Lula lidera porque é o único que fala com os pobres, por Helena Chagas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Ricardo Stuckert

Por Helena Chagas

Em Os Divergentes

Em vez de aliviado com a sobrevivência de Michel Temer, o establishment político começa a semana profundamente angustiado, quase em desespero, tentando explicar a resiliência do ex-presidente Lula, que emplacou 35% na primeira rodada presidencial do Ibope para 2018. Nada indica que este será o quadro daqui a onze meses, pois não há certeza sequer sobre a presença de Lula na cédula, mas, quanto mais o ex-presidente cresce e se consolida nas pesquisas, menos confortável fica a situação dos tribunais para cassar sua candidatura.
 
Alguns políticos e especialistas explicam o desempenho de Lula, e até o do segundo lugar, Jair Bolsonaro, com as viagens que ambos vêm fazendo pelo país, avivando sua presença junto à população. É duvidoso que isso tenha tido maior influência. Afinal, as viagens de Lula, embora bem documentadas nas redes sociais, têm tido baixíssima exposição na mídia tradicional, quase zero, por exemplo, nos noticiários da TV. O que se vê ali, com frequência, é um noticiário policial sobre depoimentos, recibos de apartamentos e denúncias contra o ex-presidente.
 
A confrontar esse raciocínio, há também o fato de que seus pré-adversários também estão viajando o Brasil – sem maiores efeitos. João Dória, por exemplo, parece ter obtido até efeito contrário com sua pré-campanha: não cresceu e até ficou menor do que Geraldo Alckmin, hoje o mais provável candidato do PSDB. Mas o governador também não tem situação tranquila nas pesquisas, embolado no pelotão que disputa o terceiro lugar e tem entre 6% e 7%.
 
Também não funciona muito aqui o argumento dos especialistas de que os adversários de Lula e Bolsonaro ainda são desconhecidos nacionalmente. Alckmin, afinal, já foi governador do maior estado do país três vezes e disputou uma campanha presidencial, que perdeu no segundo turno para Lula.
 
O jogo mal começou, mas tudo indica que a liderança de Lula nas pesquisas se deva, resumidamente, ao velho fator de sempre: da atual lista de postulantes à presidência da República, o ex-presidente é o único que fala com os pobres, contingente da população que andou aumentando nos últimos tempos de crise, desemprego e redução dos programas sociais da era petista.
 
A melhoria de indicadores econômicos como a inflação e os juros, e as indicações de que, vagarosamente, o país sai da recessão e volta a crescer, são como a água que começa a percorrer um longo, longuíssimo cano. Não se tem ideia de quando ela chegará à torneira, ou seja, ao bolso e à vida das camadas mais pobres da população. Enquanto isso não acontecer, o que vai valer para essa maioria, que chegou a ter o gostinho de sair temporariamente da pobreza, é a lembrança dos bons tempos, que se traduz por Lula na cabeça.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

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  1. lula….

    Angustiada está a População Brasileira em não ver uma saída Democrática e Representativa para o Estado Nacional. Em ver mantidos os grilhões de farsante Ditadura travestida em Democracia, sem representatividade alguma. Em ver a continuidade da Casa Grande , agora transformada em Mansão, com mais duas dezenas de cômodos pintados em todos tons de vermelho. E#m ter que sustentar nababesca Elite do Setor Público, nossa verdadeira e única Elite, da qual todas forças socialistas e progressistas precisam para financiar sua incompetência e pagar suas contas. Meritocracia quem precisa é o pobre, senão fica sem energia elétrica, sem casa e sem comida. O Brasil é de muito fácil explicação.

  2. antagonizar e divergir

    Em 2014 disseram que os ignornates nordestinos (re)elegeram o PT e Dilma.

    Agora são e serão os pobres, pelo menos é o que diz o anta e os diverge.

    A solução, então, é simples:

    Combata a miséria, mate um mendigo!

    Que alívio, dirão muitos.

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