Louca do Penhasco, por Luperce Miranda

Durante um bom tempo, em São Paulo, a excpecional valsa “A Louca”, de Chico Neto, era tocada apenas por poçoscaldenses.

Isso graças a um gramense (de São Sebastião da Grama) Bié Junqueira, que foi para o Rio estudar medicina e voltou formado em violão e boemia.

No seu tempo de Rio, Bié contratou um cartunista que sabia escrever música e colocou em pauta várias músicas da época, uma delas “A Louca”. Em Poços de Caldas era interpretada ao violão pelo Onofre Tito, grande amigo.

Onofre mudou-se para São Paulo e introduziu a valsa aqui. Só descobrimos o autor em uma visita de Radamés Gnatalli. Fomos comer uma pizza e lá o mestre contou que o autor era Chico Neto, cavaquinhista e palhaço de circo. E houve uma transcrição para violão.

Gravei “ALouca” no CD Roda de Choro.

Ontem, o Barão do Pandeiro me presentou com uma gravação de Luperce Miranda. A valsa é apresentada como “A Louca no Penhasco”. A maneira alucinante como Luperce toca cria a imagem de forma dramática. Uma interpretação tão marcante que é inacreidtável que tenha ficado tanto tempo esquecida.

Aqui, a gravação dele e a minha, obviamente bem mais modesta.


Luis Nassif

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Luperce Miranda, o virtuose veloz

    Henriques Annes em uma entrevista com que ele me presenteou:

     

    “= É verdade que Luperce Miranda tocava com uma velocidade que ninguém conseguia acompanhar? Canhoto me falou uma vez que ele era muito rápido.

     

    – Ele tocava tão rápido, que o violão naquela época, tentando acompanhá-lo, só fazia as baixarias, tum-tum, tum-tum. Como se fosse uma tuba, não é? Não dava tempo de fazer o acorde. (Risos) Era uma coisa absurda. No bandolim, ele era uma velocidade incrível. Conta o maestro Clóvis Pereira, quando Luperce Miranda voltou do Rio de Janeiro, e foi contratado (e foi a besteira dele, voltar pro Recife), Clóvis Pereira contou que o grande maestro Guerra Peixe, às vezes ficava assim, vendo, sentado numa cadeira, parava pra olhar Luperce tocando. Luperce e o regional dele: eram Ernane Reis, Wilson Sandes, Nelson Miranda, Chiquinho, e Jackson do Pandeiro. Rapaz, era um negócio sério. Então, Luperce era extraordinário. Sendo que Jacob do Bandolim, matreiro, inteligente, começou a dar vez aos violões. Para o violão ter mais trabalho. E ficou bonito. O violão 7 cordas começou a aparecer, Jacob começou a inovar as coisas, e Luperce continuou naquela dele. Mas Luperce era uma velocidade incrível. Ele tem um choro chamado Picadinho à baiana, solfeja “til-ril-ril-rilrilril…”. (Ver aqui [video:http://www.youtube.com/watch?v=ELRJJuIfUnk%5D ) É uma coisa absurda. Mais rápido que o Apanhei-te, cavaquinho.  É um choro que, por aqui, pouca gente toca. Porque é pra tocar “til-ril-ril-rilrilrilril…”, não sai. E ele tocava. Aí eu tenho uma história, Edmar me contou, Edmar era um músico amador, mas um amador dedicado, tocava bandolim. Conheceu Jacob, conheceu Luperce. Ele falou uma vez, Déo Rian contou a ele, que chegou na casa de Luperce pra receber aula, e Luperce estava no quintal tocando pra galinha, no galinheiro, assim, fazendo escala, treinando técnica, velocidade”.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador