“Marin vai falar o que sabe aos policiais”, dizem parentes do cartola

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Enviado por Anarquista Serio

O que era desejo da família de Marin virou promessa: vai contar o que sabe 

Do Blog do Perrone

Há um mês, José Maria Marin se preparava para deixar seu quarto num nababesco hotel na Suíça quando recebeu de policiais suíços e agentes do FBI voz de prisão. As cenas seguintes foram tragicômicas. O ex-presidente da CBF, sem falar inglês, queria levar para a cadeia a mala grande que trouxera do Brasil, enquanto os tiras exigiam que carregasse apenas uma maleta. No desespero, o cartola pediu pra Neusa, sua mulher chamar Marco Polo Del Nero, que não chegou até que o amigo fosse levado para o cárcere.

Neusa, então, ficou sozinha. Precisou da ajuda da Conmebol para voltar para casa. Del Nero retornou antes. Nos dias que se seguiram, o sentimento de abandono da família do ex-presidente da Confederação Brasileira cresceu. A CBF não disponibilizou advogado para o cartola, retirou Marin da vice-presidência e sumiu com o nome dele da fachada da sede da entidade.

Nesse cenário, familiares de Marin deixaram transparecer mágoa com Del Nero. Contaram a amigos que confiavam na inocência do ex-presidente da CBF, mas que desejavam que ele contasse tudo que soubesse, mesmo que isso pudesse prejudicar outros dirigentes brasileiros.

O tempo passou. Neusa, ainda sem ver o marido desde a detenção, voltou para a Suíça, com uma advogada, cerca de aproximadamente 15 dias após a detenção. A sensação de que a cúpula do futebol virou as costas para Marin aumentou. O nome dele não aparece também na composição da diretoria da CBF no guia do Campeonato Brasileiro entregue para clubes e federações.

Então, o que era um desejo da família passou a ser uma promessa feita a amigos. “Marin vai falar o que sabe aos policiais”, dizem parentes do cartola, mantendo o raciocínio de confiar na inocência dele e sem explicar se essa sabedoria pode incriminar alguém.

As palavras dos familiares, com peso de ameaça, aumentam a ansiedade de presidentes de federações, que curiosamente se queixam do fato de a imprensa não trazer novidades sobre as investigações. Principalmente, a respeito de quem são os outros dois dirigentes brasileiros suspeitos de receber propina na venda de direitos de transmissão de campeonatos.

Enquanto o mistério não for desvendado, eles seguirão mergulhados na incerteza que domina a cartolagem nacional desde que Marin foi preso. Ou na certeza de que muita coisa pode mudar, se o ex-presidente tiver algo relevante para contar e cumprir a promessa feita por seus parentes.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

14 Comentários

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  1. Até gostaria que fosse para

    Até gostaria que fosse para limpar o futebol, mas para mim, isso tudo é fachada para jogar a fifa, que os estadunidenses descobriram que não estava em seu controle ou de seus apaniguados, no colo dos “homens bons” de sempre. Querem que acreditem que todos do lado de cá são corruptos, mas a mafia futebolistica está em peso é do lado de lá; coisa que certo escritor se esquece.

  2. Tá na hora é

    de por a Globo na roda , o verdadeirio poder , senão vai ser só mais um que vai atirar pra todos os lados tentando salvar a própria pele. 

  3. Foi o que eu pensei,

    Foi o que eu pensei, Athaide.  A “reportagem” so funciona como aviso aos “outros” mesmo, mas eh feita do mais puro nada:  QUEM sao esses “familiares” que estao dispostos a ameacar a outros em sigilo jornalistico mas nao em publico?????

    Nao sabe?  Eu sei.

    Sao parentes de donos de jornais.  Sim, eu disse DONOS DE JORNAIS.  Tipo…  MIRDIA BRASILEIRA.  PIG.

    Sim, esses mesmos.

  4. Juca Kfouri escreveu :

    Não aposto um dólar furado nas ameaças de José Maria Marin se é que, de fato, ele as fez.

    Quem já esteve com Marin num tribunal sabe o quanto ele não tem constrangimento algum em faltar com a verdade mesmo diante de um juiz.

    Certa vez disse, perante um magistrado, com a falsa indignação dos péssimos atores, que teve de contratar seguranças para sua mulher e filho, e que ela foi agredida num shopping center depois das notas aqui publicadas sobre seu envolvimento no caso Herzog.

    Ora, desafio quem quer que seja a reconhecer dona Neusa Marin na rua ou o filho do casal.

    Sim, Marin talvez seja capaz de dedodurar antigos parceiros que considere terem sido desleais ou ingratos, como já considerava Marco Polo Del Nero ainda antes do FBI aparecer.

    Não será a primeira vez que se prestará ao triste papel de delator.

    Mas para ser mera bravata também não custa.

  5. Bola de cristal

    Mais uma matéria feita na bola de cristal do jornalista sem assunto, uma vez que o preso está incomunicavel e o que Del Nero ou Ricardo Teixeira poderiam fazer ?

  6. Jornalismo padrão FIFA. Que

    Jornalismo padrão FIFA. Que matéria horrorosa. Tudo especulação. Não traz uma única fonte. Onde estão as escolas de jornalismo deste país? É uma JOSTA só.

  7. quanto aos compradores de direito$…

    acredito que irão rolar muitas bolas ainda

    antes de chegar lá, acredito que FBI precisa se entender com a CIA

    pois todos demonstram que entendem de tortura

  8. Quero ver todos jogando truco na cadeia

    Pelo menos em algum lugar a Justiça age como Justiça e a mídia com ética . Não vaza nada , nenhum juiz se mete a Paladino  e , aparentemente , tudo corre dentro da lei .
    Eu espero muito que Marin (de quem , aliás , não tenho pena nenhuma) abra a boca e meta um monte destes achacadores (presidentes de federações e clubes) do nosso futebol na cadeia ou pelo menos arraste seus nomes para a lama, porque cadeia pra esses caras é difícil neste país.
    Mas quem sabe mesmo de tudo é o tal do Ricardo Teixeira . Esse é “Garganta Profunda” desse caso.
    Agora , sejamos francos, o objetivo do FBI não é limpar nada . É dar poder aos USA .

  9. De novo esse papo?

    Esse “fulano vai falar tudo que sabe” já aconteceu mesmo antes, alguma vez na história do Brasil?

    Desde os tempos de Cabral que esse tipo de ameaça sempre serviu pra confirmar o uso da estratégia do barril de lama: quando você estiver na lama, a solução é trazer mais gente pra dentro do barril, pois aí todos se enlameiam e a chance de tudo dar em nada aumenta.

    De resto, me chamou a atenção os dirigentes que se queixam da imprensa não trazer novidades sobre o caso. É que nos EUA o FBI e o Judiciário não ficam vazando informação seletiva pra mídia…

    1. Ou melhor…

      Me corrijo: o Marin pode vir a abrir o bico, sim. Na Justiça dos EUA o direito de permanecer calado quando já se tem provas contra si não é boa opção. Abrir o bico é a única forma de negociar uma pena menor ou até mesmo uma absolvição. Já aconteceu nesse mesmo caso da FIFA, iniciado por uma delação.

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