Moro: “Pensei que saindo da magistratura, os ataques acabariam, mas me enganei”

"Confesso que dessa vez fiquei surpreendido com o nível de vilania e baixeza das pessoas responsáveis pelos ataques. A ousadia criminosa de invadir telefones de procuradores e do ministro da Justiça, não por interesse público, mas para minar os esforços anticorrupção", defendeu Moro

Jornal GGN – O ministro da Justiça Sergio Moro sustentou, ao longo de sua audiência no Senado, na manhã desta quarta (19), que o vazamento de mensagens privadas de membros da Lava Jato pelo Intercept é só mais um ataque na esteira das críticas que a operação vem sofrendo há alguns anos, por combater corruptos e poderosos.

Moro disse que também que pensou que “saindo da magistratura e vindo ser ministro, esse passado, esse revanchismo e ataques ao meu trabalho de juiz, teriam acabado, mas pelo jeito me enganei.”

“O que existe aqui de fato é uma invasão criminosa por grupo organizado que tem por objetivo invalidar condenações ou obstaculizar investigações que ainda estão em andamento e que podem atingir poderosos, ou simples ataque às instituições brasileiras”, defendeu Moro.

O ex-juiz da Lava Jato teve mensagens vazadas pelo Intercept, que mostram que ele instruiu o Ministério Público Federal em processos contra Lula, com dicas de investigação fora dos autos, além de estratégias de comunicação e interferências em fases ostensivas da Lava Jato.

Além disso, na última leva divulgada pelo Intercept, Moro aparece enquadrando os procuradores da Lava Jato por terem apresentado denúncia considerada por ele “frágil” contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo Moro, a acusação era “questionável” porque “melindra” alguém cujo apoio é “importante”. Deltan Dallagnol, por usa vez, afirmou que as suspeitas contra o tucano só foram levantadas para passar a ideia de que a operação é “imparcial” e não perseguia apenas PT e aliados.

“Eu confesso que dessa vez fiquei surpreendido com o nível de vilania e baixeza das pessoas responsáveis pelos ataques. A ousadia criminosa de invadir telefones de procuradores e do ministro da Justiça, não por interesse público, mas para minar os esforços anticorrupção”, comentou Moro.

Primeiro a interpelar Moro, o senador Weverton (PDT-MA) fez uma série de perguntas ao ex-juiz, que abraçavam todas as polêmicas levantadas pelo Intercept. O ministro da Justiça, contudo, não respondeu às perguntas, pois insistia na tese de que as conversas no Telegram foram total ou parcialmente adulteradas pelos hackers.

“Quem faz essas operações de contrainteligência não é um adolescente com espinha, mas um grupo criminoso estruturado”, afirmou.

Moro ainda disse o hacker que tentou invadir seu celular não teve êxito, mas clonou seu número e tentou abrir uma conta no Telegram. O ministro afirmou que ele não deve ter conseguido encontrar nenhuma conversa, caso contrário, já teria divulgado. Ainda segundo ex-juiz, ele não usa o aplicativo russo desde 2017, quando tomou conhecimento de notícias de suposta invasão de privacidade nas eleições americanas.

Moro ainda investiu no discurso de que as invasões são um crime em andamento que está sob investigação, e que deve ser considerado grave porque não é um ataque apenas à Lava Jato, “mas acima de tudo, é um ataque às instituições. Tem jornalistas, outros procuradores, e já chegou a mim a informação de que parlamentares também poderiam ter sido [hackeados].”

Mesmo não admitindo a autoria das conversas divulgadas até agora, Moro afirmou que “várias pessoas lendo a mensagens, ao contrário do sensacionalismo todo, não identificaram ali ilícitos ou desvios éticos. Na tradição jurídica brasileira, não é incomum que o juiz converse com as partes.”

Redação

21 Comentários

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  1. Não bastava sair da magistratura, mas sim ser honesto. O nome disso é escamotear a questão e viver em estado de indigência cognitiva.

  2. O senador Esperidião Amin (PP-SC) afirma que o debate tem que ser dividido em dois: a política, já que “nem todo mundo encara a Lava Jato da mesma maneira”, e a guerra cibernética. “Excessos da Lava jato que vão aparecer têm que ser investigados. Mas o Brasil tem que acordar, existe uma guerra cibernética no mundo”

    Sr. Esperidião Amin, ainda que os excessos dos Lava-Jatoeiros decorram de escusável medo, supresa ou emoção violenta, esses excessos devem ser investigados?

    “É uma prova ilícita, cuja autenticidade não foi demonstrada. Esse material tem sido editado e publicado por esse veículo. E por outro lado, vem sofrendo manipulação sensacionalista. É perturbador que estamos discutimos esses fatos, quando deveríamos discutir o ataque às instituições”. – $érgio Moro

    Se o material está sendo editado e manipulado, porque até agora os Editores e Manipuladores não inseriram qualquer conduta tipificada como crime?

    1. Os excessos da LJ, talvez sejam pelo partido do senador, o PP, ter o maior número de indiciados, mas a cabeça do Lula e da Dilma, tem as digitais dele, politiques tem preço!

  3. O Intercepet esta fazendo jornalismo. Baixeza teve ele ao divulgar conversas intimas da familia de Lula e da presidenta Dilma com Lula. Ele mede os outros com uma medida bem diferente para si mesmo. A moral pode variar de uma pessoa para outra, mas ela é a mesma para o sistema social.

  4. Coitado do ex juiz!!!! Que peninha dele!!
    Peça ao Dalagnoll e aos de demais procuradores da “vaza jato” para entregarem os celulares e computadores para a realização de perícia, daí fica esclarecido se os diálogos altamente comprometedores são falsos ou adulterados. Simples assim! Pare de choramingar ministro!

  5. Nao tem pra onde correr. Até agora não existem provas de atuação hackers e o foco é sim no tempo em que atuava como juiz mas forma comprovadamente parcial como indicam os fatos expostos. Já como ministro da justiça pode ficar tranquilo pois até agora mostra-se absolutamente inapto.
    Quanto ao sensacionalismo, nada se compara ao que ele junto a Globo estrelaram no episódio da escuta e divulgação ilegais da conversa entre Dilma e Lula. Uma trama onde transformaram em conspiração um diálogo executado dentro da alçada constitucional da presidenta.

    1. Pois é, mesmo que hackers estejam espionando celulares agora, o que isso tem a ver com as mensagens de anos passados? Mensagens que o Telgram já disse que não foram hakeadas, são mero histórico da trama dos golpistas.

      Claro que a PF submissa às ordens de Moro não vai investigar os tais hackers. O risco de encontrarem um bolsominion, funcionário público ou não, é de 100%. Pena que já usaram o Adélio Bispo… Ou vai ver são tão toscos que vão dizer que, do hospício, Bispo hackeou Moro, hehe…

      Às vezes fico pensando… olha o absurdo a que chegamos: Moro, Bolsonaro, Dória… corrupção, autoritarismo e baixaria poucas são bobagem, mesmo.

  6. Ué… O ex-juiz/político – que pretende ser o único a julgar os próprios atos – disse no Senado que abandonou a magistratura porque estava sofrendo ataques. Sérgio Moro não pediu para sair da Justiça Federal porque corria o risco de ser expulso dela por ato do CNJ?

  7. “Sobre Ratos e homens” é um clássico de John Steinbeck publicado em 1937 e que depois virou filme e também peça teatral.

    A história se passa durante a Grande Depressão e conta as desventuras de George e Lennie (Um pequenino esperto, o outro um grandalhão com inteligência infantil), dois trabalhadores rurais a procura de trabalho, através do qual poderão ganhar dinheiro para realizar o sonho de comprar sua própria fazenda.

    Assim como “As vinhas da Ira”, seu livro mais conhecido, trata das durezas e agruras sofridas por trabalhadores em tempos de crise profunda: homens simples vítimas da cobiça e ambição de outros.

    Lembrei do título, enquanto via flashs do sujeito, ora ministro, na CCJ do Senado. Alguém, algum dia, vai escrever um “Sobre ratos e super-homens”. O roteiro já tá pronto.

  8. Abandonou a magistratura pela promessa de uma boquinha no $TF mas o problema da parcialidade, que tentavam varrer para debaixo do tapete o tempo todo, veio à tona:

    “Dallagnol – 09:54:59 – Viram do filho do FHC?

    Dallagnol – 09:55:01 – http://pgr.clipclipping.com.br/impresso/ler/noticia/6092614/cliente/19

    Dallagnol – 09:56:20 – Creio que vale apurar com o argumento de que pode ter recebido benefícios mais recentemente, inclusive com outros contratos … Dará mais argumentos pela imparcialidade… Esses termos já chegaram, Paulo? Esse já tem grupo?”

  9. Abandonou a magistratura pela promessa de uma boquinha no $TF mas o problema da parcialidade, que tentavam varrer para debaixo do tapete o tempo todo, veio à tona:

    “Dallagnol – 09:54:59 – Viram do filho do FHC?

    Dallagnol – 09:55:01 – http://pgr.clipclipping.com.br/impresso/ler/noticia/6092614/cliente/19

    Dallagnol – 09:56:20 – Creio que vale apurar com o argumento de que pode ter recebido benefícios mais recentemente, inclusive com outros contratos … Dará mais argumentos pela imparcialidade… Esses termos já chegaram, Paulo? Esse já tem grupo?”

  10. Claro. Agora a estratégia vai ser dizer que tudo é normal, juiz combinar com promotor, condenar réu sem provas… “sem isso seria impossivel agir para punir os corruptos”. O pior é ver grande parte da população batendo palmas pras contravenções.

  11. Fazar conversa de um juiz e agora ministros que não tem rabo preso é mole quero ver vazar conversa de um ministro do STF que solta políticos corruptos !

  12. Porque o FHC foi poupado pelos Jatoeiros?

    Ora, porque é “melhor ficar com os 30 por cento iniciais. Muitos inimigos e que transcendem a capacidade institucional do MP e Judiciário”.

    A capacidade institucional do MP e do Judiciário não não bastava para investigar e possivelmente processar o FHC.
    Bingo

  13. tadinho, porra nenhuma,
    o cara vai morrer mentindo..
    triste é perceber que tem gente aplaudindo,
    como esses senadores infames direitistas…

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