupomnemata.blogspost.com e no facebook do autor, Fabio Fonseca de Castro

  16. DECLARAÇÃO URGENTE

    Eu ……………………….. CPF …………………….. , bolsominion, votei 17 nas últimas eleições e insisto em concordar com o Jair Messias Bolsonaro. Sendo assim, venho por meio desta declarar minha recusa em aceitar um leito hospitalar ou respirador de U.T.I. caso venha a contrair uma gripezinha, mesmo que teste positivo para Covid-19. Sou blindado pelo profundo conhecimento do meu presidente/atleta e irei às ruas amanhã mesmo contra orientações da O.M.S.
    Deixo assim meu leito de U.T.I. disponível aos esquerdistas, comunistas, fazedores de balbúrdia, comedores de criancinhas e outros que não acreditam que a terra seja plana.

  17. A vida como ela está

    A vida está de pernas pro ar? Sim, está. Vamos sobreviver? Vamos sim. Tudo vai mudar daqui para frente? Aí precisamos conversar.

    Os fatos estão além da experiência e imaginação humana. Não lembro de nenhum filósofo, utopista, revolucionário, cientista social que tenha sequer cogitado tal situação. Laboratório universal para mil pesquisas interdisciplinares.

    O acaso surgiu, de forma invisível e sacudiu a terra, eis o fato. Vivemos literalmente e simbolicamente algo novo: o mundo está no limbo, no vácuo, entre o passado e o futuro. O que se erguerá após a tempestade? Aqui nós entramos. Nós os povos da terra. Estamos juntos agora.

    Precisamos ficar atentos e entrar na dança com um dos pés bem fincado ao chão, e concedendo ao outro liberdade onírica e poética, de dançar conforme a música que escolhermos.

    O primeiro dos pés nos mantém presos aos acontecimentos, encostados no movimento do real. Não nos iludamos, o mais provável de ocorrer é a retomada do status quo anterior de uma forma ainda mais dura. Mais dinheiro reproduzindo dinheiro, mais desemprego e desigualdade, mais nacional-populismo, mais destruição da nossa casa comum, enfim, eles voltarão com sede ao pote.

    Vamos com cuidado. Tem gente dizendo que o vírus é revolucionário e já fez todo o trabalho, que já destruiu o capitalismo. Não, o vírus não tem consciência de classe, é um vírus egoísta. Está sim, deixando a terra-arrasada e condições bastante objetivas para mudanças.

    Tem gente menosprezando a emergência de um estado de exceção permanente. Um Leviatã pode estar se formando em silêncio. Observem o que está acontecendo na China. As tecnologias que permitiram a eles e outros estados orientais debelar o corona. Os app´s milagrosos que a tudo vigiam. 1984 e biopolíticas viram brinquedos de jardim de infância perto do que se insinua com a conquista total da vida pelo Big Data.

    Mas o pé da imaginação pode estar a nos unir, poderemos imaginar outro mundo fundado na cooperação e solidariedade, e não se trata mais de excesso retórico. O que não era possível ontem, hoje é. O mundo como ele está nos permite disputar caminhos alternativos. Afinal unidos somos tudo. Somos a democracia, a república, a soberania, as instituições. Por que então deixar aos números do capital financeiro o poder total de decisão?

    Um programa mínimo é necessário para início de conversa. Um programa comum aos povos da terra. 1. Meio ambiente – ouvir a comunidade científica; 2. Saúde e renda mínima universais; 3. Fortalecimento em novas bases das entidades supranacionais; 4. Fortalecimento e reconstrução dos Estados nacionais sem privilégios para ninguém; 5. Regulação do capital financeiro, tendo em vista a produção.

    Enquanto isto vamos exercer a solidariedade do microcosmo, dos gestos nobres, cordiais, altruístas de lidar com o mundo como ele está. Acima de tudo vamos nos preocupar e exigir soluções para nossos irmãos mais vulneráveis, que perderam o direito até de serem explorados. São os chamados homo sacer, abandonados para morrer. Nenhuma vida pode estar no cálculo entre os meios e fins.

    Prestaremos um tributo às vítimas de todo o mundo se ousarmos fazer de nossa clausura momentânea um ato de liberdade.
    luiz cezare vieira

  18. Caro Nassif,
    Deixo aqui dois links para tentar chamar a sua atenção para o erro de apreciação que tem cometido em relação ao Prof. Didier Raoult. Chamá-lo de guru da internet foi de uma grande infelicidade, revelando um nível de desconhecimento e preconceito incomuns no GGN.

    Neste link há uma das mais recentes entrevistas com o Prof. Raoult
    https://www.breizh-info.com/2020/04/06/140616/coronavirus-reecouter-la-derniere-interview-du-professeur-didier-raoult/

    Neste outro você encontrará os dados de hoje 6/4 sobre testes e tratamentos realizados no IHU-Méditerranée (Marseille) relacionados à covid19. https://www.mediterranee-infection.com/covid-19/

  19. lembram dos meus avisos de 10 anos atraz, todos os quais eram verdadeiros?

    Compania nova no mercado: mycricket, “parceria”, entre Google e totais desconhecidos… e tudo indica, parceiros secretos.

    TUDO TUDO TUDO

    TUDO
    a respeito do software dela indica roubo, de dados, de senhas, e infeccao de computador a computador.

    Nao existe sequer um traco de honestidade nela.
    NAO INSTALEM, GENTE

    NNNNAAAO INSTALEM.

  20. Advogados dizem que Marisa Letícia tinha R$ 26 mil, e não R$ 256 mi

    Do UOL, em São Paulo 15/04/2020 19h44

    Os advogados do inventário de Marisa Letícia Lula da Silva afirmaram hoje que ela tinha R$ 26 mil em investimentos em certificados de depósito bancários (CDBs) – e não R$ 256 milhões, como afirmou o juiz Carlos Henrique André Lisboa, da 1ª Comarca de Família e Sucessões de São Bernardo do Campo (SP).

    De acordo com nota emitida pelos advogados, o magistrado confundiu o valor unitário de cada certificado com o valor unitário de debêntures de outra natureza, e acabou estimando um valor dez mil vezes maior que o real.

    Questionado, o juiz afirmou que “é vedado ao magistrado manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem.”

    A notícia de que Marisa Letícia teria investimentos de R$ 256 milhões de reais foi amplamente compartilhada, inclusive por membros do governo Bolsonaro – dois filhos do presidente, Carlos e Eduardo Bolsonaro (respectivamente vereador no Rio de Janeiro e deputado federal) e Regina Duarte.

  21. Nassif, Bolsonaro está fazendo um dossiê sobre a Rosângela Moro. Passa para o governo o trabalho que você fez sobre as APAEs. Ali tem tudo, não precisa de mais nada. Quem sabe, você pode até ganhar uma vaga no governo, no lugar do Guedes. eh,eh

  22. Capitalismo, Crise e Fascismo: Por Que Bolsonaro? (I)

    O capitalismo conquistou uma ampla hegemonia na civilização contemporânea. Lacan chegou a afirmar que, na atualidade, somos todos proletários, inclusive os capitalistas: o capital é que nos “possui”, sua dinâmica nos comanda a todos.
    O triunfo do capitalismo representou uma verdadeira mutação no campo do gozo . O homem não deseja ‘por natureza’ ganhar cada vez mais dinheiro, mas simplesmente viver como estava acostumado a viver, e ganhar o necessário para este fim (M. Weber). A homeostase do próprio organismo tende a fazer-nos conservadores…

    Ora, a civilização contemporânea subverteu esse ethos do sossego, acirrando inclinações subjetivas funcionais à lógica do capitalismo – tais como a competitividade e a ambição. Atualmente, o empuxo a “progredir” é inculcado nas crianças desde a mais tenra idade. A insuficiência de apetite aquisitivo/possessivo é tratada como falha de caráter – “acomodação”. E, para qualquer um, “viver como sempre viveu” é objetivamente impossível: a revolução tecnocientífica permanente não cessa de transformar padrões e rotinas da vida cotidiana.

    Não se inventou nada melhor do que o Mercado, até agora, para alavancar o incremento global da riqueza e do saber. Isso pode funcionar bastante bem para encobrir o desamparo da condição humana. Só que toda essa riqueza, na falta de dispositivos redistributivos – externos ao sistema -, tende a concentrar-se nas mãos de pouquíssimos, em detrimento de muitíssimos. E a dinâmica de crescimento infinito do valor já ameaça destruir as próprias condições naturais da existência humana na Terra.
    No Coliseu do Mercado irrestrito, joga-se um torneio cujas regras são: “livre concorrência” entre as pessoas, físicas e jurídicas; expansão infinita do capital, via extração e acumulação de mais valia; revolução permanente dos meios de produção; darwinismo social. As regras desse torneio, por si sós, não protegem perdedores da aniquilação.
    Uma minoria cada vez mais ínfima já nasce herdeira de (cada vez mais) capital. A esmagadora maioria só adentra o Mercado trazendo consigo sua força de trabalho. Mesmo assim, os adoradores mais cegos do sistema insistem em denominar “meritocracia” a distribuição, entre winners e losers, dos valores produzidos sob sua regência.
    A destrutividade inerente a essa máquina de gozo fica relativamente contida se (e enquanto) elementos estranhos à sua lógica lhe impõem alguns limites. Éticas e tradições “antiquadas” resistem à mercantilização do corpo humano e extermínio dos “indesejáveis”; laços sociais, estruturas de parentesco e aliança, contrapõem-se ao mandato da maximização dos lucros. Outros contrapesos possíveis provêm da ação do Estado: legislação trabalhista, social e ambiental; ou serviços públicos diversos, que ninguém precisa “merecer” para acessar.
    O capitalismo reforça sua hegemonia a cada temporada de prosperidade econômica. É capaz de promover tamanha expansão de riqueza, em seus breves ciclos de bonança, que podem sobrar migalhas para quase todos. “Isso cresce”… mais e mais! O somatório global de bens e serviços aumenta dia a dia, como numa série de Fibonacci – prometendo eternizar-se. A dança das cadeiras segue sem interrupção da música: infinita … enquanto dura.

    Mas, ciclicamente, a dinâmica do capitalismo resulta numa crise aguda – por fatores intrínsecos ou extrínsecos. A máquina da acumulação “ilimitada”de mais valia pode travar na superprodução; no desmoronamento de uma pirâmide financeira; na erupção de um Krakatoa; numa pandemia de coronavírus. Apostas fracassam; mercadoria fica sem comprador; riqueza evapora.
    Aí é que a ferocidade inerente aos jogos no Coliseu do Mercado atinge grau máximo. Em tempos de escassez, exacerbam-se os conflitos distributivos. “Farinha pouca, meu pirão primeiro!” A injunção da acumulação privada de mais valia pelos winners pode fagocitar qualquer vestígio de consideração humanitária pelos losers.
    Quando a melodia do progresso ilimitado é subitamente interrompida, o capitalismo em estado puro revela-se uma espécie de dança das cadeiras organizada pelo Marquês de Sade. Na falta de mecanismos externos de proteção aos losers, seus corpos podem ser oferecidos a todo o tipo de extorsões: abandonados à doença e à fome; forçados a ofícios degradantes; “liberados” para extração e venda de pedaços escolhidos. Há mercado para tudo: sangue, óvulos, sêmem, órgãos…
    Enfim: o discurso do capitalismo purificado, se levado a seu limite, constitui um decreto comparável à Máxima do Gozo Ilimitado de Sade: “Tenho o direito de gozar do seu corpo, pode me dizer qualquer um, e exercerei esse direito, sem que nenhum limite me detenha no capricho das extorsões que me dê gosto de nele saciar.”
    Talvez venha daí a afinidade eletiva entre capitalismo sem freios (o que chamamos hoje de neoliberalismo) e governos autoritários – alguns dos quais derivam para o fascismo. O bolsonarismo seria um caso particular desse fenômeno.

  23. Capitalismo, Crise e Fascismo: Por Que Bolsonaro? (II)

    O catecismo dos “meritocratas” atribui exclusivamente aos losers a culpa de seu próprio fracasso na arena do Mercado capitalista. Repudia dispositivos de proteção social, por considerá-los indutores de ociosidade. Enaltece as virtudes pedagógicas dos sofrimentos impostos aos sobrantes; credita a esses sofrimentos um valor de castigo exemplar – indispensáveis para aguilhoar e maximizar o empenho geral dos competidores na arena do Mercado.
    Se multidões crescentes fracassam em “se dar bem” – cada volta do jogo das cadeiras no Mercado oferece um número menor de assentos – pior para os sobrantes. “Ai dos vencidos!” “Eliminem-se os fracos!” O importante é que o jogo continue, gerando outputs crescentes em riqueza e “progresso”.
    A ideologia fundamentalista do Mercado Total exige sacrifício de todos os bens – mesmo a vida dos contendores na arena do Mercado – pelo Soberano Bem da acumulação ininterrupta. Não vemos hoje, no Brasil, em pleno auge da pandemia por Covid-19, milhares de devotos do capitalismo irrestrito em manifestações de rua, clamando pelo fim das medidas de isolamento social? Multidões tomadas por um fervor quase místico não se expõem ao vírus nessas manifestações, exigindo a “reabertura da economia” – morra quem tenha que morrer?
    Pandemia? Os pobres, os velhos, os fracos que se danem. Suas mortes são irrelevantes – senão desejáveis para fins de “seleção natural”. Os manifestantes debocham abertamente dos mortos por Covid. Exigem que se trabalhe normalmente, sem restrições nem proteção adequada – mesmo que a população adoeça e morra em massa. Nada deve perturbar o livre movimento do Mercado! Acumular mais valia é preciso… viver não é preciso!
    Sabe-se que, em tempos de crise econômica, o vírus do fascismo – pior que o Covid 19 – encontra condições favoráveis para reativar-se. A experiência demonstra que não morre; permanece latente em todo corpo social ordenado pelas “leis de ferro” do capitalismo. Os ciclos de fartura promovidos pelo sistema parecem funcionar como barreiras imunológicas eficientes à manifestação do vírus. Mas basta que a dinâmica de expansão do capital emperre, e o conflito distributivo se acirre, para eclodirem lideranças “supremacistas” – racistas, xenófobas, anticomunistas… – com seus velhos truques de sempre: eleger algum grupo vulnerável (os judeus de ocasião), e imputar-lhe toda a culpa pela disfuncionalidade do sistema.
    O fascismo sempre encontra um jeito de repaginar-se; muda de roupa conforme as estações. O judeu de ocasião pode até ser judeu; mas sua função pode ser ocupada por não importa que grupo social (muçulmanos, comunistas, negros, nordestinos, gays..). A ele será imputado o obstáculo de estrutura que existe entre a satisfação obtida e a satisfação esperada – e a culpa pelo insolúvel fracasso do capitalismo em cumprir sua promessa de gozo ilimitado.
    A complexidade da dinâmica econômica do capitalismo maduro torna os mecanismos, contradições e impasses de seu funcionamento incompreensíveis para a maioria dos sujeitos. Mas o ódio é facílimo de entender e atiçar – e produz, por si só, uma “onda”, um tipo de gozo. Trump, Bolsonaro, Moro, Steve Bannon… sabem de cor tal receita!
    O fascismo brasileiro da atualidade assumiu o rosto obsceno de Jair Bolsonaro – admirador confesso de ditadores, torturadores e assassinos. Seus acólitos mais ardentes cultuam a estupidez, o fanatismo religioso, a sujeição cega ao líder. Professam a irrelevância da vida e dignidade humana face às exigências do Mercado. A ideologia bolsonarista poderia ser traduzida nesses termos: “Há que expandir e apropriar riqueza. Os mais fortes o farão às custas dos mais fracos, por quaisquer meios disponíveis, sem que nada os detenha no cumprimento desse imperativo”.
    Quais seriam os “judeus de ocasião” designados pelo bolsonarismo, atual variante brasileira do fascismo? Inicialmente, foram os “petistas” e “comunistas” – categoria que abarcava não só filiados a partidos de esquerda, como quaisquer simpatizantes da limitação à ferocidade do capitalismo via suporte aos losers (expansão de serviços públicos, renda mínima de cidadania, legislação trabalhista e ambiental etc.). A taxação de rendimentos privados para aplicação em tais finalidades é percebida, pelos bolsonaristas, como uma heresia: pecado contra as leis sagradas do Mercado Total; apropriação indébita; corrupção; subversão da Ordem; incentivo à vagabundagem.
    Atualmente, a função do judeu pode ser atribuída a quaisquer atores sociais e políticos contrários aos arroubos autoritários do bolsonarismo. Todos esses – “inimigos da Pátria e de Deus” – estão sujeitos a linchamento virtual, quando não assassinato puro e simples.
    Como quaisquer judeus, os “petistas” e “comunistas” – em sua versão estrita ou ampliada – estão longe de ser santos. A indignação seletiva nunca falha em encontrar “boas razões” para seu exercício. É um véu muito adequado para encobrir o apego a privilégios (reais ou imaginários, pouco importa) de classe, raça, casta, gênero, etc. de seus praticantes. Mas não há perfume capaz de disfarçar o cheiro de carniça que o ódio ao “judeu”, qualquer “judeu”, exala sob o fascismo de ocasião.

  24. Capitalismo, Crise e Fascismo: Por Que Bolsonaro? (III) –

    A afinidade eletiva do bolsonarismo com seitas ditas evangélicas (entre outras correntes religiosas) talvez remonte às origens calvinistas do discurso capitalista (ver Max Weber, “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”). As teologias da prosperidade cultuam um Deus obscuro e cruel, que faz da vitória na arena do Mercado um signo supremo de predestinação ao Paraíso. O crente é chamado a prosperar, conquistar poder e riqueza, manifestando com isso a Glória de Deus. Se o conseguir, terá sido eleição divina. Pouco importa por que meios tenha triunfado: afinal, não somos todos pecadores? Deus resgata os que prefere; quem ousaria questionar os seus desígnios?
    O sucesso material do crente acaba funcionando como sinal necessário e suficiente de sua eleição. Se um pastor – exemplo para todos os fiéis – acumula e ostenta riqueza no exercício de seu cargo, manifesta com isso o poder da predestinação divina. As virtudes morais acabam ficando em segundo plano. Desde que o eleito “confesse com sua boca que Jesus Cristo é o Senhor”, sua moral pode limitar-se às aparências – só “da boca para fora”…
    Quando um alto representante da “teologia da prosperidade” é flagrado em patifarias e crimes, isso não parece abalar demasiado o seu rebanho de fiéis. Por que Deus não poderia agenciar até o pior dos pecadores para manifestar seu poder e sua Glória? Se Jeová escolheu esse pecador em particular para pregar sua palavra, em detrimento de outros; se esse pecador difundiu o Evangelho, conquistou seguidores, dinheiro e poder… quem poderia discutir os desígnios de Deus? Basta um ato público de contrição, um ritual de expulsão de demônios, etc., para que o prestígio do acusado seja restabelecido, quando não ampliado.
    De acordo com Calvino, ninguém pode conquistar a graça divina; Deus é insubornável. Cada fiel, no entanto, pode reconhecer em si mesmo os sintomas de uma possível eleição divina. Estes incluem, necessariamente: a) uma submissão incondicional aos ditames do Mercado (que se confundem com as próprias leis de Deus); b) uma incansável busca ao sucesso e à riqueza, capaz de quaisquer sacrifícios e esforços; e c) uma certeza íntima de ser predestinado à vitória, traduzida em identificação aos winners.
    Um predestinado por Deus ao sucesso, independentemente de sua posição circunstancial na arena do Mercado, terá que sentir-se o tempo todo como um winner, membro espiritual do time campeão – um verdadeiro “rico de espírito”. Cultivará antipatia pelos losers, esforçando-se para segregá-los; reafirmará ao máximo sua própria “distinção”, distância física e espiritual da “ralé”. Buscará, incansavelmente, detectar nos desafortunados os signos de inferioridade congênita – racial, intelectual, moral ou de “atitude” – que os terão, legitimamente, predestinado ao fracasso: “acomodação”, “vagabundagem”, licenciosidade, ateísmo, culto a entidades demoníacas…
    A ética religiosa conservadora, sobretudo das “teologias da prosperidade”, talvez traga pistas para a compreensão do famoso “pobre de direita”. É um winner de espírito – identificado aos vencedores na arena do Mercado, ainda que objetivamente pobre. Aferrado a uma pretensa vocação/predestinação divina ao sucesso, acredita ser possível virar o jogo até o último minuto, e reunir-se ao grupo dos eleitos – ao qual considera pertencer – por algum milagre tardio. A Deus, nada é impossível! Considera sua simpatia pelos ricos um indício, por si só, de sua predestinação ao Céu dos Vencedores. Paralelamente, identifica em sua antipatia visceral pelos miseráveis um sinal de sua não pertença à “raça” dos perdedores – seres repulsivos, predestinados por Deus à danação.
    O imenso sucesso das igrejas neopentecostais nas periferias brasileiras é um tema que merece estudos sociológicos e antropológicos mais aprofundados que estas breves anotações. Há muitos indícios de que as comunidades religiosas funcionem como redes informais de ajuda mútua entre seus membros, cruciais para a sobrevivência de muitos. Os cultos “carismáticos”, repletos de “milagres”, cenas de exorcismo e êxtases religiosos, oferecem uma satisfação libidinal direta, mais talvez que qualquer show ao vivo de música ou teatro. Os sermões de incentivo à fé e auto-estima dos fiéis têm eficácia simbólica; a doutrina da eleição divina talvez seja a ideologia mais capaz de infundir combatividade, fomentar resistência ao desalento e à capitulação, em meio aos “jogos vorazes” do capitalismo irrestrito.
    As religiões inspiradas na teologia da prosperidade conferem sentido, organizam o gozo, oferecem um sintoma prêt-à-porter, muito adaptativo às exigências da batalha cotidiana pela vida, a populações devastadas pela miséria, anomia e caos. Talvez isso ajude a explicar porque, numa favela, haja mais igrejas evangélicas prosperando que qualquer outro tipo de estabelecimento comercial.
    Mas o custo do conforto religioso, como já denunciava Freud, é a infantilização da alma, sujeição cega ao líder, e “renúncia ao pensamento”. As igrejas evangélicas forneceram base eleitoral decisiva para a ascensão do fundamentalismo do mercado e do fascismo no Brasil. O neoliberalismo, com sua política de eliminação de qualquer limite à ferocidade do Mercado Total, garante manutenção e ampliação do próprio horror, miséria, anomia e caos, contra os quais as igrejas oferecem refúgio. Apoiar o neoliberalismo, para essas igrejas, significa assegurar demanda crescente para seus serviços…
    Em resumo: neoliberalismo, como ideologia de culto ao Mercado irrestrito; teologias da eleição divina e prosperidade, fundamentalistas e moralistas; fascismos e governos de extrema direita parecem alimentar-se entre si, numa espiral que alguns reputariam demoníaca. (Marx definiu o Capital como valor que se expande, como se tivesse o Diabo no corpo!)
    Jair “Messias” (!) Bolsonaro talvez seja um legítimo produto dessa “curiosa copulação”, desse ménage à trois entre fascismo, neoliberalismo e teologias da prosperidade. Declara-se religioso; adota a consigna “Deus acima de todos”; e consegue conquistar o mais alto cargo da República – mesmo sendo ostensivamente estúpido, canalha e criminoso. Não é isso uma prova de que qualquer crente – qualquer um mesmo! -, pode tornar-se winner … desde que goze da “eleição divina”?
    O fato é que muita gente boa, trabalhadora e religiosa, aferra-se ao bolsonarismo, desconhecendo ativamente todas as evidências de má conduta por parte do seu “mito”. Não parece prudente explicar a renitência do apoio a Bolsonaro pelo recurso simplista a hipóteses de cunho moral – como a suposta ruindade prevalente entre os brasileiros, em geral, ou dos bolsonaristas em particular. A psicanálise ensina que nenhum sujeito pode considerar-se isento de inclinações más, egoísmo e crueldade, embora alguns (como Bolsonaro) pareçam efetivamente abraçar essas tendências sem nenhuma inibição…
    Um cidadão pode ser bacana, caridoso, leal a família e amigos, laborioso, etc. – e bolsonarista convicto. Fator condicionante dessa atitude pode ser uma rígida submissão aos ideais da “ordem e progresso” na organização da própria identidade. Isso pode inspirar sujeição incondicional à ordem vigente, cujo mínimo questionamento é suspeito de desencadear anomia e caos; instalação dos “winners” (desde que conservadores declarados da ordem vigente) na posição de ideais do eu; horror ao próprio desamparo, pânico do fracasso – traduzidos em apego irrenunciável a privilégios (reais ou imaginários) de classe, raça, casta, gênero etc., considerados signos de pertença à estirpe dos eleitos por Deus.
    Antropólogos, sociólogos, psicanalistas e cientistas políticos terão com certeza contribuições decisivas para melhor elucidação desse enigma: por que Bolsonaro? Isso talvez nos ocupe ainda por meses e anos. Não devemos recuar diante do horror; entender fenômenos como o fascismo e o bolsonarismo é condição indispensável para seu tratamento político.
    Curiosamente, Lacan profetizou o triunfo da religião, em alguns de seus escritos tardios. Só nos resta torcer para que a ascensão das lideranças neofascistas, em aliança com o fanatismo/obscurantismo religioso, não seja a confirmação terminal daquela profecia.

  25. O escasso realismo do Sr. Antônio, a bunda e a seringa

    Ricardo Carvalho

    Em tom grave, o Vice-presidente, Sr. Antônio Hamilton, nos alerta em artigo de ontem que está claro, a esta altura, que a pandemia que assola a humanidade não é só uma questão de saúde, é também social, econômica, política e, quem sabe ali na frente, de segurança. Temos um Sherlock no governo, diria meu filho de 10 anos.

    Por óbvio, tenho que concordar com o Sr. Antônio, exceto pelo “a esta altura”. Para aqueles que não vivem no mundo da lua, essa constatação está nas mesas de discussão e decisão desde, ao menos, o mês de março último. De todo modo, é sempre bom ver um membro do governo negacionista (gripezinha) se rendendo à realidade. Bem vindo à realidade dos fatos, Sr. Antônio – diria um eufórico otimista.

    Diante da realidade recém-descoberta, brada o agora realista Sr. Antônio: não existe solução imediata para esse problema. Agora vai detonar a cloroquina do Bozo, diria um incrédulo oposicionista vermelho comunista chinês primo do Soros, filiado ao PSDB de São Paulo.

    E mais, com uma dose extra de realismo, Sr. Antônio então fulmina: nenhum país está causando tanto mal a si mesmo como o Brasil. O Mourão agora é oposição, fulminaria também o, agora pasmo, tucano-comunista-chinês.

    Para desgosto do meu filho, do otimista e do primo do Soros, o realismo do Sr. Antônio é ralo e não resiste a três parágrafos. A partir daí, Sr. Antônio passa, a exemplo do Sr. Jair, a cultivar uma realidade própria. Todos têm culpa pelo desgoverno da crise, menos o governo deles – dizem Antônio e Jair.

    Ora, é justamente o governo deles que se furta a apresentar ações concretas para lidar com a crise sanitária, se limitando a ser contra aquelas ações propostas por governadores e prefeitos. É precisamente o governo dele que se nega a apresentar dados confiáveis sobre a realidade para embasar esse posicionamento contrário. Para o governo do Sr. Antônio e do Sr. Jair, a receita para enfrentar a crise é composta por boas doses de convicção e, acima de tudo, fé – muita fé.

    Estão querendo tirar a bunda da seringa, diria minha mãe e a MP 966.

    Rezemos todos!! Governo não temos.

  26. O trabalho do antropólogo Roberto Kant de Lima na Universidade Federal Fluminense é uma iniciativa para que segurança pública seja, efetivamente, um direito, e não privilégio de poucos brasileiros.
    Na entrevista à FAPERJ, Kant de Lima fala do impacto da desigualdade na pandemia de COVID-19, do Direito e do papel do Estado.
    http://www.faperj.br/?id=3978.2.8

    Novo coronavírus evidencia dificuldade no acesso a direitos constitucionais
    Juliana Passos

    Filas para saque do Auxílio Emergencial na Caixa Econômica Federal iniciam cedo
    em agência na Av. Paulista, em São Paulo (Foto: Roberto Parizotti/Fotos Públicas)
    Dados do contágio e óbitos de pessoas que contraíram o coronavírus têm evidenciado que, não só no Brasil, as regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ao redor do mundo registram um número expressivamente maior de mortes por coronavírus quando comparadas às áreas mais afluentes. Diante desse cenário, o antropólogo Roberto Kant de Lima não tem dúvidas da existência de duas ondas de contágio do coronavírus no Brasil. “As desigualdades cotidianas que observamos em nossas pesquisas agora se mostram de forma escancarada com a pandemia”, diz.

    Coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT/InEAC), sediado na Universidade Federal Fluminense (UFF), o professor se dedica a investigar de que maneira o Direito é aplicado e entendido dentro das relações sociais em diversos âmbitos da sociedade a partir do olhar etnográfico, em que procura incorporar as perspectivas de todos os atores envolvidos, sejam eles os sujeitos do conflito, os agentes ou operadores das instituições. Ao longo dos anos, Kant de Lima, que recebe apoio da FAPERJ para a realização de suas pesquisas por meio do programa Cientista do Nosso Estado, tem se dedicado ao estudo de temas voltados para a Antropologia do Direito e da Segurança Pública. O professor também é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

    Estudioso do sistema penal do Brasil e dos Estados Unidos, o antropólogo argumenta que a aplicação do Direito no País tem ênfase no modelo repressor, próprio de sociedades hierárquicas ou personalistas, diferente do modelo americano que é baseado em um modelo normalizador, próprio das ideologias individualistas igualitárias. Uma das consequências do modelo brasileiro é a naturalização da visão de que direitos universais seriam privilégios. Kant de Lima cita como exemplo as primeiras medidas anunciadas para o combate ao coronavírus que pediam a lavagem das mãos e isolamento em casa. “Essas medidas estão limitadas àqueles que podem trabalhar de casa, possuem moradia digna e acesso a produtos de higiene”, argumenta. “Mais recentemente os governos começaram a adotar medidas mais abrangentes, com a distribuição de máscaras e auxílio emergencial, ainda que com uma série de dificuldades, como o empréstimo de máscaras nas filas para o saque”.

    O pesquisador destaca que não se trata somente de uma falta de conscientização da população para a adoção das medidas preconizadas, mas de uma ausência do Estado em prover condições que universalizem o cumprimento das orientações. “Não falta conscientização das pessoas sobre seus direitos. Quem ficou sem renda, é autônomo, sabe que existe o auxílio emergencial. O problema é como acessá-lo”, enfatiza. Para Kant de Lima, é papel do Estado garantir que as pessoas tenham acesso ao auxílio emergencial, em vez de usar a ausência ou desatualização de determinados registros, como o Cadastro de Pessoa Física (CPF), como forma de negar direitos. “A Justiça Eleitoral é um exemplo de órgão que conseguiu aplicar a universalização. Não é algo de outro mundo. A cidade de São Gonçalo, por exemplo, teve uma experiência fantástica de um programa chamado ‘Poupa Tempo’ de retirada de documentos como Carteira Nacional de Habilitação [CNH] e RG [Registro Geral] em um só lugar”, lembra.

    A explicação de Kant para a dificuldade de acesso da população mais vulnerável a direitos já previstos na Constituição é a existência de uma sociedade bastante hierarquizada, como consequência dos períodos de escravidão e imperialismo. “No Brasil, desde a nossa Independência, em 1822, vários obstáculos se colocaram diante desta sequência clássica: a Independência não nos tornou um regime republicano, mas Imperial e semidinástico, introduzindo a desigualdade jurídica entre os brasileiros; a economia continuou, até 1888, atrelada à escravidão, fazendo com que grandes segmentos da população fossem submetidos ao direito penal e processual penal, sem serem sujeitos de direitos civis; com a República, em 1889, perpetuou-se, até hoje, essa desigualdade jurídica, de que são exemplos indiscutíveis os muitos privilégios processuais penais e administrativos que estão enraizados na legislação ordinária do País e que contemplam certos segmentos sociais e membros do governo com direitos processuais desiguais, o que implica desigualá-los, também, civilmente”, escreveu o professor em artigo em coautoria com outro pesquisador do INCT/InEAC, Lenin Pires, na revista Enfoques, publicada em 2014.

    Roberto Kant de Lima: “O Brasil é um País de privilégios. Saúde e Segurança Pública
    são direitos universais a que todos deveriam ter acesso”. (Foto: Claudio Salles/InEAC)
    Um dos exemplos mais citados nesse sentido é a existência de uma população carcerária formada por 40% de presos preventivos que se tornaram permanentes, quando a lei determina que só deveriam estar presos aqueles com sentenças transitadas em julgado em terceira instância. “O Brasil é um País de privilégios. E aqui eu não estou falando de uma desigualdade econômica, social, mas uma desigualdade anterior, uma desigualdade jurídica. Saúde e Segurança Pública são direitos universais a que todos deveriam ter acesso”, analisa.

    Entre as atividades a que tem se dedicado Kant de Lima, que também é bacharel em Direito, ao longo de vários anos com o propósito de contribuir com a mudança dessa situação, estão diversos cursos em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, da Escola Superior de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (ESPM/RJ), alguns tribunais de Justiça. Essas parcerias fomentaram a necessidade da criação de um curso de graduação presencial de bacharelado em Segurança Pública, criado em 2012. No artigo “Antropologia, Direito e Segurança Pública: uma combinação heterodoxa”, publicado na revista Cuadernos de Antropología Social, em 2013, ele escreveu que a ideia do curso surgiu com o “objetivo de formação de quadros na perspectiva da segurança pública do ponto de vista da sociedade, que possam pesquisar, formular, propor, administrar e executar ações de segurança pública a partir das teorias democráticas e nos moldes de um estado democrático de direito”. Neste mesmo ano, foi criado na UFF o curso de Tecnólogo em Segurança Pública e Social, a distância, por meio de convênio da universidade com a Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj). Alguns anos mais tarde, em 2019, foi instituído, também na UFF, o curso de mestrado em Justiça e Segurança.

  27. Boa tarde Nassif,
    Gostaria de sugerir uma entrevista com Glenn Greenwald para analisar, após um bom período, a VazaJato assim como a conjuntura das sandices governamentais nesta pandemia. Trata-se de voz calada neste momento, mas sabemos que está calado por algo grave. Enfretou a CIA, mas milícia é mais perigoso…
    Obrigado

  28. Luis,

    lembrei-me agora há pouco dos esforços inúteis da ditadura civil-militar em esconder a grave epidemia de meningite que atingiu São Paulo em 1971. Fui criado com uma menina sura e muda da qual minha mãe sempre lembrava que era vítima dessa epidemia de meningite. Postei no facebook uma referência a esse episódio, com duas fontes interessantes: o CREMESP e o Nexo Jornal. Compartilho aqui com você, meu querido.

    Grande abraço.

    Sergio de Moraes Paulo.
    https://www.facebook.com/sergio.d.paulo.9

  29. Nassif, você consegue explicar o raciocínio do presidente do PSDB na entrevista à Folha de S.Paulo?

    O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo disse:

    “Bolsonaro é resultado do impeachment? Claro que sim, como é um resultado da própria participação do Supremo num episódio que foi um elemento para isso também. Mas isso tem que ficar para o aprendizado e livro de história”.

    Mas, “Uma coisa eu posso afirmar: a decisão do afastamento da presidente Dilma Rousseff foi correta porque o país não iria aguentar o caminho que seguia do abismo econômico, social e de descrença interna e externa”.

    “O preferível é que possamos chegar com um grau de naturalidade ao processo das eleições de 2022.”
    Disso se deduz:

    1) A ação do STF foi errada.
    2) A ação do STF gerou o afastamento da Dilma.
    3) O afastamento de Dilma foi correto porque o país não aguentaria: “abismo econômico, social e de descrença interna e externa”.
    4) O atual governo não está levando o país ao “abismo econômico, social e de descrença interna e externa” e, por isso, “o preferível é que possamos chegar com um grau de naturalidade ao processo das eleições de 2022.”

    Em que mundo vive o presidente do PSDB? Na terra plana?

  30. Não se iludam, o inimigo das forças armadas não é a corrupção nem os milicianos é à esquerda.
    Muitos elementos, que se chama de pequena burguesia, como bem descrito nas obras de Jessé Souza, por indigência política ou mesmo por procurar manter suas prerrogativas de classe, acham que a corrupção, os vínculos do governo como milícias criminosas são o foco da luta contra o atual governo. A partir dessa visão fantasiosa e moral dessas pessoas que se alinham no chamado seguimento progressista, acham que o governo atual deveria cair devido ao seu comprometimento com o crime, que no fundo é uma realidade.
    Porém essas mesmas pessoas que acham os crimes dos atuais governantes incompatíveis com a democracia, são saqueadas regularmente pelos bancos que os cobram taxas que ultrapassam em milhares de vezes qualquer roubalheira que foi feita nas últimas décadas pelo sistema financeiro, aceitam esse roubo do sistema financeiro porque conseguem em determinadas épocas de suas vidas acumularem algum dinheiro nessa ciranda financeira tendo um lucro irrisório que é uma pequena fração do que lhes é roubado ao longo de sua vida. Ou seja, como Jessé diz e prova claramente nas suas obras que os maiores roubos são feitos no Banco Central e não pelos batedores de carteira da classe política.
    Como a baixa oficialidade das forças armadas pertencem a essa classe, a pequena burguesia, também entram na mesma lógica, mas se iludem com outro espantalho que é apresentado continuamente desde a primeira metade do século XX, o comunismo.
    Para essa baixa oficialidade que segue a mesma ilusão do resto da chamada pequena burguesia, mas sofre continuamente um propaganda anticomunista que começa já no início do século XX e continua com a mesma intensidade, pois na realidade as verdadeiras forças de esquerda querem simplesmente acabar com a sociedade dividida em classes e para esses militares significa no seu imaginário a extinção da sua posição de domínio perante o resto da população. Ou seja, essa baixa oficialidade, não pelo sentido de pertencimento da pequena burguesia, mas pela perpetuação de seus privilégios quanto forças armadas, aceitarão os roubos de um governo ou vinculação a esquemas criminosos em nome dos benefícios corporativos que lhes são garantidos, que poderão por um esquema até determinado ponto meritocrático talvez alçar parte da baixa oficialidade ao banquete dos generalato que conseguirá uma posição econômica extremamente favorável ao lado da burocracia estatal dos legislativos e judiciários nacionais, ultrapassando outras categorias que tem melhor formação, mas que não são armadas.
    Se estivéssemos numa situação de estabilidade econômica e com um crescimento mínimo necessário para manter os privilégios monetários, a reprodução desse esquema seria mantido para sempre, porém o que vemos com a atual conjuntura econômica em que a sociedade brasileira será simplesmente sangrada pelo capital internacional com uma proletarização da pequena burguesia, haverá um pequena problema contábil nessa conta, não haverá dinheiro para todos, principalmente para as polícias militares que são pagas pelos entes da federação praticamente falidos, os estados.
    As táticas da Teoria Monetária Moderna (MMT) que já estão sendo empregadas nos países do primeiro mundo através do que se vem a caricaturar como o dinheiro jogado de helicóptero, poderia no curto e médio prazo ser compensada por uma taxação maciça sobre os ganhadores da crise, o capital financeiro, porém como a lucratividade da grande burguesia, a que verdadeiramente comanda o mundo, é obtida pelo lucro fictício ou lucro financeiro, não haverá essa taxação, logo para recuperar a economia sobraria somente dois caminhos, as guerras ou a inflação. Como a supremacia militar das grandes potências imperialistas começa a mostrar fragilidades o mais simples para recuperar a capacidade de investimento do grande capital seria a imposição de uma inflação ao nível planetário.
    Essa inflação chegará de forma diferenciada nos países imperialistas dos países dependentes, nos primeiros haverá uma pequena perda de poder de compra das classes trabalhadoras e intermediárias enquanto nos países dependentes essa queda do poder de compra será fatal para parte da população que está próxima ao nível da pobreza, ou seja, quantidades imensas do que foi chamado da pequena burguesia.
    O empobrecimento abaixo da linha de sobrevivência levará quantidades imensas de pessoas ao nível insustentável de vida, que por mais que sejam compensados os quadros médios das forças armadas e das polícias militares, as condições familiares levarão a revoltas nesses setores e a culpabilização dos comunistas por esse fenômeno não satisfará ninguém, pois no comando dos executivos estaduais e federal estão na mãos da direita e não da esquerda.
    Resumindo, nos próximos dois ou três anos, o discurso das oligarquias associadas ao capital internacional, não será operacional e pode-se se esperar grandes confrontos de massa entre os governos e o povo.

  31. Coronavirus “long haulers”, mais uma preocupação sobre o Covid-19.
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    Enquanto se está na fase de crescimento da epidemia do Covid-19 no Brasil, a maior preocupação são as pessoas que exigem internação hospitalar e algumas vezes longos períodos e uso de ventiladores. Essas pessoas estão lutando entre a vida e a morte, porém estão surgindo nas regiões que o número de novos casos está chegando a zero ou mesmo eliminando-se por completo o surto viral que são os outros efeitos do Covid-19 que não eram importantes nessa luta para se manter a vida.
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    Há dois efeitos que começam a ser destacados neste processo recuperação à pior fase da infecção, os problemas graves causados no pulmão, que com a “tempestade de citocinas” que geram sérios problemas pulmonares, causando fibroses que poderão continuar a progredir mesmo sem o vírus. O segundo grande problema é da recuperação de longo prazo que em inglês criam os “long haulers”, ou “portadores de longo tempo” (uma tradução completamente capenga de alguém que não sabe a expressão equivalente em português), que envolve sintomas relativamente graves que impediram e impedem várias pessoas a voltar a atividade normal por mais das duas semanas em que se supunha que a carga viral desapareceria e tirando as sequelas incomodam e invalidam os já não infectados.
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    Este tipo de sintoma é relatado inclusive por médicos especialistas em doenças virais, como o Dr. Paul Garner, professor de doenças infecciosas na Escola de Medicina Tropical de Liverpool, relatado como um artigo de opinião no British Medical Journal – “Paul Garner: For 7 weeks I have been through a roller coaster of ill health, extreme emotions, and utter exhaustion” -, ou pelo Dr. Scott Krakower, médico psiquiatra no NBC News (Coronavirus ‘long haulers’ are sick for months. This doctor is one of them). O primeiro sofreu um longo período de 7 semanas e o segundo que tendo sido infectado em abril ainda sofre com a doença.
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    Esses “long haulers” podem que começam a ficar numerosos, ocorrem em pacientes relativamente jovens e com boa saúde, cerca de três em cada cinco têm entre 30 e 49 anos segundo artigo de Ed Yong no The Atlantic de 4 de junho (COVID-19 Can Last for Several Months – The disease’s “long-haulers” have endured relentless waves of debilitating symptoms—and disbelief from doctors and friends), e muito deles com a doença de intensidade baixa em que não há necessidade de internação
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    Em resumo, podemos encontrar diversos artigos ainda não revisados por pares, devido a seu aspecto inédito e recente, ou mesmo em revistas internacionais não científicas, porém sérias, como:
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    Covid-19 “long-haulers” find a community online (https://www.vox.com/2020/6/26/21301806/covid-19-online-support-group-body-politic-long-haulers-coronavirus)
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    “Finally, a virus got me.” Scientist who fought Ebola and HIV reflects on facing death from COVID-19 (https://www.sciencemag.org/news/2020/05/finally-virus-got-me-scientist-who-fought-ebola-and-hiv-reflects-facing-death-covid-19)
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    Ao se ler esses artigos sente-se um gosto amargo na boca, pois a falta de isolamento social e tendências de contar com soluções do tipo imunidade de rebanho, pode-se estar levando uma geração inteira a condições de deficiências físicas leves até sérias, que causarão uma perda considerável na capacidade produtiva do Estado que adotar esse caminho e um custo social altíssimo causado pelo novo coronavírus.
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    Para ainda tem dúvidas sugiro que constatem por si mesmo, lendo alguns artigos citados para se dar conta do perigo da política de imunidade de rebanho.

  32. Este texto foi postado no meu site no dia 27/12/2020. Clique no link para ver mais detalhes, inclusive imagens http://www.endodontiaclinica.odo.br/quem-e-a-vitima/

    Quem é a vítima?

    Por Ronaldo Souza

    De repente Gerson irrompeu no gramado como que atingido por um raio, despejando toda a indignação do mundo.

    Acusava o desconhecido jogador do Bahia, Índio Ramirez, colombiano, de lhe ter dito; “cala a boca, negro!”

    Que sensação deve sentir uma pessoa nessas horas?

    De ira, claro, dirão muitos, quem sabe todos!

    Mal terminara o jogo, eram os mais diversos possíveis os comentários em apoio a Gerson, vítima de injúria racial.

    O próprio presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, ligou pessoalmente prestando toda solidariedade a ele. Além disso, a nota oficial do Bahia dizia “que é indispensável, imprescindível e fundamental que a voz da vítima seja preponderante em casos desta natureza”.

    Nenhum outro apoio poderia ser mais emblemático do que esse.

    Nada mais justo, afinal, sob qualquer perspectiva, o racismo é altamente deplorável e condenável.

    Assim, entendendo a sua posição e o papel que lhe cabia, o Bahia prestava solidariedade à vítima.

    Por entender perfeitamente o que lhe cabia fazer, o Bahia também tratou de afastar o acusado, o seu jogador, Índio Ramires, das atividades do clube.

    O prejuízo era enorme, pois, como reconheceram narradores e comentaristas de diferentes emissoras, Ramirez foi decisivo no jogo.

    Mais importante, porém, do que a qualidade técnica demonstrada, importantíssima para as próximas partidas, o Bahia entendeu que afastá-lo era recomendável, até para preservá-lo.

    Naquele momento, ao afastá-lo, o Bahia não estava aceitando o veredito de culpado, já emitido pela imprensa e pelo Flamengo. Muito menos o estava acusando, pelo contrário. Ao entender que sua missão teria que ir além do gramado, afastou-o, mas, de imediato, foi prestado ao jogador o devido acompanhamento psicológico.

    O Bahia mostrava que suas ações sociais, através do Núcleo de Ações Afirmativas, não são “da boca pra fora”. A compreensão demonstrada por sua diretoria, tendo à frente o presidente Guilherme Bellintani, do momento que se vive mostrava porque esse clube hoje é reconhecido nacional e internacionalmente como o mais progressista do Brasil.

    O pesadelo

    No início da semana após o jogo, Flamengo e Gerson compareceram à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância para o depoimento de Gerson e abertura de inquérito de investigação.

    A queixa era de injúria racial, que teria sido cometida por Ramirez contra Gerson.

    Ao mesmo tempo em que abria o inquérito, o Flamengo encaminhou o processo ao STJD e à polícia e contratou peritos para fazerem a leitura labial e elucidar o que de fato teria sido dito.

    O mundo desabava sobre a cabeça daquele garoto de 23 anos que saíra da Colômbia, seu país, para construir um futuro nesse imenso país/continente, o Brasil.

    Diante das câmeras e microfones do mais poderoso sistema de comunicação do país, os dois peritos confirmaram a injúria racial; a palavra “negro” tinha sido pronunciada.

    Estava confirmada a injúria racial.

    Levada com grande ênfase aos quatro cantos do país e provavelmente além do nosso jardim, antecipavam-se julgamento e condenação do jovem jogador.

    O que deve passar nessas horas na cabeça de um garoto de 23 anos que se vê diante de um inquérito policial de injúria racial aberto contra ele, recém-chegado a um país inteiramente desconhecido?

    Terá sentido o peso da veemência do julgamento e condenação antecipados que parte da imprensa e da sociedade promoveram?

    Como seria a justiça desse país/continente em que ele imaginara viver o seu sonho?

    Ela, a justiça brasileira, se deixaria levar pela força do quarto poder?

    Ela, a justiça brasileira, se permitiria ser influenciada pelo poder daquele que é tido como o mais importante e querido clube do país?

    Ela, a justiça brasileira, em algum outro momento teria tido experiência ou conhecia algum episódio de condenação sem as devidas provas?

    Qual seria a postura dos torcedores? Apoiariam a sua condenação por convicções pessoais e não provas?

    Qual seria a postura do clube que o contratara? Teria coragem e iria enfrentar um processo que nem sempre corre nos trilhos?

    Sonhos não morrem

    No horizonte sombrio, o Flamengo tinha surgido com o que parecia ser a evidência final: uma discussão entre Ramirez e Bruno Henrique, outro jogador do rubro negro carioca, na qual os peritos do Flamengo afirmaram ter havido a injúria racial.

    Ao mesmo tempo em que “surgiam” evidências mais fortes, dessa vez “comprováveis”, desapareciam do cenário aquelas que deram início a todo o processo e que condenavam o jogador do Bahia. É que nada que comprovasse a injúria racial de Ramirez a Gerson, absolutamente nada tinha sido encontrado.

    Nada se confirmara.

    E isso trazia prejuízos claros ao julgamento/condenação já perpetrado.

    Para Flamengo e Gerson, as esperanças de confirmação repousavam agora na ríspida discussão de Bruno Henrique com Ramirez.

    Foi aí que entraram em cena os peritos contratados pelo Flamengo, que afirmaram que Ramirez teria dito sim a palavra “negro”.

    Estavam salvos.

    Havia, porém, um detalhe que não tinha como deixar de mencionar; o comportamento xenofóbico (crime com a mesma pena do racismo) por parte de Bruno Henrique ao chamar Ramirez de “gringo de merda”.

    Para o torcedor, e o Flamengo se tornara um, o “jogo” estava empatado.

    1 X 1.

    A injúria racial de Ramirez contra Bruno Henrique (e não contra Gerson) versus a xenofobia de Bruno Henrique contra Ramirez.

    Não estava.

    O próprio Bruno Henrique tratou de negar a nova “prova” do Flamengo, ao dizer que em nenhum momento ouviu a palavra negro.

    E esta era também a primeira desqualificação dos peritos contratados pelo time carioca, que afirmaram ter havido a ofensa a Bruno Henrique, a nova vítima do time do Ninho do Urubú, o belo centro de treinamento do mais querido.

    Na sequência viria outra.

    O INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) fez um comunicado à imprensa dizendo entre outras coisas o seguinte: “O INES, a despeito de possível expertise que possa vir a ter qualquer um de seus servidores, não possui a competência para se manifestar sobre questões que requeiram habilidades de leitura labial” .

    Por sua vez, o Bahia fez quatro laudos periciais, dois dos quais com peritos com experiência internacional e forense. Foram todos taxativos em dizer que nada que comprovasse a injúria racial que teria sido cometida por Ramirez foi encontrado. Ao mesmo tempo, afirmaram que houve injúria xenofóbica por parte de Bruno Henrique.

    Que sentimentos entram em jogo numa partida com aquela intensidade, inclusive de emoções que vão em direções completamente opostas?

    Qual o tamanho da sensação de perda em um jogo com aquelas características e que recursos podem ser, já foram e ainda serão utilizados no futebol para reverter situações assim?

    Qual o tamanho dessa perda e o que ela pode representar diante da proximidade de uma eventual e esperada conquista de um título?

    Há quem possa saber e controlar o que dita o inconsciente de cada um dos que vivem esse processo?

    Que sensações poderão ter passado pela mente de Gerson naquele momento em que seu time parecia ter assegurado a vitória com extrema facilidade e de repente sofre uma virada com aquela força e qualidade, que pode desorientar qualquer adversário?

    Foi altamente frustrante ver as análises feitas pela nossa imprensa.

    Foi altamente decepcionante perceber mais uma vez a incapacidade de vários jornalistas e repórteres em analisar manifestações que deixavam de pertencer ao futebol, por refletirem algo que, apesar de acontecerem com muita força também no futebol, encontram em outras esferas do comportamento humano a sua explicação.

    Mostraram-se pequenos outra vez e sem nenhuma inteligência e sensibilidade estiveram a poucos passos de interferir de maneira desastrosa na carreira de um jovem jogador de futebol.

    Teria Ramirez, um garoto de 23 anos, lido ou ouvido em algum lugar que sonhos não morrem?

    Sonhos não morrem, Ramirez!

    Sonhos não podem morrer.

    Morrendo, morremos todos e cada um de nós.

    Que bom que você, no que deverá ser um dos piores momentos de sua carreira ainda na fase inicial, está em um clube cuja diretoria demonstra possuir essas coisas chamadas inteligência, sensibilidade, serenidade…, tão em falta nos tempos que vivemos.

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