Maioria gosta de militares no governo, diz pesquisa Datafolha

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Apoiadores são homens, aposentados e evangélicos. Bolsonaro foi o que mais nomeou militares desde a redemocratização do país e chegou a ultrapassar três ditadores

Foto: Reprodução

Jornal GGN – Apesar da queda do “otimismo” do brasileiro, segundo o Instituto Datafolha, e a desaprovação também alta do governo Bolsonaro, a maioria da população defende a presença de militares em importantes cargos do governo federal. Foi o que mostrou a pesquisa, divulgada nesta segunda-feira (08).

De acordo com o Datafolha, 60% dos entrevistados acham positiva a atuação de militares dentro do comando do país. A minoria (36%) considera negativa essa presença dos militares e somente 2% afirmaram ser indiferentes a isso.

O governo Bolsonaro foi o que mais nomeou militares para ministérios entre todos os presidentes do período de redemocratização do país, após a ditadura do regime militar brasileiro (1964-1985).

Esse recorde de militares compondo o governo chegou a ultrapassar três ditadores – João Figueiredo, Ernesto Geisel e Emílio Garrastazu Médici, já em fevereiro deste ano, quando se atingiu 8 ministros militares ou com formação militar, o que manteve até agora.

São eles: Floriano Peixoto Vieira, general (Secretaria-Geral da Presidência); Carlos Alberto dos Santos Cruz, general (Secretaria de Governo); Augusto Heleno, general (Gabinete de Segurança Institucional); Fernando Azevedo e Silva, general (Defesa); Tarcísio Gomes de Freitas, capitão (Infraestrutura); Marcos Pontes, tenente-coronel da FAB (Ciência e Tecnologia); Bento Costa Albuquerque, almirante (Minas e Energia) e Wagner Rosário, capitão (Transparência).

Os integrantes das Forças Armadas ainda obtiveram outras dezenas de cargos importantes, de segundo e terceiro escalão, no governo Bolsonaro.

Mas para 60% dos brasileiros entrevistados pelo Instituto Datafolha, isso não é negativo. O perfil dessa aprovação aos militares é maior entre homens, aposentados, idosos acima de 60 anos, evangélicos e pessoas que vivem no Sul, Oeste e Norte do país.

Já essa aprovação cai entre o público de mulheres, jovens entre 16 e 24 anos, pessoas com escolaridade a partir do nível superior, renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos e da região Nordeste do país.

Para a pesquisa, o Datafolha ouviu 2.086 entrevistados em 130 municípios, entre os dias 2 e 3 de abril.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Porque Bolsonaro pode subsistir a todos, pois evolução não quer necessariamente dizer melhora.
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    Há uma visão quase que religiosa em que a evolução das espécies se dá pela “melhora” de suas características, porém este conceito de melhor não existe na biologia, há sim os conceitos de adaptação e de seleção natural.
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    Quer dizer no processo de evolução das espécies há mudanças que não dão certo que são imperfeições adaptativas e mudanças que dão certo, as adaptações que dão certo, que as pessoas confundem com uma melhora.
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    Vamos explicitar melhor, se uma espécie sofre uma mutação que resulta na sua mudança de cor, se com esta mudança ele fica menos evidente aos seus predadores ela concorrerá para aumentar a sua chance de sobrevivência, no sentido contrário, ou seja uma mudança que os tornem mais evidentes aos predadores, a sua chance como elemento de uma espécie será de não sobreviver, deixando para os que não mudaram ou que mudaram na direção contrária sobreviverem.
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    O que pode ocorrer com o atual ocupante do cargo de presidente da república é exatamente sofrer uma mudança adaptativa externa, que o torne menos sujeito a sofrer críticas de elementos que apoiaram a sua eleição, ou seja, como na natureza ele pode trocar de cor, mantendo todas as suas características que o definem como um péssimo gestor e como um desastre para as classes mais desfavorecidas do país, e sair ileso até o fim do seu mandato.
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    Esta mudança de cor, não significa que o mesmo fará com que a miséria do povo diminua ou deixe de aumentar, a mudança de cor não fará com que a exploração do proletariado brasileiro diminua, mas sim que aumente, a mesma mudança não fará que a soberania nacional fique virado somente em letras mortas dos textos constitucionais e jurídicos, em resumo, a destruição do país para os das categoria social dominada pela burguesia continue. Porém se ele satisfazer os grupos sociais minoritários dando um pedaço ainda maior de toda a renda nacional, a chance do que o mesmo sobreviva até o fim do seu mandato aumente.
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    As grandes reivindicações das oligarquias dominantes, não é que se inverta as prioridades do país, é simplesmente que acabem com as bizarrices e como diz a piada, se retire o bode da sala.
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    Talvez as figuras daninhas e folclóricas do ministério sejam sacrificadas, mas serão sacrificadas não por serem daninhas, mas por serem folclóricas. Um ministro como o da educação, poderá ser mudado para um que satisfaça as demandas de um melhor planejamento para acabar com o ensino público como demandou a deputada Tábata na audiência pública, ou seja, que no lugar de um powerpoint de quatro páginas sejam feitos planejamentos sérios e detalhados de destruição do ensino público, pois a seriedade impressiona a direita, vejam o governo Alckmin, somente nos seus estertores que começaram as críticas mais virulentas, mas todos já sabiam a bastante tempo que a economia paulista perdia relevância nacional e o pouco que tinha internacionalmente, mas como isto era feito de forma sisuda e aparentemente profissional, não importa que o paulistano ficou sem água na seca e afogado nas cheias.
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    Se for substituído o nosso chanceler por algum outro que apesar de não seguir Olavo de Carvalho, continue a uma política de submissão às forças imperialistas, porém com classe e não escrevendo besteiras como a luta contra o marxismo cultural, ficando somente com a luta contra o marxismo não adjetivado, provavelmente ganhará manchetes favoráveis de primeira página no Estadão e entrevistas subservientes na Rede Globo.
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    Poderíamos falar da Damares nos mesmos termos, se entrar em seu lugar uma pessoa religiosa, conservadora, antifeminista, mas que faça sem bizarrices de dizer que viu Jesus de cima da goiabeira, mas que simplesmente reza para ser iluminada pelo mesmo, e acha em seu íntimo que está no caminho correto, tudo bem, as pautas feministas serão devidamente enterradas num solene e respeitoso funeral.
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    Só um pequeno detalhe, a conservação do interior da pauta do atual governo, mudando somente a cor externa talvez garantirá a sobrevivência por mais tempo, entretanto a economia, esta não se muda mudando a cor externa, precisa evoluir internamente, e isto a oligarquia nacional e o imperialismo internacional não permitirá, e a luta contra isto não será contra os aspectos externos, mas sim pelo centro de tudo, que certamente terá as forças armadas para protege-lo, mesmo com a falência do que chamamos Brasil.

  2. Maioria dos brasileiros também é canibal quando viaja ao estrangeiro, roubando tudo dos aviões nos quais viajam e dos hotéis nos quais se hospedam. Não sou eu que estou dizendo isso, quem disse isso foi o Ex-Ministro Ricardo Velez.

    Quando o Ministro do Turismo, o Laranjeiro Marcelo Álvaro Antônio, vai ser exonerado?

    Cadê o Queiroz?

  3. Mas que se considere o fato de militares terem se aproximado de alguém que foi expulso do ambiente militar, até por incompatibilidade com regra básica: indisciplina. Acrescido da falta de habilidade gerencial, política, diplomática e moral do governante, em época de alta complexidade (e logicamente de baixa previsibilidade) é inevitável que o que ocorre e ainda causará, respingue na ala militar o fracasso e frustrações que aconteçam. Em seis meses no máximo, os índices de desaprovação se aproximarão dos de Temer, o usurpador e aí, com Mourão à frente, os militares passarão pela maior prova de sua vida, muito maior que terem sido anistiados pelo que fizeram na ditadura.

  4. Num universo de 2086 pessoas, se elas, hipoteticamente, representarem a composição da população brasileira, essa conclusão revela-se severamente equivocada, já que a parcela de idosos na população mal ultrapassa o percentual de 10%, e desses, apenas 4% são homens, dos quais nem todos são evangélicos.
    Pelo que entendi, 60% dos entrevistados na pesquisa são os tais homens maioria que aprovam militares no governo.
    Melhor esclarecer os métodos ou a escolha dos entrevistados.

  5. Como é que um Ministro que nunca ficou de pé pode cair?
    Quando o Ministro do Turismo, responsável pelas laranjas de Minas Gerais, vai cair?

  6. Adolf Eichmann era um excelente gestor, de genocídio.
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    Eu fico espantado para o grau de idiotia que se espalha pelos setores do chamado campo progressista, quando na nomeação de um novo ministro a primeira coisa que procuram ver é se o sujeito é um bom gestor, pois bem, Hannah Arendt, no seu livro extremamente famoso “Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal” mostra claramente que um assassino em série, como Eichmann, não precisa ter aparência de um monstro e babar pelos cantos da boca. Pode ser um eficiente e ótimo gestor na organização de qualquer coisa, inclusive um genocídio.
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    Se os militares estão sendo elogiados e aceitos pela população pois tanto a imprensa conservadora quanto a chamada imprensa progressista elogiam a eficiência e a invisibilidade que os ministros militares estão se colocando, a mesma eficiência e invisibilidade que utilizaram para perpetuar massacres de indígenas no meio da floresta.
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    Ser um bom gestor não quer dizer nada, inclusive se o genocídio cometido sobre o governo nazista, se fosse mais atual, poderia utilizar métodos modernos de controle de qualidade como “Identificador de Qualidade” descritos nas diversas ISO-8000.
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    Estes ditos arautos dos campos progressistas, ficam maravilhados com a gestão de alguns generais nas pastas que ocupam, pois não dizem besteiras, simplesmente porque não falam. Não emitem opiniões absurdas, porque guardam para eles e provavelmente se adaptariam muito bem as normas ISO-8000, simplesmente porque na burocracia e na normalização não há nada que fale sobre ética e moral.
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    É possível um matadouro de animais ter uma certificação de qualidade, claro que sim, e provavelmente a maioria dos mesmos o tem, porém nunca deixarão de ser matadouros.
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    Este ponto que deveria ser levado em conta, mas a maioria das pessoas ficaram maravilhadas com o discurso da jovem deputada do PDT que não discutiu com o ministro Velez nada sobre o conteúdo que ele propunha, mas sim pela falta de forma que ele tinha. Sem um plano claro, sem nenhum aprofundamento no assunto, ou seja, no limite a Deputada Tábata ficaria maravilhada com a capacidade de organização que Eichmann, se nas suas fichas não aparecessem que eram pessoas que estavam sendo mortas, mas isto seria um detalhe pois o importante é ter gestão.

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