Mensalão: Joaquim Barbosa e o sentido da tragédia

O Ministro Joaquim Barbosa não tem mais utilidade. Deve começar a ser desconstruído pelas mesmas forças a que serviu e às quais passa, agora, a ser um incômodo.

No post anterior, tratei do que via de perdas pessoais, humanas no julgamento da AP 470. Preferi tratar o Ministro Joaquim Barbosa como um caso à parte, dado ser o Ministro Joaquim Barbosa a personagem mais complexa desse caso inacabado – o “mensalão”. Não que ele não seja um perdedor. Na AP 470 não há vencedores. E Joaquim Barbosa é um dos grandes perdedores.

https://jornalggn.com.br/blog/sergio-saraiva/mensalao-um-caso-inacabado-e-sem-esperanca-3%C2%AA-parte-%E2%80%93-todos-perdedores-0

Conquanto alguns o acreditem sobre-humano e outros, desumano, a  mim, o Ministro Joaquim Barbosa parece essencialmete humano, demasiadamente humano. E, por demasiadamente humano, patético. Carrega consigo uma dimensão trágica, como só os patéticos conseguem ter. Mas não trágico como Otelo, pois que Otelo não era patético. Patético e trágico tal qual Macbeth.

E, coerente a Macbeth, se os maus presságios que me desassossegam a alma a respeito de sua pessoa estiverem certos, Joaquim Barbosa estará cumprindo uma trajetória parabólica que começa sua descendente.

O início:

A indicação de Joaquim Barbosa ao STF foi um gesto político de Lula. Mas esse gesto político, uma justa homenagem e uma forma de reparação aos negros do Brasil, também é uma maldição a pesar sobre o indicado.

Interessante, poderia pesar também sobre a ex-ministra Ellen Gracie, a primeira mulher a assumir como ministra da suprema corte do Brasil. No entanto, todos parecem entender o gesto político de sua indicação, mas ninguém considera que ela foi escolhida apenas por ser mulher. Por que isso pesa sobre os ombros de Joaquim Barbosa? Pesaria sobre os ombros de qualquer outro negro que assumisse o cargo?

De Frei Beto sobre Joaquim Barbosa:

“Em março (2003), Márcio Thomaz Bastos (então, ministro da Justiça) indagou se eu conhecia um negro com perfil para ocupar vaga no STF. Lula pretendia nomear um para a suprema corte do país. Lembrei-me de Joaquim Barbosa”.

Conhecera-o, meses antes, de forma prosaica, em uma agência de viagens, em 2002, quando o, então, procurador Joaquim Barbosa cultivava a arte de ser simpático e ainda cuidava de suas próprias passagens aéreas:

“Instalei-me no primeiro banco vazio, ao lado de um cidadão negro que nunca vira.

– Você é o Frei Betto? – indagou-me.

Confirmei. Apresentou-se: Joaquim Barbosa… Trocamos ideias e, ao me despedir, levei dele o cartão e a boa impressão.”

E assim, ficou a indicação de Barbosa em função de sua cor e não de sua capacidade, apesar de sua respeitável formação acadêmica e de ter alçado aos cargos que ocupou sempre por concurso público.

Do ex-ministro Cesar Peluso sobre Barbosa:

 “A impressão que tenho é de que ele tem medo de ser qualificado como arrogante.Tem receio de ser qualificado como alguém que foi para o Supremo não pelos méritos, que ele tem, mas pela cor”.

Ou seja, como aos negros em geral, neste país, não era dado a Joaquim Barbosa o reconhecimento de estar em pé de igualdade nem quando alcançava o ponto máximo da carreira a que se propôs seguir.

Isso o incomoda? Basta ver o seu comentário após entrevero com o ministro Gilmar Mendes:

“Enganam-se os que pensavam que o STF iria ter um negro submisso, subserviente.”

Ou quando da resposta que deu a Peluso:

 “sempre houve um ou outro engraçadinho a tomar liberdades comigo, achando que a cor da minha pele o autorizava a tanto”. “porque alguns brasileiros não negros se acham no direito de tomar certas liberdades com negros”.  “Sempre minha resposta veio na hora, dura.”

Permitamo-nos um interregno, é interessante como, realmente, o tempo é o senhor da história. Comparemos a imagem que se forma hoje sobre Joaquim Barbosa – presidente do STF e a crítica do Ministro Joaquim Barbosa ao então presidente Cezar Peluso, em 2012:

 “as pessoas guardarão na lembrança a imagem de um presidente do STF conservador, imperial, tirânico, que não hesitava em violar as normas quando se tratava de impor à força a sua vontade”.

Voltando à história de Joaquim Barbosa, empossado ministro e com problemas ortopédicos, começam a fazer-lhe a fama de relapso com suas obrigações. Suas várias licenças médicas são vistas como uma forma de se ausentar do trabalho. Flagram-no bebendo em um bar, confraternizando com amigos durante uma das licenças. Preto e indolente.

Não é outro, na minha opinião, o estopim de sua discussão com o Ministro Gilmar Mendes:

Eles discutiam duas ações que já haviam sido julgadas no Supremo em 2006:

“JB – Não se discutiu claramente.

GM – Se discutiu claramente e eu trouxe razão. Talvez Vossa Excelência esteja faltando às sessões. […] Tanto é que Vossa Excelência não tinha votado. Vossa Excelência faltou à sessão.

JB – Eu estava de licença, ministro.

GM – Vossa Excelência falta à sessão e depois vem…”

Aqui, outra vez, o tempo arma uma arapuca para Joaquim Barbosa usando suas próprias palavras. Na resposta já clássica de deu a Gilmar Mendes:

“Vossa Excelência está destruindo a justiça deste país…Vossa excelência não está nas ruas, Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. …Vossa Excelência, quando se dirige a mim, não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar”.

“Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do judiciário brasileiro”.

Uma das acusações que se faz à AP 470 é justamente em relação ao seu caráter midiático. Os grandes grupos de mídia pautando o Supremo e Joaquim Barbosa a sua estrela maior.

A ascensão:

A mudança dos “donos do poder” em relação ao Ministro Joaquim Barbosa começa com a sua indicação para a relatoria da AP 470 – O mensalão.

A Ministra Carmen Lúcia não pode ser considerada uma “bruxa shakespeariana”, longe disso, mas, tal qual elas, foi profética, em 2007, ao comentar o que ocorreria com Joaquim Barbosa, a partir dessa relatoria, em uma troca de correspondência com o Ministro Lewandowisk flagrada por jornalistas bisbilhoteiros:

“Esse vai dar um salto social com o julgamento”

Ainda que possa carregar uma ponta de preconceito, o comentário de Carmen Lúcia denuncia que já era sabido, desde então, que o julgamento do “mensalão” era uma porta para a ascensão social. Claro, desde que as coisas certas fossem feitas. O ministro Lewandowisk, por exemplo, foi o revisor desse processo e ninguém dirá que obteve um “salto social”. O Ministro Celso Mello sentiu na pele o que é “não fazer a coisa certa”.

Mas, como vimos de seu diálogo com Frei Beto, Joaquim Barbosa sabia fazer a coisa certa.

A sua atuação como magistrado, na AP 470, ainda será estudo de caso nos cursos de direito, tal o grau de “inovação”, se não, de desrespeito aos mais basilares direitos dos réus. Mas condenar o PT na figura de José Dirceu era a “coisa certa” que esperavam de Joaquim Barbosa. As outras 39 almas eram o bônus e Joaquim Barbosa não se fez de rogado em pena-las.

Desde então, o “preto indolente” transformou-se em “o menino pobre que mudou o Brasil”.

Ah, os sortilégios da pirâmide de Maslow.

Passou a ser cumprimentado nas ruas, dava autógrafos. Nas fotos que vi, todos os que o cumprimentavam eram brancos de classe média, mas todos sorridentes e orgulhosos em estar junto do novo herói, Batman ou Anjo Vingador.

A brutalidade e a intolerância com que conduzia o julgamento foram relevadas – traços de uma personalidade “mercurial”, dizia a Folha.

Tudo lhe era permitido, de negar cumprimento à Presidente da República na recepção ao Papa a ofender jornalista, desde que a “coisa certa” fosse feita.

E ela foi feita, a condenação dos “mensaleiros” foi comemorada em manchetes da grande imprensa, dezoito minutos no “Jornal Nacional”. Algo só comparável ao frenesi quase orgiástico das grandes conquistas do esporte nacional.

A queda:

A partir daí, algo mudou na relação da grande imprensa para com Joaquim Barbosa. 

Sua atitude passou a ser relativizada. Em uma das muitas discussões com o Ministro Lewandowisk, chamou-o de “chicaneiro”. Coisas muito piores já havia dito – foi censurado publicamente. Agora, havia limites.

Apareceu seu apartamento em Miami, adquirido com uma forma, digamos, “inovadora” em relação ao recolhimento de impostos. Apareceram suas passagens aéreas em viagens não oficiais.

Por fim, Joaquim Barbosa cometeu o seu grande erro.

Na busca pelos holofotes costumeiros, enviou para a prisão os mensaleiros que importavam, em dia de feriado nacional. Entre eles, um homem convalescendo de extensa cirurgia cardíaca. Numa artimanha jurídica, pôs em regime fechado, por alguns dias, prisioneiros condenados ao semiaberto .

Quando li, no dia seguinte, a palavra “brutalidade” na Folha de São Paulo se referindo a ele, quando, depois, Elio Gaspari, na mesma Folha, comparava sua atitude a de linchamento e, ainda depois, quando soube que a Globo noticiou no mesmo Jornal Nacional a carta de repúdio a ele dirigida por artistas, intelectuais e juristas, pensei – “foi para o tronco”.

São esses os maus presságios que me desassossegam a alma – com os “mensaleiros” condenados e presos, o Ministro Joaquim Barbosa não tem mais utilidade. Deve começar a ser desconstruído pelas mesmas forças a que serviu e às quais passa, agora, a ser um incômodo.

Incômodo não só pela associação aos seus métodos truculentos que precisa ser evitada. Incômodo porque, como vimos, Joaquim Barbosa só presta reverência a si próprio, não compõem nem demonstra “gratidão”.

“A imprensa brasileira é toda ela branca, conservadora. O empresariado, idem. Todas as engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras”.

Joaquim Barbosa será presidente do STF até novembro de 2014, depois, passará a presidência para Ricardo Lewandowisk e retornará à planície árida do plenário. Como abrir mão da figura do “Anjo Vingador”?

Joaquim Barbosa não encarna a figura do “menino pobre que mudou o Brasil”, esse é Lula. Oriundo da burocracia federal, é um classe-média típico.Típico até na necessidade de compensações simbólicas, e, no caso de Barbosa, até por outros e bons motivos. Estaria sonhando em ascender à alta burguesia, aos “donos do poder”?

Se é essa a sua intenção, aprenderá, como Macbeth aprendeu em relação ao trono da Escócia, que “os donos do poder” são uma oligarquia hereditária. 

Redação

51 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Espero que o autor do post esteja certo

    Detesto pessoas arrogantes e deselegantes. Conheci muitas na alta burguesia paulista.

    Alias meu desejo é que sejam estes mesmos membros da burguesia paulista que façam o trabalho sujo de nos livrar desse Napoleão de hospício. 

  2. Futuro de JB

    Comungo fortemente dos pressagios do Sergio Saraiva. A utilidade do justiceiro tinha data de validade. Tinha que terminar antes do julgamento dos desmandos do PSDB. Joaquim vai ser deletado pela grande midia. Vai ficar de 4.

  3. Por que a evocação racial?

    Só não gostei da evocação racial que aparece 2 vezes: “preto e indolente”.  Para que isso? Alguém usou essas palavras em relação a Barbosa , ou foi uma dedução do autor?  Sem sentido para mim, e com componente racista. 

     

      1.  
        Sérgio, não identifiquei

         

        Sérgio, não identifiquei como ironia , tampouco achei em  momento algum que você o tenha adjetivado dessa forma. Mas faz uma deducao de que outros tenham raciocinado assim, o que me pareceu desnecessário, dando margem a confusões de interpretaçao. 

        Evocacoes raciais desse tipo sao perigosas. Mas è apenas minha opinião, claro.

    1. Lembrete

      Prezado Fábio, que preto é indolente pela própria natureza é velha invenção das oligarquias brancas, tem mais de um século. Uma rápida busca no Google, e achei neste estudo cujo link segue abaixo.

       

      “[…] Pelo menos até a substituição do escravo pelo “trabalhador livre”, pelo imigrante, na segunda metade do século XIX, representar e designar o negro como “preguiçoso”, “indolente” e “vadio”, fazia pouco sentido. Porque o negro era obrigado ao trabalho, diferente dos trabalhadores “livres” europeus que trabalhavam induzidos pela necessidade e ideologia do trabalho. E se, mesmo assim, os senhores e os feitores tinham no negro, além de escravo, também um vagabundo, porque resistia ao trabalho, isso deve ser compreendido à luz das relações escravistas: a compulsoriedade do trabalho, de um lado, e as práticas de resistência, de outro. Segundo Nascimento (2001, p. 43-44)

       

      “[…] o negro era vagabundo para o senhor de escravos se não produzisse o quanto este desejava, sendo que no odioso regime de escravidão, principalmente no eito, uma das formas de resistência era, obviamente, procurar se trabalhar o menos possível, ou mesmo não trabalhar, quando a vigilância e a repressão arrefecessem por quaisquer motivos.”

      A representação do “negro indolente” e pouco afeito ao trabalho começou a figurar no Brasil (ou no mínimo a se intensificar) quando o próprio sistema escravista entrou em crise (que se estendeu até o último quartel do século XIX), quando o tripé monocultura, latifúndio e escravidão entrou em colapso […]”

       

      http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:CC3suq97_QMJ:revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/view/628/642+%22negro+indolente%22&cd=7&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

       

       

  4. O sr. Joaquim Barbosa foi uma

    O sr. Joaquim Barbosa foi uma grande decepção. Num país racista como este, ele perdeu a oportunidade  para se igualar a Milton Santos.

      1. Milton Santos de fato é nosso

        Milton Santos de fato é nosso maior geógrafo e um grande mestre, mas quem disse essa frase foi um outro grande geógrafo, Josué de Castro, que entre outros livros escreveu a Geografia da Fome.

        1. Milton Santos

          Milton Santos sempre apontou que pertencia ao mundo dos brancos, não carregava a negação de sua raça e, portanto apontava sempre de forma irônica, “nós brancos.”, muitos estranhavam, mas era a forma de dizer eu  não sou a regra. Por conta de uma obra extremamente importante e ao mesmo tempo  libertária sempre teorizou, não para  dar sustentação a elite, mas aos movimentos sociais da base da pirâmide. Foi reconhecido, não por Josué de Castro, mas por toda a comunidade acadêmica nacional e internacional e igualmente por movimentos sociais como o MST. Esse sim foi uma luz e não reflexo de holofotes.

    1. “Barbosa foi uma grande decepção(…)”

      Caro Murdok,

      A sua afirmação seria a mesma coisa que comparar o papa João Paulo I, que segundo alguns, não gostava da pompa e do poder eclesiástico com o papa Bento XVI. Milton Santos estava do outro lado do poder e contra as injustiças. Também era geógrafo. Joaquim Barbosa sofre de um mal que acomete a maioria daqueles que cursam Direito nesse país, o de acharem-se paladinos da Lei e de estarem acima dela, negros ou brancos, sofrem disso, os ungidos pelo poder de Themis. O dono da verdade, guardião da moral e dos bons costumes. Milton Santos nunca foi assim, por essa e por outras, seria impossível o Barbosa igualar-se ao Milton.

      Congratulações.

       

      1. Assino embaixo.

        Existem profissões  que poderíamos como mais importantes do que outras, pois estas são cruciais para o ser humano.

        Exemplos; médico – é o mais próximo a Deus – tira a sua dor e evita  a sua morte; profissionais da Justiça-  depende deles o seu direito de ir e vir, de estar em liberdade ou trancafiado; professores- nos direcionam para o bem ou o mal.

        São profissões que devem ser execidas com humildade e dedicação, são preimordiais para evolução do ser humano e quando o discípulo se acha maior do que o Criador, dá nos que estamos vivenciando – homens representantes da  Justiça condenaram Jesus “sem provas” ( Poncio Pilatos) e o mataram. O que se reclama ao Batmam Barbosa e aos demais colegiados ( que estão mais para hipócritas e omissos): onde estão as provas e as contraprovas emitidas pelas instituições envolvidas?

        Pilatos foi mais honesto do que todo o STF:  “lavo as minhas mãos” e foi…..!

        1. Há alguns anos passei os

          Há alguns anos passei os olhos por um livro sobre doenças profissionais. O mais inusitado foi a informação de que o narcisismo é considerado doença profissional ente pilotos de avião de caça. As exigências severas nas escolha e o super-estímulo do ego desses profissionais, já “diferentes” na origem, frequentemente levam-nos a se isolarem em um complexo narcisístico que chega a ser útil na profissão, pois funciona como estimulante da competitividade e desempenho. As sequelas, contudo, são graves.

          A profissão de juiz não difere muito nesse critério de risco. Os exigentes critérios de seleção, a bajulação tanto de funcionários quanto advogados e partes, durante anos, tornam-se fatores dificílimos de evitar para super inflar o ego dessas pessoas.

          Outro dia ouvi ou li que César tinha um escravo que, enquanto ele entrava triunfante em Roma, tinha função de ficar lhe dizendo que ela meramente humano.

          Esses pobres juízes, contudo, não podem ter um funcionário assim, pois se aparece um será perseguido por todo tipo de assédio moral e punição.

          Imagine isso em alguém já identificado como problemático como o Joaquim Barbosa o foi no Instituto Rio Branco.

           

  5. NIELSON ROSA

    NIELSON ROSA BEZERRA 

    Professor do Departamento de História da FEUDUC; Mestre em História pela Universidade Severino Sombra (USS).

    Entre Escravos e Senhores: a ambigüidade social dos capitães do mato

     

    …A origem social do capitão do mato poderia ser encarada com muito mais desconfiança quando a isso fosse somada a sua origem étnica. Apesar de ser comum considerar os escravos forros como os principais interessados na ocupação de um cargo que tinha como missão a captura de escravos fugidos e quilombolas, o fato é que entre os sete processos que estudei, apenas um deles identifica o candidato como negro liberto. Sendo assim, podemos considerar a hipótese da diversidade étnica na ocupação do posto de capitão do mato. Portanto, não era um emprego exclusivo para ex-escravos, mas, via de regra, a sua ocupação estava relacionada aos homens pobres livres.

    Os critérios de aceitabilidade explicitados nos documentos a respeito da investidura dos capitães do mato em seu ofício policial sugerem-nos que os senhores viviam tensionados entre a necessidade e o medo de sua proximidade social. O jogo dinâmico de interdependência é evidente: o capitão do mato adquiria um meio de sobrevivência e prestígio vigiado e autorizado pelos senhores locais, em troca de sua perícia em controlar ou conter revoltas e fugas de escravo. Esta perícia definia-se por sua capacidade de conhecer os signos socioculturais do mundo dos quilombolas e outros escravos fugidos. Devido justamente a esta perícia, que implicava em proximidade social e cultural com os cativos, havia o temor implícito de que os capitães do mato pudessem contribuir para a desordem. Entretanto, uma constante de comportamento no interior dos jogos de interdependência numa sociedade escravista garantia uma margem de segurança para a posição dos senhores: o fato de que a origem comum e as condições de miserabilidade e marginalização não criavam necessariamente um horizonte de expectativa grupal entre escravos e capitães do mato, mas sim uma necessidade de afastar-se das marcas desprestigiosas do cativeiro.

    Nesse sentido, para além de atender necessidades econômicas, o cargo de capitão do mato, para um escravo liberto, atendia às demandas simbólicas de distinção social numa sociedade escravista. A “posição” de capitão do mato colocava aquele que vestia a dignidade de tal ofício mais próximo do senhor do que da escravaria, conferia autoridade e prestígio, ostentando um poder que o deixava acima dos escravos e dos pobres livres. É bom lembrar que os capitães do mato eram ou tornavam-se moradores das freguesias em que atuavam. Sendo assim, acabavam vivendo o cotidiano da comunidade, configurando relações sociais com taberneiros, tropeiros etc…Portanto, é a própria forma de configuração de interdependência numa sociedade escravista que cria a circunstância em que senhores acabavam por confiar seu poder armado aos capitães do mato como meio de defesa da ordem escravista, revestindo tal posição de algum prestígio, pois era um meio eficaz de se contrapor às ameaças ao patrimônio representadas pelas fugas de escravos e pela formação de quilombos….

  6. Poucos notaram, as licenças

    Poucos notaram, as licenças médicas frequentes em todos os anos anteriores ao mensalão, acabaram. Não tirou mais licença médica.

  7. A grande ironia da história,

    A grande ironia da história, que virá com o tempo, será, aqui mesmo neste espaço, termos que fazer a “defesa” de JB. Assim como já nos regozijamos com a resposta que ele deu a GM.

  8. Reações à indicação de Barbosa

    Deu na grande imprensa em 2003, quando da indicação de Barbosa:

    Deputados e senadores comentaram as indicações de Lula. Iara Bernardi (PT-SP) disse ter recebido denúncia de que Joaquim Benedito foi processado em 1985 por ter agredido uma mulher.

  9. As reações da mídia à indicação de Barbosa

    Como a “veja” noticiou a nomeação de Barbosa. E é assim que a revista voltará a tratá-lo caso ele dê ao mensalão tucano o mesmo tratamento que deu a AP 470, o Reinaldo Azevedo tem publicado textos tentando enquadrar STF e PGR, mas o Barbosa, ao que tudo indica, vai seguir a carreira política, mais o problema: A Casa Grande, sabendo que ele(Barbosa) é desajustado ao extremo, não vai querer o figura presidindo este país que é uma das maiores economias do mundo, quem já teve Collor não vai querer o Collor II ou Collor arruinado mil vezes:

     Edição 1 802 – 14 de maio de 2003 (http://veja.abril.com.br/140503/p_050.html)Enfim, um negro chega lá

    Ao indicar ministro negro para
    o STF, Lula manda mensagem
    emblemática à sociedade

    Policarpo Junior

    Fotos acervo STF
    acervo STF
    Hermenegildo de Barros (à esq.) e Pedro Lessa: mulatos no Supremo

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem tomado iniciativas que misturam ineditismo e forte conteúdo simbólico. Depois de tomar posse, levou uma caravana de ministros a uma favela em Pernambuco. Dias atrás, saiu do Palácio do Planalto à frente de 27 governadores para entregar ao Congresso Nacional as propostas das reformas previdenciária e tributária. Na semana passada, ao anunciar o nome dos três novos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Lula também aproveitou a oportunidade para mandar uma mensagem à sociedade que o elegeu presidente. Entre os escolhidos, está o procurador da República Joaquim Benedito Barbosa Gomes, 48 anos, o primeiro negro indicado para compor a mais alta corte do país desde sua criação, em 1829. Nascido em Minas Gerais, diplomado em Brasília, com doutorado em Paris e trabalhando no Rio de Janeiro, Barbosa Gomes construiu sua carreira a partir de uma origem humilde. Filho de pedreiro, sempre estudou em escola pública, morou em pensionato enquanto cursava a Universidade de Brasília e, para se sustentar, trabalhava, de madrugada, como digitador.

    Festejando sua indicação, Barbosa Gomes foi o primeiro a reconhecer o simbolismo de sua ascensão. “Vejo como um ato de grande significação que sinaliza para a sociedade o fim de certas barreiras visíveis e invisíveis”, disse. “Posso vir a ser o primeiro ministro reconhecidamente negro”, completou. Isso porque, na história do STF, já houve dois negros – um mulato escuro, Hermenegildo de Barros, ministro de 1919 até a aposentadoria, em 1937, e outro mulato claro, Pedro Lessa, ministro de 1907 até sua morte, em 1921. Ambos nasceram no interior de Minas Gerais, como Barbosa Gomes, mas nenhum era “reconhecidamente negro” nem de origem tão humilde – o que empresta à indicação de agora um simbolismo ao mesmo tempo étnico e social. Na juventude, Barbosa Gomes trabalhava de madrugada, estudava de manhã e dormia à tarde. Na universidade, sustentou-se como funcionário da gráfica do Senado e, antes de se formar, prestou concurso para o Itamaraty. Como oficial de chancelaria, serviu na Finlândia. Mais tarde, fez doutorado em Paris e tornou-se professor visitante de duas universidades americanas – Columbia, em Nova York, e Ucla, em Los Angeles. É fluente em inglês, francês e alemão. Tem dois livros publicados. Um em francês, sobre o Supremo no sistema político brasileiro, e outro em português, a respeito da questão legal das ações afirmativas em favor dos negros.

    Desde o início, Lula queria nomear um paulista, um nordestino e um negro. O nordestino escolhido é Carlos Ayres Britto, de Sergipe. Com posições de esquerda, já foi candidato a deputado federal pelo PT e assinou, há pouco tempo, um manifesto de juristas contra os acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O paulista é o desembargador Antonio Cezar Peluso, cujo perfil levemente conservador despertou resistência no ministro da Casa Civil, José Dirceu, para quem o ministro ideal era Eros Grau, jurista de formação à esquerda. Com sua indicação patrocinada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que insistiu em seu nome até o último minuto, Peluso acabou ganhando a parada. Antes, ele teve uma longa conversa com um velho amigo de Lula, o deputado Sigmaringa Seixas. Na conversa, Seixas quis sondar as posições do futuro ministro a respeito das reformas previdenciária e tributária – e não saiu com a impressão de que seu interlocutor era um jurista de postura conservadora. “Ele tem posições avançadas”, comentou o ministro Thomaz Bastos, no auge das discussões em torno de nomes. O resultado final satisfez o Palácio do Planalto, pois, pelo menos em princípio e em tese, os três indicados têm posições simpáticas às reformas, o principal projeto político em curso do presidente Lula.

    A indicação de Barbosa Gomes, que parecia ser a menos complexa, acabou sendo a mais trabalhosa. Ele foi um dos primeiros escolhidos, pois sua biografia contemplava à perfeição os aspectos que Lula queria prestigiar: negro, de origem humilde e com boa formação acadêmica. No meio do caminho, porém, o ministro Márcio Thomaz Bastos, a quem coube ouvir os candidatos e apresentar os nomes ao presidente, foi informado de um episódio constrangedor da biografia de Barbosa Gomes. Muitos anos atrás, quando ainda morava em Brasília, ele estava se separando de sua então mulher, Marileuza, e o casal disputava a guarda do único filho – Felipe, hoje com 18 anos. Na ocasião, Barbosa Gomes descontrolou-se e agrediu fisicamente Marileuza, que chegou a registrar queixa na delegacia mais próxima. O governo ficou com receio de que Barbosa Gomes se transformasse num caso como o de Clarence Thomas, o juiz negro da Suprema Corte americana que, ao ser nomeado para o cargo, foi acusado de assédio sexual, gerando um desgastante escândalo.

    Enquanto o governo decidia o que fazer, os comentários pipocaram no próprio Supremo. A ministra Ellen Gracie, a única mulher da corte, no intervalo entre uma sessão e outra, mostrou-se preocupada. “Vai vir para cá um espancador de mulher?”, perguntou ao colega Carlos Velloso. “Foi uma separação traumática”, conciliou Velloso. “Mas existe alguma separação que não é traumática?”, interveio o ministro Gilmar Mendes. Para desanuviar o ambiente, o ministro Nelson Jobim saiu-se com uma brincadeira machista, a pretexto de justificar a agressão: “A mulher era dele”. O governo preocupou-se à toa. Indagado sobre o episódio pelo ministro da Justiça, Barbosa Gomes explicou que fora um desentendimento árduo, mas superado. Dias depois, Barbosa Gomes encaminhou ao Gabinete Civil da Presidência da República uma carta, assinada pela ex-mulher, reafirmando que tudo fora superado. Mais que isso, na carta Marileuza abonou o ex-marido – que não voltou a se casar e hoje mora com o filho do casal. “Na verdade, houve uma agressão mútua. Isso aconteceu num dia de ânimos acirrados. Somos amigos até hoje”, disse Marileuza a VEJA. “Foi uma briga de família provocada por ressentimentos naturais numa separação”, explicou Barbosa Gomes à revista. Com isso, o governo completou a trinca do Supremo sem temor. Agora, falta apenas o Senado aprovar o nome dos três candidatos.

     

  10. Ramatis já havia alertado
    Ramatis já havia alertado joaquim Barbosa em texto escrito. Ele prevê para joaquim Barbosa o mesmo fim do ex prefeito Pita, o qual foi usado pela elite branca e morreu esquecido por todos,

  11. Texto muito bom. O que mais

    Texto muito bom. O que mais me incomoda é não saber a quem ou a que exatamente ele serve. Porque não é só a Globo. Para mim, é mais amplo o círculo de poder que o está protegendo. Longe daqui, aqui mesmo.  Ou então, tudo não passa de um blefe que está dando certo. Vamos ainda desconstruir direitinho essa história.

  12. Veja já colocou Janot em seu devido lugar: Faça a “coisa certa”!

    Texto esplêndido este do Sérgio Saraiva, vou imprimir e distribuir para amigos. De fato Barbosa, depois de ter feito a “coisa certa”, será colocado em seu devido lugar caso se atreva a mexer com tucanos de alta plumagem. Veja neste texto que o “Tio Rei” tratou de enquadrar Janot. Por isso Barbosa, depois de ter entregue a encomenda, deve pular fora do barco pq os holofotes para ele já se apagaram, deve entrar mesmo na política, aliás, na política ele já está, e o que é isso que ele vem fazendo senão propaganda eleitoral antecipada, enfim, Barbosa não vai esperar receber um recado como esse dado pela Casa Grande a Janot:

    REINALDO PATRULHA JANOT: MENSALÃO TUCANO, NÃO!

    :

     

    Blogueiro Reinaldo Azevedo censura a fala do novo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que usou a expressão “pau que bate em Chico também dá em Francisco”, para avisar que também tentará levar a julgamento o esquema implantado no governo de Eduardo Azeredo, em Minas Gerais; segundo o blogueiro, Janot estaria agindo por motivações políticas (e não ele, Reinaldo)

     

    22 DE SETEMBRO DE 2013 ÀS 13:50

     

    247 – Bastou o procurador Rodrigo Janot dizer que pretende levar a julganento o chamado “mensalão mineiro”, ou “mensalão tucano”, como preferem alguns, para que começasse a apanhar na revista Veja. O primeiro a censurá-lo foi o blogueiro Reinaldo Azevedo. Leia abaixo:

    Mensalão: Alguns absurdos do novo procurador-geral da República. Ou: Assim não, companheiro Janot! Ou ainda: E Lula? Por que ele não é réu do mensalão?

    Rodrigo Janot: que o procurador-geral se atenha aos fatos, sem ficar olhando para “o lado” e o “outro lado”

    Rodrigo Janot, novo procurador-geral da República, pode apenas ter se expressado mal. Mais: pode não ter se dado conta das implicações lógicas de uma afirmação que fez e da aberração histórica — e, em certo sentido, processual — de outra. Em suma, o companheiro Janot talvez tenha se atrapalhado um pouco. Mas sempre há o risco — e, em dias estranhos, cumpre ficar atento — de que, mais do que distraído, ele seja metódico. Aí as coisas se complicam bem.

    Janot concedeu uma entrevista a Felipe Recondo e Andreza Matais, do Estadão. A resposta à primeira pergunta que lhe foi dirigida (ou que foi publicada) chega a ser escandalosa. Vamos a elas (em vermelho).
    O processo do mensalão está acabando. O senhor vai acelerar o processo do mensalão mineiro?
    Pau que dá em Chico dá em Francisco. O que posso dizer é que, aqui na minha mão, todos os processos, de natureza penal ou não, vão ter tratamento isonômico e profissional. Procuradores, membros do Ministério Público e juízes não têm processo da vida deles. Quem tem processo da vida é advogado. Para qualquer juiz e para o Ministério Público todo processo é importante.

    Como é que é, doutor?

    Péssima resposta! Pau que dá em Chico dá em Francisco? Em que livro de direito doutor Janot aprendeu essa máxima? A que corrente do pensamento jurídico pertence essa maravilha? Há várias questões aí, doutor, e nenhuma delas é boa.

    Em primeiro lugar, as condenações do mensalão não constituíram “pau no Chico” coisa nenhuma, mas exercício da lei. Ou Janot discorda?

    Em segundo lugar, o fato de réus de uma ação penal terem sido condenados não implica que os de outra também devam sê-lo, tenha esta o nome que for. NÃO, AO MENOS, COMO PRINCÍPIO. Se forem culpados, que paguem. Ou doutor Janot defende que um processo se deixe contaminar pelo outro? Ou doutor Janot defende que os autos de um sirvam para instruir os do outro?

    Em terceiro lugar, espera-se que a Procuradoria-Geral da República não faça o seu trabalho pensando em “dar pau no Francisco” já que seus antecessores deram “pau no Chico”, ou não estará empenhado em fazer justiça, mas em fazer política.

    Em quarto lugar, sua afirmação sugere que o trabalho da Procuradoria-Geral da República é, agora, pedir a punição de tucanos, já que os que o antecederam pediram a punição de petistas.

    Em quinto lugar, deve-se inferir de seu clichê bem pouco jurídico que, caso não se tivesse dado “pau no Chico”, ele, agora, não se empenharia a “dar pau no Francisco”, uma vez que qualquer ser lógico sabe que a tolice a que recorreu pode ser lida em sentido inverso, mantendo a equivalência, a saber: “Pau que não dá no Chico também não dá no Francisco”.

    Em sexto lugar, um procurador-geral da República tem de ser isento não porque trate igualmente todos os partidos, independentemente de suas respectivas culpas, mas porque trata os partidos segundo as suas respectivas culpas. Acho que fui claro, não é, doutor Janot?

    Em sétimo lugar — e agora vem o mais importante: os dois casos não são diferentes apenas por suas respectivas particularidades (volto ao assunto em outra hora). Eles são diferentes, doutor, porque, no mensalão petista, o “pau não bateu em Chico”, mas, no mensalão mineiro, pretende-se “bater no Francisco”. Explico: Eduardo Azeredo, então candidato à reeleição ao governo de Minas quando se deram os eventos batizados de “mensalão mineiro”, é réu no processo. A suposição é que os fatos apontados, que fundamentaram a denúncia da Procuradoria-Geral da República, o tinham como beneficiário último. É? E quem era o beneficiário último do mensalão petista? Não terá sido, por acaso, Lula? E por que ele não se tornou um dos réus?

    Mas ainda há tempo. Eu confio na isenção do Gabinete do Doutor Janot. Eu confio na sua divisa de “pau em Chico e no Francisco”. Já que o “Francisco” do PSDB é réu, o novo procurador-geral certamente dará um jeito de fazer o pau acertar o “Chico do PT”.

    Aberração histórica
    Talvez o substituto de Roberto Gurgel não tenha tido tempo de ler o calhamaço. Quem sabe não tenha prestado atenção aos votos de alguns ministros do Supremo. Por que digo isso? Leiam mais um trecho da entrevista:
    O senhor comunga da ideia de que [o mensalão petista] foi o maior escândalo da história do País?
    O que é maior? Receber um volume de dinheiro de uma vez só ou fazer uma sangria de dinheiro da saúde, por exemplo. São igualmente graves, mas eu não consigo quantificar isso. Não sei o que é pior. Não sei se este é o maior caso de corrupção, não. Toda corrupção é ruim.
    Talvez pelo envolvimento da cúpula de um governo.
    E a (corrupção) difusa? Envolve também muita gente. Dinheiro que sai na corrupção falta para o atendimento básico de saúde, educação e segurança pública. Toda corrupção é ruim.

    Comento
    Hein? O doutor está a fim de debater, sei lá, o sentido profundo das palavras, o ser-mesmo das coisas, ontologia? Qualquer um que tenha acompanhado o julgamento do mensalão sabe que “o maior escândalo” da história republicana” não tem como referência os valores movimentados (R$ 170 milhões) — até porque, nesse particular, o mais provável é que não se tenha arranhado nem a superfície do caixa. Só a falcatrua recentemente descoberta no Ministério do Trabalho é estimada em R$ 400 milhões. O “maior escândalo” sempre quis dizer “o mais grave”. Afinal, não se tratou apenas de desviar dinheiro público em benefício desse ou daquele, mas também de montar uma máquina criminosa para tomar de assalto o estado, para tornar irrelevantes os Poderes da República; para fazer com que o país fosse governado por uma república paralela, das sombras. Os “marginais do poder”, como definiu o antigo Celso de Mello, estavam tentando aplicar um golpe.

    Ao dar essa resposta mixuruca, doutor Janot repete, diga-se, o ministro Roberto Barroso, o “novato” do Supremo, e acaba minimizando a gravidade do mensalão. De resto, que jeito é esse de lidar com as palavras? Afirmar que um escândalo é “o maior”, por acaso, exclui a evidência de que “toda corrupção é ruim”?

    A biruta do doutor Janot está desajustada. Espero também dele que não ceda ao “clamor das multidões”, que tanto horroriza Celso de Mello e Roberto Barroso. Mas igualmente espero que ele não ceda ao “cochichos dos corredores”. Costumam ser bem menos legítimos.

     

    1. Janot já mostrou que também

      Janot já mostrou que também tem o RABO PRESO. Não pode ser outro o motivo de sua brusca mudança de posição em relação À farsa do mensalão.

  13. Serjão, acho você um dos mais sensatos comentaristas do Blog, e concordo contigo 99% das vezes.

    Mas discordo de ti nesse caso. Não acho que JB terá sua escada puxada pela “grande” mídia. 

    Isso porque ela precisa desse tipo de personagem, que faz o jogo da direita sem medo das consequências.

    O que pode acontecer é ele ser colocado “na geladeira” por um tempo, assim como foi Gilmar Mendes após os HCs cangurus (que soltaram Dantas quando ele estava prestes a abrir a boca e detonar a República, contando todos os podres de tucanos e petistas). 

    Após um tempo, com a imagem “descansada”, ele pode voltar a dar seus pitacos, sem o mesmo protagonismo de hoje.

    Lembremos que Marco Aurélio também já teve o filme queimado por soltar Cacciola, por absolver estuprador de menina de 13 anos porque “ela já estava corrompida”, mas mesmo assim ele está aí até hoje, firme e forte, tendo os holofotes quando a Globo dele necessita.

    1. Concordo com você, Charlie. E

      Concordo com você, Charlie. E acrescento que não se faz necessário, embora tenha sido agradável, que Serjão fizesse citações de Shakespeare para analisar as atitudes de Barbosa. No fundo, o que ele deseja não cabe em suas mãos, mas em muito mais, ou seja, em suas contas bancárias e em seu patrimônio. A estranha negociata do apartamento de Miami e o emprego arranjado para seu filho no show televisível da globo, afora o “por fora” que receberá de Luciano Hulk, que é muito rico, descortina o desejo profundo de Barbosa: Muita grana. Basta o básico para chegarmos àquilo que o move, seus bolsos. O restante são meras contingências, que ele mata em seu peito canalha e emenda de direita.

      1. Concordo plenamente com o

        Concordo plenamente com o Charle e o Cafezá.

        O negócio se resume a dinheiro nas contas ou apartamentos em Miami.

        Todo o resto o tempo se encarregará de apagar, exceto os petistas condenados que serão lembrados ao povo pelo PIG “ad eternum”.

         

    2. Gostei muito do artigo. Mas

      Gostei muito do artigo. Mas gostaria de lembrar, Charlie, que personagens como Joaquim Barbosa são como os soldados do tráfico: facilmente substituídos, sem prejuízo para o objetivo maior. JB começou dando entrevistas e declarações para se posicionar como independente, ganhando alguma mídia e foi, na sequência, completamente cooptado por ela – na realidade “voz” de nossa elite globalizada. Será descartado e passará a mero coadjuvante, como o Marco Aurélio, chamado quando preciso e respondendo prontamente, na esperança de voltar a ser “contratado” como protagonista. É só aguardar para ver quem será o próximo/a. 

  14. Este texto explica muito. Um

    Este texto explica muito. Um terrível complexo de inferiorioridade, uma sombra inconsciente que grita que nenhum sofrimento seria maior do que sua humilhação,  e um ódio vingativo contra qualquer um que se coloque ao alcance de seu rebenque. Fome de permanente evidência e reverência. Ao tê-lo escolhido em primeiro lugar pelo fato de ser negro, fato este que ganhou publicidade, Lula se tornou seu mais odioso inimigo.

  15. Lula também enfrenta preconceitos por ser nordestino

    Não acho que na tragédia shakespeareana “Otelo”, ele seja o próprio protagonista. Para mim, lhe cabe mais o papel de Iago, o simples funcionário público invejoso do grande militar que era Otelo, bem sucedido tanto em sua missão, como no amor. Aliás, seus ardis são bem à semelhança aos do invejoso Iago. Em Machbeth, mais que atormentado pelas bruxas, foi instado por sua esposa, que o estimulou à traição. Uma pessoa que é indicada por Lula já sobe em boa condições de aceitação, e lá encontraria o apoio de Lewandowski, experiente juíz, que nunca se negaria a apoiá-lo. Mas ele fez outra opção, se identificou mais com o outro lado, o de Gurgel, com o qual é mais parecido. Não acho que haja tantas desculpas para seu imoral comportamento o tempo todo. E acho que os negros que, realmente, sobem às suas próprias custas, assim como outros vítimas de preconceitos, tornam-se sábios, superam as agruras do preconceito no caminho da ascenção: assim foi com Lula, que ainda sofre preconceito por ser nordestino e julgado semi-alfabetizado.

  16. Pensando bem…

        O STF é um colegiado. Portanto, a injustiça toda não teria ocorrido caso a maioria tivesse resolvido julgar o fato real: caixa dois. A denúncia generalizada, amalucada do PGR, cheia de frases grandiloquentes e vazias; a exorbitância retórica, farsesca de Roberto Jefferson; a absoluta falta de provas de que José Dirceu pretendesse ferrar a República. Nada disso foi suficiente para que o STF repudiasse a bizarrice. 

        Estranho julgamento. Terminou com um Ministro da Excelsa Corte atropelando a sagrada Lei das Execuções Penais na hora de mandar José Genoíno ao calabouço por ter corrompido Roberto Jefferson.

         Uma enormidade…

         

    1. O que essa farsa toda provou

      O que essa farsa toda provou é que TODOS os membros do STF tem o RABO PRESO.

      Temo que isso se extenda a todo o alto escalão do judiciário. De fato, se exceções houver, são muito, muito poucas.

  17. Mais um boneco do PIG

    Joaquim Barbosa é um boneco do PIG. Presa fácil, pelo seu caráter e fome de aparecer, foi manipulado, teve o ego massageado, caiu nas tentações do mundo Global em Miami, e vive hoje o final dos seus 15 minutos de glória. O próprio PIG o utilizou para provocar ao PT e ao Governo e agora irá sai de fininho e o abandonará, aos poucos. Bater nele é gastar munição em boi de piranha. Ele não tem tanto poder assim se não fosse pelos verdadeiros inimigos da nossa democracia: o PIG e os neoliberais globalizantes. Não vamos perder o foco, pois podemos inocentar a quem hoje já está tentando escapulir (Globo). O PT e o Governo devem saber a hora de revidar e, principalmente, com quem revidar.

  18. É uma tragédia sim, mas é muito mais que isso

    Como bem lembrou Nilccemar logo abaixo, mais discriminado que Lula pela elite podre desse pais,eu nunca vi. 

    Muitos diziam que Lula seria uma tragédia como presidente, iria afundar  o Brasil  pois era incompetente , já  FHC aguentou tudo de ruim e fez o Brasil navegar por várias crises internacionais, já Lula iria afundar em sua propria merda e levaria o Brasil junto.

    Precisou de uma crise de 2007/8 para que muitos perceberem a real grandeza de Lula, meu Deus, precisou de uma crise internacional para deixar o cara trabalhar? Não, nem assim deixaram o cara em paz.  Esse homem pobre nordestino aguentou a pior das provações e se manteve firme em sua missão. Nunca vi um cara tão simples quanto Lula. O poder que Lula tem no mundo poderia faze-lo extremamente arrogante, mas não ele houve as criticas com tanta humildade que faz mendigo corar. Lula é humilde demais e a sabedoria está na humildade.

    Muita gente vem dando desculpas para  o comportamento do JB do tipo ele está se sentindo inseguro pois é negro. Ele está fazendo o serviço para os brancos porque  ele se sente intimidadado, vamos  perdoar ou menos entender o Joaquim?

    Que Joaquim Barbosa se coloque na sua insignificancia. Ele é incompetente pois  gastou sua ultima ficha de barganha antes da hora, contudo ele é mais que isso para meu desprazer ele é cruel, desumano beirando aos sadismo.

    Eu concordo com muitos que já  vem dizendo que Joaquim é um psicopata. Ele fica calmo quando precisa, ele fica intolerante quando necessita. Joaquim tem  traços  de psicopatia e  Ricardo Lawandovisk já percebei isso, ele Ricardo foi a maior vitima do Joaquim. Psicopata é um enganador, o Frei Betto não tinha como prever o comportamento  desse doente.

    Joaquim  planeja meticulosamente seus atos para depois saborear cada momento de maldade, quando não dá certo, sua vitima não sofre. ele se irrita e se irrita e se irrita.  Joaquim não tem problema com a sua negritude, ele é só  uma merda de um psicopata.

    Está acontecento isso agora, exatamente agora. Joaquim já disse: Eu sou dono e senhor  de Genuino Dirceu e Delúbio,  está escrito no oficio, tudo de mudança tem que passar pelas minhas mãos. Psicopata tem esse traço, tem que ter dominio, posse, ser senhor da vida e da morte

    Ele está se divertindo  como  senhor do Genuino de uma maneira nojenta.  Ele já vem dizendo por aí que o juiz do TJ/DF está dando regalias demais para os 3 presos ( Genuino, Dirceu, Delúbio).

    O Genuino  já está com quadro de  pressão alterada, batimento cardiaco também alterado, mas isso ainda   é insuficiente para as taras do Joaquim. 

    P.S. A direita é doida mas não é burra, ninguém gosta de ser amigo, parente  ou ter algum vinculo com gente psicopata, é por isso que vai largar o Joaquim Barbosa a propria sorte antes da hora. Ser filho de psicopata também é muito ruim. Felipe que aguarde, seu emprego cada dia mais inseguro. 

     

  19. A elite e suas ramificações

    A elite e suas ramificações na mídia, utilizaram de forma útil o “joaquizão, o Batman” e ele serviu com lealdade “canina” foi uma “carrasco medieval” para tentar “acabar e varrer ” com a “raça petista”, agora o “JB”  virou uma espécie de “camisinha usada” para esta mesma elite , e terá o mesmo destino do citado preservativo.

  20. Sérgio Saraiva, excelente.

    Barbosa não foi “escolhido”, foi sorteado. Não quero falar de complô e nem defender Barbosa , mas o fato é que a irracionalidade, brutalidade e a intolerância do julgamento vem desde a denúncia dos dois PGRs, com a condução maquiavélica e dissimulada de Ayres Brito, e nada se distanciou de Barbosa as posturas e adjetivações de Marco Aurélio, Celso de Melo, Gilmar e Fux. A diferença é que o “descartável”  foi apenas Barbosa. Essa é a repetição da história da “casa grande” e os seus “capitães do mato” e demonstra que ainda será preciso se avançar muito. Milton Santos citava essas condições do negro ser aceito apenas quando realizam os desejos da casa grande para logo depois serem descartados.

  21. Elogio

    São poucos os artigos em que comento e únicos os artigos que elogio, mas posso dizer que sem margem de dúvida seu artigo é digno de louvor, pois retrata piamente o que está preso na garganta de muitos que não tem as palavras para dize-lo, que se resume em: Joaquim Barbosa é uma marionete do Pig e perdeu a utilidade. Meus parabéns pelo artigo.

  22. No início, quado Barbosa
    No início, quado Barbosa Supremo achei exagerada a saudação que lhe renderam os blogs progressistas. Agora, também acho examgpad a repulsa a Joaquim. Ele é apenas prova de que a classe realmentedominante joga xadrez sozinha e move as peças para onde quer, inclusuve nós.

  23. a verdade começa a vir a tona

    Excelente artigo! é sempre bom saber que tem pessoas com olhar atento aos desmandos da burguesia e o uso que ela faz, ao encontrar quem se preste a esse serviço, caso de JB. Este, além de ser prepotente, fez e faz qualquer coisa para ser aceito pela elite, esquecendo-se de que essa só aceita no seu ceio, brancos e de igual origem. Portanto, prestando-se a esse papel JB  só fortaleceu o conservadorimos da elite e da grande mídia. Com certeza JB terá vida curta longe dos holofotes, até porque para ser coerente, se assim o fosse, já teria JULGADO o mensalão do PSDB de MG. Autoritário, este é seu sobenome. Mas como diz o grande companheiro Jose´Genoíno, “ELES PASSARÃO, EU PASSARINHO”.

     

    RITA

  24. “Deve começar a ser

    “Deve começar a ser desconstruído pelas mesmas forças a que serviu e às quais passa agora a ser um incômodo”

    Exatamente o que ocorreu com JB em relação ao PT: serviu bem ao partido quando do embate com Gilmar Mendes (que pretensamente ajudou Daniel Dantas com a súmula das algemas, agora bem útil aos mensaleiros), chamando a voz rouca das ruas daquela vez, as mesmas que apóiam as prisões que agora o PT defenestra….

  25. Racismo expresso e bizarro!

    Eu não li o texto todo, mas parei na parte em que começa a falar que Joaquim Barbosa foi selecionado pela cor e não pela capacidade. Como negra, defensora de cotas, e pessoa que sente cotidiana o que é estar em espaços cuja legitimidade é naturalmente atribuida aos brancos, não consegui terminar de digerir o isto. Estabelecer a cor como parte de um critério de seleção não é um favor, é o reconhecimento da capacidade da nossa capacidade, das nossas lutas históricas, das batalhas que temos de vencer todo dia por sermos negros e negras! Escolher, sem reconhecer nossa capacidade, é tratar como favor nossos direitos e desrespeitar nossa luta contra a segregação racial. Você utiliza a escolha do Lula “pelar cor” como maneira de isenção de culpa, de ter escolhido alguém que se voltou contra o PT. Se o Lula tiver escolhido sem reconhecer tudo o que nós, negros, enfrentamos, nossa capacidade e o nosso direito de ocupar espaços como o STF, então ele foi um otário e achou que podia nos “fazer um favor”. Nenhum branco faz favor a um negro neste sentido, apenas se coloca no seu lugar. Agora, se você está usando a opção do Lula de escolher alguém negro como erro, é seu racismo sendo expresso e bizarro, ignorando completamante a segregação racial! Ela existe e é dura.

    Quantas vezes se sentiu desconfortável em alguma universidade por  ser o único branco presente? Ou em um restaurante caro? Quantas vezes ouviu uma criança branca dizer que não pode trabalhar como médica, porque isso não é pra “gente como ela”? Me dá nojo um branco pegar comentários de um negro sobre sua cor e achar que pode tirar conclusões dali. De achar que pode compreender e julgar comentários de um negro sobre as situações em que é submetido por causa da sua cor!

     

    1. Racismo imaginário.

      Juliana, o texto, realmente, é crítico ao Ministro Joaquim Barbosa, mas as críticas nada têm a ver com a sua cor.

      Aliás, ao contrário. Pena que você não o tenha lido até o fim. Se o fizesse, veria que eu me solidarizo com ele, nesse aspecto. Está lá: “.E assim, ficou a indicação de Barbosa em função de sua cor e não de sua capacidade, apesar de sua respeitável formação acadêmica e de ter alçado aos cargos que ocupou sempre por concurso público. … Ou seja, como aos negros em geral, neste país, não era dado a Joaquim Barbosa o reconhecimento de estar em pé de igualdade nem quando alcançava o ponto máximo da carreira a que se propôs seguir.”

      Quanto a algum desconforto em função da cor, morei em Angola algum tempo. Na quase totalidade das vezes, fui bem tratado. Mesmo assim, eu sei o significado da palavra “pula”.

      Sinto ter involvuntariamente te causado algum dissabor. Leia o texto novamente, gostaria muito de sua opinião sobre ele.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador