Helton Yomura, o ministro interino que o PTB emplacou no Trabalho

 

 

Jornal GGN – O PTB pode não ter conseguido até o momento emplacar a deputada e filha do líder do partido, Roberto Jefferson, Cristiane Brasil na cadeira do Ministério do Trabalho, mas já exerce influência sobre a pasta por meio de Helton Yomura, ministro interino filiado à sigla desde dezembro de 2014. Assim como Cristiane, o advogado carioca também tem contribuído para macular as escolhas do governo Temer para pasta. Em janeiro, o Ministério Público do Trabalho (MTB) deu três dias para exonerar Géssika Tessarolo Balbino – filha da prefeita de Cuparaque/MG, Mônica Tessarolo (PTB) – que Yomura havia colocado como assessora da Secretaria de Inspeção do Trabalho, passando por cima de regras do regimento interno do ministério que comanda. 

 

O MTB argumentou que Géssika nunca foi auditora-fiscal do Trabalho, nem sequer é servidora de carreira e que o regimento interno da pasta previa que os cargos e funções comissionadas da Secretaria de Inspeção sejam providos, exclusivamente, por auditores. Yomura foi obrigado a atender o pedido, mas alocou Géssika como assessora no seu gabinete.  

 

Mais recentemente, nesta terça-feira (06), o ministro voltou a virar assunto nos noticiários após determinar a contratação da consultoria da Fundação Getúlio Vargas, sem licitação, em um processo que teve início em 2016, mas havia sido interrompido em agosto de 2017 pela Consultoria Jurídica e a Assessoria Especial de Controle Interno do Ministério do Trabalho ponderando que o valor do contrato era alto para firmar sem abrir concorrência.

 

Na verdade, assim que chegou no Ministério do Trabalho, como secretário-executivo, em outubro de 2017, o processo de contratação da FGV começou a ser destravado na pasta, segundo informações da Coluna Painel, da Folha de S.Paulo, lembrando que, em apenas 24 horas, seis diferentes órgãos submetidos ao seu comando dentro da Secretaria Executiva se manifestaram favoráveis à contratação da consultoria. 

 

A FGV irá mapear os processos da Coordenadoria Geral de Imigração por R$ 5,3 milhões. Em sua defesa, o ministério disse em nota que “os apontamentos foram atendidos posteriormente à análise da proposta e previamente à contratação da instituição, inclusive com a comparação de preços entre outros contratos firmados com a administração pública”. E, em resposta à Folha, completou que a “escolha da FGV se deveu à expertise da instituição e à reconhecida capacidade técnica de seu corpo de profissionais” e, ainda, que a instituição já havia prestado consultorias anteriores sobre o tema. 

 

 

Segundo uma matéria do jornal O Globo, publicada no dia 12 de janeiro, dirigentes do PTB afirmaram que Yomura é uma das pessoas que Cristiane recorre quando tem dúvidas no campo jurídico, como alguém de confiança no círculo de amizades da deputada.  O jornal avalia também que, na prática, Cristiane Brasil já estaria comandando a pasta por meio de Helton Yomura. 

 

Os dois se aproximaram na prefeitura do Rio quando Cristiane ocupou cargos na gestão do então prefeito Eduardo Paes (2009 – 2016). Mas eles se conheceram mesmo em junho de 2006, quando Yomura advogou para Cristiane numa representação do Ministério Público Eleitoral por campanha eleitoral antecipada, inquérito que foi arquivado em 2015. 

 

Ainda, segundo O Globo, Yomura foi assessor do Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Rio de Janeiro (Ipem-RJ) de fevereiro de 2015 até julho de 2016, graças a uma indicação feita por Cristiane. Em seguida, foi exonerado para ocupar cargo na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio, também indicado pela parlamentar, último emprego antes de chegar no Ministério do Trabalho. 

 

Além de ser filiado ao PTB, Yomura aparece na prestação de contas da legenda no uso de verba do Fundo Partidário.