Moraes foi o primeiro a tomar atitude efetiva contra projeto autoritário de Bolsonaro, diz Marcos Nobre

"Nós não podemos combater com armas normais uma situação anormal", comentou Nobre

Jornal GGN – O sociólogo e professor de Filosofia Política da Unicamp, Marcos Nobre, disse em entrevista ao Estadão que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, “foi o primeiro a tomar uma atitude efetiva para barrar o projeto autoritário de Bolsonaro.”

“Foi o primeiro que não fez nota de repúdio, manifesto, reunião virtual e agiu para atingir um pilar de sustentação de Bolsonaro, que é essa rede de desinformação, calúnia e difamação que sustenta uma boa parte da base dele”, avaliou Nobre.

Moraes é relator do inquérito 4781, que apura as milícias digitais que promovem ataques à honra e ameaças à segurança dos ministros do Supremo. Na semana passada, Moraes autorizou uma série de operações policiais contra influenciadores bolsonaristas e empresários suspeitos de financiar a “associação criminosa”.

“O ministro Alexandre de Moraes foi direto na ferida e usou mecanismos institucionais para combater um Estado que é de absoluta anormalidade. Nós não podemos combater com armas normais uma situação anormal”, comentou Nobre.

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Na avaliação de Nobre, a oposição ao governo precisa parar de tratar Bolsonaro como burro. Ele é um político que tem uma estratégia, que é de governar para seus seguidores, mesmo que isso leve o País ao caso.

Extremista de direita, Bolsonaro é um líder antissistema que pretende implantar seu projeto autoritário e, para isso, precisa minar as instituições, porque ele entende que elas são a causa da “ditadura de esquerda”.

“Como todo líder antissistema autoritário, o objetivo dele é destruir o sistema, e não geri-lo. Uma característica importante do Bolsonaro é que, para ele, o sistema é a mesma coisa que a democracia. (…) Quando ele diz que quer livrar o Brasil da ditadura, o que ele quer dizer é que quer livrar o Brasil da esquerda, do sistema e da democracia.”

Na visão de Nobre, no primeiro mandato, a meta de Bolsonaro parece ser a destruição das instituições democráticas. “Num segundo mandato, ele iria implantar, de fato, o autoritarismo.”

Para ler mais sobre o inquérito das fake news, clique aqui.

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Redação

5 Comentários

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  1. Tá bom. Moraes trabalha para cassar a chapa Bolsonaro/Mourão no próxima ano e entronizar Maia na presidência obedecendo a plutocracia brasileira. Maia fará a mesma destruição de Bolsonaro na área social usando a máscara da hipocrisia. Se esse bando de hipócritas se preocupassem com as instituições teriam apurado as fake news nas eleições ou impedido a Lava Jato de destruí-las.

  2. “Moraes foi o primeiro a tomar atitude”. Uma curiosidade: quem dá respaldo por trás? Dória + PCC? Será que o PCC tem um bom relacionamento com as milícias Bolsonaristas? Veem com bons olhos o avanço destas milícias no seu quintal?

  3. Discordo num ponto, o que remete a um projeto estruturado em dois mandatos.
    Bolsonaro é sim um idiota. Foi alçado ao poder atraves de interferências no processo eleitoral e, escudado em maus militares das FAs e por maus policiais arrota valentia e ante a aparente covardia inicial do supremo e de outras instituições em sua mente simploria se imaginou um “capo di tutti capi” quando na realidade nao passa de um ridículo tirano.
    O supremo tem tudo para devolver o pais à normalidade, mas precisa de apoio do congresso que,.interessado na barganha de cargos, vem pedindo “conciliação . Claro que torcemos para que os grupos que ainda apoiam bolsonaro entendam que não há solução fora da democracia pois o melhor caminho é que o da paz, mas nao podemos abrir mão de defende-la a qualquer custo daqueles que teimam em destruí-la.

  4. Quando a lama bateu na bunda do P$DB, o Moraes agiu.

    Se o Bolsonaro não tivesse se desentendido com grande parte da direita, o Moraes estaria espalitando os dentes e fazendo cara de paisagem, como o STF fez quando o Lula era perseguido pelo $érgio Moro e por aqueles procuradores bandidos de Curitiba.

    Cadê o Dallagbosta?
    Cadê o Queiroz?

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