Mais um indígena Guajajara morto no Maranhão

Morador da TI Arariboia é assassinado a facadas em Amarante. Autoridades policiais e entidades indigenistas divergem sobre identidade e idade da vítima

Do DW Brasil

Mais um indígena da etnia Guajajara foi assassinado no Maranhão, o quarto desde novembro. A Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Polícia Civil confirmaram o assassinato nesta sexta-feira (13/12), mas divergiram sobre a identidade e a idade da vítima.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o corpo de Erisvan Soares Guajajara, de 15 anos, foi encontrado em um campo de futebol localizado no município de Amarante, no Maranhão. Ele foi assassinado a golpes de faca, e ainda não há suspeitos pelo crime.

O Cimi afirma que Erisvan deixou a Terra Indígena Arariboia, onde mora, há cerca de duas semanas para uma viagem com o pai à cidade maranhense, onde eles comprariam mantimentos e roupas. “A viagem acabou de forma trágica quando o corpo do jovem indígena foi encontrado esquartejado”, escreveu o conselho em nota divulgada em seu site.

A Polícia Militar informou à imprensa local que o assassinato ocorreu durante uma festa na noite de quinta-feira no bairro Vila Industrial. Ao lado do corpo dele foi encontrado o de outra vítima, Roberto do Nascimento Silva, um não indígena.

A Polícia Civil não acredita que a morte de Erisvan tenha relação com os assassinatos recentes de indígenas Guajajaras, e disse que a suspeita é que “a situação tenha se originado de uma briga entre ele e o outro rapaz”, segundo o jornal O Globo.

Citado pelo Cimi, o irmão de Erisvan, Luiz Carlos Guajajara, disse que o jovem “era um menino tranquilo, como qualquer outro menino da idade dele”. “Vivia na aldeia. Ia para a cidade uma vez ou outra”, declarou.

As informações sobre o crime, contudo, estão bastante desencontradas. A Polícia Militar e a Funai, por sua vez, identificaram a vítima como Dorivan Soares Guajajara, de 28 anos, conhecido como Cabeludo.

Em nota publicada pela imprensa brasileira, a Funai confirma que o crime ocorreu em uma festa na Vila Industrial, em Amarante, que a vítima morava na TI Arariboia e que seu corpo foi encontrado em companhia do não indígena Roberto do Nascimento Silva, assassinado a golpes de faca na mesma festa. Mas não menciona Erisvan.

A fundação acrescenta ainda que, “segundo a polícia, estão descartadas todas as motivações de crime de ódio, disputa por madeira ou por terras”, e diz estar acompanhando as investigações.

A Polícia Militar, citada pelo portal de notícias G1, afirma ainda que o crime teria sido motivado pela suspeita de envolvimento de Dorivan com o tráfico de drogas.

Gilderlan Rodrigues, coordenador do Cimi no Maranhão, criticou a postura da polícia e da Funai, acusando-os de querer antecipar o resultado das investigações sobre “um crime com requintes de crueldade”. Para ele, tal atitude é “como matar mais uma vez o indígena”.

Rodrigues também criticou o trecho da nota da Funai que descarta motivações de crime de ódio. “É lamentável porque parece uma isenção, como se o órgão não tivesse a ver com o fato. Há uma sequência de violência afligindo o povo Guajajara, e a Funai deveria olhar para isso.”

Redação

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