Juíza manda prender mulher de 52 anos pelo furto de uma mochila e quatro cadernos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O portal Justificando publicou reportagem da sexta (19) mostrando o fracasso das audiências de custódia em São Paulo, por conta de juízes que mostram extremo e desnecessário rigor em alguns casos, como o de uma mulher de 52 anos, pobre, que supostamente furtou uma mochila e quatro cadernos. Ela teve de passar a noite em que foi detina na carceragem, porque não tinha R$ 300 para pagar a fiança. Levada à juíza Gabriela Marques da Silva Cruz, para audiência de custória, acabou presa.  

No Fórum da Barra Funda, Gabriela é substituta da juíza Patrícia Álvares Cruz, mundialmente conhecida por decretar a prisão de uma mulher que furtou um shampoo. 

A matéria destaca que a decisão da juíza Gabriela foi de ofício, ou seja, ela mandou prender mesmo com o Ministério Público manifestando-se em sentido contrário.

 
Do Justificando
 
Em meio à crise humanitária em curso nas audiências de custódia em todo país, multiplicam-se casos de abusos por parte de magistrados e magistradas que determinam a prisão em larga escala, aumentando ainda mais a população carcerária no país, bem como desvirtuando o propósito do modelo de audiência – que é aplicado em toda América Latina – e que visa o desafogamento do cárcere, bem como a diminuição de prisões injustas. Em São Paulo, após a gestão das audiências de custódia ficar a cargo da magistrada Patrícia Álvares Cruz, conhecida mundialmente por ter enviado uma mulher à prisão por um ano pelo furto de um frasco de shampoo, os casos de extremado rigor são narrados todos os dias.
 
Nessa última quinta feira, 16, por exemplo, a Juíza de Direito Gabriela Marques da Silva Cruz determinou a prisão de uma mulher de 52 anos acusada de ter furtado uma mochila e quatro cadernos. Segundo depoimento de quem acompanhou o caso, os policiais viram L. P. dos S. na posse do material, pararam-na e percorreram loja por loja com ela até encontrar uma que havia dado diferença no estoque. Assim que identificaram, a ré foi levada à Delegacia, onde a fiança foi estabelecida em R$ 300,00. A acusada, em claro sinal de miséria econômica, não teve condições de arcar com o valor e dormiu na carceragem.
 
No dia seguinte, foi levada à audiência de custódia no Fórum da Barra Funda. O curioso é que o próprio representante do Ministério Público, diante da evidente desnecessidade e ilegalidade da prisão, pediu a soltura da ré. Apesar disso, a magistrada decretou a prisão de ofício, isto é sem ninguém ter pedido, pois para ela a ré havia tido outra passagem por furto no passado. A decisão espantou a todos pelo seu rigor, incluindo aqueles que estão vivendo o cotidiano de decretações de prisão nas audiências de custódia em São Paulo.
 
Entretanto, não é a única decisão de destaque negativo de Gabriela Marques da Silva Cruz na semana. A magistrada, indicada e colocada no cargo por Patrícia Álvares Cruz, determinou a prisão de dois jovens, sendo um deles de 27 anos e primário, pelo suposto tráfico de duas gramas de cocaína e uma de maconha. Ante a acusação de tráfico, Gabriela também enviou à prisão um homem de 53 anos que estava com 28g de maconha.
 
Outra juíza das audiências de custódia de SP, Helena Furtado de Albuquerque Cavalcanti, determinou a prisão por 9g de cocaína e 1,3g de maconha de R. M. T. e A. A. P., primários e de 53 e 35 anos, respectivamente. Não bastasse a quantidade irrisória de entorpecente, Helena colocou no despacho que eles haviam cometido tráfico e associação para o tráfico, cujas penas somadas, podem chegar a 8 anos de prisão.
 
São diversos casos. Defensores Públicos e Advogados destacam também que mulheres têm sido enviadas à prisão pela acusação de tráfico, ao invés de prisão domiciliar, como era a prática, bem como orientação dos tribunais superiores.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

16 Comentários

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  1. A juiza esta mentindo descaradamente!

    “Outra juíza das audiências de custódia de SP, Helena Furtado de Albuquerque Cavalcanti, determinou a prisão por 9g de cocaína e 1,3g de maconha de R. M. T. e A. A. P., primários e de 53 e 35 anos, respectivamente. Não bastasse a quantidade irrisória de entorpecente, Helena colocou no despacho que eles haviam cometido tráfico e associação para o tráfico, cujas penas somadas, podem chegar a 8 anos de prisão”

  2. Sonhar (e lutar) é preciso !!

    Com a volta da democracia, o Governo Lula deveria tomar, dentre outras providências urgentes, as seguintes medidas:

    a) Nomear o Eugênio Aragão como ministro da justiça com a determinação de desfascistar todas as polícias .

    Que tal indicar como diretor geral da PF o Dr.Armando Coelho Neto ? 

    b) Nomear o Almirante Othon Pinheiro como Ministro das Minas e Energia com a determinação de anular todas as ações  cometidas pelos bandidos entreguistas nas áreas do petróleo, gas, construção naval e energia nuclear .

    Dar total liberdade para que o Alm.Othon nomeie oficiais militares LEGALISTAS para as direções da Petrobras, Eletrobras, Eletronuclear etc…

    c) Nomear o ótimo Celso Amorim como Ministro das Relações Exteriores com a determinação de desfazer os acordos criminosos assinados pelos bandidos que sequestraram o Brasil em 2016 .

    Criar uma força tarefa internacional liderada pelo Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães para recuperar a imagem do Brasil no exterior . 

    d) Nomear o Lindbergh Faria como Ministro das Comunicações com a incumbência de democratizar as comunicações .

    Formar uma força tarefa com jornalistas independentes, lideranças sociais, trabalhistas e acadêmicas para a criação de emissoras de rádio e TV públicas, bem como impulsionar financeiramente as mídias sociais DEMOCRÁTICAS .

    1. Outras duas importantes medidas para retomar o Brasil :

      a) Nomear o Procurador Cláudio Fonteles como assessor especial para assuntos jurídicos e institucionais .

      b) Nomear o ínclito Delegado Paulo Lacerda como Diretor Geral da ABIN .

  3. E o poder adquirido pelos da Lava Jato pariu o monstro.

    O poder concedido aos da Lava Jato, tornou-nos refens de qualquer juiz. Qualquer juiz pode nos prender até por respirar.Aos que pensam que ver Cabral ser humilhado é ver os poderosos serem punidos, compactuam com a quebra da segurança juridica do cidadão mais comum. Quando um CNJ, se cala e é presidido por uma juiza que disse: Se mexeu com um juiz mexeu comigo, podemos entender que os abusos são e sempre serão apenas demonstração de poder

  4. juiza….

    Bandidolatria não tem mais eco. A criminosa foi condenada por furto. Cadeia até o julgamento que deveria ser célere. E depois , se realmente um caso simples, a troca da prisão por serviços comunitários obrigatórios. Pobreza só é desculpa para criminalidade entre Ideologia arcaica  e imbecil.   

  5. A única instância com o poder

    A única instância com o poder de encarcerar é o Judiciário. Por dedução é uma das causas que concorrem para a disfuncionalidade e desumanidade do sistema carcerário. Talvez a maior. 

  6. o desconcerto do pobre

    Imagino, que a acusada L P dos S pagou por voar baixo. Se voasse alto como voou a funcionária da receita federal, que “sumiu” com o processo contra a Globo, ela também poderia estar tranquila, livre, leve e solta, pelos cantos do país.

  7. Juízes Mequetrefes da Banania

    Já tive o prazer de mandar um desses seres fantasiados de urubus, pra pqp.em uma audiência trabalhista, aqui no tucanistão do sul, pois o mesmo queria por que queria que eu falasse contra o reú em um processo, onde disse que não tinha conhecimento do assunto, até que perdi a paciência e mandei o mesmo para pqp, mandou o policial ou segurança, me colocarem em uma cela até o final da audiência. mas saí dando risada da cara de merda e de surpresa do mesmo ao ser contrariado.

  8. O que nos admira

    é  uma rede de lojas mandar prender uma pessoa pelo furto de uma mochila e 4 cadernos.

    Custa fazer duas coisas didáticas?

    1- um sermão ameaçador lá no cantinho da loja

    2- uma doação, se o furto se deu por absoluta necessidade?

    Essa filosofia neoliberalista de ” eu si fiz por si mesmo, o resto, que se dane”

    está mostrando o semblante mais medonho do nosso povo.

     

  9. Sem advogados no meio….não há interesse

    Como a justiça brasileira é classista, crimes pequenos (de pobre) são rapidamente punidos para desocupar a vara e deixar espaço e tempo para coisas “mais importantes”, onde a trinca de advogados (um deles togado) possa partilhar o butim de algum coitado que tenha dinheiro suficiente para pagar honorários. Em sentido figurativo, a justiça brasileira é aquela que, num atropelamento, não se preocupa pelo morto nem está ligando para o motorista se este for um pobre diabo, mas, a “justiça” fica de olho procurando alguém que tenha dinheiro para suportar um eventual processo (do tipo filho de Eike Batista). O Rabino de São Paulo, anos atrás, roubou algumas gravatas no comercio, mas foi tratado como um “cleptômano”.

  10.   Aposto o que quiserem que

      Aposto o que quiserem que essas juízas são daquelas pessoas que vomitam a todo momento o tal conceito de “meritocracia”, mesmo tendo nascido em berço de ouro e saído do apartamento comprado pelo papai apenas quando já aprovadas no concurso da magistratura. Acrescente-se que gente assim gosta de lembrar o tempo “sofrido” dos estudos, quando uma vez esqueceu a carteira no carro da mãe e passou o desespero de jantar um misto-quente comprado por algum colega. Em suma, são partícipes de uma espécie de “Antigo Regime”.

      Há mais. As duas juízas carregam CRUZ no sobrenome, o que tanto soa a favorecimento quanto a uma grande ironia. Pela postura e certamente pela visão de mundo, poderiam muito bem ser da família REIS.

    ———————————————-

      Quanto ao artigo, apenas uma correção: a medida de peso, grama, é do gênero masculino, “O” grama.

      A magistrada, indicada e colocada no cargo por Patrícia Álvares Cruz, determinou a prisão de dois jovens, sendo um deles de 27 anos e primário, pelo suposto tráfico de duas gramas de cocaína e uma de maconha. Ante a acusação de tráfico, Gabriela também enviou à prisão um homem de 53 anos que estava com 28g de maconha.

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