Fundo de empresários para eleger 70 a 100 deputados pode ir à Justiça

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Reprodução do documento de anúncio do Fundo, apontando o presidente da França, o banqueiro Emmanuel Macron, como exemplo a ser seguido
 
 
Jornal GGN – O Fundo Cívico Para a Renovação da Política, uma proposta de bolsas de estudo para interessados em candidaturas no Legislativo, com apoio do apresentador de televisão e um dos cotados a presidenciável Luciano Huck, deve ser questionado na Justiça. 
 
O deputado Jorge Solla (PT-BA) enviou um pedido à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para investigar se o tal “FundoRenovaBR”, criado por um grupo de empresários, tem outros objetivos, além da proposta. Para ele, é possível que “o grupo empresarial liderado por grandes empresários pretende se organizar, por uma pessoa jurídica – Fundo Cívico, para burlar a Lei [de doações]”.
 
Enquanto a apuração é feita, o parlamentar pede que “seja expedida determinação pela imediata suspensão da criação do Fundo Cívico, direcionada aos seus idealizadores”. Além de Luciano Huck, também faz parte do fundo o empresário Eduardo Mufarej, sócio da Tarpon Investimentos e CEO da Somos Educação, o publicitário Nizan Guanaes, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga e o empresário Abílio Diniz.
 
Divulgado no fim de setembro, o objetivo do movimento é “promover a renovação do Congresso Nacional” e com frases como “a política brasileira faliu”, “falta de representatividade”, “crise de credibilidade”, entre outras, defende que “há gente nova e séria querendo mudar o jogo”, faltando apenas “articulação e recursos”.
 
Para isso, o movimento formaria “uma estrutura de apoio que selecione, treine e impulsione, acelerando o lançamento de novas lideranças políticas”. A suposta triagem passaria por valores como “democracia”, “ética” e “vontade de servir à sociedade”. Até o dia 7 de outubro, o Fundo comandado pelos empresários pretende realizar uma convocação pública, iniciando os trabalhos em janeiro de 2018 até 16 de agosto, quando tem início a propaganda eleitoral e o fundo arrecadaria doações de pessoas físicas para os candidatos selecionados [leia abaixo]. 
 
A meta do grupo de empresários é eleger de 70 a 100 deputados federais nas eleições do próximo ano.
 
Entretanto, o parlamentar Jorge Solla (PT-BA) acredita que há outros interesses neste Fundo, possivelmente por parte dos próprios organizadores, como Luciano Huck. Por isso, pediu à PGR uma série de documentos: “cópia de protocolos de intenção, atas de reuniões de fundação, contrato social, formulários de cadastro, e todo tipo de documentação produzida para o funcionamento do Fundo Cívico”.
 
“Ao final, seja instaurado o inquérito civil para apuração dos fatos, garantida a ampla defesa e o contraditório, com a abertura de processo, visando impedir a criação do Fundo Cívico Para a Renovação da Política”, solicitou o deputado.
 
Leia, abaixo, a proposta do Fundo Cívico Para a Renovação da Política e a petição enviada à PGR:
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

13 Comentários

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  1. Olhem só o naipe dos

    Olhem só o naipe dos “empresarios” proponentes desta empreitada..

    Não é necessário nem verificar  folha corrida de cada um.

    Eles propoem renovar o congresso nacional , mas querem fazer

    a triagem, treinar e impulsionar as candidaturas.  Só isso??

    Mas esse não era o papel executado pela JBS e outras?

    Esses caras pensam e apostam na cegueira do povo.

  2. Eduardo Cunha fazendo escola…

    O Eduardo Cunha financiou as eleições de cerca de 150 deputados. Ou seja, se esse projeto vingar o Congresso Nacional não vai mudar nada. O que vai mudar serão os nomes dos parlamentares mas os setores que deram o golpe continuarão a mandar no país.   

  3. Brasil no fundo

    Olha que iniciativa notável, que exemplo de civismo!

    Um fundo patrocinado por empresários onde  cada um poderá eleger um deputado pra chamar de seu.

    É a  garantia de candidatos bonitos, limpinhos, preparados e com o “perfil adequado”, onde não haverá o perigo de se eleger candidatos PPPs perigosos ou destreinados.

    Democracia é isso.

    O povo é que atrapalha um pouco.

  4. Fundo dos amigos milionários

    Tendo como base os envolvidos nesse fundo, é possível imaginar o tipo de representantes que eles querem no Congresso.

    E qual seria o conteúdo do “cursinho” de formação de deputados? Artigos deste tipo, é claro, não poderiam faltar:

         – Paulo Ghiraldelli – Sem a Rede Globo nosso país seria mais provinciano e mais ignorante

         – Leandro Marcondes – O capitalismo não gera pobreza

         – Felippe Hermes – 5 razões por que deveríamos acabar com o FGTS, o 13º salário e o INSS

         – Rodrigo Constantino – Privatizem a Petrobras!

         – Guido Orgis – Corrupção é um bom argumento para a privatização dos bancos públicos

    E como seria o slogan dos candidatos?

         – Político bom é amigo do banco. Globo e Dep. fulano, a gente se vê em Brasília. etc.

    É impressionante a capacidade desse pessoal de copiar idéias extrangeiras, moldá-las segundo o que lhes interessa e tentar aplicá-las aqui. E é impressionante a capacidade desse Luciano Huck de achar que a sociedade é tão trouxa quanto os telespectadores de seu programa. Não é a primeira vez que ele se envolve em algo moralmente e legalmente questionável.

    A proposta desse fundo indecente significa que a globo e seus aliados empresários querem, além de um representante no planalto, uma base sólida de apoio no Congresso para defender seus interesses. Já que não está funcioando mais os colonistas e jornalistas do PIG, pois o público está cada vez mais escapando das mão deles. Então é preciso uma outra modalidade de manipulação para chegar ao poder e continuar parasitando o país, não é?

  5. Empreendedores do Charlatanismo

    Esse grupo de “empreendedores” são pilantras que querem destruir a soberania nacional e acabar com o que restou de direitos sociais. Eles pretendem oficializar a volta do Brasil à situação pré 13 de maio de 1888. Eles são golpistas, canalhas e charlatões.

  6. O parlamento atual

    Já é composto, em sua maioria,   pelos  latifúndios , banqueiros, empresários etc ., devido à grande obra do PMDB , nas pessoas do Cunha e do ilmo. atual presidente da república e seus “Homens do Presidente”.

    Com mais esses 4 homens de Ouro, elegendo algumas categorias faltantes, ou em pequeno número ( da Casa Grande) , está selado o destino do país.

    Adeus PT , PSol , PDT, PSTU , alguns do PSB, rede,etc.

    O PT foi somente um “Sonho de uma noite de verão !.

  7. Fundo ou quadrilha?

    Qual boa  intenção que faz com que se juntem alguns ricos empresários, e alguns até ricos inexplicavelmente, para teantar eleger amigos seus a cargos políticos que podem lhes dar benefícios imensuráveis?

    Isso acontece simultaneamente às investigações das várias quadrilhas que ocuparam e continuam ocupando esses mesmos cargos tão almejados por homens que pensam que vão enganar o povo brasileiro para ter suas eternas vantagens.

    Todos esses “probos” empresários deveriam ser investigados pela PF, pelo MP, com a mesma intensidade com que investigaram e continuam investigando o ex-presidente LULA, e certamente teremos mais algumas Lava Jatos que encherão novas celas de presídios.

     

  8. Muito boa a iniciativa.
    Na

    Muito boa a iniciativa.

    Na verdade, quem deveria fazer o mesmo deveria ser os partidos políticos. Quem adere ao partido político deveria ter identidade com a legenda, e a legenda deveria só aceitar aquelas pessoas que tenham identidade.

    Ninguém nasce sabendo governar, sabendo legislar. A iniciativa de se ensinar as pessoas como se portar como vereador, prefeito, deputado, senador, governador e presidente pode, realmente, elevar o nível dos nossos políticos.

    Não se trata de um fundo para angarias dinheiro para as candidaturas, mas sim um fundo para se educar os postulantes a cargos legislativos.

    Vivemos numa democracia. A doutrinação ideológica é legal, desde que feita às claras e em pessoas maiores de idade e não em crianças e feitas de forma dissimulada.

     

  9. ora!

    onde tudo é mercado, inclusive a vida, este é apenas mais um fundo de investimentos.

    já existe algo parecido na matriz, que, aliás comprou todo congresso de lá.

  10. Trata-se de uma copia dos

    Trata-se de uma copia dos PAC-Political Action Committee americano, que são canais para financiar candidaturas.

    Seguindo o mesmo modelo seria possivel criar o FUNDO CIVICO DA ENGENHARIA NACIONAL, pelo qual empreiteiras financiariam candidaturas, FUNDO CIVICO DA PESQUISA AGROPECUARIA, pelo qual se financiariam candidatos ruralistas.

    Esse Fundo precisa ter um CNPJ para ter conta em banco e portanto seria um financiamento empresarial, vedado pelo STF.

    Os nomes dos doares são de assustar, só falta o George Soros.

  11. FUNDO CÍVICO –  QUÊ

    FUNDO CÍVICO –  QUÊ MARAVILHA!   VÃO SER SAFADOS E CÍNICOS ASSIM NA PQosP !

    O garoto propaganda da Globo e seus pares, são de vocação ideológica redutora, onde valor só se consubstancia, naquilo que tem preço. Tudo se resume a mercadoria. Portanto: tudo, inclusive a mãe, são objetos-mercadoria que, deve e pode, ser disponibilizados ao mercado de compra e venda.

    Na visão de mundo de tais bípedes, indivíduos primários de colarinhos brancos. Tudo, seja móvel ou inanimado, solido, líquido ou gasoso. Ou seja: absolutamente tudo, sem a menor restrição, são comódites (mercadorias) sujeitas ao sobe e desce das Bolsas de Mercadorias, e ponto.

    Portanto, no caso em apreço, não vislumbro algo que possa agasalhar algum tipo de estupefação. Além do mais, ao que se tem conhecimento o frangote huck da globo, ainda nem disponibilizou as fémeas* da família ao mercado. Quiçá, aguarde a recuperação dos preços das comódites no mercado internacional.

    Orlando

    * Peço a atenção dos politicamente corretos. Por favor. Não sou eu, quem considera criaturas humanas como mercadoria, muito menos, como “mão de obra.”

     

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