Mais denúncias no caso da ração para pobres: Quanto mais se cavouca, mais fede

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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do E-boca Livre

Um gentil  leitor me chamou a atenção para uma matéria que ele leu no Estadão, datada de 19 de julho de 2017, sobre um abrigo para drogados e indigentes, numa instituição de religiosos católicos, em Jarinu, onde morreram 14 pessoas em um mês,

Desde 2011 a Missão Belém é investigada pelo Ministério Público e pela Prefeitura de Jarina. Ela funciona como uma “comunidade terapêutica” mas não tem licença para tanto, segundo as regras da Anvisa.

Os que morreram no período apresentavam quadro de diarreia e vomito, seguido de desnutrição, desidratação e intoxicação alimentar. Outros 19, internados com os mesmos sintomas, sobreviveram. As vitimas moravam no sítio da Missão Belem. Metade delas era de idosos e moravam no sítio há anos.

Do dia 03 a 18 de julho, o hospital de Clinicas de Campo Limpo Paulista, recebeu 25 internos da Missão Belém. “Se Deus decide levar, já não é problema nosso”, declarou o coordenador da instituição. O Padre Giampietro Carraro, fundador do grupo e que faz esse serviço inclusive no Haiti, não deu entrevista. A Arquidiocese de São Paulo, informou que a Missão Belém é independente.

Tudo isso seria um simples e escabroso caso policial, não fosse a importância de que se reveste agora: a Arquidiocese e a Missão Belém estão, lado a lado, como colaboradores da Plataforma Sinergia, assim como a Prefeitura de São Paulo.

O que significa ser colaborador desse projeto? Ainda mais um abrigo de indigentes e drogados. Seria um campo de provas e experimentos? Como pode a Prefeitura de São Paulo se envolver com parceiros que não dispõem de licença para operar legalmente? O que os ditos “parceiros” estão fazendo para apurar a razão das mortes?

Eis ai um campo muito fértil para o jornalismo independente.

A sociedade está interessada em conhecer todos os laços da Plataforma Sinergia desde que o prefeito a trouxe para a esfera pública e pretende abraçar o seu projeto, inclusive abrindo-lhe as portas de escolas e creches. Nós, paulistanos, não queremos isso.

Ele não poderá faze-lo, sob pena de responsabilização, se beneficiar de alguma forma entidades inidôneas, envolvidas em mortes até agora misteriosas. É mesmo urgente que a Camara dos Vereadores aprove a CPI para apurar as verdades, envolvendo os apoios à Plataforma Sinergia.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

21 Comentários

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  1. “Os que morreram no período

    “Os que morreram no período apresentavam quadro de diarreia e vomito, seguido de desnutrição, desidratação e intoxicação alimentar. Outros 19, internados com os mesmos sintomas, sobreviveram”:

    OLHEM PARA AS UNHAS DELES AGORA NESSE MINUTO!

    Se tiver faixa branca depois da meia lua em branco debaixo da unha, foi envenenamento intencional.

  2. “Comida com cara de comida e coisa culturalmente dada”

    Em 09.10.2017, o GGN reproduziu artigo do e-boca livre intitulado “Dória faz parceria para processar resto de comida e dar aos pobres”. (https://jornalggn.com.br/noticia/doria-faz-parceria-para-processar-resto-de-comida-e-dar-aos-pobres). Um trecho chamou a atenção: “Mas a forma humana de comer requer “comida com cara de comida” (Michael Pollan), e é esta condição de coisa culturalmente dada que transforma o comedor em cidadão; não os nutrientes de ração.”

    Refletindo sobre esse trecho, lembrei-me, por analogia, da Fordlândia, o projeto megalomaníaco que o empresário Henry Ford quis implantar a partir de 1927 em plena selva amazônica paraense, as margens do rio Tapajós, para produção de látex, matéria prima para os pneus dos carros Ford, nos EUA. 

    O projeto foi um rotundo fracasso por vários motivos, citando apenas dois deles de forma sucinta, porém decisivos:  

    1) a seringueira era nativa da Amazônia, nascia e crescia e produzia espontâneamente em seu meio, a floresta. Ford cometeu um erro fatal, ao querer cultivar a planta de forma extensiva, derrubando enormes áreas de floresta virgem e plantando como se fosse uma lavoura de milho.   Retirada do seu meio, a floresta, vieram as pragas que dizimaram os seringais, as que sobreviviam a produtividade era baixíssima, economicamente inviáveis. ford desrespeitou a natureza, quis impor o “fordismo” na plantação de seringais (escala, linha de montagem);

    2) o segundo e decisivo fracasso, foi com os seres humanos, os empregados do projeto. Ford preocupou-se de fato com os empregados, construiu vilas, casas, proporcionou assistência médica e dentária, lazer, etc. Porém, a mentalidade colonizadora levou-o querer modificar e impor hábitos alimentares e culturais estranhos aos caboclos amazônidas. Ali a porca torceu o rabo. Ford queria que os caboclos comessem a mesma comida dos americanos, seguissem a dieta prescrita pelos nutricionistas do projeto, que previam a reposição calórica na medida do dispêndio, etc. E tome carne em conserva enlatada (corned beef), vinda dos EUA. 

    Ora, carne enlatada em conserva era comida com cara de comida e coisa culturalmente dada para os americanos. Para os caboclos, em pleno 1927, comida com cara de comida era mandioca (Ford considerava um alimento nutricionalmente muito pobre), anta, paca, tatu, cotia, nhambu, peixes, jacaré, macaco, jamais carne enlatada em conserva, que “não tinha cara de comida e não era coisa culturalmente dada”, por mais que fosse uma refeição calórica e balanceada. Daí deu-se a revolta dos empregados do projeto, em sua maioria caboclos locais e nordestinos atraídos pelos empregos, e começou a debandada. A questão alimentar bateu pesado. 

    Fordlândia, um projeto em princípio bem intencionado, foi uma coleção de rotundos fracassos, pelo desrespeito à natureza (cultivo extensivo de seringueiras) e imposição de hábitos alimentares e culturais estranhos aos nativos. 

    Essa questão da alimentação, não me lembro agora, está ou no livro Fordlândia Ascensão e queda da cidade esquecida de Henry Ford na selva, de Greg Grandim, ou em 2 ou 3 documentários que estão no You Tube. 

    Em tempo – embora equivocado, Ford tinha realmente preocupação em fornecer uma alimentação nutritiva e balanceada aos seus empregados, e na sua visão colonizadora, a melhor comida era a do seu país, jamais a dos “bárbaros” nativos; Dória não, Dória usa a prefeitura de SP como plataforma de negócios, apenas negócios. 

    1. Vi uma entrevista da filha do

      Vi uma entrevista da filha do engenheiro chefe do projeto da Ford e ela, testemunha ocular,  disse que os gringos, inclusive o pai dela, sairam correndo e ficaram 3 dias na mata porque a peaozada estava revoltada com eles.

      Outra experiencia foi do dono da Termomecanica, fascista de 4 costados, contratou equipe de nutricionistas e produziu uma sopa ultra nutritiva e saiu a distribuir para as favelas da regiao do ABC, em uma semana o pessoal ja nao queria nem ver a atal super sopa.

    2. Vi uma entrevista da filha do

      Vi uma entrevista da filha do engenheiro chefe do projeto da Ford e ela, testemunha ocular,  disse que os gringos, inclusive o pai dela, sairam correndo e ficaram 3 dias na mata porque a peaozada estava revoltada com eles.

      Outra experiencia foi do dono da Termomecanica, fascista de 4 costados, contratou equipe de nutricionistas e produziu uma sopa ultra nutritiva e saiu a distribuir para as favelas da regiao do ABC, em uma semana o pessoal ja nao queria nem ver a atal super sopa.

    3. Outro problema que revoltou foi o horário…

      Na Amazônia os cablocos trabalhavam bem cedinho, quando o calor é menor, paravam na parte da tarde em que o sol está a pino e, se não me engano, voltavam mais ao final da tarde, quando o sol já não incidia tão forte. Na Fordlândia impuseram o horário que os operários de Detroit faziam. Desconsideraram a diferença do frio quase canadense do calor equatorial daqui.

      1. Neotupi,

        Morei a 150m das margens do Amazonas, entre 2004/2007, o calor é tão infernal que estabeleci para mim mesmo, como forma de sobreviver, que não estava fazendo aquele calor, era impressão minha, abstraí. 

  3. Na ânsia de bater no dória, e
    Na ânsia de bater no dória, e aparecendo uma entidade católica apoiada por bispos conservadores,.podem estar cometendo o mesmo erro da escola base. não constam o mesmo erro do pig

    1. Cardeal confirmou que ração FIOFOlizada é usada na Missão Belem

      No Estadão confirma que a ração FIOFOlizada (eu sei que o nome é outro, mas por aqui o apelido já pegou) é usada nesta Missão Belém. É claro que o caso das mortes pode ter outras causas, mas convenhamos que precisa ser investigado.

      http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,composto-alimentar-sera-distribuido-em-escolas-a-partir-deste-mes-diz-doria,70002051192

      1. a cada Belem nada tem a ver com a raçao do joao doria, materia e

        Essa materia dessas mortes na casa Belem esta equivocada. Conversei com o padre ontem, ele me explicou que eles recolhem pessoas das ruas, doentes dos hospitais, com doenças em estagios avançados, muitos com Aids, eles acolhem essas pessoas para procurar dar um minimo de dignidade, para q nao morram ao relento. Ele explicou q essas mortes acontecem naturalmente, pelo estagio avançado de suas doenças, nada tem a ver com raçao ou joao doria. Inclusive mostrou os atestados de obitos, causa mortis variadas nada a ver com infeccao alimentar.

    2. Não constam=não
      Não constam=não cometam

      Alteração do corretor automático…

      O que quis dizer é que estão julgando a missão Belém pelo que pensam do dória e pelo que querem que pensem dele…

  4. Gentem!

    Falando sério.

    Esse viés “higienista” do nobre alcaide pode levar ao extermínio discreto e “caridoso” de boa parte da população considerada “excedente” com as bênçãos da ICAR, já que o combate às drogas custa dinheiro, não surte efeito, não traz prestigio e nem votos,  e o número de pobres e desabrigados só cresce.

    O discurso de seus apoiadores ( aqui, inclusive) aponta nessa direção.

     

  5. 1- é necessário ver, ler,  de

    1- é necessário ver, ler,  de onde vieram estas pessoas que faleceram…da rua ou de um outro lugar (hospital, clinica, etc)?

    2- As mortes ocorreram em que unidade?

    3- Ler Atestados de óbitos, de inicio.

  6. checar a informação

    Matéria do Estadão diz que a Missão Belém já dava a ração para os abrigados.

    SE FOR VERDADE o que disse a própria dona da Sinergia, que a ração ainda não passou pelo processo de aprovação oficial, pelo Conselho Alimentar (não sei como chama), todos terão que ser processados, a Missão, a dona da Sinergia, o Doria e não sei mais quem. Será que usaram a missão como teste da ração em humanos? E por coincidência Deus levou 14 pessoas para o seu aconchego?

    Temer, com seu trabalho escravo, e Doria, com sua ração, podiam sair por aí de braços dados e perder o caminho de volta. Às vezes tenho a impressão que estou num pesadelo, que não é possível que tudo isto esteja acontecendo. 

  7. Esta matéria do Estadão é falaciosa. Já foi provado.

    Visito esta instituição quinzenalmente e e coopero com ela há mais de dois anos. Estas casas nunca receberam o tal alimento, e portanto as mortes nada tem a ver com ele. Por favor, não liguem os pontos dessa forma porque é desonesto. Aliás, as mortes também não têm a ver com intoxicação alimentar, como mostra os óbitos e o laudo oficial da prefeitura: 

    http://www.missionebelem.com/pdf/declaracao_pref_jarinu.jpg

    Esta matéria já foi desacreditada na época, e desconheço os motivos que levaram os joranlistas do Estado a fazê-la, assim como a fonte que utilizaram para sustentar a falácia. Posso afirmar que a Missão Belém possui um trabalho completamente idôneo e procura fazer o máximo com os recursos de que dispõe. A instituição acolhe pessoas em situação de rua, independente do seu estado de saúde. Assim, muitos acolhidos possuem enfermidades em estágio avançado, vítimas de uma prolongada exposição às más condições das ruas e do uso constante de entorpecentes. O trabalho da Missão procura resgatar a dignidade dos pobres, mesmo que – infelizmente – nos últimos momentos de suas vidas.

  8. Esta reportagem do Estadão é falaciosa. Foi desmentida na época.
    Visito esta instituição quinzenalmente e e coopero com ela há mais de dois anos. Estas casas nunca receberam o tal alimento, e portanto as mortes nada tem a ver com ele. Por favor, não liguem os pontos dessa forma porque é desonesto. Aliás, as mortes também não têm a ver com intoxicação alimentar, como mostra os óbitos e o laudo oficial da prefeitura:  http://www.missionebelem.com/pdf/declaracao_pref_jarinu.jpg Esta matéria já foi desacreditada na época, e desconheço os motivos que levaram os joranlistas do Estado a fazê-la, assim como a fonte que utilizaram para sustentar a falácia. Posso afirmar que a Missão Belém possui um trabalho completamente idôneo e procura fazer o máximo com os recursos de que dispõe. A instituição acolhe pessoas em situação de rua, independente do seu estado de saúde. Assim, muitos acolhidos possuem enfermidades em estágio avançado, vítimas de uma prolongada exposição às más condições das ruas e do uso constante de entorpecentes. O trabalho da Missão procura resgatar a dignidade dos pobres, mesmo que – infelizmente – nos últimos momentos de suas vidas. 

  9. Cara, o que me chama atenção

    Cara, o que me chama atenção são os ditos “parceiros”.

    Merece uma boa investigação, Rossi Watanabe? não é aquele escritório de advocacia, que contratou o procurador miller?

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