Mário de Andrade, o poeta futurista

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Tamára Baranov

“Quando eu morrer quero ficar, não contem aos meus inimigos, sepultado em minha cidade, saudade. Meus pés enterrem na rua Aurora, no Paiçandu deixem meu sexo, na Lopes Chaves a cabeça esqueçam. No Pátio do Colégio afundem o meu coração paulistano: um coração vivo e um defunto bem juntos. Escondam no Correio o ouvido direito, o esquerdo nos Telégrafos, quero saber da vida alheia, sereia. O nariz guardem nos rosais, a língua no alto do Ipiranga para cantar a liberdade. Saudade…Os olhos lá no Jaraguá assistirão ao que há de vir, o joelho na Universidade, saudade…As mãos atirem por aí, que desvivam como viveram, as tripas atirem pro Diabo, que o espírito será de Deus. Adeus.”

Mário de Andrade (Mário Raul de Morais Andrade)
(São Paulo, 09 de outubro de 1893 – São Paulo, 25 de fevereiro de 1945)

De família rica e aristocrática, Mário de Andrade foi professor no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Na literatura começou escrevendo para jornais e revistas. Para Oswald de Andrade, depois de ler os originais de ‘Paulicéia Desvairada’, Mário era um poeta futurista. Junto com Oswald e outros intelectuais, Mário ajudou a preparar a Semana da Arte Moderna. ‘Amar, Verbo Intransitivo’, o seu primeiro romance, desmascara a hipocrisia da família paulistana. Em ‘Clã do Jabuti’ mostra a importância da pesquisa do folclore brasileiro que atinge o ponto alto em ‘Macunaíma’ onde recria mitos e lendas indígenas. Na música, seu ‘Ensaio Sobre a Música Brasileira’ influenciou vários artistas.

Mário produziu romances, poesia, contos, ensaios, crônicas e ainda arranjava tempo para escrever cartas e se correspondeu com muitos. E por meio dessas cartas influenciou poderosamente vários artistas, nas mais variadas áreas. Nas cartas que escrevia assumia o papel de professor. Na literatura, trocou cartas com os poetas Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e Cecília Meirelles. Na música, com Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Francisco Mignone, Souza Lima. Na pintura, com Anita Malfatti, Lasar Segall, Tarsila do Amaral. Depois de sua morte, muitos dos que se corresponderam com ele publicaram as cartas recebidas. Já as cartas que recebeu foram arquivadas em pastas e guardadas num cofre no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo e, em seu testamento, determinou que elas só poderiam ser abertas no ano do cinquentenário da sua morte.

Reza uma velha fofoca modernista que Anita Malfatti tentou seduzir Mário de Andrade. Anita escreveu-lhe uma carta falando claramente no assunto e não obteve resposta. Na correspondência de Anita Malfatti não foi possível encontrar a tal carta. Mas há outra, em que a pintora se desculpa e pede para que Mário rasgue a carta, por cavalheirismo. O escritor, ao que tudo indica, foi cavalheiro, pois não há sinal da carta apaixonada.

Apenas 50 anos após a morte do escritor a questão da sua sexualidade foi abordada em livro por Moacir Werneck de Castro, revelando que na sua roda de amigos não se suspeitava que Mário fosse homossexual, e assim que fosse casto ou que tivesse amores secretos. Somente, o seu amigo António Cândido falou diretamente sobre assunto: ‘O Mário de Andrade era um caso muito complicado, era um bissexual, provavelmente’. O episódio do rompimento de relações com Oswald de Andrade é hoje largamente citado: Oswald ironizou que Mário se ‘parecia com Oscar Wilde’ e referia-se a ele como ‘Miss São Paulo’. No entanto, persiste fortemente nos meios acadêmicos um silêncio sepulcral sobre o assunto.

Fonte: Wikipedia

http://www.youtube.com/watch?v=NNuWzcDoK1Q align:center]

[video:http://www.youtube.com/watch?v=p6-sL4y0dAY align:center

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. E viajar ele viajou, e muito, não é?

    De norte a sul do Brasil ele andou pesquisando folclore, o que foi muito bom – pois, se há algo que não chama a atenção dos poderes públicos brasileiros é a memória nacional, como se sabe.

    A wikipedia conta de suas viagens:

    http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_de_Andrade

    E Margarida de Souza Neves, também:

    http://www.historiaecultura.pro.br/modernosdescobrimentos/desc/mario/damalocadotiete.htm

    1. Agradeço o segundo link que

      Agradeço o segundo link que não conhecia. Excelente link sobre a pesquisa da Margarida de Souza Neves doutora em História da PUC do Rio e pesquisadora do CNPq que é um órgão público ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para incentivo à pesquisa no Brasil. Esta pesquisa sobre Mário de Andrade foi desenvolvido com o apoio do CNPq e não existiria sem o trabalho dos seus bolsistas. 

      Um abraço

  2. A Sexualidade do Mário

    Nassif: volta e meia, essa da sexualidade do Mario vem à tona. E falam dela como se fosse um estorvo ao seu talento genial, um empecilho aos inegáveis dotes  artísticos. Também de suas tendências políticas-doutrinárias. Mas a questão sexual predomina. Inventei há pouco a teoria de que Mario (Raul) de (Moraes) Andrade seria PENTASEXUAL. Explico. Homo, nos romances; bi, nas poesias; tri, nos contos; tetra, nos ensaios; e penta, nas crônicas. Não necessariamente nesta ordem. De quebra, ímpar, na música.

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