Mayra defende cloroquina abertamente na CPI e diz que indústria farmacêutica não tem interesse em alterar a bula

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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"O uso tem que ser no início da doença", diz a secretária do Ministério da Saúde conhecida como "capitã cloroquina"

Jornal GGN – Bolsonarista de carteirinha, a médica Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde, se tornou a primeira testemunha da CPI da Covid a defender abertamento o uso da hidroxycloroquina para tratamento contra coronavírus logo no início dos sintomas. Ela defendeu a “autonomia médica” e uso off-label do medicamento que ainda não dispõe de eficácia contra Covid-19 compravada por estudos científicos. Mayra ainda acrescentou que a alteração na bula da cloroquina não ocorreu no Brasil pelas vias formais porque a indústria farmacêutica não tem interesse em bancar os custos necessários.

A cloroquina foi o último tema aprofundado pelo senador Renan Calheiros, relator da CPI, na sessão que começou por volta das 10h deste terça (25). Ele confrontou Mayra com a informação de que o Tribunal de Contas da União tem parecer contrário à distribuição de cloroquina pelo SUS, para uso off-label, sem autorização da Anvisa e sem o consentimento da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS).

Mayra admitiu que o governo Bolsonaro não apresentou solicitação ao Conitec, no primeiro ano de pandemia, a respeito da cloroquina para tratamento de Covid-19 porque “levam meses” para sair uma resposta. Apesar disso, o Ministério da Saúde emitiu notas técnicas orientando médicos a respeito do uso da cloroquina e dosagens consideradas seguras.

A secretária afirmou que há consenso no governo Bolsonaro, desde a gestão de Luiz Henrique Mandetta, sobre o medicamento não dever ser usado na fase mais aguda da doença e sim nos primeiros sintomas. “Nós já temos certezas desde as notas 5 e 6 de Mandetta que não há indicação de medicações na fase hospitalar, os doentes já estão muito graves e têm processos inflamatórios estabelecidos. O uso tem que ser no início da doença.”

INDÚSTRIA NÃO TEM INTERESSE EM ALTERAR BULA DA CLOROQUINA

Sobre o fato de o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, ter dito à CPI que foi categoricamente contra a ideia de alterar a bula da cloroquina por meio de decreto, para fazer constar a indicação para tratamento de Covid-19, Mayra avaliou que a postura da Anvisa é compreensível e acrescentou informações de bastidores sobre os interesses da indústria farmacêutica, em sua tentativa de defender o uso off-label.

“Quando o presidente da Anvisa fala de não recomendar [a cloroquina contra Covid-19], ele fala do papel da Anvisa. A Anvisa recomenda medicamentos que estão na bula, esse é o papel dela como agência certificadora. Para conseguir que medicamentos off-label sejam incorporados em bula, quem solicita essa incorporação é a indústria farmacêutica. Isso é importante a população brasileira saber. Para fazer um estudo que chamamos de estudo pivotal para incorporação de qualquer medicamento em bula, esses estudos levam em média 4 anos e custam, o mais simples, 19 milhões de dólares. São necessários, para as agência reguladoras do mundo inteiro, dois estudos deste, com cerca de 4 mil pacientes, ao longo de 10 anos, e custando juntos 38 milhões de dólares. Essas medicações não têm patentes, elas são baratas. Então não existe hoje interesse da indústria farmacêutica de que essas medicações sejam objeto de um estudo, da formação de um dossiê para serem entregues à Anvisa para serem incorporados em bula para tratar essa doença. É por isso que a Anvisa não tem essa orientação. Para uso off-label não precisamos da bula desses remédios. Para salvar vidas, nós precisamos oferecer à população todos os recursos.”

Acompanhe a CPI pela TVGGN:

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. Se os estudos não foram feitos, como ela descobriu? Consultou os astros, as runas, os espíritos? É muito cretina, essa Menghele cearense.

  2. É difícil entender qual a motivação dessa gente: se tudo está certo e todos os procedimentos, incluindo a tal cloroquina estão corretos, então qual a causa de mais de 450 mil pessoas mortas e outras morrendo todos os dias?

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