Haddad: Se STF chancelar abusos de Moro, golpe de Bolsonaro “já terá sido em parte consumado”

"Está nas mãos do colegiado o futuro do sistema de justiça e da própria democracia", escreveu Haddad

Foto: Ricardo Stuckert

Jornal GGN – O ex-presidenciável do PT Fernando Haddad listou em sua coluna na Folha deste sábado (8) os abusos praticados por Sergio Moro na Lava Jato, e afirmou que “o futuro do sistema de justiça e da própria democracia” está nas mãos da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que deve julgar a suspeição do ex-juiz.

Se o colegiado chancelar os abusos de Moro, para Haddad, o golpe na instituição que Jair Bolsonaro planejou com os militares no governo – revelado pela revista Piauí nesta semana – terá sido parcialmente consumado.

“Está nas mãos do colegiado o futuro do sistema de justiça e da própria democracia. Se a conduta de Moro for chancelada, o golpe que Bolsonaro e seus generais planejam no Supremo Tribunal Federal já terá sido em parte consumado.”

O Habeas Corpus da suspeição de Moro foi apresentado pela defesa de Lula no final de 2018. Seu julgamento foi suspenso por pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes.

Desde 2016, a defesa do ex-presidente junta elementos que apontam para a total falta de imparcialidade de Moro para ter instruído os três processos contra Lula.

“Moro autorizou escuta telefônica do advogado do acusado; Moro vazou grampos ilegais; Moro sugeriu a substituição de uma promotora por baixo desempenho; Moro encaminhou testemunhas; Moro anexou delação recusada pelo próprio MP, finda a instrução, e, três meses depois, levantou seu sigilo a seis dias do primeiro turno; Moro demonstrou desinteresse pela delação de uns e pela investigação de outros para não comprometer o apoio político-midiático às suas ações; Moro renunciou à magistratura pelo cargo de ministro da Justiça daquele que ajudou a eleger, para, em seguida, dizendo-se surpreso com a conduta antiética do chefe, demitir-se em busca de voos mais altos”, resumiu Haddad.

Se a suspeição for reconhecida, os advogados esperam que as ações penais retornem à estaca zero, inclusive abrindo debate sobre a jurisdição de Curitiba.

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Redação

1 Comentário

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  1. Nassif: poderia se chamar “Visão das Mãos”. A do ex-prefeito paulistano e a do bardo Drummond. Enquanto o primeiro deposita “esperança” naqueles togados, o outro, com sua sábia ironia, recomenda “providências” para a maioria da que já foi uma CasaDeLeis. Compare as “falas”, duas verdades que merecem meditação:

    HADDAD:
    “Está nas mãos do Colegiado o futuro do sistema de justiça e da própria democracia”.

    DRUMMOND (adaptado)
    [A] mão está suja.
    Preciso cortá-la.
    Não adianta lavar.
    A água está podre.
    Nem ensaboar.
    O sabão é ruim.
    A mão está suja,
    suja há muitos anos.

    A princípio oculta
    no bolso da calça,
    quem o saberia?
    Gente me chamava
    na ponta do gesto.
    Eu seguia, duro.
    A mão escondida
    no corpo espalhava
    seu escuro rastro.

    E vi que era igual
    usá-la ou guardá-la.
    O nojo era um só.

    Ai, quantas noites
    no fundo de casa
    lavei essa mão,
    poli-a, escovei-a.
    Cristal ou diamante,
    por maior contraste,
    quisera torná-la,
    ou mesmo, por fim,
    uma simples mão branca,
    não limpa de homem,
    que se pode pegar
    e levar à boca
    ou prender à nossa
    num desses momentos
    em que dois se confessam
    sem dizer palavra…
    A mão incurável
    abre dedos sujos.

    ……………………………………………

    Inútil reter
    a ignóbil mão suja
    posta sobre a mesa.
    Depressa, cortá-la,
    fazê-la em pedaços
    e jogá-la ao mar!
    Com o tempo, a esperança
    e seus maquinismos,
    outra mão virá
    pura – transparente –
    colar-se a[o] braço.

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