Ironia: Moro acusa Intercept de querer “demonstrar tese que estabeleceu previamente”

A acusação de Moro é irônica porque o que os críticos da Lava Jato dizem há anos - muito antes do Intercept começar com o vazamento - é que o caso triplex deixou de lado inúmeras provas a favor de Lula só porque não combinavam com a narrativa da acusação

Foto: Lula Marques

Jornal GGN – O ex-juiz Sergio Moro fez uma acusação irônica ao The Intercept Brasil. O atual ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro disse, durante audiência na Câmara dos Deputados, nesta terça (2), que o site de Glenn Greenwald quer “demonstrar uma tese que previamente estabeleceu” contra a Lava Jato.

A “tese” seria a de que a Lava Jato foi marcada por conluio entre Juízo e Ministério Público Federal, contaminando diversas ações, inclusive contra o ex-presidente Lula – ajudando, assim, a criar a atmosfera que derrubou Dilma Rousseff, interferindo no processo eleitoral de 2018 e mudando, consequentemente, os rumos da política nacional. No final, Moro foi “premiado” com um cargo submisso a Bolsonaro e a promessa de uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.

A acusação de Moro é irônica porque o que os críticos da Lava Jato dizem há anos – muito antes do Intercept começar com o vazamento de mensagens privadas de procuradores de Curitiba – é que o caso triplex deixou de lado inúmeras provas que absolveriam Lula somente porque não combinavam com a narrativa da acusação. O “in dubio pro reu” foi marginalizado por Moro.

Descartando deliberadamente as provas produzidas pela defesa, Moro construiu a sentença envolvendo o apartamento no Guarujá – e que, depois, foi copiada pela juíza Gabriela Hardt em outro processo, do sítio de Atibaia.

Além disso, um dos diálogos publicados pelo Intercept mostram que mesmo os procuradores de Curitiba estavam em dúvida contra as imputações feitas a Lula no caso triplex. E se agarraram a uma reportagem do jornal O Globo, poucos dias antes de oferecer a denúncia à Justiça. A mesma matéria foi citada por Moro na sentença, junto com delações sem provas corroborativas, para condenar o ex-presidente à prisão.

Leia a análise do GGN, publicada em julho de 2017:

Descarte de provas pró-Lula e delatores supervalorizados: uma análise da sentença de Moro

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Previamente Meu zovo estabelecido
    E descuido meu é tese de que?
    Tu ajudou o acusado a demonstrar a suposta tese previamente estabelecida, por um descuido

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador