Mistificação mentirosa

 

Os dois grandes mitos (ou, antes, as duas grandes mistificações mentirosas) do tucanato são a suposta “continuidade do Plano Real” pelo governo Lula e os alegados “benefícios” da privatização para a população. Nenhum deles resiste a uma análise só um pouquinho mais séria, ou um pouco menos comprometida com a propaganda política.

A lei de responsabilidade fiscal, o câmbio livre, as metas de inflação e o superávit primário, medidas de fato herdadas e adotadas pelo governo Lula, não faziam parte do Plano Real. Foram mudanças impostas ao governo FHC pelo FMI em sucessivas ocasiões como condições para emprestar ao Brasil o dinheiro de que precisávamos para sair dos sucessivos buracos em que o Fernandão nos enfiou. E essas medidas que efetivamente liquidaram o Plano Real, implementadas pela tucanato piratista com a competência que se sabe, não “salvaram” o país — ao contrário, levaram-nos à situação em que estávamos quando o Lula assumiu, com 9% de inflação em tendência de alta, o dólar a quase quatro reais em tendência de alta, a SELIC a 27%, uma dívida pública superior a 60% do PIB em tendência de alta, a carga tributária em 37% do PIB e subindo, tudo combinado aos restos putrefatos do Plano Real: salários comprimidos, serviço público imprestável, infraestrutura sucateada, empresas públicas no estado de abandono típico da pré-piratização, universidades públicas sem professores, sem funcionários, sem alunos.

As “pernas” do Plano Real, câmbio fixo com paridade a 1:1 (seguido da breve fantasia desesperada e portuglesa das “bandas” cambiais), “corte de gastos” e piratização, conduziram o país à quase-falência, e foram demagogicamente mantidas, com exceção do câmbio, graças à liquidação acelerada do serviço público e da infraestrutura, em nome do “corte de gastos”, e ao aumento galopante da dívida pública.

Dizer que a política do governo Lula tem qualquer coisa a ver com isso é dar provas a mais absoluta cegueira ideológica, levada a extremos de imbecilidade pela propaganda.

Toda vez que alguém critica a piratização, algum tucaneiro replica com a telefonia, sempre com a telefonia e nada mais que com a telefonia, como se nada mais tivesse sido privatizado e como se pagar os serviços telefônicos mais caros das Américas e provavelmente do mundo fosse uma grande vantagem – não é à toa que a Telefónica espanhola só se salva da bancarrota graças aos lucros auferidos no Brasil, porque nem lá, no país deles, com um nível de renda três vezes superior aos nossos, eles conseguem ganhar tanto dinheiro como aqui – ou aí, porque aqui, na Argentina, os serviços telefônicos são três vezes mais baratos que no Brasil. Ninguém fala do estado em que se encontrava a Petrobras, afundando plataformas, matando os seus operários, espalhando petróleo em derramamentos por todo o território nacional e tendo prejuízo pela única vez na sua história, sendo preparada para ser dada de presente a algum amigo do rei em uma licitação fajuta como a da Vale, ninguém fala da Vale liquidada por um preço inferior ao das reservas comprovadas de minério que a empresa possuía – sem falar no preço das instalações e do fundo de comércio.

Ninguém fala dos trens, único caso no mundo em que empresas ferroviárias privatizadas diminuíram  os serviços oferecidos e arrancaram trilhos.

O governo FHC liquidou o patrimônio público por cem bilhões de dólares, e entregou o país com uma dívida muitas vezes maior do que quando começou. Ou seja, o FHC limpou as suas gordas nádegas com o patrimônio público.

Redação

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