MARINA, em Compensação…

Nos últimos dias, Marina manifestou sua posição (e da Rede) contrária ao impeachment: “ainda não são suficientes os argumentos para um afastamento”, disse em entrevista à Época.

Um ato nobre, ao colocar a Constituição acima de tudo, sem se deixar influenciar pelo mal trato que sofreu na ultima campanha; de lucidez, ao não fomentar o 3o turno num momento em que o país precisa seguir; e corajoso, por enfrentar agora toda pancadaria vinda dos muitos que desejam o fim de um Governo medíocre e com a popularidade no chão.

Mas em compensação,…

No mesmo momento em que se posiciona contra o impeachment, faz um chamamento para o caso no TSE, com possíveis consequências ainda mais drásticas, como a queda tanto de Dilma como de Temer, seguida de novas eleições (só para lembrar, se não cair até lá, com Eduardo Cunha ocupando a Presidência da República).

“Se o PT tem um líder do governo preso e um tesoureiro preso, se o PMDB tem um presidente da Câmara e um presidente do Senado igualmente denunciados, deveríamos pensar na inviabilização da chapa como um todo. Não adianta pensar que as denúncias que pesam sobre o PT não pesam também sobre o PMDB, ambos estão envolvidos em denúncias de corrupção.” – é a frase que escolheu como destaque principal do anuncio.

É claro que o caso no TSE merece atenção, chegará seu momento, poderão surgir novas provas, ou não. Assim como é óbvio que toda sociedade apóia a continuidade das investigações, lembrando que tanto este processo como o das pedaladas estão tramitando na esfera judicial, ainda não conclusos.

É direito de Marina se manifestar da maneira que desejar. Mas para quem quer ser referencia como 3a via, é um erro chamar agora o processo no TSE da maneira que vem fazendo.

Faz isso no mesmo contexto onde se posiciona contra o impedimento, em que reafirma não existir até agora fundamentos para o afastamento da Presidente. E num momento de caos profundo, com o outro lado também sem moral. Ao jogar mais lenha na fogueira, perde a oportunidade de ocupar aquele espaço que o país precisa, de uma voz lúcida, estadista, consequente. Indignada, mas pacificadora em meio a toda essa loucura – agir assim pode ser mais doído agora, mas a compensação vem no médio e longo prazos.

Se a ideia era contrabalancear, o meio-termo desagradou tanto os Flas como os Flus, o que enfraquece qualquer posicionamento. Se era se diferenciar, acabou se deixando igualar.

Mais do que Marina falou ou deixou de falar, é o que ela poderia fazer e ainda não fez (mesmo que não faça). É o tamanho do seu protagonismo hoje que está exigindo que ela seja mais, se quiser mantê-lo. A questão não é deixar de tomar posições. Mas qualificar o debate e enfrentá-lo.

Terceira via só é 3a via se trazer uma nova agenda, pautar ao invés de ser pautado. Não basta só posições diferenciadas “que acham isso, mas em compensação aquilo” para se desprender dos Flas e Flus, sem se desprender. Continuando assim, fica submetida e corrobora com a agenda de ambos, sem trazer algo novo que pudesse atrai-los e mobiliza-los em torno dele. Tem os que seguem, têm os que são seguidos. Não é preciso estar no Poder para ter poder.

Quando Marina defende como fundamental para o país uma conversa entre Lula e FHC, desrespeita o seu próprio tamanho. Ou de alguém que almeja um dia ser Presidente da Republica. Talvez seja exigir demais, mas já que sugeriu isso, poderia construir uma agenda e chamar ela mesma os dois para conversar.

O líder imaginário do povo é alguém que saiba quem é que precisa de mais governo. Que o enxergue para ser enxergado por ele. Ou que veja ao menos o arroz-feijão (e a falta dele) como ele vê. Que insista na tecla da desigualdade como desafio mais importante, que tenha moral para tratar da corrupção generalizada (não apenas de um ou outro). Que além de falas e notas duras esteja lá com as mangas arregaçadas na lama de Mariana, nas escolas ocupadas, nas aldeias indígenas atacadas… Alguém que aconteça, não espere acontecer. Com visão de futuro, que mobilize corações e mentes para a construção de um projeto para o país.

Longe de estar cobrando isso tudo de Marina. Mesmo porque esse líder não existe. Tampouco podemos nos acomodar esperando um super-herói salvador imaginário. Mas mantê-lo vivo em nossas mentes faz cada um de nós um pouco dele, faz cada um de nós saber que podemos mais.

Isso vale também para Marina, uma pessoa e liderança acima da média. Quem conhece ela sem filtros, goste ou não, concorde ou não, sabe que pode mais.

Só isso…

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador