Mais um marco na evolução das ferrovias chinesas

A República Popular da China continua a se consolidar como a nova referência mundial quando o assunto é ferrovias. Sem muito destaque na grande mídia, no último dia 13 de junho, o governo chinês anunciou que ainda no final desse mês (um ano antes da previsão inicial) será inaugurada a nova linha de trens de alta velocidade entre Pequim e Xangai, as duas maiores cidades do país asiático.

A linha – que se estende por 1.318 km e exigiu um investimento de cerca de US$ 32,5 bilhões – reduzirá de dez para cinco horas o tempo de viagem entre as duas cidades. A construção começou em abril de 2008 e a linha física foi concluída em novembro de 2010. Desde então, circulam por ela trens em sistema de testes. Em 10 de janeiro, um deles bateu o recorde mundial de velocidade em transporte ferroviário, alcançando 487,3 km/h.

A “Beijing–Shanghai High-Speed Railway” é maior linha de trens de alta velocidade já construída em uma única etapa em todo o mundo, e representou um desafio para a engenharia chinesa. Parte do percurso atravessa áreas densamente povoadas e de solo instável, no delta do rio Yangtsé. Em função disso, cerca de 1.140 km (85% do trajeto) é feito em vias elevadas, incluindo 224 pontes. Uma delas, a “Grande Ponte Danyang–Kunshan” se estende por 164 Km, o que lhe confere o título de mais longa ponte do planeta. Há ainda 22 túneis, totalizando mais de 16 km.

A nova ferrovia foi projetada para suportar os trens-bala chineses CRH380 operando em uma velocidade contínua de 350 km/h, com picos de 380 km/h. A previsão inicial era de que a velocidade média no trajeto ficaria em 330 km/h, o que permitiria ligar Pequim e Xangai em cerca de 4 horas, com uma única parada intermediária em Nanjing Sul. Questões de segurança e a necessidade de reduzir os custos de operação (e os preços das passagens) levaram a operadora a estabelecer um padrão mais conservador: o trem expresso, com uma única parada, fará o trajeto completo em 4 horas e 50 minutos, a uma média de 300km/h. Nos trens normais, operando a 250 km/h e com diversas paradas intermediárias, o percurso leva pouco menos de 8 horas – duas horas a menos que os trens mais rápidos das linhas atuais, que deverão continuar operando como alternativa aos trem-bala.

As tarifas também são diferentes. Para o trem de 300 km por hora, a passagem mais cara custará 1.750 yuans (US$ 270) na categoria executiva, enquanto a passagem de segunda classe no trem de 250 km/h custará com 410 yuans (US$ 63), o preço mais baixo da nova ferrovia. A meta é que os trens-bala transportem cerca de 220 mil passageiros por dia, o dobro da capacidade atual das linhas convencionais. Nos horários de pico, a previsão é de que trens partam a cada cinco minutos.

A rede de trens de alta velocidade chinesa alcançou 8.358 km em 2010, devendo chegar a 13 mil km em 2011 e a 16 mil em 2015 – o que deixará a China com mais quilômetros de linhas de alta velocidade do que todas as redes do resto do mundo somadas. Incluindo as linhas convencionais, a rede ferroviária chinesa totaliza hoje mais de 90 mil km, (devendo chegar a 120 mil km na próxima meia década) e atinge até mesmo as províncias mais distantes, como o Tibet, hoje conectado à rede pela impressionante ferrovia Golmud-Lhasa, inaugurada em 2006.

O trem é o meio de comunicação preferido dos chineses para viagens de longas distâncias e as ferrovias chinesas transportaram 1,68 bilhão de passageiros em 2010.

O release, na Radio Internacional da China (em português)
http://portuguese.cri.cn/561/2011/06/13/1s136600.htm

A página da nova ferrovia na Wikipedia (em inglês)

http://portuguese.cri.cn/561/2011/06/13/1s136600.htm

O vídeo “Chinese Railways”, dirigido por Zhang Yi Mou

http://youtu.be/DBB0VkYrY-s

Em anexo, um arquivo PDF sobre a ferrovia Pequim-Tibet (legendas em inglês). Contra-propaganda chinesa: ferrovia fantástica, fotos de lugares maravilhosos e – ao final – pau no Dalai Lama.

Redação

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