MP-RJ fez com Flávio Bolsonaro o que Moro não fez com Lula: seguiu o dinheiro

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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MP-RJ vem expondo corrupção e enriquecimento ilícito de Flávio Bolsonaro cruzando dados bancários e movimentações dos investigados

Jornal GGN – O Ministério Público do Rio de Janeiro fez com Flávio Bolsonaro o que a Lava Jato sob Sergio Moro jamais fez com o ex-presidente Lula: o chamado “follow the money”, ou seja, seguir a trajetória do dinheiro investigado para comprovar que o réu foi beneficiado diretamente por um esquema de corrupção.

Parte do trabalho minucioso do MP-RJ está registrado na decisão do juiz Flávio Itabaiana, que determinou a prisão do ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, executada pela Polícia Civil de São Paulo na quinta-feira (18).

No documento, consta que o MP descobriu que Queiroz usava dinheiro vivo para pagar despesas pessoais e familiares de Flávio Bolsonaro, como plano de saúde e a escola particular das duas netas do presidente Jair Bolsonaro.

Como o MP chegou a essa conclusão? Primeiro, analisando as imagens de vídeo de Queiroz utilizando o caixa eletrônico de uma agência bancária dentro da Assembleia do Rio. No dia 1º de outubro de 2018, ele pagou dois boletos às 10h21. A pedido do MP, o banco informou que os boletos eram do valor de R$ 3.382,27 e R$ 3.560,28, referentes à mensalidade escolar das filhas de Flávio.

Analisando as contas de Flávio e sua esposa, Fernanda Bolsonaro, os promotores perceberam que nenhum dos dois efetuou saques compatíveis com os valores dos dois boletos em data próxima aos pagamentos feitos por Queiroz.

Depois, o MP obteve com a escola a relação de pagamentos das mensalidades das meninas. Descobriu que a instituição de ensino recebeu um total de R$ 251 mil, mas somente uma parte, R$ 95 mil, saiu das contas de Flávio ou Fernanda.

A diferença de R$ 153 mil corresponde a 53 boletos que foram pagos com “dinheiro em espécie não proveniente das contas do casal”.

A mesma dinâmica ocorreu no pagamento do plano de saúde da família de Flávio. O esquema da rachadinha com Queiroz supostamente bancou 63 boletos que totalizam R$ 108,4 mil.

Seguindo o dinheiro, o MP-RJ pode sustentar que Queiroz não só era o operador do esquema no gabinete de Flávio, responsável por recolher parte do salário dos ex-assessores e funcionários fantasmas, como ainda transferiu parte do “produto do crime” para custear as despesas pessoais do hoje senador.

Na Lava Jato, o follow the money não foi aplicado nos processos de Lula mesmo com pedidos reiterados da defesa. Sergio Moro decidiu que seria “inapropriado”, “custoso”, “demorado”, que “dinheiro é fungível”, que não achar rastros é prova de lavagem bem feita e que qualquer perícia para saber se Lula recebeu dinheiro do esquema na Petrobras seria “inócua”.

A inconveniência para Moro estava ligada à narrativa dos procuradores de Curitiba, segundo a qual Lula recebeu benefícios pagos indiretamente por meio de reformas no apartamento do Guarujá e no sítio em Atibaia, dois imóveis que não pertencem ao petista. No caso triplex, ficou comprovado que a reforma saiu do caixa da OAS Empreendimentos, que jamais teve contratos com a Petrobras. O que restou contra Lula foram as delações premiadas.

Até aqui, a investigação do MP-RJ contra Flávio Bolsonaro mostrou que destoa da Lava Jato nesse sentido. Há produção de provas indiciárias com base em quebra de sigilo telemático, cruzamento de dados bancários, informações do Coaf, entre outras, sem que nenhuma “delação do fim do mundo” tenha sido usada contra Flávio.

Além disso, ao contrário da Lava Jato, o MP-RJ não fez uso político e eleitoral do caso Queiroz, embora estivesse com a faca e o queijo nas mãos.

Leia também:

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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

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  1. Duas observações:
    Primeiro o título do post. De uma infelicidade sem tamanho. Para os iniciados até dá para entender mas,a primeira vista,a impressão que fica é que a justiça teria favorecido o presidente Lula, coisa que não ocorreu conforme pode-se notar no corpo do post,muito pelo contrário, embora eu acredite que o camisa preta do Paraná tenha seguido a grana e constatado que não havia nada,como nunca houve,que pudesse incriminar o presidente Lula.
    Um segunda observação: O fato do MP RJ não ter feito uso político e eleitoral não corresponde à realidade. Muito pelo contrário, precisamos lembrar que a operação que levou a isto tudo encobriu,justamente com interesses eleitorais, esse sujeito e seus afilhados possibilitando, inclusive, a demissão deles e a destruição de provas enquanto outros,na mesma situação, foram conduzidos debaixo de vara.

    1. EUA e demais orgaos de investigaçao investigaram sim as contas de Lula e descobriram que nada de irregular existia: como a Lava Jato iria seguir o caminho de dinheiro inexiste? A defesa de Lula exigiu isso. A chamada deste post é caluniosa

  2. Live de hoje do Jessé de Souza: “A mulher do Queiroz não estaria foragida, mas SEQUESTRADA pela milícia”.

    Considerando com quem está se lidando, Jessé considera SERIAMENTE a possibilidade de que a mulher do Queiroz não estaria foragida, mas sequestrada pelas milícias, sendo usada como MOEDA DE TROCA: Você (Queiroz) não abra o bico aí, que garantimos a vida da sua mulher AQUI.

    Não é roteiro de filme do Tarantino ou do Scorsese, ou para os mais antigos, Sam Peckinpah, é o Brasil que sobrou.
    https://www.youtube.com/watch?v=VsoxVVn0RUo

  3. Nassif: seguir dinheiro na SujaJacto, prá quê? As ordens aos GogoboysAvivados (e Aloprados), emitidas pelos VerdeSauvas e executadas pelo TogaSuja, era pra aniquilar o SapoBarbudo, custe o que custasse. Então, prá que perder tempo com essa de “provas”? “Condeno porque a Lei me permite”, lembra? Cruzamento, com esse pessoal, e só sexual…

  4. Me chamou a atenção a coincidência do sobrenome do advogado de Queiroz, que também foi advogado do miliciano morto em uma operação na Bahia, com o juiz federal que deu uma decisão suspendendo a posse de Lula e que vivia nas redes sociais exaltando determinados grupos políticos. Ambos, são Catta Preta. Nome pouco comum.
    https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/06/18/advogado-de-queiroz-o-mesmo-que-defendeu-o-miliciano-adriano-nbrega.ghtml
    https://oglobo.globo.com/brasil/juiz-que-suspendeu-posse-de-lula-criticava-governo-exaltava-moro-no-facebook-18899017

    1. Também é sobrenome da advogada que atuou inicialmente nas “delações premiadas” de sergio moro no caso Petrobras. A que foi para os eua.

      1. Carlos: você não pode esquecer que dona CattaPreta, advogada, fez o maior circo, antes de se mandar. Alegou amaeça contra ela e a família. E se mandou pra onde? Miami. Esse lugar parece tem açucar. Também pra lá pensou em se mudar o GogoboyAvivado de PatoBranco, quando a bagaça começou a pegar pro seu lado. E Bananinha, naquelas bandas, negociou com a MafiaDosCassinos a abertura do Jogo e a recuperação daquele lota da branquinha que foi apreendida na Espanha, com o milico AzulSauva. O Morcegão (que mandou o ZéDirceu pra cana) também tem um Apê as cercanias e investimentos inrustidos, lá e no Caribe. É muita coincidência pra uma geografia só…

  5. Não foi a justiça que condenou Lula, foi um consórcio regido pela globo, moro, pgr e stf, do qual a culpa do réu, o principal ingrediente, não participou.

  6. É óbvia a razão porque moro não seguiu o dinheiro.
    Tinha uma encomenda do consórcio deep state/elite tupiniquim/finança internacional: condenar Lula. Caso seguisse o dinheiro geraria provas da inocência de Lula. Simples assim, uma farsa não precisa de provas, aliás, só se consuma ignorando provas.

  7. Moral da história: para condenar Lula sem nenhuma prova, Moro e seus cupinchas na farsa da Lava Jato, na força tarefa e no TRF-4, fizeram absoluta questão de dificultar o aparecimento das provas da inocência. Como, na ausência de provas do crime, o acusado é inocente segundo a lei, quem acusou sem provas e quem condenou cometeu crime. Evidente.

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