Mídia x Blogs: uma crônica do medo empresarial crônico

Em artigo publicado aqui no GGN, Luis Nassif tentou responder à questão “Porque os grupos de mídia atacam os blogs?”. Sempre eloquente o jornalista abordou a questão pelo viés econômico e teórico, procurando demonstrar que os ataques aos blogs são incompreensíveis e desnecessários, fruto talvez de uma obsessão:  “preservar sua influência sobre os grupos centrais de poder: mundo jurídico, político, militar e econômico.”

http://www.jornalggn.com.br/noticia/porque-os-grupos-de-midia-atacam-os-blogs

A abordagem de Nassif é válida e profunda. Mesmo assim resolvi encarar o tema, fazendo-o de outro ponto de vista.

Uma das coisas mais interessantes que aprendi estudando a obra “Ab Urbe Condita Libri”, de Tito Lívio, foi  justamente sobre o medo. O medo é um sentimento comum a todos os homens e, sem dúvida alguma, o maior problema com que se depararam e deparam os comandantes militares. O medo, que pode ser provocado por alguma coisa real ou imaginária, se propaga pelos soldados fazendo-os ficar paralisados e, eventualmente, dar as costas ao inimigo fugindo em desordem. O maior medo de qualquer comandante deveria ter, portanto, era o de perder o controle de seus comandados. 

Os romanos descobriram que a única maneira de fazer isto era obrigar os soldados temerem mais seus comandantes do que os inimigos. As punições impostas aos legionários romanos que agiam como covardes eram cruéis e quase sempre mortais. Antes de uma investida, houve um comandante romano que mandou queimar o acampamento na retaguarda para que os soldados soubessem que se não vencessem os inimigos não teriam para onde voltar.

Quando uma tropa refugava o combate, o comandante submetia-a à dizimação (execução aleatório de um em cada dez soldados). Os soldados acovardados podiam ser enforcados no tronco e vergastados (espancados com varas como se fossem crianças). A punição mais temida pelos soldados romanos, porém, era o banimento do acampamento fortificado (caso em que o soldado ficaria a mercê do inimigo, da fome, do clima e das feras). 

Vencer ou vencer era um lema e para tanto os comandantes romanos sempre colocavam seus soldados entre dois medos: o medo do inimigo e o medo da punição imposta pelo comandante. Além de controlar o medo entre seus comandados, os comandantes romanos faziam de tudo para projetar medo entre os inimigos.   

Ao atacar ferozmente os blogs as empresas de comunicação (que sofreram perdas econômicas em razão da crescente informatização da economia e da sociedade brasileira) querem projetar medo num adversário mais fraco que tem potencial para se tornar muito mais forte. O que conseguiram, entretanto, foi exatamente o oposto. Afinal, desde tempos imemoriais é do conhecimento dos seres humanos medianamente inteligentes que quem sente suficientemente seguro de si não incomoda um adversário supostamente mais fraco que sabe poder destruir completamente quando bem entender. 

O medo das empresas de comunicação é evidente. Mas ele é apenas a ponta de um iceberg de erro que talvez esteja bem enterrado em balanços financeiros (eventualmente maquiados) para permitir sua sobrevivência e aparência de poder. Talvez os donos das empresas de comunicação saibam melhor do que ninguém que se tornaram mais e mais dependentes das verbas estatais de publicidade e que terão que disputá-las com os blogs num futuro próximo. Antecipando a derrota em razão do temerário ataque que conseguiu apenas revelar sua fragilidade e medo, as empresas de comunicação já se deram por derrotadas. 

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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