Juliana Isen, o avesso da direita

 

Em entrevista dada ao IG a mais nova musa da direita golpista,  Juliana Isen,, disse que:

“Vim de berço, sou bem nascida, tenho um sobrenome de peso…”

“Tenho uma cabeça muito boa.”

“Esquerda são todos aqueles discursos e projetos que pretendem instituir a ideia de igualdade, que pretendem derrubar as barreiras entre os grupos sociais. Direita é aquele grupo que admite diferenças profundas na sociedade e aposta mais na liberdade individual do que na igualdade social”.

http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-03-30/ser-direita-e-nao-gostar-do-pt-diz-empresaria-que-tirou-roupa-em-protesto.html

Os preconceitos senhoriais da moçoila peituda são evidentes. Ela acredita que existem pessoas “bem nascidas” e “pessoas mal nascidas” e que o “sobrenome de peso” distingue alguns bebes de outros.

O nascimento é um fato biológico, portanto, não pode ser bom ou mal. As distinções com base em “sobrenomes de peso” não são fatos biológicos e sim culturais. Numa meritocracia os sobrenomes são menos importantes do que aquilo que as pessoas fazem.

João “do Pulo” – negro, órfão, pobre, lavador de carros e, portanto, mal nascido pelos padrões da musa da direita – não tinha um “sobrenome de peso” como a musa da direita. Mas o peso do seu feito atlético o imortalizou na História do Brasil. A moçoila peituda não ficou famosa porque dá saltos triplos passíveis de serem premiados com medalhas Olímpicas e Pan-Americanas. Ela apenas mostrou os peitos na rua. Peitos, que, aliás, parecem ter sido ganhos numa mesa de cirurgia e não no berço.  

A “cabeça boa” da moça é algo discutível. Há um abismo entre o que acreditamos ser e aquilo que realmente somos ou que podemos ser para os outros.  Juliana Isen mostrou os peitos na rua contra Dilma Rousseff e ganhou a atenção jornalística que desejava. Isto não prova que ela tem uma “cabeça boa”, apenas que ela é uma manipuladora suscetível de se deixar manipular pela imprensa. Desde que Fafá de Belém cantou o hino nacional na Campanha das Diretas usando um generoso decote, a mídia está a procura de peitos que possam ser coisificados para fins políticos.

Fafá de Belém, no entanto, não mostrou os peitos e sim o decote. O que a cantora maliciosamente escondeu tinha apenas uma finalidade: realçar a beleza de sua vocalização do hino nacional. A musa das Diretas Já era cantora, a musa do golpe de estado/intervenção militar mostrou as tetas e gritou “fora Dilma” com uma voz desagradável. A diferença entre ambos apenas realça o mérito de Fafá de Belém e provoca despeito nos adoradores de Juliana Isen.

A moçoila peituda de direita diz que a esquerda “pretendem instituir a idéia de igualdade, que pretendem derrubar as barreiras entre os grupos sociais”. A igualdade perante a Lei é um valor constitucional desde a primeira constituição republicana:

“CF 1891, art. 72, § 2º Todos são iguaes perante a lei.

CF 1934, art. 113, 1) Todos são iguais perante a lei. Não haverá privilégios, nem distinções, por motivo de nascimento, sexo, raça, profissões próprias ou dos pais, classe social, riqueza, crenças religiosas ou idéias políticas.

CF 1937, art. 122 , 1º) todos são iguais perante a lei;

CF 1946, art. 141, § 1º Todos são iguais perante a lei.

CF 1967, art. 150,   § 1º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção, de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas. O preconceito de raça será punido pela lei.

EC-1, 1969, art. 153, § 1º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas. Será punido pela lei o preconceito de raça.

CF de 1988, art. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:”

Apesar de sua suposta “cabeça boa”, Juliana Isen parece acreditar que as diferenças entre as pessoas devem ser “legalizadas”. De duas uma, ou ela desconhece que até mesmo a direita brasileira sempre proclamou a igualdade jurídica como um valor universal ou ignora o fato de que nenhuma sociedade que legalize a desigualdade será capaz de sobreviver aos conflitos que resultaram na Revolução Francesa.

A moçoila direita que se comporta como uma cortesã exigindo as tetas em público, diz que defende mais a “liberdade individual do que na igualdade social”. Tudo indica que para ela o conceito de “liberdade individual” é um valor absoluto. O problema da absolutização da liberdade é que ela justifica tanto o ataque aos defensores da “igualdade social” quanto a criminalidade comum. Ninguém é mais livre do que um criminoso, pois ele não reconhece o valor moral das Leis que garantem a vida e a propriedade alheia. Tampouco reconhece a autoridade das pessoas encarregadas de fazer cumprir estas Leis, de cujos efeitos ele pretende fugir. Juliana Isen defenderia a “liberdade individual” de um criminoso que a atacasse ou exigiria que o Estado a tratasse com “igualdade social” e, portanto, como pessoa sujeita de direitos que devem ser protegidos pela Lei e pelas autoridades?

A “justiça social” é um fundamento do regime constitucional em vigor, que foi aprovado até pelo Centrão (um bloco da direita ativo e majoritário durante a constituinte). A direita pode, portanto, conviver com este conceito. A “justiça social” não é capaz de destruir a “liberdade individual” por dois motivos. Em primeiro porque a confere aqueles que não a tem em razão da precária situação financeira. Em segundo, porque quanto mais pessoas forem “igualmente livres” para desfrutar os benefícios de uma sociedade de consumo, menos pessoas livres serão vítimas de criminosos.

Tudo bem pesado, somos obrigados a concluir que a moçoila de “cabeça boa” nem mesmo consegue ser de direita. A direita pode perfeitamente defender os conceitos de “liberdade”, “igualdade” e “justiça social” inscritos na CF/88. Ela não tem a mesma voz que Fafá de Belém. Apesar de seu “sobrenome de peso”, Juliana Isen não fez algo digno de ser considerado “um feito histórico” como João “do Pulo”. Portanto, me parece que ela só tem uma coisa a nos oferecer: seus peitos siliconados. Toca em frente.  

Fábio de Oliveira Ribeiro

1 Comentário

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  1. Fabio
    Ontem revi o filme de

    Fabio

    Ontem revi o filme de 98 “A Outra História Americana” com Edward Norton, disponível no Netflix….Incrível como teu artigo vai de encontro a polemica deste filme….Acho que tu já assistiu,,….mas vale a pena rever……..http://idgnow.com.br/…/especial-10-filmes-controversos…/

    Abração

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