As Mães da Praça de Maio, associação argentina de mães que tiveram seus filhos assassinados ou desaparecidos durante o terrorismo de Estado da ditadura militar, denunciou o governo de Javier Milei à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que ameaça os trabalhos da Universidad Nacional Madres de Plaza de Mayo (UNMa).
De acordo com a denúncia, o presidente desqualifica a instituição de ensino, que seria um local de propagação de um programa “de esquerda, abertamente anticapitalista e antiliberal”.
Desde o início do mandato, em dezembro de 2023, Milei transformou o Ministério da Educação Nacional em secretária, comprometendo assim o funcionamento da universidade, conhecida pelo foco em direitos humanos.
Em julho, o Executivo nomeou um reitor, sem levar em conta as autoridades da universidade, o que seria uma “violação flagrante da autonomia universitária”. Já em setembro, policiais impediram a entrada dos trabalhadores na universidade.
O presidente argentino promoveu ainda uma intervenção na cidade, a fim de impedir seu funcionamento, além de restringir fundos orçamentários. Assim, a instituição não tem como pagar os salários, os custos de manutenção de edifícios e despesas gerais para manter o funcionamento das instalações.
No X, Milei admitiu as ordens para fechar a universidade e acrescentou que “os terroristas estão acabados”.
Em resposta, as Mães da Praça de Maio afirmaram que o posicionamento de Milei não se resume à divergência ideológica, mas sim de uma oposição entre a civilização e a barbárie, especialmente na tentativa de apagar da memória histórica os trágicos acontecimentos aos quais a universidade se opõe.
À Comissão, a associação pediu que o Estado não indique reitores, prática que configuraria uma intervenção deslegal na instituição; o fim de todas as formas de discriminação, em especial a orçamentária; o fim de todas as formas de violência institucional contra a universidade; e a garantia dos princípios de liberdade acadêmica e autonomia universitária.
A Universidade Nacional Madres de Plaza de Mayo tem 2.200 alunos, 252 professores e 91 funcionários. A denúncia é liderada pelos advogados brasileiros Rafael Valim e Walfrido Warde, além do jurista argentino Pablo Gutierrez Colantuono e Júlio Ortiz, advogado de Gustavo Petro, presidente da Colômbia.
*Com informações da coluna de Jamil Chade, do UOL.
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