Governo quer superar clima de pessimismo e ampliar diálogo, diz Edinho Silva

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Da Agência Brasil

Por Luana Lourenço

Um dia após a terceira série de manifestações pelo país contra o governo da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, informou hoje (17) que a mobilização de ontem (16) foi vista como “um fato natural dentro da normalidade democrática” e que o governo está trabalhando para superar as dificuldades que levaram os insatisfeitos às ruas.

Edinho Silva evitou comentar os pedidos de impeachment da presidenta Dilma durante as manifestações. De acordo com o ministro, neste momento, o governo está mais preocupado com a agenda positiva e a retomada do crescimento da economia. Edinho Silva destacou a ampliação do diálogo do governo com o Congresso Nacional e com os movimentos sociais, ressaltando que é preciso superar o clima de “pessimismo” sobre a atual situação política e econômica do país.

“O governo tem lidado com as manifestações como fatos naturais de um regime democrático. Tem lidado com esses fatos dentro da normalidade democrática, e assim vamos continuar fazendo. Reconhecemos a importância da mobilização de ontem, mas o governo continuará trabalhando, construindo sua agenda. O governo acredita que as medidas econômicas que, em grande parte já foram tomadas, criam condições para que Brasil retome, num curto espaço de tempo, o crescimento”, disse Edinho, após a reunião de coordenação política, comandada por Dilma, com 12 ministros

“É importante que os brasileiros acreditem no Brasil, que o empresariado acredite no Brasil. As condições que estamos passando são de dificuldade, mas vivemos em um país com todas as condições de superação. Em breve, estaremos colhendo os frutos das medidas que foram tomadas. Esse é o centro da atenção do governo: a retomada do crescimento econômico e da geração de emprego”, destacou.

Apesar de reconhecer a legitimidade das manifestações, o ministro disse que o Brasil vive um momento de intolerância, que não condiz com a tradição de respeito à liberdade de pensamento no país. “É óbvio que estamos num momento de intolerância política, religiosa e cultural. É um momento difícil da vida brasileira em que temos de trabalhar para desfazer esse ambiente. O Brasil sempre conviveu com a diversidade cultural, religiosa, regional e política. Temos de combater esse ambiente, de modo que o Brasil volte a ter aquilo que sempre foi sua tradição, que é a convivência democrática com a diversidade de pensamento, expressão, opções, diversidade cultural e religiosa”, afirmou Edinho.

Para o governo, os protestos de ontem tiveram um recuo no volume de participantes em relação à primeira manifestação – em março deste ano – mas, conforme o ministro, o número ou o perfil socioeconômico dos manifestantes que foram às ruas não afeta a legitimidade da mobilização.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), destacou a presença de lideranças de partidos da oposição nos protestos de domingo. Segundo Guimaraães, parte do movimento “assumiu uma conotação ideológica muito forte” nas manifestações. “Tanto que fica até difícil a presidenta dialogar, porque não tem uma pauta, não apresentaram uma pauta.”

Guimarães e os líderes do governo no Senado, José Pimentel (PT-CE), e no Congresso, Delcídio do Amaral (PT-MS), também participaram da reunião de coordenação política e apresentaram as prioridades do governo na pauta legislativa desta semana.

Os destaques da lista são o projeto que reduz a desoneração da folha de pagamento para alguns setores da economia e o que permite a repatriação de dinheiro de origem lícita depositado no exterior sem declaração à Receita Federal. O primeiro tramita com urgência constitucional e está trancando a pauta de votações do Senado.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Para começar, que tal: 
    1.

    Para começar, que tal: 

    1. Retirar de tramitação o projeto que tipifica terorismo.

    2. Abrir diálogo verdadeiro com os trabalhadores do setor público federal em greve, em especial docentes e técnicos-administrativos das ifes.

     

  2. E, logo abaixo, o link que
    E, logo abaixo, o link que afirma o interesse da globo em manter o governo em frangalhos….
    E o ministro vê as manifestações como naturais?

  3. Cala a boca, covarde. 
    Está

    Cala a boca, covarde. 

    Está mesmo trabalhando para superar as dificuldades que levaram os insatisfeitos na rua? A principal opção era o impeachment. Outros pediam a volta do regime militar. Tinha um cartaz  que dava a opção de Janio ou Getúlio para a presidente. E tem a opção de mandar prender o Lula? A outra é declarar a inocência do Eduardo Cunha. Vai encarar?

    Uma boa pessoa para o governo dialogar é o FHC que pediu a renúncia da presidente agora a tarde nas redes sociais. Vai de joelhos, Edinho, lambe o sapato dele e informa que a presidente vai renunciar.

     

     

  4. O carnaval temporão da periferia da direita golpista

    Confesso a vocês que eu pensava que a elite branca e rancorosa e saudosista da monarquia do Brasil colônia fosse mais numerosa. Segundo os cálculos mais otimistas, eram cerca de 250 mil pessoas em todo o Brasil, a desfilar pelas ruas neste carnaval temporão que insistem em chamar de protesto, em prol do impeachment da nossa presidenta.

    Bem que a mídia, que é concessão pública como a Rádio Itatiaia e a Globo, se esforçou para arrastar mais gente para as ruas. A Itatiaia então parecia que comandava as manifestações, tal o apelo que fazia a cada minuto para que as pessoas viessem às ruas, pois, segundo eles, o clima era de paz, familiar, dos bons costumes, essas coisas moralistas que o ideário golpista nunca abandonou. “Podem vir tranquilos”, imploravam os repórteres da rádio.

    Mas, o que as manifestações do dia 16 revelaram mesmo é que a elite brasileira continua analfabeta, tanto politicamente, quanto literalmente. Precisa voltar para a escola, de preferência escola pública, pois a privada, de onde eles vieram, parece que não ensinou nada de História, ou de Português, ou de qualquer outra matéria.

    Havia cartaz pedindo a volta da monarquia. Imagina. Quem seria o novo monarca? Talvez Aécio Neves, que montou uma corte em Minas, com todas as pompas e nenhuma crítica da mídia. Itatiaia, inclusive, mas não somente, sejamos honestos. Toda a mídia mineira deve uma explicação ao povo mineiro, por terem se calado durante 12 anos aqui em Minas, enquanto atacavam, e continuam atacando, o governo federal sob a direção do PT.

    Havia também cartaz pedindo a volta da ditadura militar. Coitados, deveriam estudar história, e veriam que a cúpula das Forças Armadas fez apenas o serviço sujo beneficiando as elites dominantes. O núcleo duro dessa elite beneficiária sequer aparece nas ruas em protesto. É a periferia dessa elite, uma certa camada média que vive frustrada porque nunca alcança o padrão de vida dos ricaços, e tem medo de se tornar parte do povo pobre, que bate panela nas varandas gourmet. Aliás, eles odeiam Lula e Dilma porque nestes últimos 12 anos têm se encontrado nos shoppings, nos aeroportos, no trânsito com essa gentalha que antes vivia apenas das gorjetas das classes médias. Hoje, não. Todo mundo tem acesso aos bens de consumo e aos padrões que antes somente os mauricinhos e patricinhas desfrutavam. Oh, dó!

    Não foi por acaso que um dos principais focos da ira desses 250 mil – vá lá! – foi o ex-presidente Lula, maior liderança operária do Brasil, que chegou à presidência da República, e apesar das concessões à direita, desenvolveu políticas públicas em favor dos de baixo. Coisas como Bolsa Família, Luz para todos, mais escolas técnicas, desoneração de impostos para facilitar a compra de produtos como geladeira, TV, fogão, micro-onda, etc. Qualquer barraco hoje nas comunidades tem essas coisas todas. E bota aumento real no salário mínimo para o desespero da dona classe média que gostava de contratar duas ou três empregadas domésticas e agora tem que pagar todos os direitos trabalhistas. Ah, que ódio desse povo de esquerda, bradam as viúvas da ditadura e dos governos neoliberais.

    Todos nós sabemos que o núcleo duro da direita armou o golpe contra Dilma, contra Lula e contra o PT em várias frentes. Montaram às pressas a tal Operação Lava Jato que funcionou na época das eleições e permanece até hoje, sempre tendo o PT como alvo. As denúncias contra políticos do PSDB são logo arquivadas, sem qualquer investigação séria. Os tucanos são inimputáveis no BraZil, pois eles representam a Casa Grande. O PT, por ser da Senzala, leva pedrada o tempo todo e de todo lado. Mesmo quando tenta agradar aos de cima, como faz com frequência. Não adianta.

    Além da operação Lava Jato, que juntou um complô em Paraná – meia dúzia de policiais federais antipetistas, procuradores antipetistas e um juiz que se tornou o novo paladino dessa classe média analfabeta política -, a direita montou outros esquemas golpistas. Na Câmara, ninguém menos do que este inacreditável presidente-achacador Eduardo Cunha, que em poucos meses quase destruiu todas as conquistas dos trabalhadores e da sociedade brasileira: contra a comunidade LGBT, contra a legislação trabalhista, contra os direitos humanos, enfim, ele e seus 300 e poucos deputados financiados por esquemas que agora aparecem colateralmente na Lava Jato, representam tudo de ruim. Mas, quem é a culpada de todos os problemas da humanidade para essa turma que foi às ruas é a Dilma, é o Lula, é o PT.

    O núcleo duro da direita brasileira montou o golpe no Congresso Nacional, no TSE, no TCU e para dar um verniz popular, mobilizou esses grupos de lunáticos que pedem a volta da ditadura ou da monarquia, ou da tortura, ou da execução sumária – teve um cartaz, carregado por uma senhora, que perguntava indignada por que não mataram todos (os de esquerda, claro) em 1964? O mundo para essa gente é simples assim: pensou diferente, mata. A intolerância gera ódio, gera guerras, gera destruição. Por isso é melhor enxergar essas manifestações com essas “demandas” como uma espécie de carnaval temporão da periferia da direita.

    O que esses 250 mil espalhados pelo Brasil de 200 milhões de habitantes não perceberam é que eles receberam uma rasteira antes de pisarem nas calçadas. Na semana anterior às manifestações do dia 16, o núcleo duro da direita e dona do PIB brasileiro começou a ensaiar mudanças em relação a esse processo de impeachment da nossa presidenta. De repente a Globo, a Fiesp, o Bradesco, só para ficarmos em três grupos dos mais influentes, começaram a mudar o discurso. Começaram a perceber que a crise política que eles provocaram através da mídia e do terrorismo de mercado, incluindo a Lava Jato, poderia até derrubar o governo Dilma, mas, mas… dificilmente eles seriam poupados.

    E se tem uma coisa que capitalista detesta é quando o bolso deles começa a perder dinheiro. O custo do golpe começou a ficar pesado demais. Na Câmara o protegido deles, Eduardo Cunha, ameaçado pelo Procurador Geral de perder o mandato e parar na prisão, armou uma pauta bomba que previa despesas incalculáveis para o governo. Que cairiam no colo de um futuro governo, fosse ele do PT ou do PSDB ou do PMDB. A crise política começou a arrastar e a ampliar a crise econômica, gerando desemprego, queda no consumo, queda no faturamento das empresas, queda nos lucros, enfim. Ou seja, uma parte da elite mais rica começou a perceber que detonar o Brasil como eles vinham fazendo pode custar caro para eles, também.

    Isto sem falar nas consequências de um golpe contra um governo que, mesmo com baixa popularidade momentânea, tem base social, tem apoio de movimentos sociais e sindicais que não deixarão barato a mudança de governo no tapetão. Querem ganhar o governo? Vençam as eleições em 2018, é o que está inscrito na Constituição Federal, quando fala que o poder emana do povo, e que será exercido através de representantes eleitos pelo povo. Ou seja: no voto, não no tapetão, nas artimanhas jurídicas e policialescas que a direita armou contra Dilma.

    Neste compasso de desarmamento de espírito do núcleo duro da direita, logo assistimos a aproximação do presidente do Senado com a presidenta Dilma, propondo uma Agenda Brasil, que não tem nada de novo, mas passa a ideia de que algo de novo será construído para superar a crise que as elites criaram. Só para esclarecer: tem a crise econômica própria do capitalismo, gerada portanto no processo de reprodução do capital, que independe da ação de grupos. E tem a crise política, em parte gerada por esta crise econômica, mas em grande parte ampliada aí sim pela ação de grupos políticos que têm poder nas esferas do estado ou do  mercado. Boa parte da crise brasileira é originada pela torcida do contra, composta pela mídia golpista, pelos banqueiros que ganham muito com o aumento dos juros e pelos políticos achacadores, que conseguem arrancar privilégios quanto mais fraco for o governo.

    Portanto, o carnaval temporão da direita, ou da periferia da direita, saiu às ruas com a brocha nas mãos. Pintaram um cenário que deixou de existir uma semana antes, quando Dilma ganhou mais tempo para respirar, ainda que tenha que fazer acordos com grupos que vão cobrar caro.

    Por outro lado, os movimentos sociais começam a se articular, a mobilizar as suas bases e a retomar parte do protagonismo perdido nos últimos anos. No próximo dia 20, haverá manifestações não apenas em defesa do governo Dilma, mas também exigindo mudanças de rumo. Os de baixo querem que esse ajuste nas contas públicas recaiam sobre os ricos, e não sobre os pobres. É justo, é muito justo, é mais que justo, como dizia o personagem de uma das novelas antigas da Globo, que hoje perde ibope a cada semana.

    Ao contrário do carnaval temporão que desfila pelas ruas pedindo coisas inusitadas e inacreditáveis, os movimentos sociais e sindicais e estudantis têm o bom senso de pedirem coisas mais próximas da realidade do nosso povo: a manutenção e a ampliação das conquistas sociais e trabalhistas; mais investimentos nas áreas sociais, como saúde, educação, moradia popular, etc; em defesa da Petrobras e do pré-sal como patrimônio do povo brasileiro e não da partilha entre os ricos, como sempre aconteceu; entre outras demandas populares.

    Na manifestação prevista para o dia 20, independentemente do número de pessoas que comparecerão – já que dia 20 é dia comum de trabalho -, teremos pelo menos uma amostra da capacidade de resistência e de luta de centenas ou de milhares de militantes e lutadores sociais. Gente que nos últimos anos ficou desiludida, mas que pode estar recuperando a disposição de combate, de construção coletiva de novos sonhos, para enfrentar o pesadelo que a direita tentar armar contra o povo brasileiro.

    Termino este texto com mais uma análise: no carnaval temporão da periferia da direita praticamente não se via um negro sequer. Sinal de que a maioria do nosso povo estava ausente desse tipo de manifestação. O povão da periferia, como revelou uma reportagem do Jornal O Tempo que transcrevemos aqui no blog, não quer saber de impeachment. E mais: para eles, essa crise ainda nem atingiu boa parte da população brasileira, que hoje conta com programas de proteção social. Não vivemos uma realidade de desemprego em massa, nem de inflação muito alta, ainda que tenha havido alta em alguns preços. Ou seja, nossa crise ainda é suportável pelo povão, graças às muitas políticas públicas implementadas pelos 12 anos de governos do PT. É isso que a mídia esconde, tentando passar a ideia de que o Brasil vive o pior dos mundos. Essa gente precisaria realmente estudar mais a realidade do Brasil e do mundo, não fosse a má fé ou a ignorância mesmo.

    Finalmente, de corrupção, outro tema martelado pela direita falso moralista, nem carece maiores argumentos. O combate à corrupção dessa gente é seletivo, não atinge aos demos e tucanos e “coisas desse tipo”, mas somente ao PT. Logo, seria melhor que fizessem um cartaz assim: “Nós podemos roubar, vocês não”. Seria mais sensato. Mas, quem falou em sensatez?

    Viva o povo brasileiro! Abaixo os golpistas! Não passarão!

  5. Juntando esse Edinho Silva

    Juntando esse Edinho Silva, Zé Cardozo (ou Medroso), Mercadante, Berzoini e mais alguns, vamos ter um grupo de inúteis que é melhor mantê-los calados, pois quando abrem a boca ………….

  6. Acreditar

    Ato de dar crédito ou depositar fé em algo ou alguém. Nem o povo, nem os empresários repetirão a confiança das eleições passadas em Dilma Roussef enquanto não houver reconhecimento dos erros do primeiro mandato e as mentiras apresentadas na última campanha.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador