Lacalle Pou, de centro-direito, é eleito presidente do Uruguai

Vitória de candidato de centro-direita marca fim de ciclo de 15 anos de poder da esquerda no país. Candidato governista reconhece derrota

Da DW Brasil

O ex-senador de centro-direita Luis Lacalle Pou será o próximo presidente do Uruguai. A vitória do candidato e do Partido Nacional (PN) foi indicada nesta quinta-feira (28/11) pelos números apresentados na segunda apuração das eleições presidenciais realizada pelo Tribunal Eleitoral do país.

O vice-presidente da Corte, Wilfredo Penco, disse que o resultado só deve ser oficialmente proclamado quando a “última urna for aberta”. No entanto, a diferença entre Lacalle e o governista Daniel Martínez já é impossível de ser superada pelo candidato da Frente Ampla (FA).

O próprio Martínez já reconheceu a vitória do seu adversário e parabenizou Lacalle Pou em uma mensagem no Twitter. “A evolução da contabilização dos votos não modifica a tendência. Por isso, saudamos o presidente eleito, @LuisLacallePou, com quem terei uma reunião amanhã. Agradeço de coração a quem confiou em nós com seu voto”, escreveu.

 

Junto de Lacalle Pou, também foi eleita a primeira vice-presidente mulher na história do Uruguai,  Beatriz Argimón.

A derrota de Martínez marca o fim de um ciclo de hegemonia da Frente Ampla no Uruguai. O partido chegou ao governo com a vitória do presidente Tabaré Vázquez, em 2005, permaneceu com José Mujica em 2010 e obteve um terceiro mandato em 2015, com um governo novamente encabeçado por Vázquez.

Em seus 15 anos no poder, a coalizão esquerdista conseguiu impor uma agenda liberal que inclui a legalização do aborto em 2012, do casamento entre homossexuais e da maconha em 2013.

No último domingo, os eleitores do Uruguai voltaram às urnas para escolher o novo presidente do país em um segundo turno. No entanto, a primeira apuração não apontou de imediato um vencedor claro. Lacalle Pou apareceu à frente, com pouco mais de 1% dos votos, mas não foi declarado oficialmente como vencedor.

Como a diferença entre ele e Martínez candidato foi de apenas 28.666 votos – inferior à soma de “votos observado”, que passavam de 35 mil – o Tribunal Eleitoral do país decidiu por uma recontagem.

Fernando Vergara, secretário do conselho eleitoral de Montevidéu, explicou que, por volta das 12h (hora local) de hoje, relatórios de seis departamentos do país “que encerraram seus ‘votos observados’ chegaram ao Tribunal Eleitoral e isso permitiu que Luis Lacalle Pou fosse confirmado como presidente eleito”.

Os “votos observados” são aqueles de eleitores que votaram em lugares diferentes de suas zonas eleitorais por algum motivo justificado.

“Não é a precisão dos votos” que explica a atual vantagem de Lacalle Pou sobre Martinez, disse Vergara, mas eles começaram a “diminuir as margens da diferença no domingo”. “Por mais que todos chegassem a Martinez agora, ele não conseguia alcançar Lacalle Pou”, concluiu.

Já o Partido Nacional também publicou no Twitter o texto: “O Uruguai já tem um novo presidente!! @LuisLacallePou”, acompanhado por uma imagem do presidente eleito e de sua vice, Beatriz Argimón.

Além da reunião de hoje com Martínez, Lacalle Pou já tem em sua agenda um encontro com o atual presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez.

Redação

5 Comentários

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  1. Os uruguaios vão aprender por experiência própria aquilo que os argentinos, chilenos, colombianos, bolivianos, equatorianos, mexicanos, brazileiros, etc já aprenderam. É uma pena. Muito do que foi conquistado nestes anos será perdido porque é muito fácil levar o povo na conversa.

  2. Ferrou!
    E eu que já estava pensando em “pegar minha muamba e casar lá no Uruguai”, como diz a música do Moreira da Silva, vou ter que me abrigar noutra freguesia.
    O brasil que se avizinha só o Yldeglan ( pobre de direita ) vai aguentar.

  3. Não me sai da cabeça que essas vitórias da direita pelo mundo têm tudo a ver com o inconsciente coletivo de Jung… nunca a teoria do inconsciente coletivo esteve tão presente e tão forte como neste momento. Infelizmente.

  4. Eu sempre achei o Uruguai o melhor país da América do Sul. Muito disso, na minha opinião, se deve a conscientização politica e social do seu povo, muito acima da média do continente. Enfim, um país muito feliz.
    Até o período turvo da ditadura militar implantada no país, que como as demais republiquetas por aqui sufocou sua democracia, foi menos sanguinário, apesar de igualmente restritivos aos direitos civis.
    Alternar a direção do vetor político não é ruim quando majoritaria e livremente assim o desejar o seu povo. Mas LIVREMENTE, não sob tutela de uma midia cínica e leviana ou de seitas religiosas obscuras ou de milícias ou dos barões financeiros radicados no país ou no exterior.
    Enfim, continuo confiando no discernimento do povo uruguaio que, acredito, jamais apoiaria fascistoides como os recentemente eleitos por aqui na América do Sul.
    Mas vamos aguardar, pois nada como o tempo para mostrar se estamos presenciando uma mudança saudável na direção do vetor politico, que continuará apontando para a liberdade, ou se estamos diante apenas de uma mudança de sentido deste vetor, que passará a apontar para aquele período restritivo e infeliz vivido pelo pais durante a ditadura militar.

  5. “O misterioso caso de certo sítio em Atibaia”

    O rapaz, de nome Fernando, acalentava o sonho de possuir um sítio na aprazível Serra de Itapetinga para ali reunir amigos e familiares em momentos de convívio. Como não dispusesse dos meios necessários, juntou-os entre pessoas de suas relações e adquiriu, após muita busca, no município de Atibaia, uma propriedade com as características almejadas. Vencida essa etapa, cuidou, então, de dar jeito nas benfeitorias existentes. Tanto a moradia quanto as demais construções e áreas de lazer precisavam de reformas que seriam custosas. Mas nenhuma dificuldade ou restrição financeira afastava o proprietário de seu objetivo. Fernando, como se verá, era robustecido pela têmpera dos vencedores.
    Se havia obra a ser feita no seu sítio, nada melhor do que confiá-la à maior empreiteira do Brasil. Marcelo Odebrecht, requisitado, deslocou gente de suas hidrelétricas, portos e plataformas de petróleo, subiu a serra e assumiu a encrenca: casa, alojamento, garagem, adega, piscina, laguinho, campinho de futebol. Tudo coisa grande, já se vê. Vencida essa etapa, o ambicioso proprietário se deu conta de que as instalações da velha cozinha remanescente não eram compatíveis com os festejos que ansiava por proporcionar aos seus convidados. Para manter o elevado padrão, Fernando não deixou por menos. Deu uma folga à primeira e convocou a segunda maior empreiteira do Brasil, a OAS. E o pessoal de Léo Pinheiro para lá se tocou, prontamente, a cuidar da sofisticada engenharia culinária do importantíssimo sítio. Afinal, uma obra desse porte não aparece todo dia. Opa! Problemas de telefonia. Como habitar e receber amigos em local com tão precárias comunicações? Inconveniente, sim, mas de fácil solução. Afinal, todos nós somos conhecedores da cuidadosa atenção que a OI dispensa a seus clientes. Certo? Bastou comunicar-lhe o problema e uma nova torre alteou-se, bem ali, no meio da serra. Concluídas as empreitadas, chaves na mão, a surpresa! Quem surge, de mala e cuia como dizemos cá no Sul, para se instalar no sítio do Fernando? Recém-egressa da Granja do Torto, a família Lula da Silva veio e tomou conta. Veio com tudo. Com adega, santinha de devoção, estoque de DVD, fotos de família e promoveu a invasão dos sonhos de qualquer militante do MST. Lula e os seus se instalaram para ficar e permaneceram durante cinco anos, até o caso chegar ao conhecimento público. Quando a Polícia Federal fez a perícia no local não encontrou um palito de fósforos que pudesse ser atribuído ao desafortunado Fernando. Do pedalinho ao xarope para tosse, era tudo Lula da Silva. Eu não acredito que você acredite nessa história. Aliás, contada, a PF não acreditou, o MPF não acreditou e eu duvido que algum juiz a leve a sério. Mas há quem creia, talvez para não admitir que, por inconfessáveis motivos, concede a Lula permissão para condutas que reprovaria em qualquer outro ser humano.

    autor : Percival Puggina
    Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site http://www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

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