Indústria termina abril com pior resultado em 18 anos

Jornal GGN – A indústria brasileira encerrou o mês de abril com queda de 18,8% em relação ao mês anterior, o pior resultado para o segmento desde o início da série histórica, em 2002, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados foram diretamente afetados pela interrupção das atividades produtivas por conta da pandemia do novo coronavírus no país.

Com isso, o setor acumula uma retração de 8,2% entre janeiro e abril, ao passo que o recuo nos últimos 12 meses chega a 2,9%. Contudo, a análise em relação a abril de 2019 mostra que as perdas no setor foram consideráveis: a retração chegou a -27,2%, o sexto resultado negativo seguido nessa comparação e o mais elevado desde o início da série registrada pelo IBGE.

O pior recuo veio de veículos automotores, reboques e carrocerias (-88,5%), que foi pressionada pelas interrupções da produção dos automóveis, caminhões e autopeças em várias fábricas do país devido à pandemia. Com isso, a atividade intensificou o recuo observado no mês anterior (-28%) e registrou a queda mais intensa desde o início da série.

A interrupção da produção de veículos também afetou outros segmentos, como metalurgia (-28,8%), produtos de borracha e de material plástico (-25,8%) e máquinas e equipamentos (-30,8%). Outros recuos relevantes vieram das atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-18,4%) e bebidas (-37,6%).

“O resultado de abril decorre, claramente, do número maior de paralisações das várias unidades produtivas, em diversos segmentos industriais, por conta da pandemia. Março já tinha apresentado resultado negativo. Agora, em abril, vemos um espalhamento, com quedas de magnitudes históricas, de dois dígitos, em todas as categorias econômicas e em 22 das 26 atividades pesquisadas”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo.

Por outro lado, as atividades que produzem itens de consumo essenciais avançaram no mês, como produtos alimentícios (3,3%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,6%). Perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal também subiram (1,3%), enquanto o setor extrativo ficou estável (0%).

“Embora o impacto positivo dos alimentos tenha vindo, principalmente, da maior produção do açúcar, observamos aumentos também na produção de outros gêneros alimentícios necessários para as famílias, como leite em pó, massas, carnes e arroz”, comentou o gerente da pesquisa.

 

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