Genoíno vê inflexão de Lula ao Centro com ressalvas: “tem que ter cuidado”

"A gente não deve ter ilusão numa frente ampla. Eu defendo uma aliança pontual e episódica", diz o ex-deputado em entrevista exclusiva a Luis Nassif, na TVGGN. Assista

Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara

Jornal GGN – O ex-deputado federal José Genoíno (PT) vê com ressalvas a inflexão de Lula ao Centro, num movimento para ampliar alianças políticas e derrotar o bolsonarismo na eleição presidencial em 2022. Em entrevista exclusiva a Luis Nassif, na TVGGN, o ex-presidente do PT disse que “essa ideia do Lula ir para o Centro, tem que ter cuidado“.

“Temos uma base social empobrecida, revoltada, descontente, morrendo de Covid ou de fome, desempregada e sem esperança. Ou a esquerda se conecta com essa base, criando essa esperança e um futuro, ou então isso pode espirrar.”

Genoíno citou como exemplo a situação da esquerda no Peru. O candidato Pedro Castillo, que tem reais chances de vencer a direita representada por Keiko Fujimori, é um candidato de esquerda, porém “conservador e obscurantista”. “Temos que tirar lições para cá. A grande candidata que poderia ganhar a eleição no Peru, que é de uma ‘esquerda iluminada’, era a Veronika [Mendonza]. Mas a Veronika fez um movimento ao Centro para tentar ganhar no primeiro turno. Na hora que ela se deslocou para o Centro, a juventude, os camponeses foram todos para o candidato mais à esquerda, mas que tem posições fundamentalistas.”

O ex-deputado defende que o PT se reposicione “numa renovação da sua estrutura, numa desburocratização, numa frente popular democrática à esquerda. A gente não deve ter ilusão numa frente ampla. Eu defendo uma aliança pontual e episódica. Por exemplo, na CPI da Covid e na pandemia, que haja alianças pontuais, mas permanentemente isso não dá, porque o Centro concorda com o programa econômico do Bolsonaro. Todos sabem disso.”

Para Genoíno, o PT hoje está fazendo “um esforço e um investimento para se renovar”. Tem consciência sobre suas limitações e dificuldades nas redes sociais, por exemplo, e reconhece que se afastou da sua base social quando esteve no poder. Para além disso, precisa descobrir como resolver o “antipetismo estrutural dentro da cabeça das pessoas”, que foi construído ao longo de 15 anos de ataques ininterruptos durante a cobertura da grande mídia sobre os governos Lula e Dilma.

“No meu modo de entender”, diz Genoíno, Lula tem propriedade para fazer as “costuras” necessárias. Mas as alianças não podem ser “mero acordo eleitoral”. “Tem que ter consistência mínima para emplacar os programas”. “O que está faltando ao País, é elaborar as diretrizes de um projeto nacional que dê conta das diversidades, da democracia radical, dos direitos, do papel do Estado, da tributação dos mais ricos – que é questão central para financiar as políticas públicas – e da soberania nacional.”

Ainda segundo Genoíno, a CPI da Covid no Senado “está fazendo um trabalho brilhante” exibindo os erros e omissões do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia, mas isso não basta. “Sem povo mobilizado, nossa capacidade de resistência é limitada.”

Assista à entrevista abaixo:

Redação

3 Comentários

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  1. Lula sendo Lula! Viverei para ver Lula e Temer no mesmo palanque de mãos dadas e isto poderá acontecer já no ano que vem…

  2. Esse “Cabra” é um dos integrantes mais inteligentes do PT e um dos homens mais íntegros que conheci,merece de minha parte respeito e admiração por ser esse “cabra” um grande Brasileiro sobrevivente da melhor geração nascida nesse País.

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