Janio de Freitas: o motivo para a aposentadoria de Barbosa

Da Folha

Ofendido ou ofensor

A susceptibilidade de Joaquim Barbosa é incoerente com o ministro que proferiu numerosos insultos a colegas

Janio de Freitas

O motivo invocado pelo ministro Joaquim Barbosa para o abandono precipitado da sua relatoria no caso mensalão, faltando menos de duas semanas para que isso se desse por sua também precipitada aposentadoria, é farto tanto em coerências como em incoerências –o que não é esperável de um juiz.

Diz o ministro que “vários advogados” do mensalão “deixaram de se valer de argumentos jurídicos” e “passaram a atuar politicamente, na esfera pública”, contra ele, “através de manifestos e até mesmo partindo para os insultos pessoais, via imprensa”. A conhecida hipersensibilidade do ministro não admitiu as novas críticas. Nem para tentar contestá-las, oferecendo os seus possíveis argumentos jurídicos para as atitudes criticadas.

Mas a susceptibilidade aí confirmada por Joaquim Barbosa, a reparos técnicos e ao que considerou insultos, é incoerente com o ministro que proferiu numerosos insultos a colegas. Caso de Ricardo Lewandowski, atribuindo-lhe atitudes de chicaneiro, entre outras ocasiões agressivas, e caso de Gilmar Mendes, dando-o como possuidor de jagunços em Mato Grosso –breves exemplos que tornam dispensáveis outros sofridos ou testemunhados pelo plenário do Supremo Tribunal Federal.

Fora do plenário, o ministro demonstrou também uma disposição insultuosa com formas reveladoras. A um jornalista de “O Estado de S. Paulo”, cujas reportagens não o agradaram, ordenou: “Vai chafurdar na lama de onde você veio”. Não bastando ser chamado de porco, o jornalista viu a represália estendida à sua mulher, dispensada por Joaquim Barbosa como funcionária requisitada pelo Supremo, no gabinete de Ricardo Lewandowski (este ministro resgatou-a).

Mas no abandono da relatoria o ministro é coerente com o pedido precipitado de aposentadoria, para o final deste mês (pouco antes, dera notícia dela para depois de novembro, ou seja, cumprido o dever funcional do seu mandato de presidente do STF). Como disse o ministro Marco Aurélio, ao falar da segunda renúncia de Joaquim Barbosa, “já deviam estar julgados” os agravos com longa espera de decisão do presidente do Supremo. Não menos de cinco.

Por acaso ou não, todos referentes a condenados do mensalão. Pelo menos três com pareceres favoráveis do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Agravos e pareceres aos quais, apesar de sua prioridade por tratarem de execuções penais, Joaquim Barbosa não deu decisão, nem incluiu na pauta de julgamento do plenário, suscitando as críticas.

Os três agravos são reconhecidos como causas perdidas, em todos os sentidos, por Joaquim Barbosa. E, dentro e fora do Supremo, tornaram-se uma situação insustentável, a exigir solução. Dispensando-se da relatoria, Joaquim Barbosa não mais precisa adotar decisão que por certo não prevaleceria, nem ceder à exigência de, afinal, submeter os agravos ao plenário, que derrotaria sua posição a eles contrária.

OS ARQUIVOS

O resultado importante na visita do vice-presidente Joe Biden a Dilma Rousseff não foi a alegada garantia de que o governo Obama excluiu os excessos da sua espionagem. O abandono da espionagem não é comprovável, a menos que se criem procedimentos internacionais talvez capazes de reduzi-la. Assunto, aliás, da conversa bem afinada de Dilma Rousseff com a chanceler alemã Angela Merkel, recebida no domingo.

No encontro com Joe Biden, importante foi a promessa de liberação de documentos referentes à ditadura no Brasil e ainda mantidos sob sigilo absoluto nos EUA.

Redação

15 Comentários

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  1. Jânio de Freitas, a última dignidade da Folha.

    Pois é, conheço mais de uma pessoa assinante da Folha que lê a coluna do Jânio e do Macaco Simão e depois dá ao jornal sua utilidade precípua: forrar a área de serviço onde o cachorro faz suas necessidades.

  2. O motivo é que a “Casa

    O motivo é que a “Casa Grande” depois que usa o “serviço” do jagunço, dá um jeito de se livrar dele.

     

    Afinal, ninguém gosta de assassinos. Muito menos os mandantes.

  3. No, Brasil só os canalhas tem

    No, Brasil só os canalhas tem acesso a justiça é a prova esta ai, o ministro que substitui o ministro Joaquim Barbosa, quer julgar os canalhas dos PETRALHAS com urgência por alega que quem estar preso tem pressa, um sínico para o Brasil atual, aonde os amigos do rei tem privilegios   é os contrarios à perseguição.

    1. “Os contratados para…”

      Com certeza, não fizeram uma seleção prévia desses “contratados”. Observem o comentário do contratado acima. Que português sofrível!  Devem ser jovens que entendem de internet, mas frequentaram as escolas apenas com o objetivo de comer merendas e bagunçar. Lamentável!  

      1. Tanto a censurar nesse comentário e vc censura o português?

        Censurar o português de outros na web, mesmo o de trolls, é elitismo, e nao fala bem da capacidade de argumentar de quem censura… Se o comentário é bom, nao é invalidado por “português sofrível”. Se é ruim, há outras coisas mais sérias a censurar! 

        Afinal, do ponto de vista normativo, Lula teria um português sofrível… (na verdade ele apenas usa de uma variante popular da língua, mas isso, do ponto de vista da gramatiquice, seria um português sofrível). Isso nao o impediu de ser o maior político brasileiro desde Getúlio. 

        Agora, concordo com você sobre a péssima seleçao desses contratados. Nao pelo português, mas pela repetiçao de chavoes, falta de argumentos reais, uso de ofensas sem ao menos justificar, etc. 

        1. O espírito da coisa…

          Acho que nenhum de nós vai entrar em polêmica com os contratados. Isto é apenas um meio de enquadrá-los e fazê-los perceber que conhecemos suas intenções. Analu, quantas vezes eu e vários colegas nossos escorregamos no português! Mas os erros desses “contratados” , fazem-nos crer que  provavelmente são jovens que usam muito a internet, onde são usadas muita abreviações, fazendo-os esquecer do português correto. Pemita-me fazer um pouco de gozação com esses “contratados”.  Abs.      

          1. Mas dar força a preconceito é ruim.

            E preconceito linguístico é tao grave como qualquer outro preconceito, racismo, homofobia, machismo… OK, ninguém mata ninguém por causa da linguagem usada, mas o uso de variantes nao padrao é uma das maiores causas de fracasso escolar… 

            E abreviaçoes nao tem nada a ver nem com isso. Abreviaçoes é um traço da escrita, nao da língua, e é algo que se usa sempre que escrevemos com pressao de tempo. Preparo minhas aulas a mao, e como uso abreviaçoes… No computador, as uso como símbolos para atualizaçao automática; uso tanto que, quando usava Word 6.0, esgotei a capacidade do programa. E para anotar palestras? Se vc nao usa abreviaçoes, perde o conteúdo que quer registrar. 

    2. No, Brasil só os canalhas tem qui, 19/06/2014 – 12:08

      affffmaria, credo, cruz credo,pé de pato mangalô 3 “veis”, “num tendí” nadica de nada. Minha culpa, minha maxima culpa, faltei nessa aula de portugues sobre redação, pontuação, acentuação e ortografia

      –  “só os canalhas tem acesso a justiça” ??? …é verdade, a justiça é cega…aquele canalha ladrão de galinha que o ministro “Fucks” (a verdade é uma quimera) condenou

       – ” é(sic) a prova esta(sic) ai”   ???…. preciso visitar oftalmologista, pois não estou conseguindo ver “a prova” impressa aqui, ou é defeito do site.

      – “quer julgar os canalhas dos PETRALHAS com urgência por alega(sic) que quem estar(sic) preso tem pressa”

       – um sínico(essa doeu) para o Brasil atual( heim?), aonde(sic) os amigos do rei tem privilegios (eu pensava que tivesse acento)

       – “é os contrarios à perseguição”. Quem não é contrário a perseguições, geralmente é denominado de CONIVENTE, co participante, co-autor, apoiador.

       

       

       

       

       

      .

       

    3. Troll profisional

      Troll profisional detectado!!!

      – Comete uma série de erros de português;

      – Não consegue articular uma frase que faça um mínimo de sentido;

      – Fica papagaiando coisas que lê por aí sem usar um neurônio (se é que tem) para fazer crítica do que leu;

       

      Não dá nem graça responder à essa gente… se bem que eu me divirto vendo as asneiras que escrevem e serem tão facilmente desconstruídos.

  4. Ojeriza àqueles que discordam…

    Ele não sabe conviver com a derrota. Assim sendo, quando com justiça e isenção, for concedido o semi-aberto aos que injustamente  estão cumprindo pena no regime fechado, ele não será atingido em seu ego doentio. Mas estará alerta para fazer as críticas, querendo os holofotes e aplausos dos insanos. E que sabe, tentar continuar com seus estragos.   

  5. Essa atitude me fez lembrar

    de algumas pessoas que se apresentam ao público como se fossem majestades e eles acham que os mortais comuns tem que se ajoelhar na frente deles.

    Uma boa parte destes tipos, tipicamente (sic!) foge quando a situação aperta para o lado deles. Alguns exemplos? 

    O ditador alemão do bigode esquisito – começou uma guerra que achava ganha, mas quando os adversários estavam a menos de 10 quilômetros de seu local de trabalho, se suicidou.

    Um alagoano que teve uma carreira meteórica, chegando a ocupar a presidência da República, de onde fugiu renunciando, como o fez na maioria dos outros cargos eletivos que ocupou.

    Um pretendente à presidência da República, que gosta de dar “rasteira” nos adversários, mas quando, ao ocupar cargo público, a situação apertar, ele se esconde como avestruz ou simplesmente sai de cena. 

    E ainda um cidadão que fez carreira em uma empresa estatal, chegando à presidência da dita, e na qual desmontou toda a estrutura funcional existente, na pretensão de vendê-la; quando quem o nomeu, largou o osso, ele não durou mais de uma semana nessa presidência; daí em diante, em todas as demais presidências de outras empresas que ocupou, ele se notabilizou pelo costume de vender a empresa que dirigia para terceiros. Não perdeu esse costume até hoje. 

    Em resumo, estes tipos não duram muito tempo em seus cargos, só até se perceber a grande bobagem que fazem. 

  6. JB denunciando defesas

    JB denunciando defesas políticas num julgamento político que culmina com o abandono, tb político da relatoria da AP 470 bem como, do STF/CNJ e presidência. Talvez, o ato mais político de todo o julgemanto da AP 470, seja essa saída de JB. Vamos ver…

  7. O tempo em que amávamos o Joaquim Barbosa…
    O tempo em que amávamos o Joaquim Barbosa… Houve um tempo, lá pelos idos abril de 2009,  em que nós do grupo dos progressistas, esquerdistas, petistas, governistas, socialistas, comunistas, lulistas (na época não haviam dilmistas), tudo isto, ou um pouco disto,  amávamos o Joaquim Barbosa. Primeiro porque foi Lula quem o escolheu para o cargo de Ministro do STF, e para nós,  Lula não costuma errar, é quase perfeito. Segundo porque ele era afrodescendente e nós amamos este negócio de cotas, gostamos de justiça social, terceiro porque ele, nos últimos tempos havia arrumado briga com Gilmar Mendes, o ministro que nós abominávamos, então presidente da Corte,  oriundo dos arraiais tucanos e por último, porque numa destas brigas com Gilmar Mendes, JB assim falou: “Saia às ruas Ministro”. E naquela época, nós não tínhamos medo das ruas. Mas agora.. já não podemos dizer o mesmo, após as jornadas de junho/2013. Um trecho do embate: Mendes: “Vossa Excelência não tem condições de dar lição a ninguém”.Barbosa: “E nem Vossa Excelência. Vossa Excelência me respeite, Vossa Excelência não tem condição alguma. Vossa Excelência está destruindo a Justiça desse país, e vem agora dar lição de moral em mim? Saia à rua, ministro Gilmar. Saia à rua, faz o que eu faço”.Mendes: “Eu estou na rua, ministro Joaquim”.Barbosa: “Vossa Excelência não está na rua não, Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. É isso”.Britto: “Ministro Joaquim, vamos ponderar”.Barbosa: “Vossa Excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar. Respeite”. Bem, JB, era não era o Lula, mas era o Cara! Porém, já naqueles dias, eu fiquei me questionando: “Será mesmo que um Ministro do STF tem que ouvir a voz das ruas? Será que o dever dele não é se ater apenas aos autos?” Cheguei a comentar isto com alguns parente meus. Já desconfiado do nosso querido. Algum tempo depois, os dois voltaram a brigar. Joaquim Barbosa novamente ficou nervoso. E num dado momento, o ministro Mendes (acho que foi ele) falou: “Como alguém assim vai ser presidente desta Corte?”. Mas parece que o Gilmar tinha razão. Sabia o que estava falando. Os anos se passaram, JB era o Relator do Mensalão do PT, missão que lhe foi confiada desde 2006. Certamente estudava  tim-tim, por tim-tim, pois na hora de acusar, diante das câmeras, não gaguejou.  Mas lá no fundo, antes do início do julgamento, 08/2012, achávamos que ele iria desmascarar a oposição, a elite e a mídia. Por aqueles dias,  numa de suas entrevistas, quando alguém lhe pressionava pelo mensalão do PT,  ele questionou aos jornalistas pelo fato de que “ninguém pergunta pelo mensalão mineiro”. Ainda haviam esperanças para nós, ufa! (lá na frente, JB foi o único voto no STF, para que o Eduardo Azeredo não fosse enviado à primeira instância. Ele queria pegar os emplumados também!) No demais, até então, parecia que JB tinha uma pauta progressista: Votou à favor das cotas e também do PROUNI e outros assuntos neste mesmo naipe. Livrar nossos heróis petistas, era também uma pauta progressista, pois bem sabemos quem são, por exemplo, Zé Dirceu e Genoíno, conhecemos suas histórias, suas biografias. São verdadeiramente gente que luta pelo povo brasileiro e fazem disso a causa de suas vidas. Mas, enfim, o julgamento veio. Holofotes sobre JB. Pressão de tudo que é lado. Mas nem precisava de pressão. Joaquim Barbosa apenas foi o Joaquim Barbosa. Ele é assim e ponto final. Ele queria pegar uns políticos e colocá-los na cadeia, como exemplo, não importa de que partido fosse. E pegou a gente do PT, os primeiros que caíram na rede dele, com auxílio da mídia.  Nenhum progressista aqui, em sã consciência, vai negar de que houve algum rolinho nas finanças do PT para segurar a “base aliada”. O próprio Lula falou que houve Caixa 2. O PT arrumou inimigos desde sua fundação, brigava dentro de si e fora de si com todo mundo… agora chegou ao poder (2003) e precisa fazer umas ofertinhas para ter apoio, ter votos, ter consistência nas votações para as reformas que o Brasil precisava. Achava o quê? Que os velhos partidos que ajudaram a saquear este país,  agora votariam por amor para reconstrui-lo? No passado estes partidos votaram e trabalharam pela desigualdade social, aumento da pobreza, agora será que mudaram de ideia, de uma hora para outra? O que o PT fez com seu CAIXA 2, todos governos e todos partidos fazem, desde os vereadores de minha cidade, até na Presidência da República. Mas o Joaquim pegou logo o PT para vitrine! Na verdade o PT deu azar, pois foi cair logo nas mãos dele! Pegou pra exemplo! E quem se une ao Joaquim Barbosa no STF para massacrar o PT? Justamente aquele ministro que não suportamos, o Gilmar Mendes, o arqui-inimigo do Joaquim Barbosa e do PT também. Um querendo pegar políticos por convicção própria, o JB, o outro querendo pegar por convicção partidária, o GM. Daí que não ficou pedra sobre pedra. Foi tudo demolido. E quando não haviam leis para condenar, JB e GM legislavam ali na hora. Depois de julgados e condenados, Joaquim Barbosa, pessoalmente fez questão de prender este pessoal do PT. Queria vê-los atrás das grades, para que o serviço fosse bem feito.  E assim foi. Ele votou 2 vezes em Lula, 1 vez em Dilma e justificou dizendo que “é inegável os avanços no Brasil”. Disse recentemente que a “direita está enganada com ele” e condenou o xingamento à Dilma no Itaquerão. E como fica aquele antigo amor por ele? Como já dizia o Marcio Greick: “Quem sabe rebuscando estas mentiras e vendo onde a verdade se escondeu, se encontre alguma chance de juntar, você, o amor e eu.”  

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