Líbia: A memória curta de Miriam Leitão

 

A imprensa tucana já começa a por suas mangas de fora no caso da Líbia. Lógico: a versão é que as “boas relações” com o ditador Kadafi foram inauguradas pelo presidente Lula.

Mas a memória seletiva desta imprensa esquece que a rede é um arquivo traiçoeiro para pretensões de quem gostaria de domesticar a verdade.

Vamos a um trecho da memoriosa Miriam Leitão, e abaixo a sucessão de fatos – retirados do site do Ministério das Relações Exteriores – que mostraram o início das boas relações Brasil-Líbia.

Primeiramente, a versão da nobre colunista.

” Kadafi é um governante louco e tirânico que acredita ter criado um sistema único. Quando o ex-presidente Lula esteve em Trípoli, em 2003, escrevi neste espaço que a visita não tinha propósito, pé ou cabeça. E isso porque o Itamaraty aceitou imposições grotescas do cerimonial do ditador, entre elas uma esdrúxula visita ao túmulo do pai de Kadafi e aulas de geopolítica na sua tenda de propaganda, e Lula ainda o chamou de “velho amigo”. Mas o governo brasileiro não foi o único a tratá-lo como estadista, quando ele é o que está mostrando ser nas últimas horas: um ditador sanguinário, que não tem dúvidas em mandar bombardear seu próprio povo.”

 

Agora algumas informações necessárias para Miriam Leitão recuperar-se da amnésia pré-2003.

“Em outubro de 2000, após prolongado hiato de visitas bilaterais, veio ao Brasil o General Mustapha Kharoubi, enviado especial do Coronel Khaddafi, acompanhado de expressiva delegação. A alta autoridade líbia foi recebida pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem manifestou interesse em intensificar as relações com o Brasil em todas as áreas. A delegação líbia também foi recebida pelo Ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho. Dado o interesse da Braspetro em retomar atividades na Líbia e superar o contencioso comercial entre a empresa brasileira e a GMMRA (Great Man-Made River Administration), iniciaram-se entendimentos diretos entre as partes, concluídos com êxito em outubro de 2001.

Em janeiro de 2001, o Senador Ney Suassuna efetuou viagem à Líbia, com propósito comercial, tendo sido portador de carta do Presidente Cardoso a Khaddafi. Posteriormente, consórcio de empresas brasileiras, liderado pelo grupo paulista Exter-Saint Davis – Comércio Participações e Empreendimentos Ltda., firmou contrato com o Governo líbio, no valor inicial de US$ 600 milhões, para a construção de conjunto habitacional em Trípoli.

Em junho do mesmo ano, esteve no Brasil missão comercial líbia chefiada pelo senhor Mukthar Ali Algannás, Secretário Adjunto para Cooperação, da Secretaria do Comitê Geral do Povo para a Unidade Africana (um dos três Vice-Ministros do Ministério para assuntos africanos), que foi portador de carta de Khaddafi ao Presidente da República. A missão teve por objetivos: a) estimular maior presença de empresas brasileiras na Líbia, em particular na área petrolífera; b) aumentar as importações do Brasil; c) estudar formas de cooperação entre o Brasil e a Líbia em terceiros países do continente africano; d) importar gado; e  e) formar “joint ventures” nas áreas madeireira e de sementes.

Em julho de 2001, o DG do DAOP visitou Trípoli, onde manteve encontros de trabalho na Chancelaria local. Na ocasião, foi reiterado o interesse líbio em promover a aproximação comercial e diplomática com o Brasil.

                        Em julho de 2002, o Ministro da Economia da Líbia, Dr. Shukri Ghanim, visitou o Brasil, chefiando missão econômico-comercial, e foi recebido pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A comitiva do Ministro contou com a presença do Governador do Estado de Trípoli, Ezzidin Al Henshiry; da Autoridade Nacional da Área Industrial, Hasan Hamid; do Diretor do Departamento de Cooperação Internacional do Ministério das Relações Exteriores, Muftah Al Fituri; e do Diretor do Departamento de Marketing da Companhia Nacional de Petróleo, Mohamed Al Abani, entre outros.

Redação

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