Governistas e Gilmar defendem reforma política com lista fechada

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

 
Jornal GGN – O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), foi o primeiro a tornar públicos os avanços nos bastidores do Congresso de uma tentativa de reforma política com previsões que devem favorecer alguns parlamentares. Antes do almoço na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), neste domingo (19), junto a Aécio Neves (PSDB) e outros políticos, o peemedebista já anunciava a defesa da chamada lista fechada.
 
A justificativa dos parlamentares, sobretudo daqueles que entram agora para a mira da Operação Lava Jato, por meio das delações da Odebrecht, é de que o modelo de financiamento eleitoral não funciona mais e o sistema de lista fechada economiza recursos de campanha, que vão para o partido e não para cada um dos candidatos.
 
No modelo atual, de lista aberta, os candidatos são votados individualmente e também movimentam contas separadas e desproporcionais, ainda que dentro de um mesmo partido. Na lista fechada, são as siglas que apresentam os nomes dos candidatos em uma ordem. Após a votação nos partidos, os candidatos da lista ocupam as cadeiras de acordo com essa lista definida.
 
Eunício argumentou que o modelo é o mais adequado porque não permite que líderes partidários distribuam recursos do fundo de forma desigual entre os candidatos da mesma sigla. Por outro lado, se o senador apontou a injustiça dentro do mesmo partido, a lista fechada também promove uma desigualdade, uma vez que os líderes favorecem deputados e senadores da atual legislatura para assumirem os primeiros postos da lista.
 
“A lista pré-ordenada muda o patamar, dá uma nova visão daqui para frente. Vai moralizar e fortalecer os partidos, porque o eleitor vai votar naquele com o qual tem afinidade ideológica, e despersonalizar a política”, também defendeu o senador.
 
Este seria um dos principais itens da reforma política analisada pelos parlamentares. Já na casa de Rodrigo Maia, o tema voltou à mesa, pensando ainda no pós: de que, para 2018, os atuais eleitos terão prioridades nas listas.
 
“Acreditamos que a solução será estabelecer que, nesta primeira eleição, em 2018, os deputados terão prioridade na lista”, já admitiu o presidente do DEM, senador José Agripino.
 
No encontro de domingo, não apenas o presidente da Câmara e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) compareceram para defender a tese. Também foram convidados o ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy (PSDB), e o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (STF), Gilmar Mendes. 
 
Logo após conversar com os parlamentares, Gilmar se reuniu com o atual presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu. “Não adianta nada falar de criar um sistema público de financiamento com o sistema que temos hoje de lista aberta”, defendeu o ministro.
 
Caso o sistema passe a valer, levantamento do Broadcast Político mostrou que os atuais investigados e citados na Operação Lava Jato são líderes ou comandam nove dos 10 partidos com maiores bancadas na Câmara dos Deputados.
 
Dessa forma, eles terão influência de peso na escolha dos que terão prioridade nas listas partidárias fechadas.
 
Assine
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Office-old tucano…

    … porta-voz alçado à tribuna.

    Claro que lista fechada é uma boa! É a bóia de salvação pra quem tá com as calças na mão e quer se salvar daquilo que as urnas vão promover. É descarado.

    Já tô ficando com saudades daquela ideia do voto vinculado.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador