Itamaraty escatológico, por Marcelo Uchôa

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Marcelo Uchôa

ITAMARATY ESCATOLÓGICO

A decisão do presidente eleito de indicar para seu ministro das relações exteriores o diplomata Ernesto Araújo é assombrosa. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, promulgada pelo Decreto 7.030/09, prescreve no art. 7.2.a, que “Em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de plenos poderes, são considerados representantes do seu Estado: a) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores, para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado”. Portanto, para efeitos de relações internacionais, a sociedade internacional equipara o chanceler ao próprio chefe de Estado.

Não obstante, o indicado para a função não parece possuir quaisquer condições emocionais de responder pelo importante posto. Nem tanto por suas posições políticas exóticas, como, por exemplo, afirmar que o PT é o partido do terror, o partido totalitário, o partido da tirania; ou afirmar que o acordo climático de Paris, endossado por 175 nações, quase todas capitalistas, é uma trama marxista; tampouco por sustentar que o nazismo seja uma ideologia de esquerda. Mas, simplesmente, porque não será reconhecido como alguém sério, capaz de negociar em nome de sua nação em mesas internacionais.

O amor incondicional pela política de Trump (a indisposição com o Mercosul já anunciada por outro ministro) pode ser um tiro no pé. Negociar não pressupõe divergência, mas também não pode significar convergência incondicional. A compreensão do interlocutor como alguém de posições coerentes é elementar para a obtenção do respeito no debate. Está no livro do diplomata Eugênio Vargas Garcia, O Brasil e a criação da ONU (p. 300), que o país só não conseguiu uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas pelo receio das demais nações de que os Estados Unidos lograssem voto duplo com a participação nacional. Ou seja, a história é impiedosa com os vassalos. Dizer, como o próximo chanceler brasileiro disse, que a Europa é um espaço cultural vazio só demonstra o quão vazia de cultura é a sua mente. Não por outra razão o ex-ministro da Justiça, Educação, Relações Institucionais da presidência, do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social, ex-governador do Rio Grande do Sul e prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, acusou-lhe de mentalmente débil.

Marcelo Uchôa

Advogado e Professor Doutor de Direito Internacional

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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  1. Ministro cagão vai perseguir Celso Amorim

    FUTURO CHANCELER COMEÇA CAÇA À BRUXAS COM PERSEGUIÇÃO A AMORIM

     

      

     

    O futuro chanceler, Ernesto Araújo, pretende começar seu período à frente do Ministério das Relações Exteriores com uma caça às bruxas; anúncio foi feito num tweet e o primeiro alvo é o ex-chanceler Celso Amorim, que esteve à frente da pasta ao logo dos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi apontado como o melhor chanceler do mundo pela revista Foreign Policy. segundo Araújo, será feito um exame minucioso em busca de “possíveis falcatruas”

     

    OBS: O MORO DEVE ESTAR EXCITADÍSSIMO

  2. Fim do mundo
    Essa figura é simplesmente deplorável ao nível do seu chefe, sendo que a situação ganha ares de fim de mundo quando essa coisa irá tratar justamente das conversações com esse mundo.
    Ler suas colocações nas redes sociais se verifica que a intelectualidade do mesmo é mais rasteira do que a barriga de uma cobra e que é inconcebível sua nomeação.
    Estamos na verdade namorando o fundo do “posso” do filhote do coiso.
    Que Deus tenha pena dos brasileiros, que não souberam usar adequadamente o livre arbítrio, que nos delegou.

  3. Bacamarte a solta

    Não seria o caso de considerá-lo inimputável, dado o grau de deficiencia cognitiva?

    O diabo é que se tal critério for adotado para os demais minstros, não fica um meu irmão.

    A grande disputa é para saber quem, entre todos é mais pirado.

    E uma nação inteira paga o pato.

  4. Verdade.

    Tudo que foi dito sobre o futuro ministro é verdade: ele efetivamente não tem capacidade mental e intelectual para representar nem a si próprio, quanto mais a uma “nação” inteira. Mas e seu chefe, por acaso a tem?

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