Lula foi certeiro, ministros do STF vão acusando o golpe

É notável como certos comportamentos podem apontar nossos próprios desvios. A fala do ex-presidente Lula sobre o julgamento da AP470, de que o julgamento foi 80% político, vem aos poucos causando a reação em cadeia de apontamentos do golpe. Os primeiros ministros a exteriorizarem o incomodo foram Marco Aurélio Mello (MAM) e Ayres Brito, esse último ex-ministro. Marco Aurélio Mello disse que isso era “conta de doido” e que quem comprovara o delito foi o Estado acusador. Ora, todos nós sabemos que se o tal Estado acusador tivesse comprovado a culpa de fato não seriam necessárias as inovações jurídicas do julgamento, como maior destaque para a teoria do Domínio do Fato.

Agora, vem a notícia que mais dois ministros se manifestaram sobre a fala de Lula. O sempre equilibrado Joaquim Barbosa lança nota por meio de sua assessoria de impressa dizendo que Lula tem dificuldade em reconhecer um “Judiciário independente”, e que é uma total falta de respeito um ex-presidente tentar desqualificar a Suprema Corte do país.

Ao coro de Joaquim se junta a declaração do seu ex-desafeto Gilmar Mendes, o qual, por incrível que pareça, pediu para Lula elencar quais votos formaram políticos; logo Gilmar Mendes que vem acumulando histórico de  histórias muito mal contadas que deram capas para a revista nacional que melhor representa o ódio encarnado ao PT.

Pode-se afirmar que o STF está em descompasso com a realidade, mas é totalmente ao contrário. Todos essas absurdos ditos por esses ministros são reveladoras demonstrações de que a fala de Lula foi certeira, e apontam que esses ministros se valem da matrix formada pela repetição em massa e homeopática de mantras deliberadamente direcionados para a condenação dos réus. Para se ter uma ideia JB disse lamentar que Lula tenha escolhido um órgão de imprensa estrangeira para fazer essas declarações. Provavelmente ele ache que seria melhor Lula falar a imprensa brasileira que é notadamente imparcial e que jamais distorce declarações. 

Não haveria essa histeria sobre a fala de Lula se as coisas tivessem de fato sido conduzidas de maneira clara. Não se pode achar que o brasileiro é totalmente idiotizado a ponto de não perceber o tratamento desigual entre o esquema tucano, pai da criança, e o esquema petista. Muitos se perguntam por que para uns e para outros não? Se o próprio JB disse em sua nota de resposta a Lula disse que a sociedade clama por justiça?

Não se pode mais apagar, graças à internet, declarações do tipo: mesmos em provas  posso condenar porque a legislação me permite (Rosa Weber); ou que cabe ao réu provar a sua inocência, a verdade é uma quimera (Luiz Fux). Não foi o MAM que disse que o julgamento foi técnico e baseado nos autos?

Como não pensar em julgamento político quando o réu mais notório dessa ação está preso em regime fechado por quase cinco meses sendo que o mesmo foi condenado ao regime semiaberto? Como explicar reincidentes tentativas de criar fatos no sentido de postergar ao máximo a permanência de José Dirceu no cárcere?

Nós estamos acompanhando como personagens como Bruno Ribeiro, e a promotora Milhomens, podem atender ao clamor de justiça pela sociedade brasileira por meio da tentativa de quebrar o sigilo do Planalto com a justificativa de denúncia anônima. Por fim, como não lembrar do sorriso no rosto do ex-Procrurador Geral da República Roberto Gurgel quando, um dia antes das eleições de 2012, foi perguntado se ele acreditava que o resultado julgamento pudesse influenciar nas urnas: seria salutar.

Isso tudo já foi mais do que esmiuçado aqui no Blog, e acredito que a maioria tem a ligeira impressão de que o julgamento foi político sim. O fato de negarem que o julgamento foi político com o argumento tosco de que a composição do STF é em sua maioria indicação do PT é algo de extrema má fé. 

Durante o julgamento as provas de parcialidade foram muito além da conta. Alguns juízes pareciam tão seguros de que poderiam deitar em suas camas sem cair na desgraça de terem suas ações questionadas, que chegaram a raia do absurdo de ir a lançamentos de livros como: País dos Petralhas (Gilmar Mendes) e Mensalão (Ayres Brito, que assinou prefácio). Desse modo, o conjunto dos fatos mostra que não se pode negar as evidências mesmo com uma realidade artificial ao seu favor criada e mantida pela imprensa.

O fato de Lula ter falado depois de muito tempo fez com que os ministros sentissem o golpe porque sabem da capacidade de mobilização do ex-presidente; sabem, por exemplo, que isso fará com que a AP470 seja objeto de estudo por mais e mais pessoas aqui e no mundo. O medo é esse, Lula foi certeiro.

Redação

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