Morre Fats Domino, o professor do rock & roll

 

A emissora France24 (25/10) anunciou hoje ao mundo a morte de “Fats Domino”, um dos legendários criadores do rock ‘n’ roll. Os franceses também informaram que “Fats” era de origem “creole”, uma população mestiça que ainda vive na Louisiana, sul dos Estados Unidos. Daí seu nome de batismo: Antoine Dominique Domino Jr. Ele tinha 89 anos e sua família informou que ele morreu de “causas naturais”.

“Fats Domino” (1928-2017) viveu em Nova Orleães toda a sua vida. Ficou famoso entre minha geração quando definiu o rock de forma simples e verdadeira: “Bem, o que agora chamam de rock ‘n’ roll é rhythm ‘n’ blues. Eu venho tocando isso há 15 anos em Nova Orleães”, publicou o canal “Euronews” (25/10). Eu lembro quando ele disse isso há muitos anos atrás no antológico filme da Fox “The Girl can’t help it” (1956, Frank Tashlin). A fita foi traduzida no Brasil como “Sabes o que quero”.

Fats, junto com Chuck Berry, Little Richards, Bo Diddley, Ike Turner , Jerry Lee Lewis e outros, fez parte do time de criadores do rock ‘n’ roll. Em 1955, ele lançou a imortal “Ain’t That a Shame”, com seu estilo inconfundível ao piano. O músico nunca abandonou a tradição ou mudou para agradar platéias mais jovens, depois do sucesso dos Beatles e dos Rolling Stones. Sua carreira foi abalada com a invasão do rock britânico nos anos de 1960, mas ele seguiu coerente: “Eu me recuso a mudar. Tenho que me apegar ao meu próprio estilo que sempre usei, ou não seria eu mesmo”, publicou o Guardian, de Londres (25/10).

O jornal britânico também informou que Fats foi duramente afetado pelo furacão Katrina, que devastou Nova Orleães (2005). Perdeu três pianos e “dezenas de discos de ouro e platina”, informou o periódico inglês. Em biografia publicada na web, o mundo soube que ele perdeu tudo o que tinha. Foi salvo no dia 1° de setembro de 2005 pela Guarda Costeira ianque. Robert Plant (ex-Led Zeppelin), Paul McCartney e Elton John o ajudaram a recuperar suas perdas com o álbum “Goin’ Home: A Tribute to Fats Domino”, lançado em em 2007.

Procurei o guitarrista Toni Rockeiro (61), das bandas de blues “Bala de Prata” e “Singing the Blues”- nesta última com a cantora Claudia Sette. Nos anos de 1970, assistimos  o filme onde ele afirmou que o rock nada mais era do que rhythm ‘n’ blues. O músico comentou: “Mais uma lenda que se vai. Um mestre do rock que se torna cada vez mais distante e incompreendido. Rock ‘n’ roll é rhythm ‘n’ blues”, disse ele. Que vá em paz”. Algo me diz que ele deixou este mundo como desejou o guitarrista brasileiro: em paz consigo mesmo e com o mundo. Fats era, além de um excelente músico, um homem de alma generosa.

Depois de 2007, Fats poucas vezes deixou sua amada cidade. Junto com a esposa Rosemary (falecida em 2008), o músico deixou oito filhos e a sua marca pessoal neste mundo. Quem vai esquecer sucessos como “My Blue Heaven”, imortalizado por Steve Martin em “Meu Pequeno Paraíso” (My Blue Heaven, 1990, Herbert Ross, Warner Bros)? E “I’m Walking”? Alguém já ouviu algum ritmo igual? Vamos rever aqui, em uma de suas últimas apresentações, o verdadeiro rock ‘n’ roll, no Festival de Jazz de Haia (Hague), Holanda (2009):

https://www.youtube.com/watch?v=Y29RZpHnkq8

O som de Fats Domino era pura alegria de viver. Seu senso de ritmo era incomparável. O mundo não vai esquecer o gordo simpático que deixou este mundo mais feliz sem nunca trair seu modo de tocar e arranjar suas músicas. Ele preferia solos de saxofone aos da guitarra, e nunca mudou. Eu respeito isso e vou lembrar dele como o músico que ensinou que rock ‘n’ roll’ é ‘ryhthm ‘n’ blues’, com a simplicidade e o amor de quem quem ensina as primeiras palavras a uma criança. 

 

 

 

Redação

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