Mais de 400 cidades brasileiras não possuem bancos

Ao final de 2019, dois em cada cinco municípios estavam sem atendimento de instituições financeiras

Jornal GGN – O Brasil registra 427 cidades no grupo daquelas que não possuem sequer uma agência bancária desde 2013, quando a cobertura chegou ao seu auge. Ao final de 2019, dois em cada cinco municípios estavam nessa situação.

Em um período de seis anos, 2.414 agências foram fechadas em todo o país com os cortes de custos dos grandes bancos, inclusive os estatais, para enfrentar a crescente concorrência digital.

Para analistas consultados pelo jornal O Globo, a redução da rede física de agências é um obstáculo à inclusão de mais brasileiros no sistema bancário. A digitalização pode ajudar a preencher essa lacuna, mas ainda não é acessível para muitos, principalmente os mais velhos e mais pobres.

O fechamento das agências bancárias acaba por comprometer o aumento da bancarização, uma das metas traçadas pelo Banco Central. Pesquisa do Instituto Locomotiva mostra que, em 2019, o Brasil ainda tinha 45 milhões sem conta bancária. Destes, 61% estavam fora dos grandes centros.

Redação

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  1. Extraordinário Mercado a ser explorado por centenas e centenas de pequenos Bancos e Instituições Financeiras. Quantos países pelo Mundo tem tamanho Mercado? Estado Absolutista e sua Indústria da Vitimização e Pobreza. Pobre país rico.

  2. O NEGÓCIO É FAZER MAIS COM MENOS

    Março ou abril/2018 – Após 3 assaltos em poucos meses, o Banco do Brasil decide resolver o problema daquela agência de uma pequena cidade do Vale do Paraíba, 4.954 habitantes (2015): fecha a agência. Tratava-se de prédio herdado do “espólio” do Banco Nossa Caixa (BNC), comprado em 2009, completamente fora dos padrões de segurança do BB. Competia reformar ou construir uma nova agência, jamais fechar.

    Com a ascensão do governo Temer, o BB trocou de presidente, entrou um funcionário de carreira que deu uma gloriosa entrevista-permuta para a IstoÉ Dinheiro, edição 1058, 23.02.2018, com chamada de capa: ” Cortando custos, rediscutindo a relação com o governo e apostando em tecnologia, o executivo Paulo Caffarelli nocauteou a baixa rentabilidade em seus sete trimestres à frente do banco estatal. O mercado gostou. E isso é só o começo”

    (…) A meta, ambiciosa, era que 18 mil dos 114,4 mil funcionários se aposentassem. O resultado final foi a metade disso, cerca de 9,4 mil. O banco também reduziu sua rede. Foram fechadas 12,1% das 5.428 agências, diminuindo o total para 4.770. Como resultado, o índice de eficiência atingiu o nível histórico de 38,1%, ante 40,1% seis trimestres antes. (…) “O resultado é ainda mais positivo quando se percebe que o banco conseguiu fazer mais com menos.”

    Consequências do fechamento da ÚNICA AGÊNCIA BANCÁRIA da cidade:
    1) Os velhinhos e as velhinhas beneficiários do BPC-Benefício de Prestação Continuada do INSS, cerca de 20/25% da população, têm de se deslocar até a cidade mais próxima, 22 Km, para onde foram transferidas contas/operações.
    2) em maio/2018, cerca de 2 meses depois do fechamento, um empresário relatou-me que, por ser a único banco na cidade e não existir caixas eletrônicos, houve um grave efeito colateral: o dinheiro, o meio circulante, o papel moeda simplesmente sumiu da cidade.
    Mas os velhinhos poderiam suprir isso, afinal cerca de 800/900 deles vão até a cidade mais prpoxima, recebem o benefício e voltam para a cidade com o papel moeda nas mãos, certo? Errado. Dois supermercados da cidade, cada um com 4 Kombis, oferecem aos velhinhos passagem de volta gratuita até a residência, maioria zona rural, desde que fizessem a compra do mês.
    Nos 5 primeiros dias úteis do mês esses supermercados ficam lotados, carrinhos abarrotados passando pelos caixas, na porta as kombis esperando, levam os velhinhos e as compras até o domicílio. Em seguida, vão até a única lotérica pagar suas contas/boletos, de modo que não sobra nada para a cidade de origem.

    Quando entrei no BB, em 1975, logo nos primeiros meses escutava os mais antigos dizerem: 1) O BB não fecha agências pioneiras; 2) O BB não fecha agência onde ele é o único banco local; 3) Aliás, o BB não fecha agências. Mas isso era no tempo do governo Geisel.

    Na primeira semana do mês, o banco que recebeu as contas/pagamentos transferidos fica abarrotado. Dá pena de ver os velhinhos atrapalhados para tirar a senha do atendimento ou operarem os caixas eletrônicos. Não há funcionários no BB, há uma falta, visível, de pelo menos 10 mil seres humanos. Agências recusam abertura de contas porque não têm capacidade de atendimento.

    Querem um banco digital, esquecendo que o Brasil é analógico. O Brasil profundo não está apenas no Centro-Oeste, Norte ou Nordeste, mas também a 180 Km da Avenida Paulista, Berrini e do Condado da Faria Lima, mais precisamente no Vale do Paraíba.

    Cerca de 2/3 meses após o fechamento, estou na fila do caixa da padaria e ouço uma conversa preciosa, que peguei pela metade, mas suficiente para entender. Um cara muito indignado com o fechamento da agência da cidade dele, que dizia muito irritado, “afinal de contas o dinheiro todo da prefeitura, a folha de pagamentos, tudo passa pelo banco, como é que eles fecham isso assim, sem mais nem menos,nem satisfação, nada. Isso não vai ficar assim.”

    Fazer mais com menos – O BB é responsável, por delegação do Bacen, pelo saneamento do meio circulante em todo território nacional, ou seja, limpeza do dinheiro, a troca de cédulas dilaceradas por cédulas novas. Faz uns 3/4 anos que estou notando que as máquinas de caixa eletrônico do BB e 24 horas soltam cédulas em pe´ssimo estado, puídas, rasgadas, velhas, emboloradas, malcheirosas, um lixo. Semana passada, saquei na principal agência de Taubaté, o BB entregou-me uma cédula de 50 rasgada ao meio quase total, faltava uma beiradinha para estar partida ao meio. E velha, nem cédulas de 50 e 100 estão em boas condições. Quando passei a nota, o cara sacou o durex e emendou. Lixo.

    Cédulas nesse estado engripam as máquinas do caixa eletrônico, só a assistência técnica para botar a máquina em operação novamente. Porque não há seres humanos/funcionários para fazer a seleção do numerário dilacerado do utilizável, então as cédulas estão no osso. Os caixas eletrônicos por sua vez, deixaram de ser substituídos nos prazos certos, estão comendo o fígado, é comum entrar no banco e deparar-se com apenas 2 caixas funcionando de 5. A lista de problemas é interminável. Chega.

    O negócio é fazer mais com menos.

    PS.: O “empreendedor” acabou de abrir a sua microempresa e procura o glorioso BB para abrir a conta e é apresentado à dura realidade: o banco cobra de tarifa R$ 160,00 (cento e sessenta reais) mensais, ou R$ 1.920,00 por ano. Fora o resto, a tarifa por cheque emitido, etc. E o cartão, etc.
    Sem ilusões, a tarifa escorchante tem uma finalidade, expulsar, ou eufemisticamente “selecionar” a clientela, esse tipo de cliente não interessa mais ao BB.

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