Estudo revela forte cunho de inclusão social e de mitigação de problemas ambientais, entre os fatores que colaboram com a dinâmica das usinas de reciclagem. Pesquisadores da Universidade Municipal de São Caetano do Sul analisaram usinas nas cidades de Santo André e Mauá, além de consórcios intermunicipais na Região do Grande ABC Paulista.
A prefeitura de Santo André foi a primeira da região a implantar a coleta seletiva, em 1997. Em 2008, quando os dados da pesquisa foram levantados, o município reciclava 450 toneladas/mês de resíduos – o que corresponde a 5% do total de lixo/resíduo produzidos na cidade.
O município mantém 11 estações de coleta e 550 Pontos de Entregas Voluntárias (PEVs), espalhados em postos de gasolina, condomínios e prédios públicos. Na Usina de Triagem e Reciclagem de Papel de Santo André, instalada dentro da Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André (Craisa), adolescentes de 14 a 18 anos trabalham na separação de materiais, realizam a reciclagem em si, e fabricam produtos a partir dos recicláveis.
Segundo os pesquisadores, todo o dinheiro da venda dos produtos é revertido em pagamento de bolsa-auxílio para os trabalhadores. “Esta usina de reciclagem foi criada para auxiliar no tratamento de dependentes químicos, mas depois passou a tratar crianças que estavam nas ruas e nos faróis da cidade”, completam. No momento das entrevistas – entre os meses de novembro e dezembro de 2008 – trabalhavam 35 adolescentes.
Já Mauá coleta cerca de 40 toneladas/mês de lixo reciclável, entretanto 15% desse montante são rejeitos, portanto, não recuperáveis. A cidade tem parceria com a Cooperativa de Trabalho dos Profissionais em Reciclagem de Materiais de Mauá (Cooperma). Cerca de 20 famílias (150 pessoas) trabalham no galpão que, “além de executarem o trabalho de separação, recebem cursos de aperfeiçoamento para melhorar a administração da própria Cooperativa”, destacam os autores.
O município tem intenção de ampliar para 600 o número de funcionários. E paralelo a parceria com a Cooperma, toca o Projeto Agir-Mauá. Trata-se de acordos com 107 instituições que doam lixo reciclável. São elas: escolas, empresas e instituições públicas.
O programa Agir-Mauá nasceu por iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social de Mauá, e da empresa Quattor, para salvar uma cooperativa de ex-carroceiros que estava prestes a fechar as portas por falta de material reciclável.
Os autores do trabalho afirmam que as principais dificuldades encontradas pelos municípios, de todos os portes, estão ligadas à falta de espaço e de infra-estrutura, resultante do crescimento urbano não planejado.
O Consórcio Intermunicipal é uma das saídas apontadas para melhorar a gestão dos resíduos sólidos nas áreas metropolitana, a exemplo do Projeto Coleta Seletiva Brasil-Canadá, que envolve os municípios de Diadema, Ribeirão Pires, Santo André e São Paulo.
A ação tem fortalecido os programas de Coleta Seletiva (SC), promoção de autogestão de cooperativas e associações, além de espaços de interlocução entre governos, empresas e ONGs.
Para acessar o estudo na íntegra, clique aqui.
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